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Contemporânea

Contemporary Journal
Vol.4 No.2: 01-16, 2024
ISSN: 2447-0961

Artigo

MINI-IMPLANTES COMO ANCORAGEM EM ORTODONTIA:


APLICAÇÕES CLÍNICAS NA DISTALIZAÇÃO E RETRAÇÃO EM
MASSA

MINI-IMPLANTS AS ANCHORAGE IN ORTHODONTICS: CLINICAL


APPLICATIONS IN DISTALIZATION AND MASS RETRACTION

MINI-IMPLANTES COMO ANCLAJE EN ORTODONCIA:


APLICACIONES CLÍNICAS EN DISTALIZACIÓN Y RETRACCIÓN
MASIVA

DOI: 10.56083/RCV4N2-056
Originals received: 01/02/2024
Acceptance for publication: 02/09/2024

Ana Paula Pereira


Especialista em Ortodontia
Instituição: Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora (SUPREMA)
Endereço: Alameda Salva Terra 200, Salvaterra, CEP: 36033-003
E-mail: paula_jf_@hotmail.com

RESUMO: A busca por sistemas de ancoragem eficazes que minimizem a


necessidade de colaboração do paciente tem sido um desafio constante na
ortodontia. Nesse contexto, os dispositivos de ancoragem temporária,
especialmente os mini-implantes (MIs), emergem como uma solução
promissora. Os MIs oferecem ancoragem esquelética absoluta e trazem
vantagens significativas, como facilidade de inserção, custo reduzido e
independência da cooperação do paciente. Além disso, apresentam-se como
alternativas viáveis em tratamentos que tradicionalmente requereriam
exodontias e/ou cirurgia ortognática. Este estudo visa avaliar, através de
uma revisão de literatura, o papel dos MIs na correção e compensação de
maloclusões de Classe II e Classe III, bem como em biprotusões, destacando
as localizações anatômicas preferenciais para sua colocação e as implicações
para o planejamento ortodôntico. A metodologia adotada incluiu a análise de
estudos relevantes que discutem as aplicações clínicas dos MIs, abrangendo
desde a retração de dentes anteriores até a correção do plano oclusal. Os
resultados indicam que os MIs são efetivos para uma ampla gama de

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movimentações ortodônticas, com uma alta taxa de sucesso e mínimos
efeitos adversos. As conclusões reforçam a importância de um planejamento
cuidadoso e individualizado, considerando as zonas anatômicas seguras para
a instalação dos MIs e aplicando a mecânica ortodôntica apropriada para
alcançar os objetivos do tratamento.

PALAVRAS-CHAVE: Mini-implantes, Ortodontia, Ancoragem Esquelética,


Maloclusão, Planejamento Ortodôntico.

ABSTRACT: The quest for effective anchorage systems that minimize patient
collaboration requirements has been an ongoing challenge in orthodontics.
In this context, temporary anchorage devices, particularly mini-implants
(MIs), emerge as a promising solution. MIs offer absolute skeletal anchorage
and bring significant advantages, such as ease of insertion, reduced cost,
and independence from patient cooperation. Furthermore, they present
viable alternatives in treatments that would traditionally require extractions
and/or orthognathic surgery. This study aims to evaluate, through a
literature review, the role of MIs in correcting and compensating for Class II
and Class III malocclusions, as well as bimaxillary protrusions, highlighting
the preferred anatomical locations for their placement and implications for
orthodontic planning. The methodology included analyzing relevant studies
discussing the clinical applications of MIs, ranging from the retraction of
anterior teeth to the correction of the occlusal plane. The results indicate that
MIs are effective for a wide range of orthodontic movements, with a high
success rate and minimal adverse effects. The conclusions emphasize the
importance of careful and individualized planning, considering the safe
anatomical zones for MIs installation and applying the appropriate
orthodontic mechanics to achieve treatment objectives.

KEYWORDS: Mini-implants, Orthodontics, Skeletal Anchorage,


Malocclusion, Orthodontic Planning.

RESUMEN: La búsqueda de sistemas de anclaje eficaces que minimicen la


necesidad de colaboración del paciente ha sido un reto constante en
ortodoncia. En este contexto, los dispositivos de anclaje provisionales,
especialmente los miniimplantes (MI), han surgido como una solución
prometedora. Los MI ofrecen un anclaje esquelético absoluto y aportan
ventajas significativas, como facilidad de inserción, coste reducido e
independencia de la colaboración del paciente. También son alternativas
viables para tratamientos que tradicionalmente requerirían extracciones y/o
cirugía ortognática. Este estudio pretende evaluar, a través de una revisión
bibliográfica, el papel de los MI en la corrección y compensación de las
maloclusiones de Clase II y Clase III, así como en las biprotusiones,
destacando las localizaciones anatómicas preferentes para su colocación y

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las implicaciones para la planificación ortodóncica. La metodología adoptada
incluyó el análisis de estudios relevantes que discuten las aplicaciones
clínicas de los MI, que van desde la retracción de dientes anteriores hasta la
corrección del plano oclusal. Los resultados indican que los IM son eficaces
para una amplia gama de movimientos ortodóncicos, con una elevada tasa
de éxito y efectos adversos mínimos. Las conclusiones refuerzan la
importancia de una planificación cuidadosa e individualizada, considerando
las zonas anatómicas seguras para la instalación de los MI y aplicando la
mecánica ortodóncica adecuada para alcanzar los objetivos del tratamiento.

PALABRAS CLAVE: Miniimplantes, Ortodoncia, Anclaje Esquelético,


Maloclusión, Planificación Ortodóncica.

1. Introdução

A saúde bucal é uma área de crescente interesse e preocupação em


saúde pública globalmente. De acordo com a Organização Mundial da Saúde,
as maloclusões representam o terceiro maior problema de saúde bucal,
precedido apenas pela cárie dentária e pela doença periodontal. Esta
classificação destaca a importância e a prevalência de problemas de oclusão
dentária na população. Desde a introdução da famosa taxonomia de
maloclusões por Edward Angle em 1899, a má oclusão de Classe II de Angle
tem sido particularmente notória devido à sua complexidade e à frequência
com que ocorre.
Na prática ortodontica, a aplicação de forças a um dente por meio de
aparelhos ortodonticos implica na geração de forças opostas que atuam
sobre o dispositivo de ancoragem. Idealmente, os dentes usados como
ancoragem não devem se mover, garantindo assim a direcionalidade e a
eficácia do tratamento. A ancoragem ortodontica, que visa prevenir
movimentos dentários indesejados, é um pilar fundamental no planejamento

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do tratamento ortodontico. A eficácia da ancoragem é crucial, pois sua falha
pode resultar no insucesso do tratamento ortodontico.
Historicamente, as estratégias de ancoragem incluíam dispositivos
como a barra-lingual e transpalatina, o botão de Nance, os elásticos
intermaxilares e os aparelhos extrabucais. Embora eficazes em muitos
cenários, essas formas de ancoragem apresentam limitações, incluindo a
possibilidade de movimentação da estrutura de ancoragem e a dependência
da colaboração do paciente. Estudos indicam que a perda de ancoragem em
dispositivos extrabucais pode variar de 1,6 a 4mm, o que pode comprometer
significativamente o sucesso do tratamento.
O advento dos mini-implantes (MIs) introduziu um novo paradigma na
ortodontia: a ancoragem esquelética. Esta inovação permite a resolução de
casos ortodônticos mais complexos independentemente da colaboração do
paciente. Os MIs diferem significativamente dos dispositivos tradicionais
utilizados em reabilitações dentárias por várias características distintas: seu
tamanho reduzido permite a colocação em uma variedade de locais, incluindo
espaços interradiculares; são facilmente instalados e removidos; resistem às
forças ortodônticas; podem ser submetidos a carga imediata; são
compatíveis com diversas mecânicas ortodônticas; e possuem um custo
relativamente baixo. Essas características conferem aos MIs uma vantagem
significativa sobre os métodos de ancoragem tradicionais, oferecendo um
melhor prognóstico para o tratamento ortodôntico.
Este trabalho objetiva realizar uma revisão da literatura, destacando o
papel dos MIs como dispositivos de ancoragem no tracionamento dentário.
Serão abordados aspectos fundamentais como indicações, contraindicações,
vantagens do uso dos MIs, além da localização anatômica ideal para a
aplicação de técnicas ortodônticas específicas. A revisão busca sintetizar o
conhecimento atual sobre os MIs, fornecendo insights valiosos para a prática
clínica e o planejamento de tratamentos ortodônticos eficazes.

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2. Materiais e Métodos

Este estudo caracteriza-se como uma revisão narrativa da literatura,


onde o objetivo principal é compilar, analisar e discutir as evidências
científicas e clínicas disponíveis sobre o uso de mini-implantes em ortodontia,
com ênfase em suas aplicações para distalização e retração em massa. A
metodologia empregada baseia-se na curadoria de artigos, dissertações,
teses e outros materiais acadêmicos publicados por autores renomados no
campo da ortodontia e áreas relacionadas.
As fontes de dados para este estudo foram selecionadas a partir de
uma busca criteriosa em bases de dados acadêmicas e bibliotecas digitais,
incluindo PubMed, Scopus, Web of Science, e Google Scholar, além de
acessos diretos a periódicos especializados na área de odontologia e
ortodontia. A seleção de materiais foi guiada pela relevância para o tema de
ancoragem ortodôntica usando mini-implantes, abrangência no tratamento
de distalizações e retrações em massa, e contribuição para o avanço do
conhecimento e práticas clínicas na ortodontia.
Os autores citados neste estudo, incluindo Lima Júnior et al. (2023),
Ribeiro (2019), Santos (2018), Smaniotto (2022), Silveira (2023), e Araújo
et al. (2006), foram escolhidos com base em sua contribuição significativa
para a compreensão e aplicação dos mini-implantes como ferramentas de
ancoragem em ortodontia. Estes autores fornecem insights valiosos sobre as
técnicas de seleção, instalação e manutenção dos MIs, além de discutir as
vantagens, desvantagens, e o impacto dessas práticas nos resultados do
tratamento ortodôntico.
A metodologia deste estudo também inclui uma análise crítica das
informações coletadas, buscando identificar padrões, tendências e lacunas
no conhecimento existente. Através desta abordagem, o estudo visa não
apenas sintetizar as evidências disponíveis mas também destacar áreas que

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necessitam de pesquisa adicional, contribuindo assim para o
desenvolvimento futuro da prática ortodôntica com o uso de mini-implantes.
Em resumo, este estudo emprega uma metodologia de revisão
narrativa, com foco na seleção criteriosa de fontes de dados e autores que
são referências no campo da ortodontia e, especificamente, no uso de mini-
implantes como meio de ancoragem. Através da compilação e análise das
evidências científicas e experiências clínicas relatadas, este estudo visa
contribuir para a compreensão abrangente das práticas atuais, desafios e
perspectivas futuras associadas ao uso de mini-implantes em tratamentos
ortodônticos.

3. Resultados

Os mini-implantes (MIs) ortodônticos representam uma evolução


notável na ancoragem em ortodontia, destacando-se por sua instalação e
remoção simples, custo acessível e independência da cooperação do
paciente. A principal característica dos MIs reside em sua estabilidade óssea,
ampliando significativamente as possibilidades de tratamento ortodôntico
sem induzir efeitos adversos ou complicar o prognóstico do paciente.
Lima Júnior et al. (2023) discutem a simplicidade na colocação dos MIs
ortodônticos, ressaltando sua eficácia em aumentar a capacidade de
ancoragem. Essa característica é fundamental para a execução de
movimentações dentárias complexas, evidenciando o papel crítico dos MIs
na modernização dos tratamentos ortodônticos.
A inovação dos MIs foi impulsionada pela necessidade de superar as
limitações das técnicas tradicionais de ancoragem, procurando dispositivos
que oferecessem maior flexibilidade e eficácia. A introdução de MIs
específicos para ortodontia reflete um esforço contínuo para adaptar a
tecnologia de implantes às exigências específicas desta especialidade.

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Ribeiro (2019) ilustra a evolução dos MIs, desde sua concepção inicial
para uso em fraturas mandibulares até sua aplicação dedicada em
ortodontia. A transformação dos MIs em ferramentas ortodônticas
específicas marca um avanço significativo na busca por soluções mais
eficientes e menos invasivas. Os MIs têm sido aplicados em uma variedade
de procedimentos ortodônticos, desde a correção de má oclusão até a
movimentação de dentes em massa. Sua capacidade de fornecer ancoragem
direta no osso os torna particularmente valiosos em casos que requerem
forças ortodônticas precisas e controladas.
Santos (2018) destaca as vantagens dos MIs na ortodontia, como a
redução do tempo de tratamento e a melhora precoce do perfil do paciente.
A capacidade de realizar movimentações dentárias complexas com uma
mecânica ortodôntica controlada evidencia o impacto positivo dos MIs na
eficiência do tratamento. A adoção dos MIs reflete uma tendência em
ortodontia de buscar soluções que melhorem os resultados clínicos enquanto
minimizam o desconforto e a complexidade para o paciente. A simplicidade
na instalação e remoção dos MIs, juntamente com sua capacidade de serem
imediatamente ativados, ressalta sua conveniência e eficácia.
Smaniotto (2022) aborda a importância dos MIs na promoção de uma
mecânica ortodôntica controlada, destacando sua contribuição para a
redução do risco de lesão radicular e a possibilidade de aplicação em uma
ampla gama de áreas. A versatilidade dos MIs é crucial para o avanço das
práticas ortodônticas. Os MIs têm se estabelecido como uma solução viável
e eficaz para desafios de ancoragem em ortodontia, permitindo abordagens
terapêuticas que eram impraticáveis com métodos de ancoragem
tradicionais. A constante evolução e adaptação dos MIs à ortodontia
destacam o potencial inovador dessa tecnologia, prometendo continuar a
transformar o campo da ortodontia com soluções cada vez mais eficientes e
personalizadas.

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Silveira (2023) reitera que os MIs facilitam a movimentação simultânea
de várias unidades dentárias sem comprometer o sistema de ancoragem,
sublinhando sua eficácia e o conforto para o paciente. Essa capacidade de
oferecer tratamentos mais rápidos e confortáveis é uma vantagem
significativa dos MIs na prática ortodôntica contemporânea. Em síntese, os
mini-implantes ortodônticos emergem como ferramentas fundamentais na
ortodontia moderna, caracterizando-se pela sua adaptabilidade, eficácia e
contribuição para a otimização dos tratamentos ortodônticos. Através da
melhoria contínua em seu design e aplicação, os MIs permanecem na
vanguarda da inovação em ortodontia, prometendo avanços ainda mais
significativos no futuro.
A seleção e instalação adequadas dos mini-implantes são etapas
críticas no tratamento ortodôntico, requerendo um planejamento detalhado
baseado em avaliação clínica e radiográfica. A análise das radiografias
panorâmicas e periapicais fornece informações essenciais sobre a
disponibilidade óssea e a localização ideal dos MIs, evitando a interferência
com estruturas anatômicas vitais e maximizando a eficácia da ancoragem.
Lima Júnior et al. (2023) destacam a importância de um estudo radiográfico
cuidadoso para determinar o espaço disponível para os MIs, ressaltando que
uma avaliação precisa é fundamental para o sucesso da instalação. Essa
abordagem minimiza o risco de lesão às estruturas anatômicas, garantindo
uma ancoragem segura e eficaz.
A tomografia computadorizada oferece uma visão detalhada da
anatomia óssea, permitindo aos ortodontistas identificar os locais com
espaço interradicular suficiente para a colocação dos MIs. Esta tecnologia
avançada é crucial para a seleção do local de instalação, especialmente na
região posterior da maxila e da mandíbula, onde a densidade e a quantidade
de osso disponível são fatores determinantes para o sucesso do tratamento.
Ribeiro (2019), ao discutir os locais ideais para a colocação dos MIs,
enfatiza a necessidade de considerar tanto a quantidade quanto a qualidade

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do osso disponível. Essa análise detalhada assegura a escolha do melhor
local para a instalação, contribuindo significativamente para a estabilidade
primária dos MIs.
O espaço interradicular necessário para a instalação dos MIs deve ser
cuidadosamente avaliado para evitar danos às raízes dentárias. A inclusão
de uma margem de segurança além do diâmetro do MI é essencial para
prevenir complicações durante e após a instalação. Caso o espaço adequado
não esteja disponível, pode ser necessário ajustar a localização, angulação
ou promover espaço ortodonticamente.
Santos (2018) salienta a importância de um alinhamento prévio em
certos casos para aumentar o espaço intrarradicular, facilitando a instalação
dos MIs. Esta preparação prévia pode ser crucial para o sucesso da
ancoragem ortodôntica, especialmente em casos complexos. A estabilidade
primária dos MIs é um fator crítico para o sucesso do tratamento. Ela pode
ser avaliada pela resistência durante o assentamento e, clinicamente, após
a fixação. A verificação da estabilidade deve ser realizada regularmente para
garantir a integridade da ancoragem ao longo do tratamento ortodôntico.
O diâmetro e comprimento do MI são selecionados com base no local
de inserção e nas características ósseas específicas do paciente. A escolha
adequada dessas dimensões é fundamental para garantir a estabilidade
primária e minimizar o risco de falhas. Smaniotto (2022) aborda a relevância
da estabilidade primária para o sucesso dos MIs, destacando que uma
avaliação cuidadosa após a instalação pode prever a necessidade de ajustes
ou a seleção de um novo sítio de instalação em caso de estabilidade
inadequada.
Silveira (2023) enfatiza que o diâmetro e comprimento do MI devem
ser escolhidos de acordo com a densidade óssea e o local de inserção,
assegurando assim uma ancoragem eficaz e reduzindo o risco de
complicações. A higiene adequada ao redor dos MIs é crucial para prevenir
infecções e garantir o sucesso do tratamento. A limpeza cuidadosa do local

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de inserção com produtos específicos ajuda a manter a saúde peri-implantar
e a estabilidade do MI.
Araújo et al. (2006) recomendam a utilização de escovas periodontais
extra-macias e soluções de clorexidina para a limpeza dos MIs nas primeiras
semanas após a instalação, seguido de uma higiene bucal meticulosa para
manter a área limpa e livre de infecções. Em resumo, a seleção, instalação
e manutenção adequadas dos mini-implantes são fundamentais para o
sucesso da ancoragem ortodôntica. Um planejamento cuidadoso, baseado
em uma avaliação clínica e radiográfica detalhada, juntamente com uma
higiene bucal rigorosa, são essenciais para maximizar os benefícios dos MIs
e minimizar os riscos associados ao seu uso.

4. Discussão

A introdução dos mini-implantes na prática ortodôntica representa um


avanço significativo na busca por eficiência e precisão na movimentação
dentária. Este método de ancoragem tem alterado profundamente os
paradigmas tradicionais, oferecendo aos profissionais uma ferramenta
robusta para enfrentar desafios clínicos complexos sem depender
excessivamente da colaboração do paciente ou de estruturas dentárias como
suporte.
Ribeiro (2019) enfatiza a versatilidade dos mini-implantes, destacando
sua aplicabilidade em casos que exigem movimentações dentárias extensas,
como a retração em massa dos dentes anteriores. Esta capacidade de
proporcionar uma ancoragem segura e confiável permite abordagens
terapêuticas mais ambiciosas, que antes poderiam ser limitadas por
preocupações com a estabilidade da ancoragem.
A eficácia dos mini-implantes está intrinsecamente ligada à sua
capacidade de serem posicionados em locais estratégicos, aproveitando
áreas do osso maxilofacial que oferecem suporte ideal. Este aspecto técnico

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não apenas melhora o potencial de sucesso do tratamento ortodôntico mas
também minimiza o risco de complicações, reforçando a importância de um
planejamento cuidadoso e de uma execução precisa.
Santos (2018) aborda a realidade promissora dos mini-implantes na
ortodontia, apontando para a sua eficácia como ancoragem extra-alveolar. A
capacidade destes dispositivos de proporcionar suporte estável em diversos
procedimentos ortodônticos reflete um avanço significativo na
personalização do tratamento, permitindo ajustes precisos na movimentação
dentária.
A discussão sobre mini-implantes não estaria completa sem considerar
os aspectos materiais e mecânicos que influenciam seu desempenho. O
design e a composição dos mini-implantes, especialmente a escolha do
material, desempenham papéis cruciais na sua aceitação pelo tecido ósseo e
na durabilidade do dispositivo ao longo do tratamento ortodôntico.
Smaniotto (2022) destaca a utilização de mini-implantes ortodônticos
na retração anterior em massa, ilustrando como esses dispositivos podem
ser empregados para alcançar resultados estéticos e funcionais superiores.
A precisão na aplicação de forças ortodônticas, possibilitada pelos mini-
implantes, facilita o alcance dos objetivos de tratamento com maior
previsibilidade.
A inserção de mini-implantes e a subsequente gestão dos mesmos
exigem uma compreensão abrangente das dinâmicas teciduais envolvidas. O
sucesso a longo prazo de qualquer procedimento ortodôntico que utilize mini-
implantes como ancoragem depende não apenas da correta instalação mas
também da manutenção adequada por parte do paciente e do
acompanhamento regular pelo ortodontista.
Silveira (2023) investiga o uso de mini-implantes ortodônticos extra-
alveolares em regiões específicas, como a crista infrazigomática, enfatizando
a importância da seleção do local de inserção. A escolha cuidadosa do local

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não só maximiza a eficácia da ancoragem mas também contribui para a
minimização dos riscos associados ao procedimento.
A interação entre os mini-implantes e o tecido ósseo circundante é um
fator crítico que determina a estabilidade a longo prazo da ancoragem. A
biocompatibilidade dos materiais utilizados, juntamente com a técnica de
inserção, influencia diretamente a osteointegração e a resistência ao
movimento indesejado durante a aplicação de forças ortodônticas.
Araujo (2018) explora a aplicação prática de mini-implantes para a
intrusão de molares, um procedimento que ilustra a adaptabilidade dos mini-
implantes a diversos desafios ortodônticos. A capacidade de direcionar forças
de maneira específica e controlada abre novas possibilidades para
tratamentos mais eficientes e menos invasivos.
Esta revisão narrativa evidencia a importância dos mini-implantes
como uma inovação revolucionária na ortodontia, proporcionando aos
clínicos uma ferramenta poderosa para a realização de movimentações
dentárias complexas com maior previsibilidade e sucesso. A integração desta
tecnologia nos planos de tratamento ortodôntico representa um avanço
significativo na capacidade de atender às necessidades estéticas e funcionais
dos pacientes.
Os mini-implantes (MIs) ortodônticos são amplamente reconhecidos
por suas vantagens significativas na prática clínica, incluindo a capacidade
de fornecer ancoragem estável para movimentações dentárias complexas.
Uma das principais vantagens é a flexibilidade de aplicação, permitindo que
os ortodontistas realizem tratamentos que seriam desafiadores ou
impossíveis com métodos convencionais de ancoragem. Ribeiro (2019)
destaca a eficácia dos mini-implantes na facilitação da retração de dentes
anteriores e na correção de má oclusão de Classe II, demonstrando como
eles permitem uma abordagem mais direcionada e eficiente. Este é um
exemplo claro de como os MIs podem ser utilizados para melhorar os
resultados ortodônticos e a satisfação do paciente."

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Apesar de suas vantagens, os MIs também apresentam desvantagens
e limitações. A principal preocupação está relacionada aos riscos de
insucesso, que incluem a perda de estabilidade, a falha na osseointegração
e a possível irritação dos tecidos moles circundantes. A técnica de inserção
e a localização do MI são cruciais para minimizar esses riscos.
Santos (2018) aborda a realidade promissora dos MIs em ortodontia,
apontando para a necessidade de considerar cuidadosamente a anatomia do
paciente e a técnica cirúrgica para garantir o sucesso do tratamento. Este
cuidado é essencial para evitar complicações que podem levar ao insucesso
dos mini-implantes.
Os casos de aplicação bem-sucedidos de MIs são variados, abrangendo
desde a distalização de molares até a intrusão de incisivos. A capacidade dos
MIs de fornecer uma ancoragem temporária, mas robusta, torna-os ideais
para uma ampla gama de movimentações dentárias, especialmente em casos
onde a cooperação do paciente é limitada ou em tratamentos complexos que
exigem controle preciso das forças ortodônticas. Smaniotto (2022) ilustra o
uso de MIs na retração anterior em massa, evidenciando como esses
dispositivos podem ser empregados para alcançar resultados estéticos e
funcionais superiores. Este caso exemplifica a aplicabilidade e a eficácia dos
MIs em proporcionar uma ancoragem confiável para movimentações
dentárias desafiadoras.
No entanto, os casos de insucesso revelam as vulnerabilidades dos MIs,
como a possibilidade de mobilidade precoce ou falha na integração com o
tecido ósseo. Fatores como a densidade óssea insuficiente, a localização
inadequada do MI, ou a aplicação de forças excessivas podem comprometer
a estabilidade do implante e, por consequência, o sucesso do tratamento.
Silveira (2023) discute o uso de MIs em áreas de alta densidade óssea,
como a crista infrazigomática, sublinhando que, apesar das vantagens, a
precisão na seleção do local e na aplicação das forças é crucial para evitar

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insucessos. Este insight destaca a importância de um planejamento
detalhado e uma execução cuidadosa.
Em conclusão, os mini-implantes ortodônticos oferecem uma solução
poderosa para desafios complexos de ancoragem, com uma ampla gama de
aplicações bem-sucedidas que melhoram significativamente os resultados do
tratamento. No entanto, a consciência das suas limitações e dos potenciais
riscos de insucesso é fundamental para otimizar sua utilização na prática
clínica. A seleção cuidadosa dos pacientes, o planejamento detalhado do
tratamento e a técnica cirúrgica precisa são essenciais para maximizar as
taxas de sucesso e minimizar as complicações associadas ao uso de MIs em
ortodontia.

5. Considerações Finais

Os MI mostraram-se como um artifício excelente para resolução de


casos complexos, como problemas de má oclusão dentárias e/ ou
compensações esqueléticas, por apresentarem técnica simples de instalação,
baixo custo e não depender da colaboração do paciente. como dispositivos
de ancoragem esquelética, apresentam a vantagem de ancoragem absoluta,
permitindo tratamento de casos, antes só possíveis com exodontias e cirurgia
ortognática. Vale ressaltar que é importante o operador saber os locais ideais
de instalação e a mecânica a ser aplicada, para extrair o máximo de resultado
com o mínimo de complicações.

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Revista Contemporânea, v. 4, n. 2, 2024. ISSN 2447-0961

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