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Brazilian Journal of Development 77834

ISSN: 2525-8761

Procedimento para mini implante – uma revisão de literatura

Mini implant procedure - a review of the literature


DOI:10.34117/bjdv8n12-072

Recebimento dos originais: 04/11/2022


Aceitação para publicação: 07/12/2022

Lilian Carvalho Meneguetti


Especialista em Implantodontia
Instituição: Associação dos Cirurgiões Dentistas de Campinas (ACDC)
Endereço: Rua Alfeu Tavares 149, Rudge Ramos, São Bernardo do Campo - SP
E-mail: dentalsolution.dralilian@gmail.com

Denise Mayumi Costa Matuo


Especialista em Ortodontia
Instituição: Centro Universitário Senac (UNISENAC)
Endereço: Rua Alfeu Tavares 149, Rudge Ramos, São Bernardo do Campo - SP
E-mail: denisemayumi@gmail.com

RESUMO
Uma das maiores preocupações do ortodontista durante o planejamento e execução do
tratamento ortodôntico é a ancoragem esquelética. Com o advento dos mini-implantes os
problemas relacionados à cooperação do paciente foram solucionados e aparelhos para
ancoragem como Arco Extra Bucal foram substituídos. Outros sistemas também foram
idealizados como as mini placas ou implantes palatinos, contudo os mini implantes
apresentam vantagens como tamanho reduzido, fácil instalação, fácil remoção e baixo
custo. Neste trabalho foi realizada uma revisão da literatura analisando fatores como:
seleção sítio de inserção, modalidades de inserção e protocolo de planejamento cirúrgico.
Este estudo nos mostrou que a ancoragem esquelética com mini implantes é uma
excelente alternativa de tratamento com altos índices de sucesso e de fácil planejamento.

Palavras–chave: ancoragem ortodôntica, implantes dentários, mini implante, micro


implantes.

ABSTRACT
One of the biggest concerns of orthodontist during planning and execution of orthodontic
treatment is the skeletal anchorage. With the advent of mini-implants issues related to
patient cooperation were solved and apparatus for anchoring as Extra Arch Buccal were
replaced. Other systems were devised as the Palatal implants or miniplates, however the
mini implants feature advantages such as reduced size, easy installation, easy removal
and low cost. This work was carried out a review of the literature analyzing factors such
as: insertion site selection, insertion modalities and surgical planning protocol. This study
has shown us that the skeletal anchorage with mini implants is an excellent alternative
treatment with high success rates and easy planning.

Keywords: orthodontics anchorage, dental implants, miniimplants, micro-implants.

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1 INTRODUÇÃO
O tratamento das mal oclusões com aparelhos ortodônticos necessitam
frequentemente de sistema de ancoragem absoluta. Segundo Melo et al., em 2006, a
ancoragem pode ser definida em Ortodontia como a resistência ao movimento dentário
indesejado e é uma das maiores preocupações do ortodontista durante o planejamento e
execução do tratamento ortodôntico.
Em muitos casos os sistemas convencionais necessitam de cooperação do paciente
e com o advento dos sistemas de ancoragem esquelética como os minimplantes, as
miniplacas ou implantes, o tratamento ortodôntico é simplificado. Os minimplantes
apresentam a vantagem de serem de mais fácil a inserção, com procedimento menos
invasivo, possibilidade de ativação imediata, menor custo, e menor limitação anatômica
para sua inserção. Estes apresentam tamanho reduzido, o que possibilita sua instalação
inclusive entre raízes dentárias, viabilizando seu uso em inúmeras situações clínicas. De
modo geral, os sistemas de miniimplantes comercialmente disponíveis têm como
característica principal a ação de fixação autotravante no momento da instalação. Os
miniimplantes apresentam diversas indicações clínicas, entre elas: retração do segmento
anterior, evitando o uso de aparelho extrabucal como reforço de ancoragem,
verticalização de molares, intrusão de dentes anteriores e até mesmo a intrusão de
molares.

2 REVISÃO DE LITERATURA
Para critério de seleção dos minimplantes, o espaço disponível entre as raízes, no
sentido mesiodistal, na área cirúrgica eleita, deverá ser, no mínimo, o correspondente ao
diâmetro do implante somado a 1,5 mm. Isso se deve ao fato de o espaço periodontal
radicular possuir, em média, 0,25mm para cada raiz e ser necessário mais 1mm de
margem de segurança. Portanto, no caso de eleição de um miniimplante ortodôntico de
1,4mm de diâmetro, a distância entre as raízes deverá ser de, no mínimo, 2,9mm. Caso
esta distância não esteja disponível, há necessidade de se avaliar a possibilidade de
utilização de posicionamentos anatômicos alternativos, modificar a angulação de
instalação do miniimplante ortodôntico ou, ainda, promover, ortodonticamente, o
afastamento das raízes, de forma a aumentar o espaço para que a fixação do mini-implante
seja realizada com segurança (Prosterman et al.,1995).
Em função do tamanho reduzido dos miniimplantes, eles exibem um grande
número de possibilidades de instalação. Na maxila podem ser instalados, por exemplo,

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na região de espinha nasal anterior, áreas edêntulas, e entre raízes de dentes adjacentes,
por vestibular e palatina do osso alveolar. Na mandíbula são comumente colocados na
região de sínfise, área retromolar, áreas edêntulas, assim como entre raízes por vestibular
do osso alveolar (Kanomi, 1997).
No que diz respeito à seleção do comprimento ideal do miniimplante ortodôntico
a ser utilizado, deverão ser levadas em consideração a estabilidade primária e a
preservação das estruturas nobres vizinhas à área operada, como raízes e feixes vásculo-
nervosos (Park et al., 2002).
Como regra geral, quanto mais longo o miniimplante, melhor a área de contato
osso/implante e, conseqüentemente, maior a estabilidade (Celenza; Hochman, 2000).
Como cuidado pós-operatório, os pacientes deverão ser instruídos a manterem
excelente higiene do local, já que um dos fatores relacionados à perda de estabilidade dos
miniimplantes é a presença de inflamação local. Por outro lado, o desconforto é mínimo,
devido às pequenas dimensões do miniimplante e pela técnica não ser muito invasiva
(Kanomi, 1997; Bae et al., 2002).
Tomadas radiográficas periapicais de ótima qualidade, confeccionadas com a
ajuda de posicionadores, são imprescindíveis para avaliação do local indicado pelo
Ortodontista. Eles também dizem que devem ser observadas a forma e a localização das
raízes dos dentes próximos ao local de inserção, além de outras estruturas anatômicas,
como canal mandibular, emergência mentual e seio maxilar. Para eles quando o
planejamento indica a instalação entre raízes, área normalmente com espaço bem
reduzido, alguns autores recomendam a utilização de fio de latão usado como separador
no espaço interdental ou fios guias inseridos dos tubos ou bráquetes dos dentes vizinhos
para serem usados como guias radiográficos para avaliação do espaço presente (Bae et
al., 2003).
A cortical fina da região posterior da maxila requer o uso de miniimplantes mais
longos para aumentar sua estabilidade. Ao instalar um miniimplante na região posterior
da mandíbula deve-se tomar cuidado para que não ocorra um aquecimento ósseo, levando
à perda do mini-implante, assim como ocorre na implantodontia convencional (Kyung et
al., 2003).
O sucesso do tratamento com miniimplantes depende dos seguintes fatores: a)
habilidade do cirurgião; b) condição física do paciente; c) seleção do local adequado; d)
estabilidade inicial e e) higiene bucal (Kyung et al., 2003).

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O processo de instalação dos miniimplantes começa com a determinação precisa


do local do implante, através dos seguintes passos: 1. Determinar a posição mesiodistal
através da análise da radiografia periapical, observando-se o guia cirúrgico ou a direção
do ponto de contato dos dentes vizinhos ao local de instalação; 2. Determinar a faixa de
inserção vertical onde devemos localizar a linha mucogengival que representa, para a
maioria dos casos, o limite apical da região destinada ao implante, uma vez que o índice
de sucesso dos implantes é muito maior quando instalados em gengiva inserida do que
quando instalados em mucosa alveolar. Mede-se a profundidade do sulco gengival na
região da papila interdental e acrescenta- se a este valor 4 mm. Essa medida vertical
corresponde à distância mínima da extremidade da papila que o cirurgião pode instalar o
implante. Se utilizar uma medida menor pode ficar aquém da crista óssea. 3. Determina-
se dentro da faixa de inserção supracitada, a posição vertical do miniimplante e acordo
com o planejamento biomecânico obtido a partir do plano de tratamento ortodôntico
(Kyung et al., 2003).
O ideal é o posicionamento em gengiva inserida, devendo ser evitada área de
mucosa, que é mais propensa a problemas de estabilidade dos mini-implantes, devido ao
maior risco de inflamação peri-implantar. Quando a instalação é feita em área de mucosa,
alguns sistemas de implante propõem que o mesmo seja mantido recoberto pelo tecido
mole, deixando-se apenas um fio de amarrilho exposto à cavidade bucal, enquanto outros
propõem diferentes alturas de transmucoso da extremidade ativa, o que diminui o risco
de perda (Kyung et al., 2003).
Para a instalação de mini-implantes no palato é necessária adequada avaliação da
espessura da mucosa, que pode ser mensurada através da utilização de um cursor de
borracha transpassado pela agulha da anestesia, permitindo uma aferição satisfatória com
o auxílio de uma régua ou sonda milimetrada. Como cerca de 6mm do miniimplante
devem penetrar no osso, conhecendo-se a espessura da mucosa palatal é possível definir
o tamanho do perfil transmucoso e do miniimplante (Cheng et al., 2004).
No momento da instalação deverá ser definido se o implante será instalado
perpendicularmente ao osso alveolar ou com alguma angulação. A literatura indica que
na maxila normalmente é mantida uma angulação entre 20 e 60º em relação ao longo eixo
dos dentes, enquanto na mandíbula pode ser angulado ou até perpendicular concluem
(Park et al., 2003).
Ao avaliarem os possíveis fatores associados à estabilidade dos miniimplantes,
observaram que o comprimento dos parafusos não apresentou relação direta com a

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permanência ou não dos miniimplantes. Segundo os autores, a quantidade de força


também não mostrou relação estatisticamente significante, contudo eles salientaram que
as forças utilizadas foram bem controladas e leves. Por outro lado a localização anatômica
e as características do tecido mole foram significantemente associadas à infecção peri-
implantar e, conseqüentemente, à falha na mecanoterapia, sendo maior o risco de fracasso
quando instalado em mucosa (Cheng et al., 2004).
A aplicação de forças sobre o miniimplante pode ser feita imediatamente após a
instalação, pois a estabilidade primária (travamento) é capaz de suportar as forças
ortodônticas (Liou et al., 2004); porém alguns autores recomendam a espera de duas
semanas após instalação (Park et al., 2003).
A intervenção pode ser realizada em ambiente ambulatorial, sob anestesia local
infiltrativa subperiosteal, ou com a utilização de anestésico tópico periodontal de efeito
profundo. Para favorecer a percepção de um possível contato indesejado com raízes, não
é recomendável ação anestésica sobre as unidades dentárias vizinhas (Chung et al., 2004).
A loja óssea para inserção dos mini-implantes poderá ser preparada de forma
transmucosa, com motor de baixa rotação (máxima de 300rpm), utilizando broca
helicoidal sob irrigação profusa com solução salina (Bezerra et al., 2004).
Em muitos casos, não é necessário o aprofundamento da osteotomia, perfurando-
se apenas a cortical alveolar, e ficando por conta do rosqueamento do parafuso a criação
do restante do leito. O miniimplante deve apresentar bom travamento no sítio de inserção.
Havendo mobilidade, este deve ser removido e substituído por um de diâmetro
imediatamente maior, levando-se em consideração o espaço existente (Carrano et al.,
2005).
A orientação de higiene pós-cirúrgica é importante para evitar inflamação
periimplantar, o que pode comprometer a estabilidade futura do miniimplante (Miyawaki
et al., 2003; Mah; Bergstrand, 2005).
Os miniimplantes têm-se mostrado efetivos como método de ancoragem em
Ortodontia, sendo sua instalação e remoção relativamente simples. Devido ao seu
tamanho reduzido apresenta possibilidade de inserção em vários locais, possibilitando
inúmeras aplicações clínicas, com mínima colaboração do paciente. Com o auxílio dos
miniimplantes é possível ampliar as possibilidades de tratamento, além de tornar mais
fáceis os casos, antes considerados complexos para a Ortodontia com métodos
tradicionais de ancoragem (Marassi et al., 2005).

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Nas primeiras duas semanas, recomenda-se que o paciente higienize o local de


inserção do implante com escova periodontal extra- macia embebida em solução ou gel
de gluconato de clorexidina 0,12% por 30 segundos, 2 vezes ao dia. A indicação desta
escova pós-cirúrgica é importante, pois possui cerdas extremamente macias, dando ao
paciente a segurança de higienizar uma área que acabou de ser manipulada
cirurgicamente. A partir da terceira semana, a higienização da área do mini-implante e
demais regiões deve ser realizada com escova macia e creme dental. Em adição, deve ser
recomendado bochecho com colutório anti-séptico à base de triclosan 0,03% por 30
segundos, 3 vezes ao dia, durante todo o período do tratamento, tendo em vista seus
comprovados efeitos anti-séptico e antiinflamatório. Um controle profissional da saúde
periimplantar deverá ser feito semanalmente no primeiro mês e mensalmente durante
todo o tratamento, reforçando a orientação das medidas de controle de biofilme dento-
bacteriano (Bezerra et al., 2004; Araújo et al., 2006; Nascimento et al., 2006).
O objetivo de alcançar maior estabilidade primária e evitar proximidade com as
raízes, recomenda-se, na maxila, a instalação de mini-implantes com inclinação
perpendicular ou com angulação de até 30 a 40 graus em relação ao longo eixo dos dentes.
Esta inclinação proporciona maior área de contato do implante com o osso, além de
reduzir o risco de atingir raízes dentárias (Celenza; Hochman, 2000; Kyung et al., 2003;
Poggio et al., 2006).
Para orientação do ortodontista ou implantodontista, um guia cirúrgico pode ser
confeccionado com fio de latão (0,6mm de espessura) passando através do ponto de
contato entre as unidades dentárias, com extensão na direção apical. A imagem radiopaca
do guia, visualizada na radiografia periapical, representa uma referência para o correto
posicionamento do mini-implante, minimizando riscos de lesões às estruturas anatômicas
(Park, 2003; Kyung et al., 2003; Nascimento et al., 2006).
Devidamente selecionados os locais de instalação, no momento cirúrgico,
necessário se faz realização de antissepsia intra e extrabucais, anestesia local infiltrativa
na região escolhida para fixação do implante. O próximo passo é a marcação da área a ser
perfurada com o auxílio de uma sonda exploradora, preferencialmente em gengiva
inserida (em alguns casos o local de instalação e marcação da perfuração pode ser
realizada previamente, com o auxilio de dispositivo confeccionado com fio de latão
somado a uma radiografia periapical ou oclusal, para confirmação do sítio de instalação
e posicionamento do implante em relação as raízes dentárias). Após a marcação é
realizada perfuração direta com broca de 1,3 mm (broca de 1,3 mm para implantes de 1,6

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mm ou broca de 1,1 mm para implantes de 1,3 mm), montada em contra-ângulo e motor


elétrico para implantes, sob irrigação constante, mantendo o implante perpendicular ao
osso alveolar mandibular. A perfuração então é conferida com uma sonda milimetrada,
avaliando a profundidade perfurada e, posterior, a escolha do comprimento do implante.
O implante é levado até a perfuração, adaptado no contra-ângulo e inserido até o
travamento com o torque determinado pelo fabricante (Padovan et al., 2006).
É realizada radiografia oclusal pós-operatória para reavaliação e certificação do
posicionamento dos implantes. O paciente deverá ser orientado sobre os cuidados com a
higiene e alimentação pós-operatória e sobre o uso de analgésico se necessário. Passada
essa fase inicia-se a terapia ortodôntica.
Com o uso de implantes como forma de ancoragem ortodôntica tem eficácia
comprovada em diversos trabalhos da literatura, apresentando-se como uma opção viável
dentro do caráter custo-benefício ao profissional e paciente, já que o mesmo se apresenta
com baixo custo, eficácia comprovada, dispensa a cooperação do paciente para obtenção
dos resultados almejados, além de não apresentar comprometimento estético. Como
último ponto, ele ressalta que o tratamento necessita da interação de profissionais da área
da Cirurgia e Implantodontia com profissionais da Ortodontia, para a otimização do
tratamento, alcançando sucesso nos resultados finais (Padovan et al., 2006).
Uma avaliação clínica preliminar, com palpação digital do vestíbulo, auxiliará na
identificação das raízes dos dentes (Araújo et al., 2006).
Em seguida, deve-se fazer um estudo criterioso, analisando radiografias
panorâmica e periapicais, para investigar a disponibilidade óssea para a instalação dos
mini-implantes. A seleção do diâmetro e comprimento dos mini-implantes é fator
importante no processo de utilização destes. Apesar de poderem ser instalados nos mais
diversos sítios, tanto da maxila quanto da mandíbula, em áreas onde o espaço é
extremamente reduzido, é necessária apurada habilidade manual e a eleição de implantes
de diâmetro e tamanho adequados à área em questão. Os dispositivos temporários para
ancoragem esquelética podem ser instalados pelo ortodontista ou implantodontista.
Quando forem instalados pelo implantodontista, este deverá receber orientação precisa
para que não existam dúvidas quanto à posição eleita. Esta comunicação deverá ser por
correspondência, com redação clara, contendo informações detalhadas, por imagens
digitais de radiografias apontando o local da instalação, sinalização em modelos de gesso
ou ainda através do fornecimento de guias, sejam em aço, latão ou acrílico. Em

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contrapartida, o implantodontista, diante da impossibilidade de instalação no local


solicitado, poderá sugerir sítios alternativos.
Em trabalho utilizando tomografias, observou que na região posterior, tanto da
maxila quanto da mandíbula, a maioria dos espaços interradiculares possui área suficiente
para a instalação de mini-implantes. Na maxila, a maior disponibilidade óssea se localiza
entre o primeiro e o segundo pré-molar, seguidas das áreas entre primeiro pré-molar e
canino, e segundo pré-molar e primeiro molar, sendo maior por palatina que por
vestibular. Na mandíbula, as maiores áreas interdentárias disponíveis para a inserção de
mini-implantes são entre primeiros e segundos molares, seguidas pelos espaços entre
primeiros e segundos pré-molares, segundos pré-molares e primeiros molares, e primeiros
pré-molares e caninos, gradativamente (Poggio et al., 2006).
Os miniimplantes podem ser usados nos diversos diâmetros, desde que o local de
eleição apresente espaço suficiente. Normalmente, porém, são utilizados os dispositivos
de 1,2mm para a instalação entre raízes, em áreas de alta densidade óssea (palato e
mandíbula) e quando obtém-se boa estabilidade primária; os de 1,4mm entre raízes
dentárias que apresentem maior espaço, áreas com densidade óssea média (maxila) ou
caso o de 1,2mm não obtenha boa estabilidade primária. Os de 1,6mm são mais usados
em regiões edêntulas, áreas de baixa densidade óssea (tuberosidade) ou caso o de 1,4mm
não apresente estabilidade inicial adequada (Nascimento et al., 2006).
Após determinar a área ideal para instalação dos mini-implantes, além de como
será realizada a aplicação da força, o Ortodontista deve avaliar o sistema que será
utilizado, levando em consideração o ponto de aplicação, o centro de resistência dos
dentes e, os grupos de dentes envolvidos na movimentação, além dos possíveis momentos
gerados com a movimentação. Na maxila podem ser instalados na região da espinha nasal
anterior, áreas edêntulas e, entre as raízes de dentes adjacentes, por vestibular e palatina
do osso alveolar. Na mandíbula são comumente colocadas na região de sínfise, áreas
retromolar, áreas edêntulas, assim como entre raízes por vestibular do osso alveolar
(Massarioli et al., 2007).
Devem ser realizadas considerações sobre o ponto de aplicação da força, o centro
de resistência dos dentes e grupos de dentes envolvidos na movimentação, assim como
os possíveis momentos de força gerados com a movimentação. Deve ser salientado que é
essencial evitar a incorporação de momentos gerados ao redor do longo eixo (efeito de
giro) do mini-implante, o que poderia levar à perda do mesmo. O planejamento inicial do
ortodontista visa identificar a área ideal para o posicionamento dos miniimplantes, do

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ponto de vista de como a movimentação será realizada. Deve também ser considerado o
modo de aplicação da força, direto ou indireto. Molas pré-fabricadas de níquel-titânio ou
elásticos em cadeia, se estendendo do parafuso até a unidade ativa, geram sistemas de
ancoragem direta. Contudo, a avaliação definitiva da região exata de instalação deverá
ser complementada por meio de radiografias periapicais e em conjunto com o cirurgião.
Devido ao tamanho reduzido dos miniimplantes, não existem restrições em termos de
localização dos mesmos, porém deve-se avaliar a localização das raízes dos dentes
próximos ao local de inserção e estruturas anatômicas, como canal mandibular e seio
maxilar, a fim de evitar danos aos tecidos vizinhos. A definição do comprimento e
diâmetro do miniimplante cabe ao profissional que irá realizar a instalação. A densidade
do osso cortical é um fator essencial para a retenção do miniimplante, e varia de acordo
com os pacientes e também com o local onde será aplicado. A técnica de instalação dos
miniimplantes é, geralmente, um procedimento simples, realizado sob anestesia local, por
meio de infiltração de pouco menos que 1/4 do tubete anestésico, próximo à área definida
como ideal para a instalação dos implantes É realizada perfuração direta do local da
inserção com broca adaptada em contra-ângulo específico para implantes. O diâmetro da
broca utilizada para a perfuração deve ser menor do que o diâmetro escolhido para o mini-
implante, para que seja obtida estabilidade primária do mesmo (resistência mecânica).
Segue-se, então, a inserção do miniimplante, que poderá ser realizada manualmente ou
por meio do contra-ângulo, devendo ser observado o controle do torque de instalação,
conforme determinado pelo fabricante, para que não haja risco de fratura devido ao
diâmetro reduzido. No caso da utilização de implantes auto-perfurantes não há perfuração
com a broca (Melo et al., 2006).
Os miniimplantes são um excelente recurso para o controle da ancoragem
ortodôntica, por proporcionarem adequado controle da força necessária para a
movimentação dental, bem como por apresentarem tamanhos, formas e metodologias de
instalação variáveis, conforme a necessidade de cada paciente e não acarreta qualquer
comprometimento estético. Suas principais vantagens são o baixo custo, fácil inserção,
manipulação e a ausência da necessidade de cooperação do paciente, diminuindo o tempo
de tratamento em até 6 meses. Este recurso como qualquer outro método de tratamento
ortodôntico requer alguns cuidados específicos para evitar fracassos mediante a sua
utilização. Por fim, que ao se utilizar os miniimplantes como forma de ancoragem, as
suas variações (forma, tamanho, locais de inserção e tipo de ativação) devem ser
estudadas com cautela a fim de se evitar erros (Jardim, 2009).

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Existem 5 fatores que são importantes para determinar o melhor sítio de instalação
dos mini-implantes. 1- Indicação, sistema usado, e mecânica necessária. 2. O local da
instalação do implante deve idealmente ser em gengiva inserida. Isto prevenirá
desconforto aos tecidos que é um dos motivos de perda dos miniimplantes.. 3. Distância
segura entre raízes. 4. Observar estruturas anatômicas adjacentes como nervo alveolar
inferior, artérias, veias, forame mentual, seios maxilares, cavidade nasal. 5. Espessura
Óssea adequada a fim de obtermos estabilidade primária (Vishal et al., 2011).

3 PROPOSIÇÃO
Através da Revisão da Literatura, este trabalho aborda as principais técnicas
relacionadas à instalação dos miniimplantes na ancoragem ortodôntica e tem como
objetivo facilitar o planejamento cirúrgico dos implantodontistas e ortodontistas
interessados na instalação destes dispositivos.

4 DISCUSSÃO
De acordo com os resultados positivos observados clinicamente, associados às
pesquisas experimentais, em pouco tempo, os mini-implantes seriam empregados de
modo corrente no tratamento ortodôntico, principalmente em pacientes adultos.
Para que os miniimplantes se tornem efetivos como recurso de ancoragem, deve
ser obedecido um planejamento cuidadoso quanto ao sítio de instalação, a definição do
tamanho, a escolha do recurso de ativação do sistema, à quantidade e quanto a direção da
carga necessária para obtenção do movimento dentário e à manutenção da correta higiene
periimplantar (Araújo et al., 2006).
O uso de implantes como forma de ancoragem ortodôntica tem eficácia
comprovada em diversos trabalhos da literatura, apresentando-se como uma opção viável
dentro do caráter custo-benefício ao profissional e paciente, tendo em vista apresentar-se
com baixo custo, eficácia comprovada, dispensa a cooperação do paciente para obtenção
dos resultados almejados, além de não apresentar comprometimento estético.
Na maxila a perfuração seja feita de 20 a 60 graus e na mandíbula de forma
angulada ou perpendicular (Park et al., 2004). Outra corrente de autores orientam que seja
de 30 ou 40 graus e de forma perpendicular (Celenza; Hochman, 2000; Kyung et al.,
2003; Poggio et al., 2006). A broca que deve ser utilizada é a de 1,3 para implantes de
1,6 ou broca de 1,1 para implantes de 1,3 (Padovan et al., 2006).

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A ordem de disponibilidade óssea e considera na maxila entre o primeiro e o


segundo pré-molar, entre primeiro pré-molar e canino e segundo pré-molar e primeiro
molar respectivamente. Na mandíbula a ordem é entre primeiros e segundos molares,
entre primeiros e segundos pré-molares, segundos pré-molares e primeiros molares e
primeiros pré-molares e caninos respectivamente (Poggio et al., 2006).
Aos diâmetros dos mini-implantes e sugere usar 1,2mm para a instalação entre
raízes, em áreas de alta densidade óssea (palato e mandíbula) e quando se obtém boa
estabilidade primária, usar 1,4mm entre raízes dentárias que apresentem maior espaço,
áreas com densidade óssea média (maxila) ou caso o de 1,2mm não obtenha boa
estabilidade primária e 1,6mm são mais usados em regiões edêntulas, áreas de baixa
densidade óssea (tuberosidade) ou caso o de 1,4mm não apresente estabilidade inicial
adequada (Nascimento et al., 2006).

5 CONCLUSÃO
Graças a seu tamanho reduzido, os miniimplantes, podem ser utilizados em
diversas situações clínicas, não necessitando de cooperação do paciente, exceto boa
higiene.
Os miniimplantes são ótima opção como sistema de ancoragem ortodôntica,
simplificando os tratamentos ortodônticos, de fácil aceitação pelo paciente e é um sistema
que substitui o uso dos aparelhos extra-orais ou outros dispositivos de ancoragem.

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REFERÊNCIAS 1

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ANEXO

Figura 1 – Radiografia periapical demonstrando a disponibilidade óssea para instalação do microparafuso


entre o segundo pré-molar e o primeiro molar superiores.

Fonte: Nascimento et al., 2006, p. 26

Figura 2 - Radiografia periapical demonstrando a disponibilidade óssea para instalação do microparafuso


entre o primeiro e o segundo molar inferiores.

Fonte: Nascimento et al., 2006, p. 26.

Figura 3 - Foto clínica do cursor de latão.

Fonte: Nascimento et al., 2006, p. 26.

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Figura 4 - Rx visualizando o cursor de latão.

Fonte: Nascimento et al., 2006, p. 26.

Figura 5 - Perfuração da mucosa e cortical óssea com motor cirúrgico de baixa rotação.

Fonte: Nascimento et al., 2006, p. 29.

Figura 6 - Inserção do microparafuso com chave manual.

Fonte: Nascimento et al., 2006, p. 29.

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Figura 7 - Inserção do microparafuso com motor cirúrgico em baixa rotação

Fonte: Nascimento et al., 2006, p. 29.

Figura 8 - Microparafuso em posição.

Fonte: Nascimento et al., 2006, p. 29.

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