Você está na página 1de 142

Faculdade de Odontologia de Bauru – FOB - USP

Ancoragem Esquelética Absoluta em


Ortodontia.
Mestrado em Ortodontia - 2013
2

Coordenadores:
Profª Dra. Daniela Gamba Garib
Profº Dr. Guilherme Janson

Autores:
Amanda Ohashi
Ana Liesel Guggiari Niederberger
Arthur César de Medeiros Alves
Bruna Alves Furquim
Camila Fiedler Fonçatti
Caroline Martins Gambardela Tkacz
Daiana Conceição Broll
Karine Vaz Laskos Sakoda
Louise Resti Calil
Mayara Rizzo
Melissa Lancia
Murilo Matias
Rodrigo Hitoshi Higa
Rogério Almeida Penhavel
Vinícius Larajeira B. da Silva
Waleska Trovisco Caldas
3

Sumário

Capítulo 1
Conceito e Histórico da Ancoragem Esquelética .................................................................. 4
Capítulo 2
Tipos de Ancoragem Esquelética, Vantagens e Desvantagens ......................................... 11
Capítulo 3
Miniplacas: Tipos e Modelos de Inserção/Remoção ............................................................ 17
Capítulo 4
Indicação das Miniplacas e Mecânicas Utilizadas ............................................................... 23
Capítulo 5
Mecânica e Estabilidade das Correções da Mordida Aberta Anterior com Miniplacas .... 33
Capítulo 6
Mini-parafusos: Tipos, Componentes, Materiais, Kits, Chaves, Motores, Marcas
Comerciais e Afins .................................................................................................................. 41
Capítulo 7
Sítios de Inserção dos Mini-implantes e o Planejamento do Local Adequado ................. 50
Capítulo 8
Procedimentos de Inserção, Ativação e Remoção dos Mini-Implantes .............................. 63
Capítulo 9
Riscos e Complicações dos Mini-Implantes ......................................................................... 70
Capítulo 10
Indicações dos Mini-Implantes e Princípios Biomecânicos ................................................ 77
Capítulo 11
Mecânica de Retração com Mini-Implante ............................................................................ 90
Capítulo 12
Mesialização de Dentes Posteriores em Casos de Agenesia ou Perdas Dentárias .......... 97
Capítulo 13
Verticalização de Molares com Mini-Implantes .................................................................. 103
Capítulo 14
Intrusão de Dentes Posteriores com Finalidade Protética ou para Correção da Mordida
Aberta Anterior ...................................................................................................................... 116
Capítulo 15
Intrusão de Dentes Anteriores para Correção da Sobremordida Profunda e Correção dos
Desvios do Plano Oclusal ..................................................................................................... 128
Capítulo 16
Mecânicas de Distalização de Molares com Mini-Implantes ............................................ 136
4

Capítulo 1
Louise Resti Calil
Profª. Dra. Daniela Gamba Garib
Profº. Dr. Guilherme Janson

Conceito e Histórico da Ancoragem Esquelética


5

Introdução As diversas formas de ancoragem


descritas na literatura, como barra lingual e
A Ortodontia é dividida, basicamente,
palatina, botão de Nance, elásticos
em três tópicos de igual importância:
intermaxilares e aparelho extrabucal, apesar
diagnóstico, plano de tratamento e
de eficientes em muitos casos, permitem
mecânica ortodôntica. Uma vez
certo grau de movimentação da unidade de
diagnosticado e definido como tratar o
ancoragem ou são dependentes da
paciente, deve-se racionalizar a mecânica
colaboração do paciente(1). Sendo que,
ortodôntica, ou seja, escolher quais
para o tratamento de más oclusões mais
aparelhos serão empregados, assim como
severas, otimização de resultados com
os movimentos a serem realizados, para
mecânicas mais simples, ou ainda a
atingir os objetivos almejados(1).
diminuição do tempo de tratamento,
Todo movimento requer uma fonte de
atualmente, o ortodontista pode lançar mão
apoio que possa suportar determinada
de dispositivos transitórios de ancoragem
força, a qual se denomina ancoragem(1). A
esquelética(2).
ancoragem ortodôntica tem sido motivo de
A introdução do conceito de
preocupação para os ortodontistas desde os
ancoragem esquelética viabilizou a
primórdios da especialidade. Uma terapia
execução de tratamentos considerados
ortodôntica bem sucedida, na maioria das
difíceis, complexos ou até mesmo
vezes, depende de planejamento criterioso
impossíveis,(3, 4) visto que é obtida devido
da ancoragem, não sendo exagero afirmar
à incapacidade de movimentação da
que este fator é um dos determinantes
unidade de apoio frente à mecânica. Dentre
quanto ao sucesso ou insucesso de muitos
os dispositivos para ancoragem esquelética
tratamentos(2).
podem-se destacar três principais:
De acordo com a 3ª lei de Newton,
implantes ósseo-integrados, mini-implantes
“para toda ação haverá sempre uma reação
e miniplacas(5).
de igual intensidade e em sentido oposto”.
Logo, é extremamente difícil executar um
Histórico da Ancoragem Esquelética
tratamento ortodôntico sem que se
comprometa de alguma forma a ancoragem. O controle da ancoragem é um dos
Assim sendo, o grande dilema na mecânica aspectos de maior importância no
ortodôntica é saber como apoiar as forças tratamento ortodôntico. Neste sentido,
para alcançar o movimento necessário sem, pesquisas foram realizadas com o objetivo
contudo, provocar efeitos indesejáveis na de desenvolver um sistema de ancoragem
unidade de apoio(1). que não dependesse da colaboração do
6

paciente e que fosse o mais eficiente publicados de tentativas de utilizar


possível. implantes endósteos para movimentação
Clínicos e pesquisadores tentaram dentária até os relatos de casos clínicos de
utilizar implantes como unidades de Linkow (1969). Ele utilizou implantes
ancoragem ortodôntica por mais de meio mandibulares de finalidade protética no
século. Não era comum o uso de implantes formato de lâminas vazadas em um
como ancoragem na ortodontia, paciente para aplicar elásticos de classe II e
especialmente após o insucesso de retrair incisivos superiores(6, 7) (figura 2).
Gainsforth e Higley (1945) em utilizar esse
tipo de recurso. Estes autores, de forma
pioneira fixaram parafusos vitallium e fios no
ramo mandibular de cães, e aplicaram uma
força utilizando elásticos de Classe II, que
se estendiam do parafuso ao gancho no fio
maxilar, com o objetivo de distalização dos
dentes superiores (figura 1). Entretanto, o
resultado não foi satisfatório, visto que
todos os parafusos falharam entre 16 e 31
dias após sua inserção(4, 6). Fig. 2: Utilização de um implante protético
em forma de lâmina para ancoragem
ortodôntica. (Fonte: Sung J-H et al., 2008)

Anos mais tarde, Branemark, (Fig. 3)


médico ortopedista sueco, iniciou estudos à
frente de um grupo de pesquisadores da
Universidade de Gotemburgo, em 1965, que
culminaram com a descoberta da
Osseointegração(8). Na época, Brånemark

Fig. 1: Utilização de um implante protético estava interessado por pesquisa e

em forma de lâmina para ancoragem protocolos de procedimentos cirúrgicos que

ortodôntica. (Fonte: Gainsforth BL, Higley L. resolvessem deficiências físico-funcionais

A, 1945). de seres humanos. No inicio dos anos 1950,


o pesquisador investigava a microcirculação

Após o insucesso de Gainsforth e sanguínea em tíbias de coelho com ajuda

Higley, não existiram outros relatos de uma câmara de observação em titânio,


quando se surpreendeu ao perceber a
7

perfeita integração de metal e osso, sem Roberts et al.(10) e Sherman(11)


ocorrer rejeição. Diante desta preconizaram um período de cicatrização
descoberta, passou a desenvolver cilindros sem carga antes da aplicação de força
personalizados para serem implantados na ortodôntica para os dispositivos
tíbia de coelhos e cães, (Fig. 3B) tornando- osseointegrados. Forças aplicadas
se mais tarde, uma base segura, modificada imediatamente após a instalação ou um
e otimizada para receber próteses fixas de período curto de cicatrização sem carga
longa duração em maxila e mandíbula para causam o decréscimo da estabilidade dos
aplicação humana(9). DAT(11) e a fratura espontânea de osso(10)
em modelos animais. Instalaram implantes
de titânio com superfície tratada no fêmur
de coelhos com três a seis meses de idade.
Shapiro e Kokich(12), em 1988,
descreveram a importância do
posicionamento dos implantes, assim como
a seleção adequada do caso e requisitos do
implante durante o diagnóstico e o
planejamento do tratamento. Também
enfatizaram a necessidade de higiene bucal
adequada para manutenção do implante.
Além dos tradicionais implantes,
outros Dispositivos de Ancoragem
Temporários (DAT) foram desenvolvidos.
Block e Hoffman,(13) em 1995, introduziram
um novo dispositivo de ancoragem
Fig. 3A: Per-Ingvar Branemark, descobridor
"onplant". O onplant é um disco de uma liga
da osseointegração, considerado o pai da
de titânio delgado, tratado e revestido por
Implantodontia moderna. Fig. 3B:
hidroxiapatita em um lado e por uma rosca
Radiografia do espécime de coelho,
interna do lado oposto que, após implantado
mostrando a câmara de titânio. óptica
no osso e integrado, serviria de ancoragem
fixada. (Fonte: Brånemark, 1964)
e poderia ser facilmente removido ao final

Com o advento da osseointegração, do tratamento. Assim, esse método

diversos ortodontistas começaram a se forneceu ancoragem absoluta para as

interessar no uso de implantes para cargas aplicadas.

ancoragem ortodôntica.
8

Posteriormente, Wehrbein e Merz(14) têm vantagens sobre o uso dos


descreveram um novo sistema de implantes convencionais, como: requerem menor
palatinos (Orthosystem), os quais espaço para sua inserção, podendo ser
funcionavam como forma de ancoragem colocados entre as raízes dentárias; e os
indireta para a movimentação ortodôntica, procedimentos cirúrgicos para a colocação
substituindo a ancoragem extrabucal na e para a remoção são simples(16-18).
retração ântero-superior e para a
distalização de molares superiores. O
implante inserido no palato era conectado
aos dentes posteriores e, desse modo,
forneciam ancoragem para a movimentação
ortodôntica(14).
Contudo, percebeu-se que os Fig. 4: Sistema K1. Utilização de mini-

implantes apresentavam algumas limitações implantes osseointegrados de 1,2mm de

para atuação na ortodontia, como a região diâmetro como ancoragem ortodôntica para

para a sua inserção, dificuldade no intrusão dentária ântero-inferior. (Fonte:

direcionamento da aplicação de força, Kanomi, 1997).

gravidade da cirurgia, desconforto na O uso de miniplacas como


cicatrização inicial, tempo de espera para o ancoragem ortodôntica foi inicialmente
inicio da aplicação da força, dificuldade de concebida para a distalização de molares
sua remoção e elevado custo(15). Com o inferiores(19). Todavia, ganharam
intuito de superar tais limitações, popularidade apenas a partir da
Kanomi(16) citou a utilização de mini- demonstração da sua aplicabilidade no
implantes do sistema K1 um implante com tratamento da mordida aberta anterior, por
tamanho reduzido e que poderia ser meio da intrusão dos molares. Por esta
inserido no tratamento ortodôntico para razão, a partir de 1998, Sugawara e sua
intrusão e distalização dentária, para equipe, no Japão, desenvolveram o SAS
correção de sorriso gengival e para fixação (Skeletal Anchorage System) um novo
intermaxilar pós-cirurgia ortognática. Este conceito de ancoragem intrabucal
sistema tem como característica possuir esquelética, por meio de miniplacas de
parafusos de 4, 6 ou 8mm de comprimento, titânio temporariamente fixadas na maxila
ser de titânio comercialmente puro, e ou mandíbula, feitas exclusivamente para
necessidade de reabertura para sua ancoragem ortodôntica. Este sistema tinha
remoção, precisando de 3 a 6 meses para o propósito de corrigir mordidas abertas
aplicação de carga. Estes mini-implantes esqueléticas pela intrusão de molares. O
9

sistema de ancoragem esquelética não correção radicular, que não geram


apresenta efeitos colaterais indesejáveis, componentes de força extrusivos. Ainda,
exibe uma mecanoterapia simplificada, forças vestibulolinguais podem ser geradas
encurta o tempo de tratamento e minimiza o por meio de cantiléveres, corrigindo
desconforto do paciente. A maior parte dos problemas transversais. Essas
casos tratados utilizando miniplacas de possibilidades são o grande diferencial do
ancoragem era de casos onde a outra SAO®, pois nas miniplacas convencionais,
opção de tratamento seria a cirurgia ou no SAS, não se tem tubos para encaixe
ortognática(20). de fios(5).
Outro novo sistema, de tecnologia
100% brasileira e que representa uma Referências
evolução dos sistemas de miniplacas
1. JANSON MRP. A utilização rotineira
existentes, é o Sistema de Apoio Ósseo dos mini-implantes na clínica ortodôntica. In:
para Mecânica Ortodôntica (SAO®). Este Ortodontia em adultos e tratamento
interdisciplinar, Maringá, Dental Press, p.
sistema utiliza um adaptador (ADV) 367-443, 2008. .
encaixado na haste da miniplaca. Este 2. de Araújo TM, Nascimento MHA,
adaptador, composto por dois ganchos e Bezerra F, Sobral MC. Ancoragem
esquelética em Ortodontia com
dois tubos, permite que diversas mecânicas miniimplantes. 2006.
possam atuar simultaneamente. Além das 3. Creekmore TD, Eklund MK. The
possibility of skeletal anchorage. Journal of
molas, elásticos e cadeias elásticas clinical orthodontics: JCO. 1983;17(4):266.
possíveis de serem usados também nos 4. Gainsforth BL, Higley L. A study of
orthodontic anchorage possibilities in basal
outros tipos de miniplacas, dispositivos bone. American Journal of Orthodontics and
mecânicos como cantiléveres, alças de Oral Surgery. 1945;31(8):406-17.
5. Sakima MT, Mendonça AAd, Júnior
correção radicular e alças de retração JMO, Sakima T. Sistema de Apoio Ósseo
também podem ser aplicados. Esses para Mecânica Ortodôn-tica (SAO®)–
miniplacas para ancoragem ortodôn-tica.
dispositivos mecânicos possibilitam a Parte I: tratamento da mordida aberta.
aplicação de forças leves e constantes, Revista Dental Press de Ortodontia e
Ortopedia Facial. 2009;14(1):103-16.
utilizando a linha de ação da força 6. Sung J-H, Kyung H, Bae S, Park H,
necessária para a correção do problema Kwon O, McNamara Jr J. Mini-implantes.
Nova Odessa: Napoleão. 2007;48:1245-
ortodôntico em questão. Dessa forma, a 52.2008.
intrusão de dentes posteriores pode ser 7. Linkow L. The endosseous blade
implant and its use in orthodontics.
feita em conjunto com a correção sagital, de International journal of orthodontics.
forma simultânea. A presença de tubos 1969;7(4):149.
8. Brånemark P-I, Aspegren K, Breine
permite que molares possam ser U. Microcirculatory studies in man by high
verticalizados por meio de alças de
10

resolution vital microscopy. Angiology. 15. de Lima Araújo LH, Zenóbio EG,
1964;15(8):329-32. Vilaça FR, Pacheco W, Cosso MG.
9. Available from: EVOLUÇÃO DOS IMPLANTES NA
http://pt.wikipedia.org/wiki/Per- ANCORAGEM ORTODÔNTICA. Arquivo
Ingvar_Br%C3%A5nemark. Brasileiro de Odontologia. 2010;4(1):28-31.
10. Roberts WE, Smith RK, Zilberman Y, 16. Kanomi R. Mini-implant for
Mozsary PG, Smith RS. Osseous adaptation orthodontic anchorage. Journal of clinical
to continuous loading of rigid endosseous orthodontics: JCO. 1997;31(11):763.
implants. American Journal of Orthodontics. 17. Park H-S, Kwon T-G, Kwon O-W.
1984;86(2):95-111. Treatment of open bite with microscrew
11. Sherman AJ. Bone reaction to implant anchorage. American Journal of
orthodontic forces on vitreous carbon dental Orthodontics and Dentofacial Orthopedics.
implants. American Journal of Orthodontics. 2004;126(5):627-36.
1978;74(1):79-87. 18. Josgribert L, Henriques JFC,
12. Shapiro P, Kokich V. Uses of Henriques RP, Tirloni P, Kayatt FE, Godoy
implants in orthodontics. Dental Clinics of HT. A utilização dos mini-implantes na
North America. 1988;32(3):539. mecânica ortodôntica contemporânea. Rev
13. Block MS, Hoffman DR. A new device Clin Ortod Dental Press. 2008;7(4):76-90.
for absolute anchorage for orthodontics. 19. Jenner J, Fitzpatrick B. Skeletal
American Journal of Orthodontics and anchorage utilising bone plates. Australian
Dentofacial Orthopedics. 1995;107(3):251-8. orthodontic journal. 1985;9(2):231.
14. Wehrbein H, Glatzmaier J, Mundwiller 20. Umemori M, Sugawara J, Mitani H,
U, Diedrich P. The Orthosystem--a new Nagasaka H, Kawamura H. Skeletal
implant system for orthodontic anchorage in anchorage system for open-bite correction.
the palate. Journal of orofacial orthopedics= American Journal of Orthodontics and
Fortschritte der Kieferorthopadie: Dentofacial Orthopedics. 1999;115(2):166-
Organ/official journal Deutsche Gesellschaft 74.
fur Kieferorthopadie. 1996;57(3):142.
11

Capítulo 2
Camila Fiedler Fonçatti
Profª. Dra. Daniela Gamba Garib
Profº. Dr. Guilherme Janson

Tipos de ancoragem esquelética, vantagens e


desvantagens
12

A ancoragem sempre foi um dos reabilitação do paciente independentemente


principais motivos de preocupação do do tratamento ortodôntico.
ortodontista durante o planejamento e
Após o período de cicatrização pode
execução do tratamento, uma vez que pode
ser usado como uma ancoragem para a
definir o sucesso ou insucesso da mecânica
retração dos dentes anteriores, a
realizada. Mesmo utilizando uma
mesialização dos dentes posteriores, de
ancoragem máxima, com aparelho
extrusão dos dentes impactados, o
extrabucal, elásticos intermaxilares, barra
movimento lingual de um canino
lingual, barra transpalatina ou botão de
mandibular, mordidas cruzadas e mordida
Nance, sempre haverá uma certa
aberta anterior. Os implantes
movimentação da unidade de ancoragem.
osseointegrados podem ser também usados
Pensando nisso os ortodontistas
para distração osteogênica, expansão
começaram a desenvolver e utilizar, em
sutural e protração maxilar. Ao final do
casos mais severos, quando não pudesse
tratamento ortodôntico, o pilar é usado para
depender da colaboração do paciente, e
apoiar uma prótese fixa definitiva, como
mesmo para otimização dos resultados, a
parte do plano de tratamento abrangente.
ancoragem absoluta, obtida através de
dispositivos transitórios de ancoragem Porém, estes dispositivos possuem
esquelética. restrições à sua utilização, principalmente
devido ao seu tamanho e complexidade
cirúrgica para inserção e remoção, quando
IMPLANTES CONVENCIONAIS: estes não forem inseridos como parte de
uma reabilitação protética.
A ancoragem esquelética absoluta
iniciou com a utilização de implantes com
finalidade protética, com o advento da
osseointegração, diversos ortodontistas
vislumbraram a possibilidade de utilizar
implantes osseointegrados como forma de
ancoragem na movimentação ortodôntica.
Estes implantes se mostraram
extremamente eficientes nesta função,
principalmente em casos de regiões Fig. 01: Implante convencional sendo
edêntulas, trazendo ainda a vantagem de utilizado como ancoragem.
que já seriam necessários para a
13

IMPLANTES ESPECIAIS: (Institut Straumann, Waldenburg, Suíça),


este sistema possui um diâmetro de 3,3mm
Uma das principais dificuldades em
e duas opções de comprimento 4,0 ou
utilizar implantes convencionais para
6,0mm.
ancoragem ortodôntica é obter uma
quantidade óssea suficiente. Além disso, a
utilização de implantes convencionais para
a ancoragem se torna inviável em casos de
pacientes com dentição completa ou
quando o espaço das extrações será
fechado. Para estes pacientes têm sido
utilizados locais alternativos como, por
exemplo, as áreas retromolar e do palato.

Roberts et al. (1990) desenvolveram


um implante modificado e inseriram na
região retromolar com o objetivo de
desimpactar e mesializar segundos e Fig. 03 e 04: Implante Palatino Orthosystem
terceiros molares para posição do primeiro (Fonte: Crismani et al. 2007)
molar extraído.
O ONPLANTS, fabricados pela Nobel
Biocare, na Suécia. Trata-se de um fino
disco de liga de titânio desenvolvido por
Block e Hoffman (1995) para ancoragem
esquelética em ortodontia. É texturizado e
revestido com hidroxiapatita sobre uma

Fig. 02: Exemplo de implante posicionado superfície e um furo roscado no lado oposto

na região retromolar para verticalização de para o pilar, possuem 2mm de espessura e

segundo molar inferior. 10 mm de diâmetro. O Onplant é colocado


no meio do palato da mesma maneira como

Os implantes palatinos podem ser um implante palatino. Depois de um período

temporariamente inseridos no palato de cicatrização de aproximadamente 12

quando é necessária ancoragem máxima na semanas forças ortodônticas podem ser

maxila associada a dentição completa. aplicadas no pilar.


Um exemplo de implante palatino Este sistema apresenta várias

para fins ortodônticos é o Orthosystem vantagens: menor tempo de tratamento,


14

estética superior, de fácil colocação e pacientes parcialmente edêntulos, o osso


remoção, não necessita colaboração do de maior qualidade encontra-se na região
paciente, resultados relativamente mais do arco e da crista zigomática. Nestes
previsíveis e redução do número de casos extremos, Melsen et al. (1998) vem
dispositivos necessários para mecânica. As utilizando ligaduras zigomáticas como forma
principais desvantagens são envolver dois de ancoragem maxilar.
procedimentos cirúrgicos, para inserção e Para colocação uma perfuração é
remoção do dispositivo, custo elevado e realizada na parte superior da crista
apresenta um risco de perfuração da zigomática, há aproximadamente 1cm do
cavidade nasal. processo alveolar e um fio de amarrilho é
passado por esse canal. Pode ser utilizado
como ancoragem imediatamente após sua
inserção e após o final do tratamento o fio é
removido, sob anestesia local, puxando
uma das pontas, sem que seja necessário
outro procedimento cirúrgico.
As vantagens desta técnica: não é
Fig. 05: Esquema mostrando um Onplant
necessário nenhum equipamento especial,
posicionado no palato acoplado a uma barra
os materiais utilizados são de baixo custo e
transpalatina (Fonte: Jaggi N, Bhutani R,
a ancoragem pode ser aplicada logo após a
Mehan P 2012).
inserção do fio. Principal desvantagem é
que envolve procedimento cirúrgico para
Implantes biodegradáveis vêm sendo colocação do fio.
estudados e desenvolvidos. Estes
dispositivos procuram fornecer funções de
MINIPLACAS:
ancoragem ortodôntica e, em seguida,
serem reabsorvidos sem reações de corpo As miniplacas de titânio,
estranho ou sinais de inflamação clínica. originalmente utilizadas para fixação
cirúrgica, podem ser inseridas
temporariamente na maxila ou mandíbula,
FIO ZIGOMÁTICO:
no osso cortical vestibular, como recurso de
ancoragem absoluta.
Quando não existe osso suficiente
para colocação de nenhum dispositivo de Suas principais vantagens são:
ancoragem temporária, por exemplo, em assegurar uma ancoragem estável e rígida,
não é necessário uma preparação previa na
15

obtenção do local de inserção, é possível para suportar a maioria das forças


realizar movimentações dentarias logo após ortodônticas com o inconveniente de
sua instalação, mecânica de tratamento apresentarem a dificuldade de se acoplar
simples e reduz o tempo de tratamento. acessórios ortodônticos à cabeça do
Porém possuem algumas limitações quanto mesmo, além de não permitirem boa
aos locais de fixação, além de acomodação dos tecidos moles adjacentes.
apresentarem maior morbidade cirúrgica Baseado nesta ideia, foram desenvolvidos
devido à necessidade de realização de dois os mini-implante específicos para
procedimentos operatórios (instalação e Ortodontia, sendo estes, dentre todos os
remoção), e elevado custo devido à dispositivos temporários, os que melhor se
complexidade técnica. adequam às características necessárias a
este tipo de ancoragem.

Suas principais vantagens são


possuir tamanho reduzido propiciando
vários locais de inserção na maxila e na
mandíbula, fácil colocação, resistência às
Fig. 06: Miniplacas posicionadas no osso forças ortodônticas, capacidade de receber
cortical vestibular da maxila carga imediata, utilização com as diversas
mecânicas ortodônticas, não necessitam
procedimento cirúrgico para instalação ou
MINI-IMPLANTES: remoção, fácil remoção e baixo custo. Ainda
tornam os resultados do tratamento mais
Observando as deficiências que os
previsíveis, independem da colaboração do
implantes convencionais apresentavam,
paciente, minimizam os efeitos da mecânica
como espaço limitado para inserção,
nos dentes de ancoragem, são mais
limitação na direção da força aplicada,
confortáveis que os dispositivos
cirurgia mais severa para inserção,
convencionais e não requer tempo de
desconforto durante a cicatrização e
cicatrização ou osteointegração. Porém,
dificuldade de higiene, iniciou-se a busca
também representam um custo a mais ao
por um recurso de ancoragem esquelética
tratamento, necessitam de um planejamento
mais versátil.
prévio para obtenção do local de inserção,
Foi observado que os parafusos para possuem maior índice de insucesso na sua
fixação cirúrgica, apesar de seu tamanho estabilidade e risco de complicações.
reduzido, possuíam resistência suficiente
16

tratamento eficiente e eficaz da mordida


aberta anterior Miniplates allow efficient and
effective treatment of anterior open bites.
Rev dent press ortodon ortopedi facial.
2008/10PY - 2008;13(5):144-57.
8. Faber, J.; Berto, P. M.; Anchieta, M.;
Sales, F. Tratamento da mordida aberta
anterior com ancoragem em miniplacas de
Fig. 07: Mini-implantes vestibulares titânio. Rev Dental Press Estética, Maringá,
v. 1, n. 1, p. 87-100, 2004, Gainsforth BL.
posicionados para intrusão dos molares. 9. Higley LB. A study of orthodontic an-
chorage possibilities in basal bone. Am J
Orthod Oral Surg. 1945;31:406-17.
10. Glatzmaier J, Wehrbein H, Diedrich
Referencias: P. Biodegradable implants for orthodontic
anchorage. A preliminary biomechanical
study. Eur J Orthod 1996;18:465-9.
1. Araujo, Telma Martins de et al . 11. Jaggi N, Bhutani R, Mehan P.
Ancoragem esquelética em Ortodontia com Implantable Devices: A Review of Current
miniimplantes. Rev. Dent. Press Ortodon. Treatment Modalities. Int J Oral Implantol
Ortop. Facial, Maringá , v. 11, n. Clin Res 2012;3(1):31-35.).
4, Aug. 2006. 12. Janson M, Sant’ana E, Vasconcelos
2. Block MS, Hoffman DR. A new device W. Ancoragem esquelética com mini-
for absolute anchorage for orthodontics. Am implantes: incorporação rotineira da técnica
J Orthod Dentofacial Orthop 1995; 107:251- na prática ortodôntica. Rev. Clín. Ortodon.
58. Dental Press, Maringá, v. 5, n. 4 - ago./set.
3. Branemark PI, Hansson BO, Adell R, 2006.
Breine U, Lindstrom J, Hallen O, Ohman A. 13. Linkow LI. The endosseous blade
Osseointegrated implants in the treatment of implant and its use in orthodontics. Int J
edentulous jaw. Experience from a 10-years Orthod. 1969;18:149-54.
period. Scand J Plast Reconstr Surg 14. Melsen B, Petersen JK, Costa A.
1977;16:1 – 132. Zygoma ligatures: an alternative form of
4. Costa A, Raffaini M, Melsen B. maxillary anchorage. J Clin Orthod
Miniscrews as orthodontic anchorage: A 1998;32:154-8.
preliminary report. Int J Orthod Orthognath 15. Roberts WE, Marshall KJ, Mozsary
Surg 1998;13:201-09. PG. Rigid endosseous implant utilized as
5. Crismani, A. G., et al. (2007). anchorage to protract molars and close
"Sagittal and vertical load-deflection and atrophic extraction site. Angle Orthod
permanent deformation of transpalatal 1989;60:135-51.
arches connected with palatal implants: An 16. Roberts WE, Arbuckle GR, Analoui
in-vitro study." American Journal of M. Rate of mesial translation of mandibular
Orthodontics and Dentofacial Orthopedics molars using implant-anchored mechanics.
131(6): 742-752. Angle Orthod 1996;66:331-8.
6. De Clerck H, Geerinckx V, Siciliano 17. Turley PK, Kean C, Schur J, et al.
S. The zygoma anchorage system. J Clin Orthodontic force application to titanium
Orthod 2002;36:455-59. endosseous implants. Angle Orthod
7. Faber J, Morum TFA, Leal S, Berto 1988;58: 151-62.
PM, Carvalho CKdS. Miniplacas permitem
17

Capítulo 3
Vinícius Larajeira B. da Silva
Profª. Dra. Daniela Gamba Garib
Profº. Dr. Guilherme Janson

Miniplacas: Tipos, Inserção e Remoção


18

Introdução: formato, material e técnicas cirúrgicas


empregadas. A ancoragem esquelética
A utilização de miniplacas na
temporária, proporcionada pela instalação
Odontologia, até meados dos anos 80,
das miniplacas fixadas com mini parafusos
restringia-se a fixação rígida em cirurgias
aumentou, consideravelmente, a eficiência
ortognáticas. Em 1985, surgiu o primeiro
do tratamento ortodôntico na correção de
relato do uso de miniplacas como
más oclusões severas, tornando possíveis e
ancoragem esquelética em ortodontia,
seguras a realização de movimentações
realizado por Jenner(1), com o objetivo de
ortodônticas bastante desafiadoras(intrusão
distalizar molares inferiores, o autor utilizou
posterior e protração da maxila) e dessa
uma miniplaca instalada na região
maneira diminuindo a indicação de cirurgias
retromolar inferior, obtendo em cinco meses
ortognáticas(5).
um espaço de 3,5mm. Subseqüentemente,
no fim dos anos 90, Umemori(2) e Dentre as vantagens das miniplacas
Sugawara(3), desenvolveram um sistema sobre os mini implantes, a localização das
de miniplacas especificamente para miniplacas é um importante fator a ser
ancoragem esquelética em Ortodontia, mais considerado, pois, por serem instaladas
exatamente com o objetivo de tratar distantes das raízes dos dentes, permitem
mordidas abertas anteriores. Mais amplitude de movimentação sem a
recentemente, em 2008, Cornelis e De necessidade de reposicionar o dispositivo
Clerck(4), fizeram modificações em de ancoragem.
miniplacas para que, além das mecânicas
Devemos considerar também que,
comumente utilizadas com as miniplacas, a
em relação aos mini-implantes, as
protração maxilar pudesse ser conseguida
miniplacas permitem o uso de cargas
sem o uso de máscara facial. No Brasil em
maiores, facilitando a movimentação dos
2009 foi apresentado por Sakima(5) um
dentes. Isso torna o tratamento mais
sistema de miniplacas bastante versátil para
eficiente em alguns casos. A porcentagem
tratamento da mordida aberta anterior, com
de insucesso das miniplacas é de cerca de
várias opções de mecânicas para correção
2%.(6)
dessa displasia vertical.
Tipos:
Nos últimos anos, após a
consolidação da técnica, esse recurso de Quanto ao formato, encontramos
ancoragem desenvolveu-se muito, sendo basicamente dois tipos: "T" e "Y". Alguns
que dispomos atualmente de inúmeros sistemas como o S.A.O®(5), S.A.S(2) e os
sistemas com algumas variações no "Bollards"(4) utilizam variações desses
19

formatos. em "L" e "J", dependendo da considerada, pelos especialistas em


anatomia do sítio de inserção. cirurgia, de baixo grau de dificuldade(4).
Segundo Cornelis(4), além dos cuidados
Segundo Sakima(5), as miniplacas
básicos que sempre devem ser tomados em
apresentam duas regiões principais em sua
qualquer cirurgia bucal, especificamente
estrutura, o corpo periostal e a haste
para as miniplacas, podemos citar: evitar
transmucosa. O corpo periostal é a porção
outras cirurgias próximas aos locais de
da miniplaca que fica submersa em tecido
inserção; aguardar cerca de 3 semanas
mole e aderida ao osso por meio do
após a instalação para iniciar a mecânica
travamento que os parafusos monocorticais
ortodôntica; algumas vezes receitar
exercem nos elos de fixação. A haste
corticóides no pré cirúrgico para diminuição
transmucosa é a área de transição entre a
do edema; suturar, sempre que possível, a
parte submersa e a exposta da miniplaca,
haste transmucosa em gengiva inserida.
ou seja faz a ligação entre o meio bucal,
onde serão aplicadas as forças mecânicas e Na maioria dos casos utiliza-se
a região subperiostal. anestesia local, quando necessário, pode-
se associá-la a sedação consciente. Quanto
Inserção:
a incisão, ela deve ser mucoperiostal para
A inserção das miniplacas é feita por haver o descolamento do periósteo e
cirurgiões buco maxilofaciais, com a adequada adaptação da placa ao osso,
indicação dos sítios de instalação além disso, quando realizada a
designada pelos ortodontistas que se relaxante(vertical) é importante continuá-la
baseiam na mecânica ortodôntica a ser a uma incisão horizontal em gengiva
empregada a fim de obter os resultados inserida , para que a sutura se dê ao nível
almejados. da gengiva ceratinizada, ficando a haste
transmucosa numa área mais estável e com
Na maxila a região do pilar
melhor possibilidade de higienização. A
zigomático e da parede lateral da abertura
fixação das miniplacas é feita com
piriforme são as principais áreas para
parafusos monocorticais através de torque
inserção das miniplacas. Na mandíbula,
manual, sendo que na mandíbula
podem ser instaladas no ramo ascendente,
recomenda-se a realização de perfuração
no corpo e no mento, sempre na porção
piloto com motor de baixa rotação e
vestibular dos referidos óssos(5).
irrigação abundante devido a maior
A cirurgia para instalação dos densidade da cortical nessa região(5).
dispositivos de ancoragem temporários, Alguns tipos de miniplacas permitem dobras
como são conhecidas as miniplacas, é para uma melhor adaptação ao local de
20

inserção(5), outras já possuem formato fazer osteotomia para remover totalmente o


anatômico e os fabricantes não dispositivo. Assim como no pós cirúrgico da
recomendam a realização de torsões(4). inserção, na remoção, prescreve-se
Recomenda-se a utilização de fios de sutura clorhexidina a 0,12% para bochechos por 3
delicados(5-0) e reabsorvíveis. dias.

No pós operatório, o paciente deve


ser orientado sobre a importância de uma
correta higienização com bochechos à base
de clorhexidina a 0,12%, já que a principal
complicação é a infecção da área suturada,
e evitar traumas na região da inserção da Correção da mordida aberta anterior com a
miniplaca. O edema pode ser diminuído por utilização doSAS®( Skeletal anchorage
meio de aplicação de gelo e prescrição de System) para intrusão de molares inferiores.
anti inflamatórios. Assim que terminada a
UMEMORI, M. et al. Skeletal anchorage
mecânica, a remoção imediata dos System for open bite correction. Am. J.
dispositivos deve ser realizada. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v.
115, no. 2, p. 166-174, 1999.
.
Remoção

Não se deve esperar mais que o


tempo necessário para realizar a
mecânica, dessa forma evita-se injúrias
aos tecidos moles e a remoção torna-se
mais simples, pois em 50% dos casos
há formação de osso recobrindo os
Mecânica de distalização dos dentes
dispositivos, sendo que, em algumas
superiores utilizando-se o Sistema
situações isso dificulta a remoção. (4)
Bollard(Surgi-Tec, Bruges, Belgium - De
A técnica cirúrgica de remoção, Clerck).
inicia-se com a anestesia local; incisão
CORNELIS, M. et al. Modified Miniplates
mucoperiostal e subperiostal para expor as for Temporary Skeletal Anchorage in
miniplacas e a remoção dos parafusos Orthodontics: Placement and Removal
Surgeries. Journal of Oral and
monocorticais através de torque manual. Maxillofacial Surgery, v. 66, no. 7, p.
Com a formação de osso ao redor da 1439-1445, 2008.
miniplaca, em alguns casos, é necessário
21

Foto intra bucal mostrando a porção


transmucosa de miniplaca instalada na
região do pilar zigomático. Desenho esquemático da inserção do
Sitema Bollard (Surgi-Tec, Bruges, Belgium
SAKIMA, M. T. et al. Sistema de Apoio
Ósseo para Mecânica - De Clerck).
Ortodôntica(SAO®) – miniplacas para
ancoragem ortodôntica. Parte I: CORNELIS, M. et al. Modified Miniplates
tratamento da mordida aberta. R. for Temporary Skeletal Anchorage in
Dental Press Ortodon. Ortop. Facial., Orthodontics: Placement and Removal
Maringá, v.14, no.2, p. 103-116, Surgeries. Journal of Oral and
Jan/Fev. 2009. Maxillofacial Surgery, v. 66, no. 7, p.
1439-1445, 2008.

Referências

1. Jenner JD, Fitzpatrick BN. Skeletal


anchorage utilising bone plates. Aust Orthod
J. 1985 Oct;9(2):231-3.

2. Umemori M, Sugawara J, Mitani H,


Nagasaka H, Kawamura H. Skeletal
anchorage system for open-bite correction.
Tomografia computadorizada de feixe
Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1999
cônico de uma miniplaca de ancoragem Feb;115(2):166-74.
ortodôntica com parafusos na região de
3. Sugawara J. Dr. Junji Sugawara on
pilar zigomático. Autores: Gyu-Tae Kim, the skeletal anchorage system. Interview by
Dr. Larry W. White. J Clin Orthod. 1999
Seong-Hun Kim, Yong-Suk Choi, Young-
Dec;33(12):689-96.
Joon Park, Kyu-Rhim Chung Kyung-Eun
4. Cornelis MA, Scheffler NR, Mahy P,
Suk, HyeRan Choo, e John C. HuanghSeoul
Siciliano S, De Clerck HJ, Tulloch JFC.
e Uijeongbu, Coréia, Philadelphia, PA, e Modified Miniplates for Temporary Skeletal
Anchorage in Orthodontics: Placement and
San Francisco, Calif.
Removal Surgeries. Journal of Oral and
Maxillofacial Surgery. 2008;66(7):1439-45.
22

5. Sakima MT. Sistema de Apoio Ósseo analysis of the failure rate of three different
para Mecânica Ortodôntica(SAO®) – orthodontic skeletal anchorage systems.
miniplacas para ancoragem Clin Oral Implants Res. 2007 Dec;18(6):768-
ortodôntica.Parte I: tratamento da mordida 75.
aberta. R Dental Press Ortodon Ortop
Facial. 2009 Jan/Fev 2009;14(1):103-16.
6. Chen YJ, Chang HH, Huang CY,
Hung HC, Lai EH, Yao CC. A retrospective
23

Capítulo 4
Murilo Matias
Profª. Dra. Daniela Gamba Garib
Profº. Dr. Guilherme Janson

Miniplacas Ortodônticas - Indicações e Mecânicas


Utilizadas
24

Introdução: previsível, sem necessidadede de


O uso de miniplacas como cooperação do paciente. O uso mais
ancoragem ortodôntica foi concebido, frequente do Sistema de Ancoragem
inicialmente, para distalização de molares Esquelética (SAE) é na distalização de
inferiores.1 Entretanto, ganhou popularidade molares, com os terceitos molares extraídos
apenas a partir da demonstração de sua antes da movimentação para distal. Este
aplicabilidade no tratamento da mordida tratamento deve ser iniciado após o período
aberta anterior por meio da intrusão de de crescimento da adolescência, quando
2
molares. . uma decisão final sobre a extração dos
As miniplacas têm suas vantagens terceitos molares pode ser tomada. A
calcadas na sua maior estabilidade e no ancoragem esquelética raramente é
fato de os mini-implantes de fixação aplicada na primeira fase de trattamento em
estarem além do nível dos ápices dentários, pacientes em fase de crescimeto, com
possibilitando a movimentação dos dentes exceção do uso no tracionamento de dentes
adjacentes ao implante no sentido ântero- severamente impactados.
posterior, vertical3 e transversal. Elas são Assim, existem várias indicações
mais indicadas em situações que para utilização do SAE no tratamento
necessitam da aplicação de forças ortodôntico:
ortodônticas mais intensas ou movimentos 1. Distalização de molares;
de vários dentes. Como não interferem nos 2. Intrusão de molares;
movimentos dentários, também é permitido 3. Mesialização de molares;
transladar dentes na área da miniplaca.3-6 4. Tratamento ortodôntico compensatório de
Adicionalmente, as miniplacas não maloclusões esqueléticas, como Classe II,
demandam outra colaboração dos Classe III, mordida aberta, mordida
pacientes, além da higienização e profunda e assimetria facial;
3,7
manutenção da integridade do aparelho. 5. Tratamento sem extrações de diversos
Elas também são estáveis para resistir às tipos de maloclusões caracterizadas por
forças ortodônticas nos vários movimentos protrusão dos incisivos ou apinhamento
dentários e apresentam altos índices de anterior;
sucesso.2,7 6. Tracionamento de dentes profundamente
impactados;
Indicações: 7. Movimentação controlada dos molares;
O tratamento ortodôntico com a 8. Tratamento ortodôntico pré e pós-
ancoragem esquelética permite uma cirúrgico;
movimentação dentária tridimensional
25

9. Retratamento em falhas de casos distalização dos molares separadamente


ortodônticos complexos; era uma opção para a correção desse tipo
10. Tratamento interdisciplinar de pacientes de maloclusão. Porém, com o SAE, essa
com colapso oclusal, com problemas movimentação em massa tornou-se um
severos (ex.: problema periodontal, perdas procedimento comum, que reduz o tempo
dentárias). de tratamento consideravelmente.
 Antes do tratamento com o SAE, a
Mecânica ortodôntica com ancoragem exodontia dos terceiros molares
8
esquelética superiores normalmente é necessária
A vantagem mais significativa do para que haja espaço para a
SAE é permitir um movimento controlado distalização dos molares. Em caso de
dos molares, nas 3 dimensões do espaço: apinhamento anterior, primeiramente, o
distalização, intrusão, mesialização, alinhamento e o nivelamento do
extrusão, vestibularização e lingualização. segmento posterior devem ser
Porém, como em 92% dos casos com o realizados.
SAE, as movimentações envolvidas são de  Placas-Y são colocadas com parafusos
distalização, intrusão e mesialização, esses monocorticais nos pilares zigomáticos.
três tipos de movimentos serão discutidos Um fio rígido de aço (0,018ʺ x 0,025ʺ) é
utilizado. Elásticos ou molas fechadas
Distalização de molares superiores de níquel-titânio são empregadas para a
A distalização de molares sempre foi distalização em massa dos dentes
considerada uma movimentação de grande superiores posteriores, apoiando nos
dificuldade, mesmo com aparelhos primeiros pré-molares. A magnitude da
extrabucais, principalmente em pacientes força ortodôntica é de 400 a 500
adultos. No entanto, utilizando o SAE na gramas (g) por lado.
mecânica de distalização dos molares,  Após a distalização dos segmentos
tornou-se possível corrigir sem extrações: posteriores superiores, a retração dos
apinhamento anterossuperior, Classe II sem caninos ou a retração em massa podem
envolvimento esquelético, casos ser realizadas com diversos tipos de
assimétricos e vestibuloversão dos incisivos mecânicas.
6
em casos de Classe III cirúrgico.
A figura 1 demonstra os
procedimentos para distalização em massa
no arco superior, para a correção de uma
maloclusão de Classe II. Até então, a
26

A figura 2 mostra os procedimentos


para distalização dos molares inferiores na
correção da maloclusão de Classe III. Os
aspectos básicos da mecânica são quase
os mesmos que os para distalização dos
molares superiores.
 Antes do tratamento com o SAE, os
terceiros molares são extraídos para
criar espaço para a distalização dos
molares.
 Depois de alinhar e nivelar os dentes
inferiores, placas-L são fixadas no corpo
mandibular ao nível dos molares. A
força ortodôntica para distalização em
massa dos dentes posteriores é então
aplicada, devendo ser de magnitude de
400 a 500 g por lado.
 Após a distalização dos dentes
posteriores, é possível realizar a
movimentação em massa dos dentes
anteriores ou retrair primeiramente o
canino, com diversos tipos de mecânica

Figura 1 Biomecânica para distalizar os


molares superiores (A-D)

Distalização de molares inferiores


A distalização de molares inferiores é
considerada, já há algum tempo, mais difícil
que a dos molares superiores, uma vez que
não há uma mecânica efetiva na Ortodontia
tradicional. Aparelhos extrabucais não são
uma opção na distalização de molares
inferiores.9
27

vertical maxilar apresenta plano oclusal


duplo. Nestes casos, o alinhamento e
nivelamento do segmento posterior devem
começar antes do alinhamento e
nivelamento do segmento anterior. Caso
isso não seja feito, os incisivos superiores
vão extruir mais do que se deseja e,
consequentemente, pode haver exposição
excessiva desses dentes. Em pacientes que
apresentam um único plano oclusal, o
alinhamento e nivelamento podem ser feitos
em uma única etapa.
Após a colocação do fio retangular e
Figura 2 Biomecânica para distalizar os
de uma barra transpalatina, elástico com
molares inferiores (A-D)
força intrusiva é colocado na placa-Y, fixada
no pilar zigomático. A magnitude da força
Intrusão de molares superiores
intrusiva pode ser de 400 g por lado. A
Não é uma tarefa fácil intruir molares
barra transpalatina ajuda a prevenir a
superiores com a mecânica ortodôntica
vestibularização dos molares.
tradicional. Assim, pacientes que precisam
Quando os molares superiores são
de intrusão dos dentes posteriores para
intruídos até o mesmo nível dos dentes
correção de mordida aberta anterior tinham
anteriores, os bráquetes podem ser colados
que ser encaminhados à cirurgia
no segmento anterior e um fio contínuo
ortognática.10 A intrusão destes dentes
pode ser colocado. Simultaneamente, o fio
proporciona uma rotação do plano oclusal
é ligado às miniplacas para intruir os
no sentido horário e da mandíbula no
sentido anti-horário. Tais alterações molares ou manter a posição por alguns
meses.
favorecem a correção da mordida aberta
anterior associada à Classe II, assim como
melhora o perfil do paciente com face longa.
A figura 3 mostra os procedimentos
típicos de uma correção de mordida aberta
anterior, com intrusão dos dentes
superiores posteriores.
Uma alta porcentagem de pacientes
com mordida aberta anterior e excesso
28

A figura 4 mostra os procedimentos


referentes a um exemplo de correção de
mordida aberta com intrusão dos molares
inferiores
 Alguns pacientes com mordida aberta
anterior e excesso vertical posterior
apresentam plano oclusal inferior duplo
 O nivelamento deve ser feito de
maneira segmentada. Caso contrário,
os incisivos extruirão mais do que o
esperado. Em pacientes com um plano
oclusal único, o nivelamento pode ser
realizado com um fio contínuo.
 Após a colocação de um fio retangular
rígido e de um arco lingual, elásticos
com força intrusiva de 400 a 500 g
devem ser colocados nas placas-L,
posicionadas no corpo mandibular, na

Figura 3 Biomecânica para intruir os região dos molares. O arco lingual ou o

molares superiores (A-D) torque lingual de coroa no fio retangular


servirão para prevenir a

Intrusão de molares inferiores vestibularização dos dentes posteriores

Considera-se, com a mecanoterapia inferiores.

ortodôntica tradicional, a intrusão de  Quando os molares inferiores forem

molares inferiores ainda mais difícil que a intruídos até o mesmo nível dos dentes

de molares superiores. Mesmo com cirurgia anteriores, os bráquetes poderão então

ortognática, é quase impossível impactar a ser colados no segmento anterior e o

região dos molares inferiores devido ao nivelamento pode ser realizado com um

risco de lesionar o nervo alveolar inferior. O fio contínuo. Simultaneamente o arco é

tratamento com o SAE é indicado para ligado às miniplacas para intruir os

pacientes com mordida aberta anterior com molares ou mantê-los na posição em

espaço interlabial excessivo, altura facial que se encontram

anterior aumentada, altura dentoalveolar


posterior excessiva e relação esquelética de
Classe I ou Classe II moderada.2,11-14
29

incisivos laterais ou segundos pré-molares;


dentição assimétrica; relação de Classe III.
A figura 5 mostra os procedimentos
para mesialização dos molares superiores.
Alguns pacientes possuem mordida
cruzada anterior ou dentição superior
assimétrica.
Após o alinhamento e nivelamento
dos dentes superiores, uma placa-I é
colocada na margem piriforme, onde o osso
cortical é relativamente espesso. Elásticos
ortodônticos para prostração são colocados
até os molares, com uma força de 400 g por
lado.
Os dentes superiores movem-se para
mesial, conforme ilustra a figura 3-5,C.
Os dentes superiores tenderiam a
causar uma rotação no sentido anti-horário,
se essa mecânica for exercida por muito
tempo, uma vez que a linha de força passa
abaixo do centro de resistência (CR) do
arco superior.

Figura 4 Biomecânica para intruir os


molares inferiores (A-D)

Mesialização de molares superiores


A mesialização dos molares
superiores, com frequência é uma
necessidade. O tratamento com o SAE é
indicado para pacientes que apresentam
mordida cruzada anterior por deficiência
anteroposterior de maxila; agenesias
dentárias no arco superior, principalmente
30

mandibular. O elástico ortodôntico com


força de prostração é aplicado dos primeiros
molares até as placas, com uma magnitude
de força de 200 g por lado.
Depois de completar a mesialização
dos primeiros molares, faz-se a
movimentação dos segundos molares.
Os segundos molares são ligados às
placas de ancoragem para evitar recidiva.
Ademais, os dentes inferiores tendem a se
inclinarem para mesial, devido à linha de
Figura 5 Biomecânica para mesializar os força passar acima do CR dos dentes, com
molares superiores (A-D) inclinação para vestibular e intrusão dos
incisivos inferiores. Para prevenir tais
Mesialização de molares inferiores efeitos, uma mecânica contrária se faz
A mesialização dos molares necessária.
inferiores normalmente é necessária em
pacientes que possuem uma dentição com
diastemas generalizados no arco inferior,
agenesia de segundos pré-molares
inferiores, assimetria do arco dentário, na
descompensação dos incisivos inferiores
antes de cirurgia ortognática e em casos de
relacionamento de molares em Classe II.
A figura 6 mostra os procedimentos
para mesializar os molares inferiores, com
descompensação ortodôntica pré-cirúrgica.
Em um paciente com diastemas
inferiores, mesialização dos molares
inferiores é indispensável para eliminar o
espaço remanescente após a inclinação
para vestibular dos incisivos inferiores.
Após o alinhamento e nivelamento
dos incisivos inferiores, uma placa-L é
colocada na região do canino, no corpo
31

forças, tanto em magnitude quanto em


direção.
Quando bem indicada, é uma
importante alternativa no tratamento
ortodôntico.
Nas movimentações unitárias, torna-
se um tanto quanto radical por submeter o
paciente a duas intervenções cirúrgicas.
A ancoragem esquelética aumentou
os recursos da ortodontia simplificando
tratamentos, mas não tornou mais fácil o
aprendizado da especialidade.
Figura 6 Biomecânica para mesializar os Por fim, o domínio de qualquer
molares inferiores (A-D) técnica deve passar por uma curva de
aprendizado, progredindo lentamente em
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS direção a tratamentos mais complexos.
A utilização de miniplacas
proporciona um adequado controle de

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS nongrowing patients with the skeletal anchorage


system. Am J Orthod Dentofacial Orthop
1. Sugawara J, Daimaruya T, Umemori M, Nagasaka 2006;129:723-733.
H, Takahashi I, Kawamura H et al. Distal movement 7. Chung KR, Kim YS, Linton JL, Lee YJ. The miniplate
of mandibular molars in adult patients with the with tube for skeletal anchorage. J Clin Orthod
skeletal anchorage system. Am J Orthod Dentofacial 2002;36:407-412.
Orthop 2004;125:130-138. 8. Nanda R, Uribe FA. Temporary anchorage devices
2. Umemori M, Sugawara J, Mitani H, Nagasaka H, in orthodontics. Mosby Elsevier; 2009.
Kawamura H. Skeletal anchorage system for open- 9. Sugawara J, Umemori M, Mitani H, Nagasaka H,
bite correction. Am J Orthod Dentofacial Orthop Kawamura H. Orthodontic treatment system for
1999;115:166-174. Class III malocclusion using a titanium miniplate as
3. FABER J, LIMA FILHO R, BOLOGNESE A. Ancoragem an anchorage. Jpn J Orthod Soc 1998;57:25-35.
esquelética com miniplacas. LIMA FILHO, RA; 10. Daimaruya T, Takahashi I, Nagasaka H, Umemori
BOLONHESE, AM Ortodontia: arte e ciência 2007;1. M, Sugawara J, Mitani H. Effects of maxillary molar
4. Chung KR, Kim SH, Mo SS, Kook YA, Kang SG. intrusion on the nasal floor and tooth root using the
Severe Class II division 1 malocclusion treated by skeletal anchorage system in dogs. Angle Orthod
orthodontic miniplate with tube. Prog Orthod 2003;73:158-166.
2005;6:172-186. 11. Sugawara J, Baik UB, Umemori M, Takahashi I,
5. Faber J, Velasque F. Titanium miniplate as Nagasaka H, Kawamura H et al. Treatment and
anchorage to close a premolar space by means of posttreatment dentoalveolar changes following
mesial movement of the maxillary molars. Am J intrusion of mandibular molars with application of a
Orthod Dentofacial Orthop 2009;136:587-595. skeletal anchorage system (SAS) for open bite
6. Sugawara J, Kanzaki R, Takahashi I, Nagasaka H, correction. Int J Adult Orthodon Orthognath Surg
Nanda R. Distal movement of maxillary molars in 2002;17:243-253.
32

12. Daimaruya T, Nagasaka H, Umemori M, molar intrusion with the skeletal anchorage system.
Sugawara J, Mitani H. The influences of molar Am J Orthod Dentofacial Orthop 2007;132:199-207.
intrusion on the inferior alveolar neurovascular 14. Kanzaki R, Daimaruya T, Takahashi I, Mitani H,
bundle and root using the skeletal anchorage system Sugawara J. Remodeling of alveolar bone crest after
in dogs. Angle Orthod 2001;71:60-70. molar intrusion with skeletal anchorage system in
13. Konno Y, Daimaruya T, Iikubo M, Kanzaki R, dogs. Am J Orthod Dentofacial Orthop
Takahashi I, Sugawara J et al. Morphologic and 2007;131:343-351.
hemodynamic analysis of dental pulp in dogs after
33

Capítulo 5
Waleska Trovisco Caldas
Profª. Dra. Daniela Gamba Garib
Profº. Dr. Guilherme Janson

Mecânica e estabilidade das correções da mordida


aberta anterior com miniplacas
34

O tratamento de mordidas abertas é excesso dentoalveolar posterior da maxila.


um dos mais desafiadores em Ortodontia. Nesses pacientes, geralmente, indicava-se
Mordidas abertas esqueléticas são a realização de cirurgia ortognática para
especialmente difíceis de serem corrigidas. impacção da porção posterior da maxila e
Caracterizam-se por desenvolvimento consequente rotação da mandíbula no
vertical alveolar posterior excessivo, ramo sentido anti-horário.
mandibular curto, ângulo do plano Para corrigir mordidas abertas
mandibular aumentado, bem como altura esqueléticas sem intervenções cirúrgicas,
facial anterior inferior aumentada, Umemori et al.3 promoveu a intrusão dos
associada, frequentemente, à falta de dentes posteriores mediante ancoragem
selamento labial passivo1. esquelética com miniplacas, estabelecendo
Uma vez que a causa da mordida um protocolo útil na redução de terços
aberta está relacionada a um padrão de faciais inferiores alongados.
crescimento desfavorável, postura de língua As miniplacas devem ser utilizadas
e hábitos funcionais, e obstruções na via no tratamento de pacientes em que a
aérea nasofaríngea, tratamentos mordida aberta anterior é caracterizada por
ortopédicos em pacientes em crescimento excesso dentoalveolar posterior.
(tais como aparelho extrabucal de tração Especialmente em pacientes adultos, ou
alta e dispositivos funcionais para controle que não estejam mais em crescimento,
de hábitos, costumam ter prognóstico onde terapias menos invasivas não mais
favorável)2. surtirão o efeito desejado.
O controle da altura dentoalveolar A correção da mordida aberta
posterior é muito importante para a correção anterior é dada neste caso por Intrusão dos
vertical de mordidas abertas anteriores molares, levando a um giro anti-horário da
esqueléticas. Com a mecânica ortodôntica mandíbula e, assim, a uma diminuição da
convencional, mordidas abertas anteriores altura facial anterior inferior, diminuição do
podem ser fechadas pela extrusão dos ângulo do plano mandibular, aumento do
dentes anteriores. Isso porque é ângulo SNB e avanço do mento.
extremamente difícil estabelecer uma Para a correta indicação da técnica
ancoragem rígida para intrusão dos para um determinado paciente, deve ser
molares, principalmente em pacientes realizada adequada análise do sorriso –
adultos3. Neste caso, o perfil do paciente para verificar se a correção da mordida
não sofre alterações. aberta deve ser feita por extrusão dos
No entanto, grande parte dos adultos dentes anteriores ou intrusão dos
com mordida aberta anterior apresenta posteriores, de acordo com a exposição dos
35

incisivos – e do perfil – para verificar se os FIGURA 17 - Força intrusiva aplicada do elo


efeitos da terapia com miniplacas serão mais oclusal da miniplaca ao aparelho.
benéficos para o paciente ou se este
idealmente deve ser submetido à cirurgia
ortognática.
Em pacientes com mordida aberta
superior a 5mm, está indicada realização de
cirurgia ortognática4.

FIGURA 27 - Questões mecânicas


Mecânica de Intrusão Posterior
relacionadas à intrusão. A) Tanto arcos
A força vertical intrusiva é gerada por
contínuos quanto segmentados podem ser
elástico de corrente ou mola de níquel-
empregados. Os segmentados têm especial
titânio presa ao elo exposto da placa e ao
vantagem em casos em que existe um
tubo do molar (Fig.1).
degrau significativo entres os segmentos
Podem-se usar tanto arcos
posteriores e o anterior e não é desejado
segmentados (Fig.2A) como contínuos
que ocorra extrusão dos elementos
(Fig.2B). A utilização do arco segmentado
anteriores como efeito colateral do
está indicada em casos em que existe um
alinhamento e nivelamento inicial. B)
degrau significativo entres os segmentos
Quando arcos contínuos são utilizados, não
posteriores e o anterior e não é desejado
ocorre extrusão dos incisivos, como já foi
que ocorra extrusão dos elementos
sugerido, mas não demonstrado na
anteriores como efeito colateral do
literatura.
alinhamento e nivelamento inicial.
Foi sugerido que o emprego de arcos
As forças intrusivas decompostas
contínuos pudesse acarretar extrusão dos
possuem componente expansivo e intrusivo
incisivos, devido a um giro no plano
(Fig.3) Para evitar a vestibularização dos
oclusal5, um estudo clínico mostrou que
molares durante a aplicação de força
esse efeito não ocorre6.
intrusiva, indica-se o uso de arco retangular
constrito ou, mais frequentemente, barra
transpalatina ou arco lingual (Fig.4).
36

Magnitude de Intrusão e Tempo


Sherwood et al5 obtiveram 2mm de
intrusão de molar superior em 5,5 meses e
Erverdi et al11. 2,6 mm em 5,1 meses. Akan
et al.9 encontrou recentemente em estudo
que aproximadamente 3,4 mm de intrusão
molar superior foi alcançado em 6,8 meses.
Um estudo que utilizou miniplacas para
intrusão de molares superior e inferiores
FIGURA 37 - As forças intrusivas
atingiu 2,0 mm de intrusão nos molares
decompostas possuem componente
superiores e 1,0 mm nos molares inferiores,
expansivo (a) e intrusivo (b).
resultando em 3 graus de rotação anti-
horária da mandíbula em 7 a 9 meses2.

Estabilidade
Extrusão dos molares pode contribuir
para recidiva, reduzindo a sobremordida
após o término do tratamento. Sugawara et

FIGURA 47 – Os componentes expansivos al.12 utilizaram miniplacas para tratar

se anulam na presença de uma barra mordida aberta anterior através da intrusão

transpalatina ou arco lingual. de molares inferiores e reportaram 30% de


taxa de recidiva 1 ano pós-tratamento. O
estudo realizado por Baek et al.13 encontrou
Magnitude das Forças Aplicadas
17% de recidiva da sobremordida em
Estudos recomendam 400 gramas de
acompanhamento 3 anos pós-tratamento.
força intrusiva para cada segmento
Foi encontrada correlação significativa entre
posterior, quando envolvidos primeiros e
quantidade de correção da sobremordida e
8, 9
segundos molares . Yao et al8 aplicou
quantidade de recidiva.
uma força de 150 a 200 gramas para cada
Os molares intruídos podem ser
elemento durante a intrusão de primeiros e
estabilizados amarrando fios de ligadura
segundos molares superiores. Park et al.10,
unindo o tubo do molar à miniplaca (Fig. 5).
os quais utilizaram força intrusiva de 200 a
A estabilização deve ser mantida por pelo
300 gramas a molares superiores, não
menos 4 meses3, 5.
observaram reabsorção radicular.
37

FIGURA 57 - Contenção do movimento de FIGURA 47 - Fotos iniciais apresentando


intrusão, com amarração em fios de aço. mordida aberta assimétrica: A, B, C)
imagens extrabucais e D, E, F) imagens
Mais de 80% da recidiva da intrusão intrabucais.
dos molares ocorre durante o primeiro anos
pós-tratamento. Desta forma, se um método Progresso do tratamento
adequado de contenção é utilizado durante Após o alinhamento e o nivelamento
este período, considerando características dos dentes inferiores e superiores, guias
esqueléticas iniciais, e influência de língua e cirúrgicos foram fabricados para orientar o
tecidos moles, é possível conseguir cirurgião quanto ao posicionamento
estabilidade do tratamento da mordida desejado para as miniplacas. Antes da
aberta anterior em longo prazo13. realização da cirurgia, uma barra palatina e
um arco lingual foram instalados, com o
CASO CLÍNICO propósito de impedir a vestibularização dos
Paciente do gênero masculino, com dentes posteriores durante o processo de
21 anos e 9 meses de idade, apresentava intrusão. Esses aparelhos tiveram seus fios
oclusão de Classe I com mordida aberta destemperados do lado esquerdo, para
severa, na qual apenas segundos molares obter-se maior flexibilidade e permitir a
do lado direito ocluíam, e uma assimetria movimentação adequada. Duas semanas
vertical caracterizada por inclinação da após a implantação das miniplacas no lado
maxila e abaixamento desta no lado direito direito da mandíbula e maxila, foram
(Fig.4). inseridos elásticos em corrente, desde as
miniplacas até os primeiros molares, a fim
de intruir os dentes posteriores. Na
sequência, os elásticos para intrusão foram
estendidos, também, para os segundos
molares (Fig.5).
38

dentárias (Fig. 6). A contenção inferior


empregada foi uma barra 3 x 3.
Adicionalmente, para o arco superior, foram
feitas duas contenções removíveis tipo
wraparound: uma convencional, para uso
diurno, e outra com grade palatina na região
lateral direita, para uso noturno. Decorridos
seis meses do fim do tratamento
ortodôntico, apenas a contenção noturna
continuou a ser utilizada.

FIGURA 57 - Evolução do tratamento com a FIGURA 67 - Fotografias finais com as


implementação de elásticos em corrente, adequadas relações dentárias
das miniplacas para os primeiros molares estabelecidas: A, B, C) imagens extrabucais
direitos, a fim de intruir os dentes e D, E, F) imagens intrabucais.
posteriores.
Assim que uma sobremordida Conclusão
adequada foi atingida, iniciou-se um As mordidas abertas anteriores
tratamento fonoaudiólogo que perdurou podem ser tratadas, com eficácia e
durante todo o período do tratamento eficiência, por meio de miniplacas que
ortodôntico. servem de ancoragem para intrusão dos
dentes posteriores, intruindo-os e
Resultados acarretando um giro mandibular anti-
Os molares superiores e inferiores horário, diminuindo a altura facial inferior e
direitos foram intruídos e a mandíbula projetando os pogônios de tecidos duro e
sofreu um giro anti-horário. mole7. Para a correta indicação da técnica,
Ao final do tratamento ortodôntico, o profissional deve realizar diagnóstico
foram estabelecidas boas relações
39

completo do paciente, analisando suas the American Board of Orthodontics. 2002


Dec;122(6):593-600. PubMed PMID:
características faciais e de sorriso.
12490869. Epub 2002/12/20. eng.
6. Ramos AL, Zange SE, Terada HH,
Hoshina FT. Miniplacas de ancoragem no
Referências tratamento da mordida aberta anterior. Rev
dent press ortodon ortopedi facial.
2008/10PY - 2008;13(5):134-43. pt.
1. Subtelny JD, Sakuda M. Open-bite:
7. Faber J, Morum TFA, Leal S, Berto
Diagnosis and treatment. American Journal
PM, Carvalho CKdS. Miniplacas permitem
of Orthodontics. 1964 5//;50(5):337-58.
tratamento eficiente e eficaz da mordida
2. Deguchi T, Kurosaka H, Oikawa H,
aberta anterior. Rev dent press ortodon
Kuroda S, Takahashi I, Yamashiro T, et al.
ortopedi facial. 2008/10PY - 2008;13(5):144-
Comparison of orthodontic treatment
57. pt.
outcomes in adults with skeletal open bite
8. Erverdi N, Usumez S, Solak A. New
between conventional edgewise treatment
generation open-bite treatment with
and implant-anchored orthodontics.
zygomatic anchorage. The Angle
American journal of orthodontics and
orthodontist. 2006 May;76(3):519-26.
dentofacial orthopedics : official publication
PubMed PMID: 16637736. Epub
of the American Association of
2006/04/28. eng.
Orthodontists, its constituent societies, and
9. Akan S, Kocadereli I, Aktas A, Tasar
the American Board of Orthodontics. 2011
F. Effects of maxillary molar intrusion with
Apr;139(4 Suppl):S60-8. PubMed PMID:
zygomatic anchorage on the stomatognathic
21435540.
system in anterior open bite patients.
3. Umemori M, Sugawara J, Mitani H,
European journal of orthodontics. 2013
Nagasaka H, Kawamura H. Skeletal
Feb;35(1):93-102. PubMed PMID:
anchorage system for open-bite correction.
21828357. Epub 2011/08/11. eng.
American journal of orthodontics and
10. Park YC, Lee SY, Kim DH, Jee SH.
dentofacial orthopedics : official publication
Intrusion of posterior teeth using mini-screw
of the American Association of
implants. American journal of orthodontics
Orthodontists, its constituent societies, and
and dentofacial orthopedics : official
the American Board of Orthodontics. 1999
publication of the American Association of
Feb;115(2):166-74. PubMed PMID:
Orthodontists, its constituent societies, and
9971928.
the American Board of Orthodontics. 2003
4. Kuroda S, Sakai Y, Tamamura N,
Jun;123(6):690-4. PubMed PMID:
Deguchi T, Takano-Yamamoto T. Treatment
12806352. Epub 2003/06/14. eng.
of severe anterior open bite with skeletal
11. Erverdi N, Keles A, Nanda R. The
anchorage in adults: comparison with
use of skeletal anchorage in open bite
orthognathic surgery outcomes. American
treatment: a cephalometric evaluation. The
journal of orthodontics and dentofacial
Angle orthodontist. 2004 Jun;74(3):381-90.
orthopedics : official publication of the
PubMed PMID: 15264651. Epub
American Association of Orthodontists, its
2004/07/22. eng.
constituent societies, and the American
12. Sugawara J, Baik UB, Umemori M,
Board of Orthodontics. 2007
Takahashi I, Nagasaka H, Kawamura H, et
Nov;132(5):599-605. PubMed PMID:
al. Treatment and posttreatment
18005833.
dentoalveolar changes following intrusion of
5. Sherwood KH, Burch JG, Thompson
mandibular molars with application of a
WJ. Closing anterior open bites by intruding
skeletal anchorage system (SAS) for open
molars with titanium miniplate anchorage.
bite correction. The International journal of
American journal of orthodontics and
adult orthodontics and orthognathic surgery.
dentofacial orthopedics : official publication
2002;17(4):243-53. PubMed PMID:
of the American Association of
12592995. Epub 2003/02/21. eng.
Orthodontists, its constituent societies, and
40

13. Baek MS, Choi YJ, Yu HS, Lee KJ, Association of Orthodontists, its constituent
Kwak J, Park YC. Long-term stability of societies, and the American Board of
anterior open-bite treatment by intrusion of Orthodontics. 2010 Oct;138(4):396 e1-9;
maxillary posterior teeth. American journal discussion -8. PubMed PMID: 20889043.
of orthodontics and dentofacial orthopedics :
official publication of the American
41

Capítulo 6
Mayara Rizzo
Profª. Dra. Daniela Gamba Garib
Profº. Dr. Guilherme Janson

Mini-parafusos: tipos, componentes, materiais, kits,


chaves, motores, marcas comerciais e afins
42

Introdução Mini-implante : design e características


A Ortodontia sempre esteve em Sabemos que o protocolo de
busca de acessórios ou técnicas que colocação deste dispositivo é extremamente
viabilizassem determinados procedimentos seguro, barato e simples desde que
clínicos, assim como sempre buscou seguida todas as recomendações.
recursos para não depender da colaboração O mini-implante possui um design,
intrínseca do paciente. Mini-implantes, mini- composto por três componentes: cabeça,
parafusos, micro implante, micro parafuso colar e rosca. (Figura 1)
ortodôntico são as principais terminologias a) Cabeça: a cabeça é a parte mais
que iremos encontrar hoje em dia na importante para o ortodontista, pois é a
literatura. Estes nomes podem variar de parte que fica exposta e onde se apoia para
acordo com o conceito de cada autor aplicar a força. Idealmente deve ser
desenvolvedor ou fabricante que defende pequena, ter a superfície polida e
ser o mais correto. Por isso, vamos utilizar a arredondada, para não ferir o paciente e
terminologia mini-implante, que é possuir retenções para os acessórios
normalmente utilizada entre os artigos ortodônticos. (Figura 2)
científicos mais recentes. Os resultados b) Colar: o colar pode estar ou não
têm sido tão empolgantes que este presente no mini-implante e corresponde à
acessório vem se tornando rotina na clínica superfície lisa logo abaixo da cabeça. Sua
ortodôntica e pode-se dizer, devido às função é fazer a interface do osso com o
mudanças inferidas nos planejamentos e na meio externo, ou seja, fica coberto pela
mecânica utilizada, que a Ortodontia é mucosa. Por ser liso, permite maior
dividida em duas fases distintas: pré mini- adaptabilidade dos tecidos moles e menos
implantes e pós mini-implantes, risco de aderência de placa e inflamação da
principalmente no tratamento de pacientes mucosa. O colar pode apresentar variações
adultos. Este capítulo teve por finalidade para se adequar à espessura do tecido
expor o estágio atual que se encontra a mole de determinada área. Na figura 1B o
utilização deste acessório, suas mini-implante de baixo apresenta
características principais, o que levar em comprimento de 9,0mm e colar de 2,0 mm e
consideração na escolha do mini-implante, o de cima tem comprimento de 12mm e
tipos, componentes, matérias, marcas colar de 1,0 mm.
comerciais, os Kits e afins.(1-3) c) Quanto ao tipo de rosca:
autorrosquantes e autoperfurantes
- Cônico – é mais espesso próximo à
cabeça e torna-se mais estreito na ponta.
43

- Cilíndrico – Possui o mesmo calibre do


começo ao fim, com apenas um afinamento
na ponta para permitir a entrada da rosca.

Figura 2 - Cabeça do mini-implante,


mostrando o design dos mini-implantes,
com fotomicrografias obtida em MEV,
podendo-se observar as regiões da cabeça
e as porções para encaixe do fio, mola ou
elástico. (5)

Escolha do parafuso
Como os mini-implantes apresentam
tamanhos, diâmetros e colares diferentes
deve-se racionalizar o uso para melhor
adequação às situações específicas. A
escolha do parafuso deve levar em
consideração o espaço mésio-distal
existente entre as raízes, a densidade e a
profundidade do osso e a espessura da
Figura 1 - A) Componentes do mini- mucosa. É interessante que, ao posicionar o
implante: A) cabeça, B) colar e C) rosca. O mini-implante haja pelo menos 1mm de
mini-implante é fabricado em diversos osso ao seu redor, para evitar injúrias aos
tamanhos e diâmetros, sendo mais comuns dentes e também facilitar sua instalação. A
os comprimentos de 6, 9 e 12mm e as presença de gengiva ceratinizada é outro
variações dentro deste intervalo. Quanto ao item importante, pois facilita o acesso com a
diâmetro variam de 1,2 a 2,0mm. Na figura broca sem abertura de retalhos e também
B) o mini-implante de baixo apresenta diminui a irritação da mucosa, que é um dos
comprimento de 9mm e colar de 2mm.(4) fatores que podem levar ao insucesso.
Logicamente então o ideal é se tiver uma
área com bom volume de osso próximo à
coroa. (6-8)
44

Instalação maioria dos casos utilizam esta técnica, que


A instalação dos mini-implantes pode inclusive é mais fácil. (10, 11)
ser realizada por qualquer profissional da A instalação deve ser feita
Odontologia. Com maior frequência os preferencialmente de forma manual,
periodontistas, cirurgiões buco-maxilo- utilizando a chave longa, evitando a
faciais e implantologistas têm sido instalação mecânica com o contra-ângulo.
requisitados para executar o procedimento O uso do contra-ângulo deve se reservar
devido à maior familiaridade com apenas aos casos onde a chave manual
procedimentos cirúrgicos. O ortodontista não tem acesso; por exemplo, regiões
deve participar da escolha do posteriores do palato.
posicionamento ideal, pois ele é que sabe o Durante o processo de inserção é
movimento que será executado e os vetores necessário que o cirurgião determine a
de força desejados e indesejados que angulação de instalação e mantenha a mão
podem ser gerados pela localização da firme; e finalmente introduza o mini-implante
ancoragem. Como o procedimento é sem modificar essa angulação.
minimamente invasivo, muitos ortodontistas Na região posterior da mandíbula
têm instalado os mini-implantes em seus normalmente se faz a instalação do mini-
pacientes. Basicamente existem duas implante com angulação entre 30° e 60° em
técnicas para a instalação dos mini- relação do longo eixo do dente (Figura 3A).
implantes: transmucosa e cirurgia com Na região posterior da maxila a angulação
retalho. (7, 9) de instalação deve ser perpendicular em
relação ao longo eixo do dente. (Figura 3B)
Transmucosa:
Como o próprio nome indica, nesta
técnica a broca para perfuração transpassa
a mucosa e realiza a perfuração
diretamente. É mais recomendada para
regiões com mucosa ceratinizada, porém
um profissional bem treinado realiza este A)
procedimento também em mucosa alveolar.
Tem como pontos positivos a rapidez do
procedimento, é menos invasiva,
praticamente inexistem relatos de
sensibilidade no pós-operatório e a
cicatrização é mais rápida. Atualmente a B)
45

Figura 3 - A) Instalação do mini-implante maiores chances de inflamação


na região posterior da mandíbula com gengival.(10, 12)
angulação de 30º a 40º graus em relação ao
longo eixo do dente. B)Instalação do mini-
implante na maxila perpendicular ao longo
eixo do dente.

Cirurgia com retalho


Nesta técnica, uma maior afinidade
com procedimentos cirúrgicos é necessária.
Realiza-se uma incisão de
aproximadamente 5mm, é levantado um
Figura 4 - A região do palato oferece maior
retalho mucoperiostal e o osso é
resistência, principalmente na linha média;
desnudado.
nesses casos, pode-se utilizar uma fresa de
Procede-se então com a perfuração
1,0 mm de diâmetro, com velocidade
com a broca apropriada (sempre com
máxima de rotação de 300 rpm para fazer a
diâmetro menor que o do mini-implante)
perfuração inicial. Essa fresagem inicial é
(Figura 4) e irrigação abundante. A
feita com intuito de facilitar a introdução do
instalação do parafuso é realizada
mini-implante.
manualmente ou com motor (Figura 5).
Depois de colocado o parafuso o retalho é
suturado deixando exposta a cabeça. Esta
técnica tem sua maior indicação quando da
inserção do mini-implante em locais de
mucosa alveolar, que por ser muito móvel e
mole pode enroscar na broca e dificultar o
procedimento. Pode ser útil também quando
o espaço está muito limitado e a
visualização da conformação das raízes no
rebordo pode ajudar no direcionamento que Figura 5 - Após a descorticalização, faz-se

será dado à broca. Como efeito indesejável a instalação do mini-implante, utilizando o

apresenta maior tempo clínico, de contra-ângulo com velocidade média de 20

cicatrização e também maior desconforto rpm ou torquímetro. A cortical vestibular


pós-operatório, apresentando também mandibular também poderá oferecer
resistência à perfuração inicial, devido a sua
46

maior espessura, contudo, a necessidade - Auto perfurantes, com cintas: alta, média e
de descorticalização com fresa é menos baixa.
freqüente.

Materias, kits, chaves, marcas


comerciais: KITOTN – Conjunto Kit Ortodôntico:
Hoje, na produção de mini-implantes,
a indústria brasileira alcançou o rigor - Chave mini-implante ortodôntico High

técnico necessário para produção destes Utility

parafusos. Empresas nacionais conhecidas


- Chave mini-implante ortodôntico Wire
como a Neodent, SIN Implantes, Morelli,
Dynamic
Conexão e outras podem fornecer os
parafusos e Kits necessários para - Chave contra-ângulo mini-implante
colocação do mesmo. Como para cada ortodôntico High Utility
fabricante existe uma variação no tipo de
implante, cabeça do parafuso, largura, - Chave contra-ângulo mini-implante

tamanho e perfil transmucoso. Torna-se ortodôntico Wire Dynamic

necessário a escolha de um sistema ou


- Fresa manual tipo lança
marca para facilitar a sua vida na clínica.
- Fresa helicoidal 1,0mm x 15,0mm

- Chave de mão

As características do Kit Ancoragem


- Chave digital mini-implante ortodôntico
Ortodôntica:
(somente para instalação final do parafuso)
- Estojo em polímero autoclavável;
- Compacto e versátil; - Caixa do conjunto kit ortodôntico
- As brocas facilitam a instalação em
regiões de maior densidade óssea (osso - O kit acompanha 3 parafusos
grau I e II). esterilizados: Mini-implantes ortodônticos
autoperfurantes, parafusos fabricados em
As características dos mini-implantes: titânio, com cabeça para encaixe de fio,

DISPONIBILIDADE: mola ou elástico.

- Comprimentos: 7mm, 9mm, 11mm - Estojo autoclavável; (Figura 6)


- Diâmetros : 1,3mm, 1,6mm
47

Figura 6 – Kit para ancoragem ortodôntica


da SIN.

As características dos mini-implantes:


- Linha High, elástico, e fio de amarrilho. Figura 7 - Kit de Ferramentas de instalação
Todos auto perfurantes, sem perfil de Miniparafusos Ortodonticos para
transmucoso, com perfil transmucoso de Ancoragem Absoluta.
1mm, de 2mm, e 3mm. Os diâmetros de 1,4
a 1,8 e comprimento de 6mm a 10mm. As características dos mini-implantes:

- Linha Wire Dynamic, são autoperfurantes, DISPONIBILIDADE:

cabeça em cruz, com um perfil transmucoso - Comprimentos: 6mm, 8mm, 10mm


curto de 1mm, os diâmetros de 1,4mm a - Diâmetros : 1,5mm
1,8mm, comprimento de 6mm a 10mm. (fio - Auto perfurantes, com transmucoso de
ortodôntico). 1mm a 2mm.

Kit de Ferramentas de instalação de Mini-


O Kit cirúrgico Conexão é composto:
parafusos Ortodônticos para Ancoragem
- Duas brocas para perfuração de 1mm
Absoluta.:
- Contra ângulo e peça de mão,
-Chave de mão
- Chave rosqueadora manual e
-Chave Sextavada Haste Longa
- Mandril curto e longo, que adapta-se
-Chave Sextavada Haste Curta
firmemente à cabeça do mini-implante e
-Chave Digital
pode ser utilizado com a chave manual ou
-Ponta Lança
no contra-ângulo. (Figura 8 - 10)
- Estojo Autoclavável (Figura 7)
48

DISPONIBILIDADE:
- Comprimentos: 6mm, 8mm, 10mm.
- Diâmetros : 1,5mm a 2mm.
- Auto perfurantes, bracket rosca direita e
esquerda.

Motor utilizado na área de ortodontia,


para colocação de mini-implantes;
- Por ser um torquímetro eletrônico,
Figura 8 – Kit para instalação de mini- dispensa necessidade de calibração
parafuso da Conexão. depois de um certo tempo de uso;
- Possui velocidade e torque fixo pré-
programado proporcionando rapidez
no procedimento. (Figura 11)

Figura 8 - Chave rosqueadora manual, com


mandril curto e mini-implante preso à
extremidade, pronto para ser instalado.

Figura 11 - Motor cirúrgico com controle de

Figura 10 - Brocas de perfuração de 1mm torque.

para peça de mão e contra-ângulo. Conclusões:


Estas brocas estão disponíveis também no Os mini-implantes chegaram para
diâmetro de 1,4mm, para utilização ficar e devem fazer parte do arsenal de todo
com os parafusos de 2mm. ortodontista. As possibilidades de
tratamento são muitas e movimentações
As características dos mini-implantes:
49

dentárias que antes eram impraticáveis hoje técnica na prática ortodôntica. Rev Clín
Ortodon Dental Press -Maringá.
podem ser consideradas de rotina.
2006;5(4):85-100.
Logicamente, a técnica de instalação 5. Luciana Rougemont Squeff MBdAS,
Carlos Nelson Elias, Lincoln Issamu Nojima.
oferece riscos, pois se não for
Caracterização de mini-implantes utilizados
criteriosamente planejada pode até causar na ancoragem ortodôntica. R Dental Press
Ortodon Ortop Facial - Maringá.
um dano irreversível ao dente. É o início de
2008;13(5):49-56.
uma nova era na Ortodontia e o maior 6. ROBERTS WEA, G. R.; ANALOUI,
M. Rate of mesial translation of mandibular
beneficiado é o paciente, com a otimização
molars using implant-anchored mechanics.
do tempo de tratamento. Angle Orthod, Appleton,. 1996;66:331-8.
7. POGGIO PMI, C.; VELO, S.;
É necessário conhecermos alguns
CARANO, A. Safe zones: a guide for
tipos de mini-implantes, seus componentes, miniscrew positioning in the maxillary and
mandibular arch. Angle Orthod, Appleton.
materias, kits, chaves, motores, marcas
2006;76:191-7.
comerciais, pois o ortodontista vai se 8. MIYAWAKI SK, I.; INOUE, M.;
MISHIMA, K.; SUGAHARA, T.; TAKANO-
deparar com esses materiais no dia-a-dia.
YAMAMOTO, T. Factors associated with the
stability of titanium screws placed in the
posterior region for orthodontic anchorage.
Referencias:
Am J Orthod Dentofacial Orthop, St Louis.
1. ROBERTS WE SR, ZILBERMAN Y, 2003;124: 373-8.
Mozsary PG, Smith RS Osseous adaptation 9. SCHNELLE MAB, F. M.; JAYNES, R.
to continuous loading of rigid endosseous M.; HUJA, S. S. . A radiographic evaluation
implant. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St of the availability of bone for placement of
Louis. 1984;86:95-111. miniscrews. Angle Orthod, Appleton.
2. GOODCARE CJB, D. T.; ROBERTS, 2004;74:830-5.
W. E.; JEIROUDI, M. T. Prosthodontic 10. LIN JCYL, E. J. W. A new bone screw
considerations when using implants for for orthodontic anchorage. J Clin Orthod,
orthodontic anchorage. J Prosthet Dent, St Boulder. 2003;37:676-81.
Louis. 1997;77:162-70. 11. MELSEN BV, C. Miniscrew Implants:
3. SHAPIRO PAK, V. G. Uses of the Aarhus Anchorage system. . Semin
implants in orthodontics. Dent Clin North Orthod, Philadelphia. 2005;11:24-31.
Am,Philadelphia. 1988;32:539-50. 12. KANOMI R. Mini-implant for
4. Marcos Janson ESA, Wilfredo orthodontic anchorage. J Clin Orthod,
Vasconcelos. Ancoragem esquelética com Boulder. 1997;31:763-7.
miniimplantes: incorporação rotineira da
50

Capítulo 7
Arthur César de Medeiros Alves
Profª. Dra. Daniela Gamba Garib
Profº. Dr. Guilherme Janson

Planejamento e sítios de inserção de mini-implantes


nas mecânicas ortodônticas
51

Para que um tratamento ortodôntico demonstrado, nos últimos anos, alta


seja bem sucedido, é necessário muitas versatilidade de aplicação clínica,
vezes um planejamento criterioso da principalmente no que tange o uso dos mini-
ancoragem, não sendo exagero afirmar que implantes.1 Estes aparatos surgem como
este fator é um dos determinantes para o alternativa para os casos em que a
sucesso ou insucesso de muitos casos ancoragem se torna fator crítico para o
tratados no dia-a-dia clínico pelo sucesso do tratamento ortodôntico,
1-4
ortodontista. conferindo à mecânica um tipo de
8,9
Apesar de serem efetivos em muitos ancoragem classificada como absoluta.
casos, os aparelhos de ancoragem
convencionalmente utilizados nas Planejamento dos sítios de inserção de
mecânicas ortodônticas permitem certo grau mini-implantes
de movimentação da unidade de Para que os mini-implantes possam
ancoragem ou, ainda, apresentam uso ser utilizados como recursos de ancoragem
dependente da colaboração do paciente.5 nas mecânicas ortodônticas, é necessário
Essas características indesejáveis que que o ortodontista realize um planejamento
podem ser observadas quando da utilização inicial cuidadoso e individualizado do local
do aparelho extrabucal, dos elásticos ideal para a inserção desse dispositivo de
intermaxilares e da placa labioativa, por ancoragem temporária.10
exemplo, muitas vezes, dificulta a De maneira geral, pode-se afirmar
otimização dos resultados e demanda maior que a escolha do sítio de instalação dos
tempo de tratamento, principalmente mini-implantes depende do tipo de
naqueles casos em que se trata más movimentação dentária que será realizada e
oclusões mais complexas.6 da disponibilidade óssea inter-radicular.10
Com o objetivo de evitar a No decorrer deste capítulo, será visto que
movimentação da unidade de reação, tornar cada mecânica ortodôntica, tais como a
a mecânica independente da cooperação do retração anterior, a mesialização de dentes
paciente e garantir uma maior posteriores ou, até mesmo, a intrusão de
previsibilidade dos resultados, o ortodontista dentes anteriores e posteriores, requer
pode, atualmente, lançar mão de posicionamentos específicos e quantidades
dispositivos transitórios de ancoragem determinadas de mini-implantes, como
esquelética como coadjuvantes no forma de garantir uma movimentação
tratamento ortodôntico.6,7 precisa e efetiva dos dentes ou grupos de
. A utilização desses dispositivos de dentes que compõem a unidade ativa.
ancoragem temporária (DAT) tem
52

O primeiro passo da escolha do local analisado antes da instalação dos mini-


de instalação dos mini-implantes consiste, implantes (figura 2).6
então, em se definir o tipo de mecânica
ortodôntica a ser utilizada no tratamento e
as movimentações dentárias necessárias
para a correção da má oclusão.11 A partir de
então, o ortodontista deve realizar uma
avaliação clínica preliminar do provável
local de inserção dos mini-implantes por Figura 2 - Radiografia panorâmica realizada
meio de uma palpação digital do vestíbulo e avaliada previamente à instalação do
mini-implante.
(figura 1).1
Com a radiografia panorâmica em
mãos, o ortodontista deve: verificar se as
estruturas anatômicas do complexo
maxilomandibular estão de acordo com a
normalidade; atentar para quais os dentes
que estão presentes e ausentes nos arcos
superior e inferior; analisar o grau de
angulação das raízes dos elementos
Figura 1 – Palpação digital do palato na
dentários; e, de forma superficial, avaliar os
região onde se planeja instalar o mini-
implante. locais da maxila e da mandíbula que
provavelmente apresentarão
Esse procedimento é importante,
radiograficamente maior disponibilidade
uma vez que auxilia na identificação inicial 12
óssea inter-radicular.
da posição das raízes dos dentes. Em
É importante que fique claro que,
seguida, é feita uma análise criteriosa de
apesar da radiografia panorâmica já
radiografias panorâmica e periapicais para
fornecer ao ortodontista uma ideia geral da
investigar a disponibilidade óssea inter-
disponibilidade óssea inter-radicular, essa
radicular para a instalação dos mini-
imagem é ampliada, e, por isso, se faz
implantes.1
necessário realizar uma avaliação
De maneira geral, é possível afirmar
cuidadosa dos prováveis sítios de inserção
que a radiografia panorâmica fornece uma
dos mini-implantes por meio de radiografias
visão geral do caso a ser tratado e, por isso,
periapicais, as quais fornecem informações
deve ser o primeiro exame de imagem a ser
mais seguras, precisas e detalhadas da
região periapical do dente, mostrando a
53

quantidade de espaço real existente entre radiográfica.1 É importante que fique claro
as raízes adjacentes.1 Essas radiografias que a escolha do diâmetro do mini-implante
devem ser obtidas por meio da técnica do fica na dependência da quantidade de
paralelismo antes (figura 3) e após (figura 4) espaço existente entre as raízes
a instalação dos mini-implantes, tendo-se o adjacentes.1 De maneira geral, quanto
cuidado de sempre utilizar posicionadores, maior a disponibilidade óssea inter-
e manter a fonte de radiação perpendicular radicular, maior pode ser o diâmetro do
13
ao local de instalação. mini-implante.14 As áreas na maxila que
apresentam a maior quantidade de espaço
inter-radicular se localizam entre o primeiro
e o segundo pré-molar, seguidas das áreas
entre primeiro pré-molar e canino, e
segundo pré-molar e primeiro molar, sendo
maior por palatina do que por vestibular.14
Já na mandíbula, as maiores áreas
interdentárias disponíveis para a inserção

Figura 3 - Radiografia periapical realizada e de miniimplantes são entre primeiros e


avaliada previamente à instalação do mini- segundos molares, seguidas pelos espaços
implante.
entre primeiros e segundos pré-molares,
segundos pré-molares e primeiros molares,
e primeiros pré-molares e caninos,
gradativamente.14 Observa-se, ainda, um
aumento de cervical para apical, devido à
forma cônica das raízes (figura 5).14

Figura 4 - Radiografia periapical realizada e


avaliada posteriormente à instalação do
mini-implante.

Uma vez obtida a radiografia


periapical do provável sítio de inserção do Figura 5 - A disponibilidade óssea inter-
radicular aumenta quanto mais apical é
mini-implante, deve ser feita a mensuração, posicionado o mini-implante, no momento
em milímetros, da quantidade de osso inter- da sua instalação.
radicular observada na película
54

Parece lógico afirmar que os mini- diâmetro, por exemplo, a distância entre as
implantes podem ser usados nos seus raízes deverá ser de, no mínimo, 3,1mm.
diversos diâmetros, desde que o local de Caso não haja quantidade de osso
eleição apresente espaço suficiente para a disponível para a instalação do mini-
instalação dos mesmos, entretanto, é implante entre as raízes adjacentes, há a
importante que se atente para o fato de que necessidade de se avaliar a possibilidade
o espaço para a inserção do mini-implante de utilizar sítios anatômicos alternativos,
não se limita apenas à quantidade de osso modificar a angulação de instalação do
equivalente ao diâmetro desse dispositivo mini-implante ortodôntico ou, ainda,
de ancoragem temporária. De acordo com o promover o afastamento ortodôntico das
protocolo, o ideal é que, no local de raízes, de forma a aumentar o espaço para
inserção do mini-implante, o espaço que a fixação do mini-implante seja
mesiodistal disponível entre as raízes realizada com segurança.1,16
adjacentes seja de, no mínimo, o Mais especificamente em relação aos
correspondente ao diâmetro do mini- diâmetros dos mini-implantes, é possível
implante somado a 1,5 mm (figura 6).15 afirmar que esses dispositivos de
ancoragem temporária podem ser
encontrados em espessuras que variam de
1,2 mm a 2 mm, entretanto, os mais
utilizados na clínica ortodôntica são os de
1,2 mm, 1,4 mm e 1,6 mm.12
Com base nas informações expostas
nos parágrafos anteriores, fica claro que a
quantidade de osso entre as raízes
Figura 6 - A distância inter-radicular mínima
necessária para a instalação dos mini- adjacentes é uma variável que está
implantes é de 1,5 milímetros acrescido do diretamente relacionada à seleção do
valor do diâmetro do dispositivo de
ancoragem que será inserido. diâmetro do mini-implante. Para a escolha
do comprimento ideal do dispositivo de
Isso se deve ao fato de o espaço ancoragem a ser instalado, outros quesitos
periodontal radicular possuir, em média, devem ser levados em consideração, tais
0,25mm para cada raiz e ser necessário como a densidade do osso no sítio de
15
mais 1mm de margem de segurança. inserção, a estabilidade primária dos mini-
Assim sendo, no caso de eleição de um implantes e a preservação de estruturas
mini-implante ortodôntico de 1,6mm de nobres vizinhas à área operada, como as
55

raízes dentárias, as artérias palatinas, os Acrescenta-se a esta medida 1 mm a 2 mm


seios maxilares e o nervo mentoniano.1,17-19 para determinar a extensão intra-óssea
Os mini-implantes podem ser máxima do dispositivo de ancoragem.1
encontrados comercialmente em Sabendo-se, então, a quantidade
comprimentos que variam de 6 a 10 mm. 20 disponível de osso inter-radicular, a
Como regra geral, os mini-implantes mais densidade óssea do local de inserção dos
longos conferem uma maior área de contato mini-implantes e o diâmetro e o
entre o osso e o mini-implante e, por isso, comprimento do dispositivo de ancoragem
devem ser instalados em regiões de menor temporária, o ortodontista deve, agora,
densidade óssea com o intuito de garantir planejar se o mini-implante deverá ser
maior estabilidade primária.21 De modo inserido na região de gengiva ceratinizada
contrário, é possível raciocinar que mini- ou nas áreas de mucosa alveolar, mais
implantes mais curtos devem ser inseridos próximas ao fundo de vestíbulo.
em áreas de maior densidade óssea, uma Preferencialmente, esses dispositivos de
vez que não é necessário uma grande ancoragem temporária devem ser
interface osso/mini-implante para se garantir instalados nas áreas de gengiva inserida ou
uma estabilidade inicial satisfatória do de mucosa ceratinizada, uma vez que,
dispositivo de ancoragem temporária. Assim nessas regiões, a estabilidade primária e a
sendo, na cortical fina da região posterior da higienização do mini-implante são
22
maxila, por exemplo, indica-se o uso de melhores.
mini-implantes de maior comprimento, com Caso a opção seja por inserir o mini-
o objetivo de aumentar a estabilidade implante na gengiva ceratinizada, sua
primária dos mesmos.18,19 cabeça deve ficar exposta e o paciente
Uma atenção especial deve ser dada deve ser instruído para que seja feita uma
na seleção do comprimento do mini- perfeita higienização do local (figura
16,23,24
implante, quando o planejamento indicar o 7).
uso desses dispositivos de ancoragem no
palato, próximo à região da sutura palatina
mediana.16 Nesses casos, é necessário,
inicialmente, avaliar na telerradiografia em
norma lateral a quantidade óssea
Figura 7 - Mini-implante instalado em região
disponível, medindo-se a distância entre as de gengiva inserida.
corticais superior e inferior do processo
Caso a opção seja pela inserção nas áreas
palatino dos ossos maxilares, na região
gengivais de mucosa alveolar, é importante
onde se planeja instalar o mini-implante.1
56

que o mini-implante fique sob a gengiva e locais para a inserção dos mini-implante,
que um amarrilho seja deixado exposto para tanto na maxila quanto na mandíbula,
receber a força através do elástico corrente, permite a utilização desses dispositivos
por exemplo, nos casos de tracionamento como recursos auxiliares de ancoragem nos
de caninos (figura 8). mais variados tipos de mecânica ortodôntica
e movimentações dentárias.

APLICAÇÃO CLÍNICA DOS SÍTIOS DOS


MINI-IMPLANTES NA MECÂNICA
ORTODÔNTICA
Figura 8 - Mini-implante instalado em região
de mucosa alveolar.
Em retrações anteriores
É importante que seja dito que os maiores
Nos casos em que é necessária a
índices de insucesso estão relacionados à
realização de retrações anteriores na
instalação dos mini-implantes em locais de
maxila, o local de eleição para a inserção
gengiva não-ceratinizada.2,18
dos mini-implantes é entre o segundo pré-
Os dispositivos de ancoragem
molar e o primeiro molar, por vestibular;
temporária podem ser instalados pelo
enquanto que na mandíbula, o sítio de
1
ortodontista ou implantodontista. Quando
instalação preferível é na região vestibular
forem instalados pelo implantodontista, este
entre o primeiro e segundo molar (figura
deverá receber orientação precisa para que
9).25
não existam dúvidas quanto à posição
eleita.1 Esta comunicação deverá ser feita
por correspondência, com redação clara,
contendo informações detalhadas; por
imagens digitais de radiografias apontando
o local da instalação; por sinalização em
modelos de gesso; ou, ainda, através do
Figura 9 - Posicionamento ideal dos mini-
fornecimento de guias, sejam em aço, latão implantes quando da retração anterior, em
casos de extrações de primeiros pré-
ou acrílico.1 Em contrapartida, o
molares.
implantodontista, diante da impossibilidade
de instalação no local solicitado, poderá Estas localizações normalmente
sugerir ao ortodontista sítios alternativos.1 apresentam uma boa distância entre as
Com base em tudo o que foi exposto, raízes, permitem que a retração seja
fica claro que essa grande variabilidade de realizada sem o risco de contato das
57

unidades que estão sendo movimentadas sobremordida, os mini-implantes, então,


com o mini-implante, e são ainda áreas de devem ser posicionados mais próximo das
25
fácil acesso para fixação de acessórios. coroas dentárias.26
Caso a opção, por algum motivo, seja
a extração do segundo pré-molar, pode-se
manter a posição do mini-implante na
maxila, tomando-se o cuidado de instalá-lo
bem próximo do molar, de modo a permitir
uma movimentação máxima (figura 10).1
Figura 11 - Os mini-implantes devem ser
posicionados mais para apical, quando se
tem a necessidade de associar a retração
anterior com o movimento intrusivo dos
incisivos superiores permanentes.

Mesialização dos dentes posteriores


Quando se almeja realizar a
Figura 10 - Posicionamento ideal dos mini- mesialização dos dentes posteriores, os
implantes quando da retração anterior, em
casos de extrações de segundos pré- mini-implantes devem ser inseridos entre
molares superiores. canino e primeiro pré-molar (figura 12) ou
entre primeiro e segundo pré-molares, por
Outra opção seria instalá-lo entre o primeiro
vestibular (figura 13).1
e segundo molares, entretanto, esta área,
em muitos casos, não apresenta quantidade
de osso suficiente entre as raízes.1
Quanto à altura, pode-se instalar os
mini-implantes numa posição mais alta ou
mais baixa, favorecendo um controle da
sobremordida através da variação da
Figura 12 - Posicionamento ideal dos mini-
direção da linha de força.26 De maneira implantes quando da mesialização dos
geral, é possível afirmar que os mini- dentes posteriores, em casos de extrações
de segundos pré-molares superiores.
implantes são instalados mais apicalmente
em pacientes com sobremordida
exagerada, nos quais se deseja uma
intrusão dos incisivos durante a retração
(figura 11).26 Nos casos em que os
pacientes apresentam um bom nível de
58

Figura 13 - Posicionamento ideal dos mini-


implantes quando da mesialização dos
dentes posteriores, em casos de extrações
de primeiros molares permanentes
superiores.

É recomendada, porém, sempre que


possível, a instalação de mini-implantes
também por palatino para que, durante a
mesialização dos elementos dentários
superiores, tenha-se maior controle de Figura 15 - Necessidade da instalação de
um mini-implante por vestibular e outro por
rotações (figura 14).1
palatino, quando se planeja realizar uma
mecânica de intrusão de dentes posteriores.

Se apenas um molar superior necessita de


intrusão, dois mini-implantes são
necessários: um na mesial por vestibular e
outro na distal por palatino da unidade em
questão (figura 16).1

Figura 14 - Com o objetivo de se obter um


maior controle da movimentação dentária
durante a mecânica de mesialização dos
dentes posteriores, deve-se instalar mini-
implantes por vestibular e por palatino.

Intrusão de dentes posteriores


O número e a posição dos mini-
implantes a serem instalados com a Figura 16 - Na mecânica de intrusão dos
dentes posteriores, o mini-implante
finalidade de intruir dentes posteriores
localizado na vestibular deve ser
podem variar bastante, a depender de posicionado à mesial do dente, enquanto o
palatino, por distal.
quantas e quais unidades serão intruídas.1
Para a intrusão de uma ou mais unidades Os mini-implantes assim dispostos
do mesmo lado do arco, são necessários, proporcionam um movimento dentário
pelo menos, dois mini-implantes, sendo um vertical controlado, quando é feita a
por vestibular e outro por palatino (figura ativação do sistema com elásticos
15).1 ortodônticos.1 Os mini-implantes destinados
à intrusão devem ser instalados o mais
59

apical possível (figura 17), respeitando o esses dispositivos de ancoragem


limite da gengiva ou mucosa ceratinizadas.1 temporária são posicionados entre raízes.27
O posicionamento dos mini-implantes entre
o segundo pré-molar e o primeiro molar é
uma boa opção para este tipo de
movimentação, entretanto, se faz
necessário utilizar sliding jigs ou molas
abertas para que a força seja transferida
para uma região mais posterior.27
Figura 17 - Na mecânica de intrusão dos
dentes posteriores, o mini-implante deve se Outra opção consiste em utilizar um
localizar o mais apical possível, ou dois mini-implantes na rafe palatina
preferencialmente, em região de gengiva
inserida. mediana e aplicar a força de distalização
dos molares através de uma barra
Intrusão dos dentes anteriores 14,18,28
transpalatina.
Para a intrusão de dentes anteriores,
a instalação dos mini-implantes deve ser
Verticalização e desimpacção de molares
feita entre o incisivo lateral e o canino, de
Uma das opções para a inserção de
cada lado (figura 18).11 Um segmento de fio
mini-implantes com o intuito de desimpactar
retangular de aço é, então, adaptado de
e/ou verticalizar molares é a região
canino a canino, tendo ganchos 1
retromolar (figura 19). Neste caso, o ponto
posicionados na mesma direção dos mini-
de ancoragem fica posicionado distalmente
implantes.11
à unidade ativa em questão, ocorrendo,
assim, uma abertura de espaço.1,29
Quando, no entanto, a intenção é
verticalizar um molar fechando-se o espaço
existente, pode-se lançar mão de um mini-
implante numa região mais anterior.16

Figura 18 - Posicionamento ideal dos mini-


implantes, quando da intrusão dos dentes
anteriores superiores.

Distalização de molares
A utilização de mini-implantes para
distalizar molares recai no problema da
localização, uma vez que, normalmente, Figura 19 - Posicionamento ideal dos mini-
implantes, quando da necessidade da
60

verticalização de molares permanentes


inferiores.

Correção da mordida cruzada posterior


dentária
Nesses casos, o planejamento do
sítio de instalação dos mini-implantes varia,
na dependência da mordida cruzada
posterior dentária ser lingual ou vestibular.1
Para a correção de mordida cruzada
posterior dentária lingual, utiliza-se um mini-
Figura 21 - Posicionamento ideal dos mini-
implante por vestibular na maxila e outro por implantes, quando da necessidade da
lingual na mandíbula (figura 20).1 correção de uma mordida cruzada posterior
vestibular.

Tracionamento de dentes inclusos


Nos casos de tracionamento de
dentes inclusos, o posicionamento do mini-
implante varia de acordo com a
localização do dente retido (figura 22).1 De
maneira geral, o dispositivo de ancoragem
temporária é estrategicamente instalado de
modo a, muitas vezes, proporcionar o
tracionamento de dentes inclusos, sem
Figura 20 - Posicionamento ideal dos mini- necessidade de montagem do aparelho fixo
implantes, quando da necessidade da
e sem o movimento indesejado das
correção de uma mordida cruzada posterior
lingual. unidades de ancoragem.1

Já para corrigir a mordida cruzada


vestibular, utiliza-se um mini-implante no
palato e outro por vestibular na mandíbula
(figura 21).1

Figura 22 – Posicionamento ideal dos mini-


implantes, quando da necessidade do
tracionamento de dentes impactados.
61

Conclusão terapia, principalmente naquelas situações


A utilização dos mini-implantes como em que a ancoragem é fator crítico para o
um recurso auxiliar de ancoragem é recente sucesso da mecânica ortodôntica.
na Ortodontia. De maneira geral, esses Conforme pôde ser visto no decorrer deste
dispositivos de ancoragem temporária capítulo, as possibilidades do uso dos mini-
simplificam o tratamento ortodôntico através implantes são inúmeras e o planejamento
da diminuição do tempo de tratamento e da posição em que esses dispositivos de
eliminação, muitas vezes, da colaboração ancoragens serão instalados é importante
do paciente. Essas vantagens relacionadas para se obter os vetores de força e as
ao uso dos mini-implantes viabilizam a movimentações dentárias desejadas.
7- Lee JS. Micro-implant anchorage for
REFERÊNCIAS lingual treatment of a skeletal Class II
1- Araújo TM, Nascimento MHA, malocclusion. J Clin Orthod, Boulder.
Bezerra F, Sobral MC. Ancoragem 2001; 35(10):643-47.
esquelética em Ortodontia com 8- Costa A, Raffini M, Melsen B.
miniimplantes. R Dental Press Miniscrews as orthodontic
Ortodon Ortop Facial. 2006; anchorage. Int J Adult Orthod Orthog
11(4):126-56. Surg. 1998; 13(3):201-9.
2- Cheng SJ, Tseng IY, Lee JJ, Kok SH. 9- Creekmore TD. The possibility of
A prospective study of the risk factors skeletal anchorage. J Clin Orthod,
associated with failure of Boulder. 1983; 17(4):266-9.
miniimplants used for orthodontics 10- Villela H. Utilização de miniimplantes
anchorage. Int J Oral Maxiloface para ancoragem ortodôntica direta.
Implants. 2004; 19(1):100-6. Innovations J. 2004; 8(1):5-12.
3- Ohnishi H, Yagi T, Yasuda Y, Takada 11- Melo ACM, Zimmermann LL, Chiavini
K. A mini-Implant for Orthodontic PCR, Belaver ES, Leal HAL, Thomé
Anchorage in a Deep Overbite Case. G. O uso de miniimplantes como
Angle Orthod. 2005; 75(3):444-52. ancoragem ortodôntica –
4- Tortamano A, Vigorito JW, planejamento ortodôntico/cirúrgico.
Tortamano Neto P, Martinet JP. Rev. Clín. Ortodon. Dental Press.
Implante Palatino Orthosystem Como 2007; 5(6):21-8.
Ancoragem Ortodôntica Máxima. Rev 12- Nascimento MHA, Araújo TM,
Dental Press Ortodon Ortop Facial. Bezerra F. Microparafuso
1999; 4(3):85-97.. ortodôntico: instalação e protocolo de
5- Southard TE, Intrusion anchorage higiene periimplantar. R Clin Ortodon
potential of teeth versus implants: a Dental Press. 2006; 5(1):24-43.
clinical and radiographic evaluation. 13- Marassi C, Leal A, Herdy JL. Mini-
Am J Orthod Dentofacial Orthop. implantes como método de
1995; 107(2):115-20. ancoragem em ortodontia. In: Sakai
6- Laboissière Júnior M, Villela H, E. et al. Nova visão em ortodontia –
Bezerra F, Laboissière M, Diaz L. ortopedia funcional dos maxilares. 3a
Ancoragem absoluta utilizando ed; São Paulo: Ed Santos; 2004.
microparafusos ortodônticos. 14- Poggio PM, Incorvati C, Velo S,
Protocolo para aplicação clínica Carano A. “Safe Zones”: a guide for
(Trilogia – Parte II). Implant News. miniscrew positioning in the maxillary
2005; 2(1):37-46. and mandibular arch. Angle Orthod.
2006; 76(2):191-97.
62

15- Prosterman B, Prosterman L, Fisher 22- Mah J, Bergstrand F. Temporary


R, Gornitsky M. The use of implants anchorage devices: a status report. J
for orthodontic correction of an open Clin Orthod, Boulder. 2005;
bite. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 39(3):132-6.
1995; 107(3):245-250. 23- Melsen B, Verna C. A rotatiol
16- Marassi C, Leal A, Herdy JL, approach to orthodontic anchorage.
Chianelli O; Sobreira D. O uso de Progress in Orthodontic anchorage.
miniimplantes como auxiliares do Progress in Orthodontics. 1999; 1:
tratamento ortodôntico. Ortodontia 10-22.
SPO. 2005; 38(3):256-65. 24- Miyawaki S, Koyama I, Inoue M,
17- Park Y, Lee SY, Kim DH, Jee SH. Mishima K, Sugahara T, Takano-
Intrusion implants of posterior teeth Yamamoto T. Factors associated with
using mini-screw implants. Am J the stability of titanium screws placed
Dentofacial Orthop. 2003; in the posterior region for orthodontic
123(6):690-694. anchorage. Am J Orthod Dentofacial
18- Kyung SH, Hong SG, Park YC. Orthop. 2003; 124(4): 73-8.
Distalization of maxillary molars with 25- Park HS. An anatomical study using
a midpalatal mini-screw. J Clin CT images for the implantation of
Orthod. 2003; 37(1):22-6. micro-implants. Korea J Orthod.
19- Thomé G et al. Ancoragem com mini- 2002; 32(6):435-41.
implantes em correções ortodônticas. 26- Carano A, Velo S, incorvati C, Poggio
In: PAIVA, J. S.; ALMEIDA, R. V. P. Clinical applications of the Mini-
(Org.). Implantodontia: a atuação Screw-Anchorage-System (M.A.S.) in
clínica baseada em evidências the maxillary alveolar bone. Prog
científicas. 1. ed. São Paulo, v.2, Orthod. 2004; 5(2):212-35.
p.183-190, 2005. 27- Chung KR, Kim SH, Kook YA. The C-
20- Bezerra F, Villela H, Laboissière Orthodontic micro-implant. J Clin
Júnior M, Diaz L. Ancoragem Orthod. 2004; 38(9):478-86.
absoluta utilizando microparafusos 28- Gelgör IE, Büyükylmaz T, Karaman
ortodônticos de titânio. Planejamento AI, Dolanmaz D, Kalayci A.
e protocolo cirúrgico (Trilogia – Parte Intraosseous screw: supported upper
I). Implant News. 2004; 1(6):469-75. molar distalization. Angle Orthod.
21- Celenza F, Hochman MN. Absolute 2004; 74(6):836-48.
anchorage in orthodontics: direct and 29- Giancotti A, Muzzi F, Santini F, Arcuri
indirect implant-assisted modalities. J C. Miniscrew treatment of ectopic
Clin Orthod, Boulder. 2000; mandibular molars. J Clin Orthod.
34(7):397-402. 2003; 37(7):380-3.
63

Capítulo 8
Amanda Ohashi
Profª. Dra. Daniela Gamba Garib
Profº. Dr. Guilherme Janson

Procedimentos de instalação, ativação e remoção do


mini-implante.
64

Após o adequado planejamento prevenção do contato do mini-implante com


clínico e radiográfico do local ideal para a as raízes estes5.
instalação do mini-implante, o tipo de mini-
Uma vez anestesiada a mucosa,
implante e a mecânica ortodôntica, a
determina-se o ponto de inserção do mini-
próxima fase é a da instalação deste. E
implante perfurando-se a mucosa com um
apesar da variação anatômica indivídual, a
instrumento agudo para obtenção de um
sua inserção e remoção são bastante
sangramento pontual. Estelita et al. (2010)
uniformes, mas, mesmo sendo
desenvolveu uma técnica simples, com o
procedimentos de simples execução a sua
uso de fio dental, para a identificação clínica
adequada inserção influencia bastante na
mesiodistal do ponto de inserção do mini-
estabilidade do mini-implante.
implante. Esta técnica está descrita na
A inserção do mini-implante pode se figura 2. A seguir inicia-se a perfuração
dar de duas formas: transmucosa ou direta da mesma com o mini-implante
cirúrgica com incisão. autoperfurante. Este pode ser inserido
adaptando-o a uma chave manual, digital ou
Técnica transmucosa:
contra-ângulo do micro motor, dependendo
Esta técnica consiste na inserção do do local de inserção. Quando o local de
mini-implante atravessando a mucosa do inserção é o palato, a chave digital é a mais
local escolhido para a instalação. Está indicada, devido ao seu tamanho reduzido.
indicada para regiões de mucosa Para a inserção com a chave manual
ceratinizada, ou seja, gengiva inserida1,7. É recomenda-se o posicionamento da base
a técnica mais utilizada, uma vez que é de desta no centro da palma da mão para que
fácil execução e gera um desconforto exista mais apoio e, assim, mais
5
mínimo para o paciente no pós-operatório . estabilidade na via de inserção. Uma outra
opção é a utilização de uma broca lança
Após a escolha do local de
adaptada a uma das três opções anterior
inserção, devemos proceder com a
para a realização da perfuração inicial,
anestesia local, injetando-se um quarto do
especialmente quando o local de inserção
tubete de anestésico8 (figura 1). Não
apresentar uma densidade óssea muito
recomenda-se uma quantidade maior que
elevada, como na região de sutura palatina
essa, uma vez que o tecido ósseo não
mediana em pacientes adultos e superfície
apresenta sensibilidade e é interessante
óssea alveolar vestibular da mandíbula
que se mantenha a sensibilidade
(figura 3). Quando escolhe-se adaptar
periodontal dos dentes adjacentes ao local
diretamente o mini-implante ou a broca
de inserção, o que pode ajudar na
lança no micro motor, o risco de lesão
65

radicular é maior, uma vez que perde-se a movimentos laterais suaves sobre a cabeça
sensibilidade tátil e o torque de perfuração do mini-implante com, por exemplo, o
do micro motor é muito maior que o espelho clínico.
exercido pela pressão manual.

Realizada a perfuração da mucosa,


continua-se a inserção do mini-implate na
angulação apropriada para o local até que o
prefil transmucoso deste pressione a
mucosa, isquemiando-a. É muito importante
o cuidado com o ângulo de inserção do
Fig. 01 A-F – Sequência de instalação do
mini-implante, tanto no sentido cérvico-
mini-implante pela técnica transmucosa. (a)
oclusal quanto no mésio-distal, já que,
Anestesia, (b) posicionamento do guia no
quando muito angulado no sentido cérvico-
local de inserção do mini-implante, (c)
oclusal, a parede cortical vestibular pode
marcação na gengiva inserida com sonda
resultar muito fina e suscetível a fratura,
milimetrada, (d) posicionamento do mini-
além de existir a possibilidade de uma parte
implante na angulação predeterminada, (e)
da rosca ficar exposta na cavidade bucal8.
inserção do mini-implante e (f) mini-implante
Já no sentido mésio-distal o cuidado que se
inserido. Imagens retiradas do livro “Mini-
deve ter é o de não lesionar as raízes dos
implantes: um guia teórico-prático de
dentes adjacentes e para isso deve-se
instalação e biomecânica ao ortodontista e
utilizar um espelho clínico posicionado por
implantodontista” (Ladeia Jr. e Ladeia,
oclusal no momento da inserção do mini-
2011).
implante, de modo a facilitar a visualização
da direção de inserção deste8.

Após a finalização da inserção do


mini-implante, deve-se testar a estabilidade
primária deste. Se ela existir, o próximo
passo é a tomada radiográfica periapical da
área, para avaliar a relação do mini-
implante com as raízes dentárias
adjacentes. Se não houver estabilidade Figura 02 A-K – Procedimento clínico de

primária deve-se remover o mini-implante e inserção do mini-implante baseado na

inserí-lo novamente, em outra região. A referência da coroa dentária. (a-k) Um fio

estabilidade pode ser testada com dental é utilizado para explorar o contorno
66

proximal subgengival dos dentes adjacentes Técnica cirúrgica com incisão


para determinar clinicamente os limites dos
Esta técnica é utilizada
septos mesiodistais, (e,f) o ponto central da
especialmente quando o local selecionado
largura mesiodistal do septo é marcado e
para a inserção do mini-implante for em
ligado ao ponto de contato interdentário por
tecido mole, onde este ficará submucoso.
meio do fio dental, determinando a linha
Para a inserção, deve-se realizar um
média do septo inter-radicular, (g-i) o grau
acesso cirúrgico com incisão e exposição
de centralização da linha média do septo é
óssea. Geralmente é realizada a incisão
verificado na radiografia de diagnóstico e
linear, com extensão de 2 a 5mm5,8(figura
usado como referência clínica para a
4).
inserção do mini-implante, (j,k) o mini-
implante é inserido e a radiografia final Após a incisão o tecido mole deve
mostra o excelente posicionamento do ser divulsionado e mantido afastado para
parafuso no septo inter-radicular. Figura possibilitar uma melhor visualização do
retirada do artigo “Two-dimensional campo de inserção do mini-implante. A
radiographic and clinical references of the inserção segue os mesmos passos
tooth crown for orthodontic mini-implant descritos para a técnica transmucosa. Uma
insertion: A guide-free technique.” Barros vez instalado o dispositivo adapta-se um
SE, et al. gancho de ligadura na cabeça deste. Este
gancho deve emergir na cavidade bucal em
uma área onde exista mucosa ceratinizada
para minimizar a possibilidade de mucosite
peri-implantar3,6,9. O procedimento é
finalizado então com a síntese dos tecidos
divulsionados, por meio da sutura.
Finalizado todo o procedimento de
instalação do mini-implante, o paciente deve

Figura 03 – Perfuração manual da cortical ser orientado quanto aos cuidados pós-

com broca lança adaptada a chave manual. operatórios e de higiene e presecrição de

Imagem retirada do livro “Mini-implantes: analgésico e anti-inflamatório.

um guia teórico-prático de instalação e


Como desvantagens desta técnica
biomecânica ao ortodontista e
em relação a anterior temos um maior
implantodontista” (Ladeia Jr. e Ladeia,
desconforto pós-operatório para o paciente,
2011).
maior tempo cirúrgico e maiores riscos de
67

inflamação gengival, tanto no pós-operatótio houver estabilidade primária. Ela pode ser
quanto durante a utilização da ancoragem. realizada por meio de elásticos intrabucais,
alças, cantilevers, molas ou mesmo
funcionar apenas como ancoragem indireta
(figura 05).

Figura 04 A-H – Sequência de instalação


do mini-implante por meio da técnica
cirúrgica com incisão. (1a) Anestesia, (1b)
posicionamento do guia, (2c) marcação na
mucosa alveolar com sonda, (2d) incisição
linear com alívio, (2e) posicionamento do
mini-implante na angulação planejada, (2f)
inserção do mini-implante, (2g) acoplamento
do fio de ligadura e (2h) sutura dos tecidos
com o fio de ligaruda emergindo na gengica
inserida. Imagens retiradas do livro “Mini- 180

implantes: um guia teórico-prático de


Figura 05 131-133 e 179-180 – (131 e 132)
instalação e biomecânica ao ortodontista e
Mola de verticalização de molar apoiada em
implantodontista” (Ladeia Jr. e Ladeia,
dois mini-implante por vestibular entre as
2011).
raízes dos pré-molares associado ao
bráquete colado, (133) segmento de fio
0.016 x 0.016 com gancho inserido por
Ativação do mini-implante
distal no tubo molar ativado por elástico
A ativação do mini-implante pode ser corrente, (179) mini-implantes associados a
realizada logo após a inserção deste, se cantiléveres, (180) mini-implantes
68

posicionados por vestibular, bilateralmente biomecânica ao ortodontista e


ao dente, associado ao uso de elástico implantodontista” (Ladeia Jr. e Ladeia,
corrente. Imagens retiradas do livro “Mini- 2011).
implantes: um guia teórico-prático de
Quando o mini-implante tiver sido
instalação e biomecânica ao ortodontista e
inserido pela técnica cirúrgica, será
implantodontista” (Ladeia Jr. e Ladeia,
necessário outro acesso cirúrgico para a
2011).
sua remoção, na área onde esta inserido o
dispositivo e o seu gancho de ligadura. É
necessário anestesia local para a realização
Remoção dos mini-implantes
desse procedimento. Após, faz-se a incisão
Não é necessária anestesia local linear com alívio, expõem-se o mini-
quando da remoção do mini-implante implante e o gancho, remove-se o mini-
transmucoso, esta é realizada implante com torque no sentido oposto de
simplesmente por meio de um torque sua instalação e, por fim, realiza-se a
aplicado em sentindo oposto ao da síntese dos tecidos incisados (figura 08).
instalação, promovendo um Uma vez finalizado o procedimento de
1,4,6,10,11
desrosqueamento do parafuso . Se a remoção do parafuso orienta-se o paciente
cabeça do mini-implante estiver recoberta quanto aos cuidados pós-operatórios e
por tecido mole se faz necessário anestesia prescreve-se analgésicos e anti-
local e uma pequena incisão para expor a inflamatórios.
cabeça do mini-implante. Uma vez
descoberta a cabeça deste o procedimento
de remoção é o mesmo descrito
8
anteriormente (figura 06 e 07).

Figura 08 04A-G – Sequência clínica de


Figura 06 – Mini-implante instalado. remoção do mini-implante submucoso por
Figura 07 – Desrosqueamento do mini- técnica cirúrgica. (a) mini-implante
implante. submucoso, (b) incisão e acesso cirúrgico,
(c) remoção do fio de ligadura, (d)
Imagens retiradas do livro “Mini-implantes:
acoplagem da chave manual ao mini-
um guia teórico-prático de instalação e
implante, (e) desrosqueamento do mini-
69

implante, (f) cicatriz óssea do mini-implante Ortopedia Funcional dos Maxilares, 2009.
e (g) síntese dos tecidos incisados. Imagens Disponível em:
retiradas do livro “Mini-implantes: um guia http://www.conexaosantista.com.br/downl
teórico-prático de instalação e biomecânica oads/orto_carlosmorassi.pdf. Acesso em
ao ortodontista e implantodontista” (Ladeia 01 de outubro de 2013.
Jr. e Ladeia, 2011). 7. Melo ACM, et al. O uso de mini-implantes
como ancoragem ortodôntica:
planejamento ortodôntico/cirúrgico. Rev.
Referências Clin. Ortodon. Dental Press: Maringá, v.5,
n.6, p.85-100, dez 2006/jan 2007.
1. Araújo TM, et al. Ancoragem esquelética
8. Nanda R, Uribe FA. Dispositivos de
em ortodontia com mini-implantes. Rev.
ancoragem temporários na ortodontia.
Clin. Ortodon. Ortop. Facial Dental Press:
Rio de Janeiro: Santos, 2010, 432p.
Maringa, v.11, n.4, jul/ago 2006.
9. Nascimento MHA, Araújo TM, Bezerra F.
2. Barros SE, et al. Two-dimensional
Microparafuso ortodôntico: instalação e
radiographic and clinical references of the
orientações de higiene periimplantar. R
tooth crown for orthodontic mini-implant
Dental Press Ortodon Ortop. Facial, v.5,
insertion: A guide-free technique. Oral
n.1, p.24-31, fev/mar, 2006.
Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol
10. Nova MFPE, Carvalho FR, Elias CN,
Endod, 110(5):e8-e16, nov 2010.
Artese F, et al. Avaliação do torque para
3. Janson M, Sant’ana E, Vasconcelos W.
inserção, remoção e fratura de diferentes
Ancoragem esquelética com mini-
mini-implantes ortodônticos. R Dental
implantes: incorporação rotineira da
Press Ortodon Ortop. Facial, v.13, n.05,
técnica na prática ortodôntica. Rev. Clin.
p. 76-87, set/out 2008.
Ortodon. Dental Press: Maringá, v.5, n.4,
11. Serra GG, et al. Mini-implantes
p.85-100, ago/set 2006.
ortodônticos carregados imediatamente:
4. Kyung HM, et al. Mini-implantes. Nova
estudo in vivo. Scielo – Scientific
Odessa: Napoleão, 2007, 188p.
Eletronic Library Online: Rio de Janeiro,
5. Ladeia JR L, Ladeia LE. Mini-implantes:
2007. Disponível em:
um guia teórico-prático de instalação e
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci
biomecânica ao ortodontista e
_arttext&pid=S1517-
implantodontista. Nova Odessa:
70762007000100014. Acesso em: 25
Napoleão, 2011, 412p.
setembro de 2013.
6. Marassi C, Marassi C, Cozer TB. Mini-
implantes ortodônticos, in: Ortodontia e
70

Capítulo 9
Bruna Alves Furquim
Profª. Dra. Daniela Gamba Garib
Profº. Dr. Guilherme Janson

Riscos e Complicações dos Mini-Implantes


71

A utilização dos mini-implantes de delicados, sendo este um procedimento de


titânio, como dispositivo de ancoragem difícil execução, porém necessário na
absoluta no tratamento ortodôntico, vem maioria dos casos, já que a porção
sendo estudada e aperfeiçoada na fraturada do parafuso poderia inviabilizar a
atualidade, trazendo maior eficiência e continuidade do tratamento ortodôntico.[5]
controle da mecânica ortodôntica. Apesar Essa complicação pode ser evitada
das vantagens observadas nos estudos ou minimizada com o uso de micromotores
clínicos e ensaios laboratoriais é importante com controle de torque, onde o operador
alguns cuidados específicos para evitar pode utilizar um torque abaixo do limite de
insucessos na utilização dos fratura do mini-implante, fornecido pelo
microparafusos como dispositivos de fabricante.[6] Os clínicos precisam aplicar
ancoragem. [1] força com um movimento rotatório lento,
As complicações esperadas com os leve e suave com peça manual e somente
micro implantes incluem dano às estruturas com pressão digital, não com pressão do
anatômicas adjacentes durante a instalação punho. Através da aplicação da força com
do implante, inflamação ao redor dos micro pressão digital , é mais fácil manter o eixo
implantes, lesões nos tecidos moles, rotacional da peça de mão estável e evitar
irritação da língua ou da bochecha e fratura qualquer movimento oscilatório.[2]
dos mesmos.[2] A remoção do fragmento fraturado
(figura 1) pode ser realizada com
Fratura do Microparafuso instrumentos manuais ou rotatórios, em
Antigamente ocorriam mais fraturas sentido oposto ao da instalação. Não
devido ao diâmetro ser pequeno, porém havendo sucesso, uma pequena broca pode
hoje já são fabricados microparafusos de ser utilizada para criar um acesso ao redor
diâmetros ideais que evitem a fratura. [3] do mini-implante fraturado, facilitando sua
A fratura ocorre normalmente durante remoção. Este procedimento, quando
a cirurgia de instalação dos microparafusos necessário, deve ser realizado por
. Sua causa está relacionada à utilização de periodontistas ou cirurgião buco-maxilo-
contra-ângulo e ao excesso de pressão facial.[4]
aplicada durante a inserção do
microparafuso durante a cirurgia de
instalação.[1, 4]
Em caso de fratura, a remoção
poderá ser realizada através da utilização
de instrumentos manuais ou rotatórios
72

Fig. 3 – Inflamação causada por placas e


Fig. 1 – Remoção do mini-implante resíduos. [3]
fraturado.[4] A mucosite é considerada uma das
maiores complicações que pode levar à
Mucosite perda do implante. A mucosa palatina
A mucosite é a inflamação do tecido mastigatória é relativamente mais resistente
mole da região ao redor do microparafuso. à inflamação, já a mucosa oral livre, não
Normalmente ocorre quando o inserida, é considerada fator de risco para
microparafuso é instalado em gengiva julgal falhas dos implantes.[2] Os mini-implantes
(Figura 2). devem ser inseridos 1,0mm abaixo da
O acúmulo do biofilme e da placa junção mucogengival, incluindo a gengiva
bacteriana sobre a cabeça do inserida.[3]
microparafuso é o principal fator causal da Depois de constatada a inflamação
mucosite. Normalmente relacionada à má dos tecidos moles é necessária à remoção
higienização (figura 3). da aparatologia ortodôntica por uma
semana, e remoção do biofilme ou da placa
bacteriana manualmente. A instalação do
microparafuso feita na gengiva
queratinizada diminui consideravelmente o
risco de mucosite. A orientação do paciente
para higienizar corretamente o
microparafuso é extremamente
importante.[1, 3, 5]
Fig. 2 – Mini-implante inserida
profundamente na mucosa bucal Perda de Estabilidade
apresentando inflamação. [3] A perda de estabilidade do mini-
implante é a complicação mais frequente e
pode ocorrer previamente, no momento ou
73

após a ativação ortodôntica.[4] A perda do osso, resultando em instabilidade do


microparafuso ortodôntico está relacionada mesmo.[4]
com os seguintes fatores: escolha do
diâmetro do microparafuso, técnica cirurgia Quando for diagnosticada uma leve
de instalação, refrigeração durante a mobilidade do microparafuso que estiver
cirurgia de instalação, qualidade e sofrendo carga durante sua utilização como
densidade óssea e contaminação da ancoragem, a aparatologia ortodôntica deve
superfície durante a usinagem do ser removida por um mês, com o intuito de
microparafuso.[1] tentar obter uma nova estabilidade. Se após
O insucesso está normalmente este período não houver estabilidade, o
associado à pequena espessura do osso microparafuso dever ser removido e
cortical. A condição do osso trabecular descartado. A remoção está indicada nos
também pode afetar a estabilidade; o osso casos onde houver uma mobilidade
trabecular denso é mais favorável que o moderada ou severa, devendo o
osso trabecular de baixa densidade. Por microparafuso perdido ser descartado. Para
outro lado, osso cortical extremamente duro uma nova instalação do microparafuso é
é mais vulnerável ao trauma cirúrgico necessário um tempo de espera de pelo
devido à maior quantidade de calor menos 21 dias e, preferencialmente, deve-
friccional produzida durante a instalação. se escolher outro local para a instalação
Até mesmo uma foça leve, na presença de sem que haja prejuízo na execução da
qualidade e quantidade óssea de ossos mecânica ortodôntica. Dessa forma, a
pobres, trauma cirúrgico excessivo e aplicação de forças ortodônticas leves e
inserção excêntrica (figura 4), podem contínuas e o domínio da técnica cirúrgica
causar tensão excessiva, com perda da podem minimizar significativamente o índice
integridade mecânica do tecido ósseo.[4] de insucesso. [1]

Lesão ao Tecido Mole


Para viabilizar a ativação ortodôntica
através de dispositivos elásticos, molas ou
fios de amarrilhos acoplados à cabeça do
mini-implante, o posicionamento do mesmo
muitas vezes apresenta-se saliente por
Fig. 4 – Movimentos excêntricos
palatino ou vestibular e pode gerar
durante a inserção e força excessiva podem
traumatismos e lesão de tecidos moles
gerar espaços entre o mini-implante e o
como a língua ou mucosa jugal (figura 5). O
74

paciente deverá ser orientado a relatar Danos ao ligamento periodontal


desconfortos gerados pelos mini-implantes Contato do mini-implante com
e o ortodontista avaliar o nível da lesão ligamento periodontal ou com a raiz do
gerada, podendo optar, inclusive, pela dente (figura 7). Pode ocorrer em casos de
remoção do recurso de ancoragem, caso erro na angulação durante a instalação ou
necessário.[4] erro no uso do guia cirúrgico, levando à
sensibilidade dentária ou mais comumente
à mobilidade e perda do miniimplante.
Normalmente a injúria à raiz será mínima,
pois a maioria dos miniimplantes não tem
poder de perfurar as raíze[6]

Fig. 5 – Lesão da mucosa labial, provocada


pelo volume da cabeça do mini-implante. [4]

Materiais como cera ou resina


provisória poderão ser aplicados sobre a
Figura 7 – Contato do mini-implante com o
cabeça do mini-implante na fase inicial de
ligamento periodontal.
adaptação como recurso preventivo (figura
6). O paciente deverá ser orientado a
Danos às raízes dentárias
comunicar passíveis desconfortos, para que
Devido às suas características, os
o ortodontista possa avaliar o nível da lesão
mini-implantes ortodônticos são
gerada e fornecer a orientação devida.
frequentemente instalados entre raízes,
tornando o procedimento arriscado.[4] Os
danos às raízes pela broca ou mini-implante
não são muito comuns (figura 8). A
proporção de contato com as raízes entre
mandíbula e maxila é de 10:3.[2]
Contudo, estudos provam que o ligeiro
contato do mini-implante com o ligamento
Fig. 6 – Proteção com resina periodontal ou cemento, sem interrupção do
provisória.[4] feixe vásculo-nervoso ou invasão do canal,
não afeta a vitalidade dos dentes.[4]
75

A instalação angulada dos micro Perfuração do seio maxilar


implantes em relação à superfície do osso A perfuração do seio maxilar pode
minimiza o contato com as raízes. [2] ocorrer durante a inserção de mini-
Também para minimizar o contato com as implantes. Nos casos de maxila atrésica, o
raízes durante a instalação, os clínicos risco desta complicação ocorrer é maior.
precisam avaliar a distancia entre as raízes Para verificar se houve trepanação do seio,
através de radiografias periapicais. deve-se orientar o paciente a fechar as vias
Os clínicos podem não notar o aéreas superiores mecanicamente com os
contato com as raízes se eles instalarem os dedos e soprar pelo nariz. Se aparecerem
micro implantes com a peça de mão. A bolhas no sitio ou aumento do sangue,
resistência do osso cortical é mais forte, ocorreu a perfuração. Quando a perfuração
mas após a penetração no osso cortical, a é menor que 2mm, há grande probabilidade
resistência é mínima até o final. Se alguma destas se fecharem sem intercorrências,
resistência mais forte for sentida, pode ser a permitindo a continuidade do tratamento
superfície radicular. Se a pressão não ortodôntico. Deve-se monitorar o
diminui, mesmo após encontrar forte paciente.[4]
resistência, pode resultar na fratura do mini-
implante ou em dano a raiz.[2] Deglutição ou aspiração do mini-
implante ou chave digital:
Caso ocorra perfuração acidental da Apesar de raro, isso pode acontecer
raiz, recomenda-se acompanhamento devido às pequenas dimensões do material
radiográfico e espera-se que ocorra reparo de trabalho empregado e/ou movimentos do
do cemento pelas células vizinhas ao local paciente durante o ato cirúrgico. Cuidados
da injúria[6] como prender a chave digital com um
pedaço de fio dental deve ser realizado.[4]

Referências
1. Jr, H.V.F.B.M.L.L.D.M.L., Absolute
orthodontic anchorage with titanium
micro-screws. Complications and risk
factors (Trilogy - part III). Implant
News, 2005. 2: p. 163-166.
2. Nanda, S.K.R., Terapias Atuais em
Ortodontia. 1ª ed. Vol. 1. 2011, Rio
de Janeiro: Elsevier. 396.
3. Park, H.-S., Pequenos movimentos
Fig. 8 – Dano a raiz causada pelo dentários com mini-implantes: auxílio
no tratamento ortodontico, na
contato do mini-implante. reabilitação protética e no preparo de
76

implantes. . 1 ed. Vol. 1. 2009, Nova Ortopedia Facial, 2006. 11: p. 126-
Odessa: Napoleão. 156.
4. Filho, A.M.B.R.M.A.L., Ortodontia: 6. Marassi, D.S.O.C.J.L.H.A.L.C., O
Arte e Ciência. 1ª ed. Vol. 1. 2007, USO DE MINIIMPLANTES COMO
Maringá: Editora Dental Press. AUXILIARES DO TRATAMENTO
5. Araújo, M.H.A.N.F.B.M.C.S.T.M.d., ORTODÔNTICO. Ortodontia SPO,
Ancoragem esquelética em 2005. 38: p. 256-265.
Ortodontia com miniimplantes.
Revista Dental Press Ortodontia e
77

Capítulo 10
Rodrigo Hitoshi Higa
Profª. Dra. Daniela Gamba Garib
Profº. Dr. Guilherme Janson

Indicações dos Mini-implantes


78

A ancoragem esquelética geralmente intermaxilares ou outro método de


vem associada à substituição da ancoragem ancoragem.
convencional, especialmente a externa, Nestes casos, a localização mais
diminuindo os problemas com a cooperação indicada para instalação desses dispositivos
do paciente. Entretanto, ela não deve ser na maxila é entre o segundo pré-molar e o
usada como um atalho devido a um primeiro molar por vestibular (Fig. 1),
conhecimento insuficiente de biomecânica, enquanto que na mandíbula entre o primeiro
e sim para alargar o espectro da Ortodontia, e segundo molar, também por vestibular.
permitindo tratamentos que anteriormente Caso seja desejada a extração de segundo
não eram possíveis. (1) pré-molar, deve-se tomar cuidado para
A grande variabilidade na localização instalar mais próximo ao molar, ou entre o
do mini-implante, pelo seu tamanho primeiro e segundo molar.(2-4)
reduzido, permite sua utilização em diversas
situações clínicas, nos mais variados tipos
de movimentação dentária. A seguir serão
discutidas algumas das diversas situações
clínicas onde possam ser utilizados esses
acessórios.

Retração Anterior
A indicação mais citada na literatura Figura 1: Retração em massa dos dentes
para o uso de mini-implantes é para anteriores com mini-implantes posicionados
retração de dentes anteriores, em casos entre o segundo pré-molar e o primeiro
que não permitam perda de ancoragem. molar em ambos os arcos.
Dentre esses casos, encontram-se
biprotrusões severas, Classe II de Angle Mesialização de dentes posteriores
tratada com extração de pré-molares, Os mini-implantes também são muito
diastemas anteriores generalizados tratados úteis quando se quer a mesialização dos
com retração de incisivos e caninos ou dentes posteriores sem que haja a retração
quando não há unidades de ancoragem dos caninos e incisivos, para não
suficientes. Os mini-implantes também comprometer o perfil ou devido ao
beneficiam indivíduos que apresentam posicionamento geométrico dos demais
dificuldades em colaborar com o uso de dentes. Este movimento é desejado
aparelhos extrabucais, elásticos normalmente quando é preciso fechar
espaço de perdas dentárias. Entretanto,
79

outros motivos podem se apresentar, como Figura 2: Mesialização de dentes


fechamento de espaço devido a agenesias, posteriores com mini-implante inserido entre
especialmente de pré-molares, compensar canino e primeiro pré-molar. A) ativação do
casos e classe II ou III de Angle ou sistema; B) molares mesializados.
descompensar casos cirúrgicos.
A indicação para fechamento de Intrusão de Incisivos
espaços deve ser tratada de forma Os mini-implantes podem ser
cuidadosa, uma vez que a mesialização de utilizados para a intrusão de incisivos,
molares prolonga o tratamento, em média, 1 indicada para alguns casos de
ano. A instalação de um aparelho somente sobremordida, evitando efeitos indesejáveis
para este movimento não é bem indicada, em outras unidades, como por exemplo,
pois a reabilitação com implantes é mais extrusão ou a inclinação das unidades de
rápida e com custo semelhante. Além disso, ancoragem, simplificando a mecânica
deve-se considerar a movimentação em ortodôntica. Eles são especialmente úteis
rebordo atrófico e a qualidade e quantidade quando o paciente apresenta ausência de
da gengiva nos dentes a serem muitas unidades posteriores que seriam
movimentados. utilizadas como ancoragem, ou mesmo
O melhor sítio de inserção para quando há gravidade na curva de Spee do
maxila nesse caso seria entre o canino e arco inferior.
primeiro pré-molar, ou entre pré-molares O posicionamento desses acessórios
(Fig. 2). A instalação também por palatino depende da inclinação dos incisivos.
ou lingual permite melhor controle de Quando eles estão verticalizados ou
rotações. (2, 5) retroinclinados, o ideal é inserir um único
mini-implante na linha média, o mais alto
possível, próximo à espinha nasal anterior,
para a maxila (Fig. 3-A), e entre os centrais,
o mais baixo possível, na mandíbula.
Quando a posição axial é satisfatória e não
se deseja alterá-la, é recomendada a
inserção de dois mini-implantes, localizados
entre os laterais e caninos (Fig. 3-B). (2, 6)
80

dente, o primeiro mini-implante deve ser


posicionado na mesial por vestibular e o
outro por distal por palatino (Fig. 5). Em
casos onde se quer intruir nos dois lados,
utilizam-se dois entre o primeiro e o
segundo molar, um por vestibular e outro
por palatino. (2, 6)

Figura 3: Intrusão de incisivos por meio de


mini-implantes. A) entre incisivos centrais;
B) entre incisivos laterais e caninos.

Intrusão de dentes posteriores


Este movimento é, provavelmente, o
mais difícil de conseguir na ortodontia. Os
métodos convencionais dependem muito da
colaboração do paciente, pois consistem no Figura 4: Intrusão de grupo de dentes
uso de aparelhos extrabucais de tração alta, posteriores. A) visão vestibular; B) visão
mentoneiras verticais ou bite blocks. Em oclusal
casos onde esta intrusão é desejada em
apenas uma unidade ou de um lado só do
arco, esta mecânica é ainda mais complexa.
O uso de mini-implantes surge como
alternativa, e seu número e posição variam
de acordo com a quantidade de dentes que
sofrerão este movimento e também quais .
dentes são. No caso de intrusão de um ou
mais dentes do mesmo arco, instala-se um
dispositivo por vestibular e outro por
palatino (Fig. 4). No caso de apenas um
81

Figura 5: Intrusão de um único dente


Figura 6: Correção da inclinação do plano
posterior, pela inserção de dois mini-
oclusal utilizando um mini-implante. A) uso
implantes. A) ativação com elástico por
de elastômero em cadeia para intrusão; B)
vestibular e palatino, do mini-implante para
após a correção da inclinação.
cada face do dente; B) com elástico
passando por oclusal.
Distalização de molares
Procedimento muito desejado na
Correção do plano oclusal
clínica ortodôntica, a distalização de
A inclinação do plano oclusal pode
molares é utilizada em tratamentos de
ser normalmente observada em pacientes
classe II e III de Angle sem extrações. Na
que sofreram perdas dentárias, portadores
mecânica convencional, com uso de
de assimetrias faciais, disfunções
aparelhos extrabucais, distalizadores
musculares severas e algumas outras
intrabucais ou mecânica de classe II e III,
patologias localizadas. Os mini-implantes
necessita-se da colaboração do paciente,
podem ser utilizados para intrusão de
além de efeitos indesejados nos dentes de
dentes que estejam desnivelados para
ancoragem, fatores que são eliminados com
correção do plano oclusal, facilitando um
a instalação de mini-implantes.
movimento que seria muito difícil de ser
Um método comum de distalização
alcançado sem este recurso (Fig. 6). (2)
com uso de micro parafusos é através da
inserção destes entre o segundo pré-molar
e o primeiro molar, utilizando sliding jigs ou
molas abertas. O problema é que após a
distalização é necessária a remoção do
mini-implante para retração (Fig. 7).
Também podem ser usados juntos a uma
barra palatina ou associados aos aparelhos
distalizadores intrabucais, como Pendulum,
Distal Jet e First Class (Fig. 8). (2, 7-10)
82

casos de impacção de segundos molares


inferiores. Este movimento pode se tornar
difícil dependendo do grau de angulação e
do volume radicular que o dente possui. A
utilização de mini-implantes com carga
imediata tem modificado a abordagem deste
problema.
Com relação ao posicionamento do
acessório, este pode ser inserido na região
retromolar. Com ajuda de molas fechadas,
elásticos em cadeia ou em fio, do implante a
um dispositivo fixado no molar, este pode
ser verticalizado, abrindo um espaço (Fig.
9). Caso a intenção seja verticalizar o molar
fechando o espaço, poderá ser instalado um
mini-implante anteriormente a esse espaço,
Figura 7: Distalização de molares utilizando
utilizando um fio inserido por distal no
mini-implantes, através de sliding jigs e
braquete do molar (Fig. 10). (2)
elastômeros em cadeia antes (A) e após a
distalização (B).

Figura 8: Distalização de molares através


da associação de mini-implantes com o
aparelho Distal Jet. (Kinzinger, 2009)

Verticalização e desimpacção de molares


Figura 9: Verticalização de molar com um
Este movimento é desejado quando
mini-implante inserido na região retromolar,
estes dentes inclinam-se acentuadamente,
possibilitando abertura de espaço. A)
devido à perda de dentes adjacentes ou em
83

ativação do sistema através de elásticos; B) mandíbula (Fig.11). Caso a mordida


molar verticalizado. cruzada seja vestibular, utiliza-se um por
palatino na maxila e um vestibular na
mandíbula (Fig.12). Na situação onde
apenas um dente esteja com inclinação
axial incorreta, utiliza-se um ou dois mini-
implantes do lado contrário à inclinação
(Fig. 13).(2)

Figura 10: Verticalização de molar com um


mini-implante posicionado entre pré-
molares, possibilitando fechamento de Figura 11: Correção da mordida cruzada
espaço. A) ativado com elastômero em posterior lingual; A) mini-implantes
cadeia; B) após mesialização da unidade. posicionados por vestibular na maxila e
lingual na mandíbula; B) mordida cruzada
Correção da mordida cruzada posterior corrigida, após ação dos elásticos.
Quando os dentes superiores e
inferiores apresentam desvios em suas
inclinações axiais, podemos utilizar
elásticos intermaxilares. Entretanto, seu uso
depende da colaboração do paciente, e
também apresenta um resultante de força
extrusivo, necessitando cuidado na sua
indicação. Neste caso, os mini-implantes
novamente surgem como alternativa à
ancoragem convencional. Figura 12: Correção da mordida cruzada
Para correção da mordida cruzada posterior vestibular; A) mini-implantes
lingual, utiliza-se um acessório por instalados no palato e por vestibular na
vestibular na maxila e um por lingual na
84

mandíbula; B) mordida cruzada corrigida,


após ação dos elásticos.

Figura 14: Expansão rápida da maxila com


mini-implantes associados a aparelho
expansor Hirax.

Tracionamento de dentes inclusos


O tracionamento pode ser feito por
diversas maneiras, como em arcos
segmentados, contínuos superelásticos ou
Figura 13: Correção da inclinação do aparelhos removíveis associados ao uso de
segundo molar superior. A) implante elásticos, todos dependendo da
inserido no palato; B) unidade bem colaboração do paciente ou da instalação
posicionada no arco, após a ação do de um aparelho fixo. Os mini-implantes
elástico em cadeia. servem como outra opção para casos onde
se deseja excluir outros métodos, podendo
Expansão Rápida da Maxila apenas a instalação de um acessório servir
O mini-implante também pode ser como ancoragem para o tracionamento do
usado como ancoragem de um aparelho dente incluso (Fig. 15). (2, 12)
para expansão rápida da maxila, como o
Hirax ou Hass, em casos especiais onde
não é interessante o uso de uma
ancoragem convencional, quando a
compensação dentária não é desejada, os
dentes posteriores já estão razoavelmente
vestibularizados ou quando há pouca
dentição para um aparelho dente-osso
suportado. Nesse caso, eles são inseridos
na região do palato (Fig. 14). (11-13)
85

Elásticos intermaxilares:
O uso dos mini-implantes
posicionados em um arco pode ser útil para
movimentação dentária de dentes do arco
antagonista, para utilização de elásticos
intermaxilares, com objetivos diversos,
como mecânicas verticais, de classe II ou
III, para a distalização de dentes posteriores
Figura 15: Tracionamento de canino com o ou retração de anteriores, evitando os
uso de mini-implantes. A) ativação do efeitos indesejáveis no arco oposto (Fig.
sistema com elástico; B) canino melhor 17). (2)
posicionado no arco.

Correção da linha média


Os mini-implantes neste caso são
indicados quando há ausência de dentes
posteriores para servir como ancoragem.
Assim, um dispositivo situado distalmente
ao espaço a ser utilizado para correção
pode simplificar, ou mesmo permitir a
movimentação dentária no sentido desejado
(Fig. 16). (2)

Figura 17: Uso de mini-implantes servindo


de suporte para a aplicação de mecânicas
de classe II (A) e classe III (B).

Figura 16: Correção da linha média


dentária superior com mini-implantes,
quando há ausência de dentes posteriores.
86

Princípios Biomecânicos dos Mini- convencionais. Em casos onde não é


Implantes desejada a intrusão, a ancoragem
O conhecimento da biomecânica em indireta pode solucionar este tipo de
relação aos mini-implantes é imprescindível problema. (14)
ao ortodontista para obtenção de um
sistema de forças mais preciso. Dessa Os mini-implantes possuem algumas
forma, resultados mais previsíveis poderão limitações biomecânicas que podem
ser alcançados com este sistema de comprometer o tratamento, tais como:
ancoragem. Podemos caracterizar a força 1. O movimento do corpo dentário é
gerada por eles da seguinte forma: desejado para alcançar a maioria dos
1. O mini-implante se comporta como objetivos do tratamento. Assim, a
um dente anquilosado, ou seja, não aplicação de força deve ser
se desloca. A força não se aplica a direcionada no centro de resistência
partir dos dentes e sim no implante, do dente. Entretanto, os locais de
evitando movimentos indesejáveis de inserção do mini-implante são
reação à força aplicada. limitados, e desta forma a força
2. O mini-implante, juntamente com gerada por meio desse tipo de
seus componentes elásticos ancoragem pode promover forças
(correntes elásticas e molas) gera fora do centro de resistência,
uma força linear cuja linha de ação é gerando efeitos colaterais
representada pela direção do indesejados, especialmente a
componente elástico. Assim, não é rotação dentária. Para compensar
recomendado ainda aplicar força de essa limitação no posicionamento
torção sobre um único acessório, pode-se fazer uso de ancoragem
pois ameaça sua estabilidade. Dessa indireta, acessórios auxiliares ou
forma, a linha de ação é determinada mecânicas de arco contínuo.
pela área de inserção e localização 2. A força suportada pelo mini-implante
dos acessórios sobre o dente ou apresenta-se geralmente em torno de
ganchos sobre o arco. 200 a 400 gramas de força, suficiente
3. Os mini-implantes normalmente são para movimentação dentária, mas de
instalados apicalmente ao arco, magnitude apenas moderada.
portanto as forças exercidas nesta Portanto, sugere-se instalação de um
ancoragem sempre tem um maior número caso sejam desejadas
componente intrusivo, ao contrário do forças mais pesadas.(14)
que ocorre em mecânicas
87

Os princípios e considerações reativa (dentes ou grupo de dentes) é


biomecânicas, como, por exemplo, força, rigidamente ligada ao dispositivo de
momento, centro de resistência e centro de ancoragem esquelética, mas a força é
rotação determinam o tipo de movimento geralmente aplicada ao longo do plano
ortodôntico que pode ser realizado oclusal (Fig. 18-B). Este tipo de ancoragem
utilizando mini-implantes. Com a pode ser facilmente ligado à técnica pré-
variabilidade no posicionamento destes ajustada ou qualquer outra tradicional
acessórios, criam-se várias alternativas técnica ortodôntica. (2, 16, 17)
biomecânicas. Dessa forma, vários tipos de
movimentos dentários podem ser
produzidos dependendo de seu
posicionamento, da altura da ligadura
elástica e magnitude da força aplicada. (15)
Quando os mini-implantes são parte
do tratamento, deve-se definir qual tipo de
movimento dentário é desejado. A intrusão
molar, por exemplo, ao utilizar essa
ancoragem o clínico deve decidir que força
utilizar para produzir intrusão, a linha de
ação e ponto de aplicação de força para um
dente ou grupo de dentes. (16)

Tipos de ancoragem com mini-implantes


Ancoragem direta: É a aplicação de
força diretamente no dispositivo de
ancoragem esquelética para os dentes ou
grupo de dentes. Dessa forma, pode ser Figura 18: Retração de dentes anteriores

descrito como uma interação mini-implante- utilizando mini-implantes. A) ancoragem

dente. Este tipo de ancoragem resulta em direta aplicada para retração de canino; B)

uma força intrusiva, sendo que a linha de ancoragem indireta utilizada para retração

ação de força é usualmente um ângulo em em massa dos dentes anteriores inferiores.

relação ao plano oclusal. (Fig. 18-A)


Magnitude da força
Ancoragem indireta: É uma interação dente- Na ancoragem esquelética, a força

dente. A unidade de ancoragem ou unidade reativa à força imposta pelo movimento


88

dentário é dissipada pela interface proporcionam, para que eles sejam usados
osteoimplante, que não se remodela, pois favorecendo o tratamento.
não há ligamento periodontal. No entanto,
Referências Bibliográficas
os mini-implantes têm alguma mobilidade
1. Park HS. Aplicações Clínicas dos
quando pressionado, embora não exceda o
Mini-implantes In: Nanda R, Uribe FA,
valor de 1 mm.
editors. Dispositivos de Ancoragem
Sua estabilidade pode ser
Temporários na Ortodontia. Rio de Janeiro:
comprometida pela magnitude de força.
Santos; 2010. p. 260-86.
Mini-implantes tem se mostrado resistir de
2. de Araújo TM, Nascimento MHA,
200 a 400 gramas de força sem
Bezerra F, Sobral MC. Ancoragem
comprometer a sua estabilidade.
esquelética em Ortodontia com
Alguns movimentos dentários
miniimplantes. 2006.
necessitam de grande quantidade de força,
3. Marassi C, Marassi C. Mini-implantes
como por exemplo, a intrusão de molares,
ortodônticos como auxiliares da fase de
requerendo aproximadamente 200 gramas
retração anterior. Revista Dental Press de
para sucesso do movimento. Ainda assim,
Ortodontia e Ortopedia Facial. 2008;13:57-
não excede o valor de tolerância para os
75.
dispositivos de ancoragem esquelética. Não
4. Park HS. An anatomical study using
é recomendada a distribuição de forças
CT images for the implantation of micro-
ortopédicas através deles, já que requer um
implants. Korea J Orthod. 2002;32(6):435-
aumento significativo na resistência à
41.
pressão destes acessórios. (14, 16)
5. Janson M, Silva DAF. Mesialização
Conclusão de molares com ancoragem em mini-
Devido à variabilidade de implantes. R Dental Press Ortodon Ortop
posicionamento dos mini-implantes, estes Facial. 2008;13(5):88-94.
podem ser usados para diversas situações 6. de Araújo TM, Nascimento MHA,
clínicas, diminuindo os problemas de Franco FCM, Bittencourt MAV. Intrusão
cooperação do paciente e efeitos colaterais dentária utilizando mini-implantes. R Dental
indesejados, além de permitir movimentos Press Ortodon Ortop Facial. 2008;13(5):36-
antes não permitidos. Seu uso deve ser 48.
discutido levando em conta a sua 7. Villela HM, Sampaio ALS, Lemos LN,
necessidade e as condições particulares do Limoeiro ER. Distalização de molares
paciente. Para correto uso desses utilizando microparafusos ortodônticos de
acessórios, o clínico deve ter conhecimento titânio autoperfurantes. Rev Clín Ortodon
suficiente da biomecânica que eles Dental Press. 2008;7(4):40-55.
89

8. Papadopoulos MA. Orthodontic clinical application. J Orofac Orthop. 2007


treatment of Class II malocclusion with Nov;68(6):443-61.
miniscrew implants. Am J Orthod 13. Nienkemper M, Wilmes B, Pauls A,
Dentofacial Orthop. 2008 Nov;134(5):604 Drescher D. Multipurpose use of orthodontic
e1-16; discussion -5. mini-implants to achieve different treatment
9. Grec RH, Janson G, Branco NC, goals. J Orofac Orthop. 2012
Moura-Grec PG, Patel MP, Castanha Dec;73(6):467-76.
Henriques JF. Intraoral distalizer effects with 14. Lee JS, Kim JK, Park YC.
conventional and skeletal anchorage: a Applications of orthodontic mini implants:
meta-analysis. Am J Orthod Dentofacial Quintessence Pub. Co; 2007.
Orthop. 2013 May;143(5):602-15. 15. Sung JH, Kyung HM, Bae SM, Park
10. Kinzinger GS, Gulden N, Yildizhan F, HS, Kwon OW, McNamara Jr. JA. Mini-
Diedrich PR. Efficiency of a skeletonized implantes. Nova Odessa: Napoleão; 2007.
distal jet appliance supported by miniscrew 16. Uribe FA, Nanda R. Ancoragem
anchorage for noncompliance maxillary Esquelética Baseada na Biomecânica. In:
molar distalization. Am J Orthod Dentofacial Nanda R, Uribe FA, editors. Dispositivos de
Orthop. 2009 Oct;136(4):578-86. Ancoragem Temporários na Ortodontia. Rio
11. Yanosky MR, Holmes JD. Mini- de Janeiro: Santos; 2010. p. 145-63.
implant temporary anchorage devices: 17. Giancotti A, Greco M, Mampieri G,
orthodontic applications. Compend Contin Arcuri C. Clinical management in extraction
Educ Dent. 2008 Jan-Feb;29(1):12-20; quiz cases using palatal implant for anchorage. J
1, 30. Orthod. 2004 Dec;31(4):288-94.
12. Wehrbein H, Gollner P. Skeletal
anchorage in orthodontics--basics and
90

Capítulo 11
Caroline Martins Gambardela Tkacz
Profª. Dra. Daniela Gamba Garib
Profº. Dr. Guilherme Janson

Mecânica de retração com mini-implantes


91

Esse tipo de movimento está entre os Indicações


mais indicados para a utilização de mini- Os mini-implantes podem ser
implantes, pois faz parte da terapia indicados para indivíduos com necessidade
convencional ortodôntica o tratamento com de ancoragem máxima como, por exemplo,
extrações. Existem inúmeras formas de se a biprotrusão, pacientes não colaboradores,
proceder à retração do segmento anterior: com unidade de ancoragem comprometida
em bloco ou separadamente, com fios por sequelas de problemas periodontais,
segmentados ou contínuos, porém, a perda por presença de reabsorção radicular ou
de ancoragem é uma preocupação número reduzido de dentes, necessidade de
constante. (1) movimentos complexos ou impossíveis para
os métodos tradicionais de ancoragem. (3-
Retração inicial de caninos e retração em
5)
massa
Posição do parafuso e do gancho
A retração inicial de caninos é um
As alturas da instalação do parafuso
movimento realizado no inicio da mecânica
e do gancho influenciaram
de extrações para aliviar o apinhamento na
significantemente a linha de ação da força
região anterior, possibilitando o alinhamento
utilizada na retração devem ser escolhidas
sem aumento do comprimento do arco. A
de acordo com o movimento desejado dos
retração em massa é o fechamento dos
incisivos. Para calcular a altura do gancho,
espaços das extrações distalizando-se todo
mede-se a distância do arco até o centro da
o segmento anterior de uma só vez e é
cabeça do mini-implante. A melhor posição
realizada ao final do nivelamento com o fio
ântero-posterior para o parafuso na retração
retangular. Ambos os movimentos têm
anterior é entre o primeiro molar e o
como características a força empregada no
segundo pré-molar, pois não interfere com o
sentido ântero-posterior e, portanto, estão
movimento; na maioria das vezes, há osso
relacionados com a perda de ancoragem e
disponível e fica próximo dos dentes que
o resultado final. Quando se almeja esse
serão movimentados. (1-3, 6, 7) No sentido
tipo de movimento com ancoragem máxima,
cervico-oclusal, a escolha é dependente da
no método consagrado é utilizada no arco
disponibilidade de osso, mecânica que será
inferior a placa lábio ativa e no arco superior
empregada e tipo de mucosa.
a barra transpalatina e o aparelho extra-
bucal, esses são eficientes, porém, Na mecânica do arco contínuo é
volumosos e requerem a colaboração do interessante deixar a cabeça do parafuso
paciente. (2) próxima ao fio ortodôntico, para que a força
exercida seja a mais horizontal possível,
92

evitando – se os vetores verticais que


podem causar atrito durante o deslize.
Favorecendo assim o controle da
sobremordida através da variação de
direção da linha de força. Para a obtenção
das mecânicas de tração baixa ou alta,
necessita-se colocar os mini-implantes
muito baixos (próximo à crista óssea) ou
muito altos (em mucosa alveolar). Para
Figura 1: Instalação alta do parafuso
evitar uma intervenção mais invasiva em
mucosa alveolar ou risco de instabilidade e Instalação média

perda, pode-se controlar a linha de força, A cabeça localiza-se entre 8 e 10 mm

durante a retração através da modificação do fio. Com o mini-implante nessa altura e

na altura do gancho soldado ao arco na os ganchos anteriores localizados entre 6 e

região anterior. (1, 8) 7 mm do fio, poucos vetores verticais são


gerados, mantendo desta forma a inclinação
Existem três posições:
do plano oclusal, permite movimento maior
1. Instalação alta
de coroa do que de raiz. Está indicado para
A cabeça está posicionada mais
os casos que apresentam trespasse vertical
próxima à linha muco-gengival, 10 mm ou
e a linha do sorriso próximos ao normal,
mais acima do fio ortodôntico, o gancho
faixa estreita de gengiva inserida no
está abaixo da altura do mini-implante ou
segmento posterior ou com presença do
usa-se o gancho do braquete do canino.
seio maxilar baixo.
Essa posição gera vetores verticais que
tendem a intruir os dentes anteriores, girar o
plano oclusal no sentido anti-horário. Por
esse motivo, está indicado para pacientes
que apresentam sobremordida aumentada,
ou seja, extrusão dos dentes
anterossuperiores e exposição gengival
demasiada. Além disto, nestes casos,
recomenda-se a instalação de um ou dois
mini-implantes na região anterior, para Figura 2: Instalação média do parafuso
evitar a inclinação lingual dos incisivos
2. Instalação baixa
durante a retração. (2, 6, 8)
93

A cabeça do parafuso está próxima ao fio, dos molares e pré-molares para posicionar
menos de 8 mm e os ganchos anteriores o parafuso no local ideal. Recomenda-se
localizados entre 6 e 7 mm do fio. Essa que o dispositivo comece a ser utilizado
mecânica provoca a extrusão dos dentes logo após sua instalação, caso os mini-
anteriores e rotação do plano oclusal no implantes forem inseridos no começo do
sentido horário. Está indicado para tratamento e só forem utilizados na fase de
pacientes com tendência à mordida aberta retração, ficarão meses sujeitos a
anterior. problemas, sem necessidade. A retração
anterior poderá ser iniciada no mesmo dia
da instalação do mini-implante, pois a
estabilidade se dá por retenção mecânica e
não por osteointegração. (2, 3)

Quanto mais próximo da coroa,


menor é o espaço ósseo entre as raízes. É
comum a necessidade de inclinar para
mesial a raiz do segundo pré-molar e/ou

Figura 3: Instalação alta do parafuso inclinar para distal a raiz do primeiro molar
para propiciar o espaço mais próximo à
Há na literatura métodos de controlar
crista óssea. Esse procedimento
os vetores de força por meio da altura do
previamente à instalação dos mini-implantes
gancho na região anterior. (3)
e direcionar o parafuso obliquamente para

Preparando o espaço apical com inclinação de 30º a 40º na

A partir do momento em que se maxila e de 10º a 20º na mandíbula são

planejam utilizar os mini-implantes como artifícios para solucionar a falta de espaço.

ancoragem na retração, deve-se ficar atento Permitindo assim que o parafuso penetre

para o espaço existente entre os molares e em uma área de maior volume ósseo entre

os pré-molares. Quando o parafuso for as raízes e propiciará maior contato do

utilizado para a retração inicial dos caninos, parafuso com a cortical, mantendo também

o espaço deve ser prontamente disponível e a cabeça mais próxima ao fio. Quando a

às vezes, a posição possível pode não ser a instalação do parafuso for muito apical na

ideal. Entretanto, se os mini-implantes serão maxila deve – se ter um direcionamento

utilizados somente para a retração em mais perpendicular, para evitar áreas do

massa dos dentes anteriores, há tempo seio maxilar.

para se preparar o espaço entre as raízes


94

Ponto de aplicação e intensidade de Durante a fase de fechamento de


força espaços, há uma tendência de abertura da
Esta varia para cada tipo de movimento. mordida na região de pré-molares, por
A força empregada difere para a retração deflexão do fio, que pode gerar uma
inicial de caninos e a retração anterior. Na angulação indesejada da coroa do canino
retração inicial de caninos, varia de 50g a para distal e angulação dos molares e pré-
100g, enquanto na retração anterior varia molares para mesial. Quanto maior a força
de 150g a 200g, sendo que forças mais de retração utilizada e mais flexível for o fio
intensas entre 200g a 300g também usado, maior será a tendência de abertura
resultam em sucesso sem de mordida lateral. Para controlar a força
comprometimento da raiz ou periodonto. empregada, utilizam-se fios de aço rígidos;
Aplica-se a força de retração diretamente do incorpora-se curva reversa no arco inferior e
mini-implante para o gancho do arco. curva acentuada no superior, durante a fase
Sugere-se o uso de mola de níquel titânio de fechamento de espaço; barra
ou módulos elásticos. Este nível de força é transpalatina; inclusão dos segundos
suficiente para o fechamento de 0,5 a 1,0 molares no arco durante a retração;
mm de espaço por mês, com possibilidade redução do diâmetro do fio nas
de controle adequado dos efeitos colaterais, extremidades. Quando se utiliza mini-
para a mensuração da força utiliza-se o implantes, a curva reversa ou acentuada
dinamômetro. (3) deve ser confeccionada com menor
profundidade e menos proeminente no
Efeitos colaterais
segmento posterior do que nos casos com
Atrito
mecânicas tradicionais, pois, caso contrário,
Conferir no início do tratamento, se
haverá tendência de intrusão dos molares e
não há atrito significativo entre o fio e os
consequente inclinação para vestibular dos
acessórios no segmento posterior. Caso
mesmos.
isso ocorra, além da retração anterior
poderá haver distalização e intrusão do A figura abaixo do lado esquerdo ilustra a
segmento posterior ou eventualmente até a retração anterior em massa ao início e a do
perda do parafuso, devido à força excessiva lado direito mostra que após quatro meses
nesse processo de movimentação de todos o pré-molar e molar sofrerão discreto
os dentes. Se houver atrito significativo, movimento de intrusão e para distal no
sugere-se desgastar a extremidade do fio decorrer da mecânica. (2, 3)
para favorecer a mecânica. (3)
Controle da sobremordida
Abertura de mordida lateral
95

A sobremordida tende a aumentar período de aplicação de força, ou seja, por


durante a fase de retração anterior podendo definição, um sistema de ancoragem
levar a um contato da face incisal dos ortodôntica rígida. (7) Os mini-implantes
incisivos inferiores com a face palatina dos provaram serem eficientes como reforço de
incisivos superiores, antes do fim da ancoragem intraoral para a retração em
retração. Não adianta aumentar a força e massa e intrusão dos dentes anteriores da
sim corrigi-la antes de continuar a fase de maxila. Não houve perda de ancoragem
fechamento de espaço. tanto no sentido horizontal (anteroposterior)
como no vertical comparado com métodos
Controle da inclinação vestíbulo-lingual
de ancoragem convencionais. (10)
dos incisivos
Assim como na retração Referências:
convencional ocorre à inclinação para 1. Janson M, Sant´Ana E, Vasconcelos
W. Ancoragem esquelética com
palatina ou lingual dos incisivos. Para
miniimplantes: incorporação rotineira da
prevenir esta tendência de inclinação, pode técnica na prática ortodôntica. Rev Clin
Ortodon Dental Press. 2006;5(4):85-100.
ser aplicado um momento de força no
2. Janson M. Ortodontia em Adultos e
sentido contrário por meio de um torque Tratamento Interdisciplinar Maringá: Dental
Press Editora; 2008.
vestibular de coroa nos incisivos, utilizar fio
3. Marassi C, Marassi C. Mini-implantes
0.021’’ x 0.025’’ para preencher a canaleta ortodônticos como auxiliares da fase de
retração anterior. R Dental Press Ortodon
ou instalar aparelhos pré-ajustados
Ortop Facial. 2008;13(5):57-75.
apresentam torque extra nos incisivos 4. Marassi C. Carlo Marassi responde
Parte II. Rev Clin Ortodon Dental Press.
superiores, como por exemplo as
2006;5(5):14 - 26.
prescrições Roth e MBT. (3, 9) 5. Marassi C. Carlo Marassi responde
Parte I. Rev Clin Ortodon Dental Press.
Perda de ancoragem 2006;5(4):13 - 25.
6. Gurgel JA, Pinzan-Vercelino CRM,
A perda de ancoragem durante a Bramante FS. Approaches of orthodontic
retração de caninos com e sem mini- biomechanics using mini-implants.
Orthodontic Science and Practice.
implantes foi avaliada e demonstrou-se por 2012;5(19):400-9.
meio de sobreposição de telerradiografias 7. Thiruvenkatachari B, Pavithranand A,
Rajasigamani K, Kyung HM. Comparison
que a perda de ancoragem ocorreu no lado and measurement of the amount of
com ancoragem tradicional, evidenciado anchorage loss of the molars with and
without the use of implant anchorage during
pela migração para mesial do molar. No canine retraction. American journal of
lado em que os mini-implantes foram orthodontics and dentofacial orthopedics :
official publication of the American
utilizados, não ocorreu nenhum movimento Association of Orthodontists, its constituent
para mesial. Todos os mini-implantes societies, and the American Board of
Orthodontics. 2006;129(4):551-4. Epub
mantiveram sua estabilidade durante todo o 2006/04/22.
96

8. Araújo TM. Ancoragem Esquelética 10. Upadhyay M, Yadav S, Patil S. Mini-


com Miniimplantes. In: Filho RMAL, implant anchorage for en-masse retraction
Bolognese AM, editors. Ortodontia: Arte e of maxillary anterior teeth: a clinical
Ciência. Maringá: Dental Press 2007. p. cephalometric study. American journal of
393-448. orthodontics and dentofacial orthopedics :
9. Brito Jr. VS, Ursi WJS. O aparelho official publication of the American
pré - ajustado: sua evolução e suas Association of Orthodontists, its constituent
prescrições. R Dental Press Ortodon Ortop societies, and the American Board of
Facial. 2006;11(3):104 - 56. Orthodontics. 2008;134(6):803-10. Epub
2008/12/09.
97

Capítulo 12
Daiana Conceição Broll
Profª. Dra. Daniela Gamba Garib
Profº. Dr. Guilherme Janson

Mesialização de dentes posteriores em casos de


agenesia ou perdas dentárias
98

Indicações Fechamento de espaços devido a


Existem inúmeras indicações para a agenesias:
mesialização dos dentes posteriores, dentre É comum em pacientes jovens, que
elas destacam-se: chegam para tratamento e questionam a
possibilidade de fechar o espaço sem a
necessidade de reabilitação com prótese e
Fechamento de espaços edêntulos
implante. A mesialização de dentes
devido à perda de dentes permanentes:
posteriores ancorados em mini-implante em
Esta é a indicação mais frequente. O
pacientes com agenesias é pertinente
paciente adulto quando chega para realizar
quando esse for objetivo do tratamento.
o tratamento questiona a possiblidade do
Uma vez que em pacientes muito jovens
fechamento do espaço pela movimentação
com agenesias é evitado à necessidade de
anteroposterior para que não seja
esperar pela reabilitação com implantes
necessária a reabilitação com próteses ou
(JANSON M; SILVA, 2008).
implantes. Logicamente a oclusão do
paciente é que vai definir isso, se nós
podemos perder ou não a ancoragem, a Extrações de dentes permanentes de
oclusão que vamos manter na relação prognóstico duvidoso:
anterior, a presença de desvios da linha No planejamento de um caso, muitas vezes
média em relação ao plano médio da face, o ortodontista se depara com dentes que
dentre outras situações que vão ser precisam se extraídos por motivos
avaliadas no planejamento. Quando objetivo odontológicos. Quando oportuno, o paciente
do tratamento for o fechamento dos pode ser beneficiado com o fechamento do
espaços pela mesialização dos dentes espaço pela mesialização dos outros dentes
posteriores, esses questionamentos tem posteriores, preservando os dentes
menos importância, pois podemos preservar saudáveis e eliminando a necessidade de
a oclusão do paciente e o movimentar os próteses e implantes (JANSON M; SILVA,
dentes posteriores para mesial. Nesse tipo 2008).
de tratamento, temos outras questões
importantes além da oclusão, como o osso
Tratamento da classe II por mesialização
onde os dentes serão movimentados, o
dos dentes inferiores:
nível das cristas ósseas, a anatomia das
Quando o tratamento está envolvendo o
raízes dentre outras considerações que
arco inferior. O ortodontista tem a
serão relatadas detalhadamente durante o
possibilidade de posicionar o canino em
capitulo (JANSON M; SILVA, 2008,
classe I e mesializar todo bloco posterior
SCARDUA, 2011; ARAÚJO et al., 2006).
99

apoiado em mini-implante. Isso leva a uma Figura 2. Rebordo atrófico: A) Atrofia no


relação oclusal de classe I sem que haja sentido vestíbulo-lingual; B) Atrofia na altura
movimentação dos dentes superiores. do rebordo alveolar.
Tendo um prognóstico preciso, pois não
depende da colaboração do paciente
Na movimentação mesial dos dentes
(JANSON M; 2013).
posteriores em rebordos atróficos, o
ortodontista precisa estar ciente de como
Fatores envolvidos no diagnóstico estes se comportam durante a
Quando forem realizados mesialização. Primeiramente é importante a
movimentos de mesialização dos dentes avaliação da qualidade e da quantidade da
posteriores apoiados em mini-implantes gengiva nos dentes que serão
alguns fatores devem ser considerados, movimentados. É seguro constar com a
como: presença de gengiva de espessura de 1 a 2
mm e uma faixa de gengiva ceratinizada de
pelo menos 2 mm na vestibular da raiz
Condições periodontais
mesial dos dentes que serão
A presença do osso alveolar é
movimentados. Quanto maior a quantidade
justificada enquanto os dentes estiverem
e a qualidade da gengiva maior é a
presentes. Quando o dente é perdido o
estabilidade do periodonto em relação a
osso alveolar não apresenta mais função e
possíveis recessões. O periodonto
o rebordo se atrofia, no sentido vestíbulo-
acompanha o movimento do dente, portanto
lingual e em altura (JANSON M; SILVA,
após a movimentação as cristas ósseas
2008), (Figura 2).
estão preservadas, o nível ósseo e gengival
se mantém intactos. Ao final, o dente
ocupará o lugar do rebordo atrófico sem
prejuízo ao seu periodonto. Essas
condições periodontais devem ser avaliadas
em qualquer situação que envolva a
mesialização de dentes posteriores
(JANSON M; SILVA, 2008, SCARDUA,
2011; ARAÚJO et al., 2006).
100

Anatomia das raízes Tempo de tratamento, foco do paciente e


É interessante ao escolhermos os idade
dentes que serão mesializados avaliar a Mesialização de molares são
anatomia dessas raízes. Quanto mais fechamento de 12 a 15mm com ancoragem
cônica a anatomia da raiz maior a tendência esquelética prolongando o tempo de
de inclinação da coroa para mesial e tratamento, em média 1 ano, desde que
também de sofrer extrusão, principalmente todas as condições sejam favoráveis. O
os dentes superiores. Então se o dente que movimento de segundos e terceiros
será mesializado apresentar raiz cônica e o molares, com ancoragem esquelética são
espaço que será fechado for muito grande é de aproximadamente de 0,5mm/mês.
mais previsível preparar o espaço para a Portanto quando o foco do paciente em
reabilitação com implante e prótese. relação ao tratamento for o tempo é mais
Levando em consideração que as indicado realizar a reabilitação com
extrusões, principalmente de dentes implantes que tomaria um tempo menor e
superiores são de maior dificuldade de com um custo equivalente. Em pacientes
manejo. Quanto mais divergente as raízes jovens esse movimento pode ser mais
maior a estabilidade em relação às rápido que em paciente com mais idade.
inclinações e as extrusões que eles podem Quanto mais idade tiver o paciente mais
sofrer, embora possa aumentar um pouco o difícil à movimentação, menor a quantidade
tempo de tratamento (JANSON M.,2013; de gengiva e maior a expectativa por
SCARDUA, 2011). tratamentos mais curtos e simplificados
(JANSON M; SILVA, 2008, SCARDUA,
2011; ARAÚJO et al., 2006).
Oclusão posterior
Quando vamos proceder com a
mesialização é importante avaliar qual será Domínio da mecânica
a posição final de contato dos dentes A mesialização de molares é
posteriores. A mesialização pode ser considerada um movimento de corpo e é
realizada somente no arco inferior ou só no mais bem conduzida quando as raízes
arco superior, desta forma se não for bem estão verticalizadas. A movimentação deve
planejado, pode ocorrer do dente ser realizada em fios retangulares de calibre
antagonista ficar sem suporte e com o 0,18” x 0,25”, uma vez que fios mais
tempo sofrer extrusão (JANSON M.,2013; pesados podem atrapalhar o deslize do
SCARDUA, 2011). braquete no fio. Por ser um movimento
muito extenso há uma tendência de
inclinação mesial e extrusão dos molares,
101

podendo levar a abertura da mordida e a oclusal, pois assim diminui o efeito intrusivo
toques prematuros (JANSON M; SILVA, na mesial do molar e consequente sua
2008). Portanto para evitar os efeitos inclinação (JANSON M; SILVA, 2008;
colaterais da movimentação é necessário LADEIA, 2011), (Figura 4).
estabelecer um protocolo:

Locais de inserção: Os mini-


implantes devem ser inseridos entre
caninos e primeiro pré-molar ou entre
primeiro e segundo pré-molar, por
vestibular. Quando não apresentar espaço
suficiente entre as raízes uma opção seria a
instalação no espaço edêntulo (Figura 3). É
recomendado, sempre que possível a
instalação de 1 mini-implante por palatina
ou lingual para que , durante a mesialização
dos elementos dentários, tenha-se maior
Figura 4. Linha de ação de força: A)
controle de rotações (JANSON M; SILVA,
Instalação do mini-impalnte mais para
2008; ARAÚJO et al., 2006).
oclusal gerando uma linha de ação de força
horizontal, evitando a inclinação do molar
durante a movimentação. B) Linha de ação
de força com efeito intrusivo do molar
durante a mesialização, maior tendência à
inclinação.

Braço de força: uma alternativa que


facilita a mecânica é a incorporação de um
braço de força por vestibular ou por lingual
Figura 3. Locais de instalação: A) Na estendendo-se apicalmente, diminuindo a
vestibular entre primeiro e segundo pré- tendência de inclinação do dente durante a
molar; B) Entre o canino e o primeiro pré- mesialização (JANSON M; SILVA, 2008;
molar; C) em espaço edêntulo. LADEIA, 2011), (Figura5).

Linha de ação de força:


preferencialmente o mini-implante, deve ser
instalado o mais próximo possível do plano
102

de movimentação, todas as opções devem


ser expostas ao paciente e o planejamento
deve levar em consideração o desejo do
paciente (JANSON M, 2010).

Figura 5. Aplicação de um braço de força


Referências
para permitir uma linha de ação de força
1. Janson M, Silva AF. Mesialização de
horizontal, diminuindo a tendência da molares com ancoragem em mini-
implantes. Rev
inclinação da coroa para mesial durante a
2. Dental Press Ortod Ortop Facial.
movimentação; Confeccionado com fio 2008;13(5):88-94.
3. ARAÚJO, T. M. ; NASCIMENTO, M. H.
retangular aço 0,19” X 0,25” ou 0,21” X
A.; BEZERRA, F.; SOBRAL, M. C. R.
0,25”. Anocoragem esquelética em ortodontia
como minimplantes. Dental
Conclusão PressOrtodon Ortop Facial 127 Maringá,
v. 11, n. 4, p. 126-156, jul./ago. 2006.
A mesialização de molares apoiada 4. Scardua MT. Protocolo para
em mini-implantes é um recurso muito útil mesialização de molares inferiores com
mini-implantes. Rev Clín Ortod Dental
na clínica, pois permite o fechamento de Press. 2011 ago-set;10(4):95-106.
espaços sem a necessidade da reabilitação 5. Livros Mini-implantes: Um Guia Teórico-
prático de Instalaçãoe Biomecânica ao
com prótese e implante. Além do mais, o ortodontista e implantodontista. Ladeia,
movimento dos dentes posteriores é L.; Ladeia, L.E.; Editora:
JEFTE LIVROS; Ano de Edição: 2011;
realizado com ancoragem máxima anterior, Nº de Páginas: 411.
ou seja, sem comprometer a oclusão 6. Publicado em 14/06/2013,
http://www.youtube.com/watch?v=52fKR
anterior, mantendo a relação de classe I FwlqIA
desejada. Nesse video, o Dr. Marcos Janson
discorre sobre a mesialização de dentes
No entanto o movimento demanda maior posteriores com ancoragem
esquelética.
tempo de tratamento, a mecânica pode
induzir efeitos colaterais, além das 7. Ortodontia em Adultos e Tratamento
Interdisciplinar- 2ª Ed. Autor:
condições periodontais que devem ser Marcos Janson Ediçao: 2a / 2010
avaliadas. Quando for planejado este tipo
103

Capítulo 13
Karine Vaz Laskos Sakoda
Profª. Dra. Daniela Gamba Garib
Profº. Dr. Guilherme Janson

Verticalização de molares com mini-implantes


104

Atualmente, a quantidade de prolongada de dentes decíduos,


pacientes adultos que procuram tratamento crescimento deficiente do ramo mandibular,
ortodôntico, previamente a tratamentos comprimento do arco reduzido6,8 e
reabilitadores oclusais, é muito alterações no trajeto de irrupção9.
significativa1,2. Quando ocorre a perda de É importante diagnosticar essa
um elemento dentário e o espaço resultante condição precocemente para que o
não é restaurado, os dentes mais tratamento possa ter início em época
posteriores tendem a migrar para mesial e adequada, para evitar complicações como
os dentes mais anteriores para distal, cáries, doença periodontal ou reabsorção
criando uma situação crítica que envolve radicular do primeiro molar adjacente8,10.
diversas características, como: modificação Acredita-se que a época de tratamento ideal
da anatomia óssea na mesial dos molares, seja no início da adolescência, quando a
onde a inclinação leva para um ponto mais formação das raízes do segundo molar
apical sua inserção conjuntiva e esta leva ainda está incompleta7.
consigo a crista óssea; retenção de placa As inclinações dos dentes posteriores
na mesial do molar devido ao difícil acesso não permitem uma adequada distribuição
durante a escovação; áreas de impacção das cargas axiais das forças de oclusão,
alimentar na região entre os dentes mais estando associadas a perdas ósseas e
anteriores à ausência; cáries nas problemas periodontais1. Outros fatores
superfícies de contato distal do segundo associados à inclinação de dentes
molar; extrusão do dente antagonista; posteriores são o aparecimento de defeitos
diminuição do espaço edêntulo e colapso ósseos verticais e bolsas infra-ósseas na
oclusal (quando as perdas são bilaterais)3. região mesial dos molares10-12, contatos
Já a impacção do segundo molar prematuros em relação cêntrica,
permanente é uma anomalia dentária interferências oclusais nos movimentos de
relativamente rara, com uma incidência de látero-protrusão, além de dificultar a
aproximadamente 3:10004. Ocorre com confecção de prótese quando a inclinação é
maior frequência na mandíbula, excessiva10-13. A verticalização do molar
unilateralmente, e o molar normalmente para a sua correta posição leva à
encontra-se mesioinclinado5. normalização da situação oclusal funcional
Vários são os fatores etiológicos e periodontal, possibilitando o
relacionados à impacção dos segundos posicionamento das raízes perpendicular ao
molares, como hereditariedade6, plano oclusal, de forma que resista melhor
malposicionamento do germe dentário, às forças oclusais11,12.
lesões patológicas localizadas6,7, retenção
105

O fator que pode desencadear no sentido oclusal20. Esse efeito é bastante


resultados desfavoráveis na verticalização desejável quando há presença de defeito
de molares é a inflamação presente na ósseo na mesial do molar. A consequência
área. Diversos trabalhos14-16 relatam que, na indesejável é que, devido à extrusão, ocorre
presença de inflamação, a relação osso prematuridade oclusal durante o movimento
alveolar - junção cemento/esmalte pode não e o dente tem de ser desgastado. Embora
ser mantida, resultando na perda de possa parecer um procedimento invasivo, o
inserção, com aumento da proporção desgaste favorece a relação coroa-raiz e,
coroa/raiz, podendo ainda criar ou agravar principalmente em dentes com
problemas de furca em dentes envolvimento periodontal, restabelece uma
mutirradiculares. Por isso, a terapia situação de equilíbrio. Quando o dente
periodontal prévia ocupa papel de extrema envolvido apresentar situação de
importância nessas situações, pois, o normalidade, com o periodonto íntegro,
preparo inicial, com redução ou eliminação esforços devem ser realizados para se
total da inflamação, condiciona a resposta evitar a extrusão dentária e o consequente
favorável que pode ser atingida com o desgaste oclusal. Para isso, diversas
movimento ortodôntico17,18. mecânicas têm sido propostas18.
Várias abordagens têm sido Recentemente, Park Kyung e Sung21
propostas para verticalização de molares descreveram a verticalização de molares
inclinados. Com o advento da utilização dos com ancoragem em mini-implantes na área
mini-implantes para ancoragem ortodôntica retromolar, e Yun, Lim e Chun22 relataram o
os procedimentos de verticalização de uso de ancoragem indireta de um mini-
molares se tornaram mais simples com implante inserido na mesial do molar
resultados mais previsíveis. Por não haver inclinado.
necessidade da utilização de outros dentes Segundo Lee et al.19 (2007), o uso de
como ancoragem, efeitos indesejáveis são ancoragem direta com mini-implantes para
mais bem controlados10-12,19. a verticalização de molares apresenta as
A escolha da mecânica a ser usada seguintes vantagens:
depende de vários parâmetros, incluindo - requer somente um mini-implante e um
características anatômicas da região de acessório, minimizando o desconforto do
instalação dos mini-implantes e até mesmo paciente;
do padrão facial do paciente2. Na ocorrência - o procedimento pode ser realizado em
de extrusão dentária, desde que haja saúde uma única sessão, não necessitando de
periodontal, tanto o osso alveolar quanto o moldagens ou trabalho laboratorial;
periodonto tendem a acompanhar o dente
106

- o design simples reduz o tempo de cadeira sistema biomecânico se torna mais


comparado a procedimentos mais complexo.
complexos de ancoragem indireta; Park, Kyung e Sung21 (2002)
- a aplicação direta de força no dente alvo introduziram o método de verticalização de
elimina a possibilidade de movimentos segundos molares utilizando mini-implantes.
indesejados da unidade de ancoragem, que Os autores descreveram três casos clínicos
podem ocorrer com a ancoragem indireta nos quais a instalação dos dispositivos foi
com mini-implantes como resultado de erros realizada na área retromolar. Segundo os
técnicos na colagem passiva dos bráquetes autores, a técnica permite que molares
ou falhas na establilização do mini-implante superiores e inferiores sejam facilmente
com a unidade de ancoragem; verticalizados.
- se o mini-implante for inserido na área de Da mesma forma, Giancotti et al.23
pré-molares, a verticalização do molar pode (2003) e Giancotti, Arcuri e Barlattani5
ser realizada sem a extração do terceiro (2004) realizaram a verticalização de
molar, eliminando a necessidade de espera segundos molares impactados com mini-
da cicatrização no local da extração. implantes instalados na região retromolar e
Os mesmos autores19 descreveram utilização de molas fechadas de níquel-
algumas limitações da técnica de titânio (Figura 1). Para Giancotti, Arcuri e
ancoragem direta com mini-implantes na Barlattani5 (2004), a colocação de mini-
verticalização de molares: implantes na região retromolar apresenta
- em casos de inclinação lingual ou molares vantagens biomecânicas relevantes,
rotacionados, a aplicação de uma única permitindo a aplicação de forças distais ao
força pode ser insuficiente para verticalizar centro de resistência do segundo molar e
o dente. A aplicação sequencial de facilitando o controle vertical durante a fase
diferentes sistemas de força pode ser de extrusão do tratamento. O uso de molas
necessária, envolvendo modificações nos de níquel-titânio oferece benefícios
dispositivos e mecânicas mais complexas. A adicionais, pois a reativação do sistema é
movimentação do segundo molar deve ser desnecessária, reduzindo, assim, o
monitorada cuidadosamente, porque o desconforto do paciente, o tempo de
momento de verticalização pode causar cadeira e o número de consultas.
inclinação em direção vestibular ou lingual;
- a aplicação direta de mini-implantes não é
indicada em casos de molares extruídos.
Quando a intrusão do molar é necessária, o
107

Figura 1 – Aplicação de 50 gramas de força


para verticalização de molar impactado.
Figura 2 – Verticalização de molar
Fonte: Giancotti; Arcuri; Barlatanni, 2004.
impactado com o auxílio de elástico em
corrente.
Di Matteo, Villa e Sendyk1 (2005),
Fonte: Martino; Hernández, 2013.
Martino e Hernández8 (2013) e Allgayer et
al.9 (2013) realizaram a verticalização de
De acordo com Ladeia Jr. e Ladeia24
molares unindo esses elementos dentários
(2010), o elástico em corrente, quando
ao mini-implante por meio de elástico em
associado à verticalização de molares com
corrente (Figura 2). A força aplicada pelos
mini-implantes inseridos na região
primeiros autores variou entre 150 a 200
retromolar, pode ser passado pela oclusal
gramas, enquanto que no caso clínico
do dente em questão, quando um vetor de
apresentado pelos segundos autores, 50
força intrusivo é requerido durante o
gramas de força foram aplicados. Nos três
movimento, podendo, ainda, ser associado
casos, os mini-implantes foram instalados
a uma canaleta na oclusal do dente para
na região retromolar.
estabilização do elástico, quando se tratar
de um elemento protético (Figura 3).
108

extração do terceiro molar. Tecido mole


sobrejacente espesso e pouca
acessibilidade do local de inserção podem
também impedir a instalação do mini-
implante. Nesse caso, o mini-implante pode
ser inserido no osso alveolar vestibular, à
mesial do dente em questão2,11,12,19. Além
disso, segundo Sohn et al.10 (2007), a
Figura 3 – Desenho esquemático da
inserção de mini-implante na região distal
verticalização de molar em mesioversão por
do molar pode ser raramente aplicada no
mini-implante retromolar associado a
arco maxilar.
elástico em corrente por oclusal.
Vários autores descreveram a
Fonte: Ladeia Jr.; Ladeia, 2010.
verticalização de molares com ancoragem
direta em mini-implantes instalados no osso
Segundo Martino e Hernández8
alveolar vestibular. Lee et al.19 (2007)
(2013), a instalação de mini-implantes
descreveram uma técnica para
nessa região pode ser vantajosa para o
verticalização de molares impactados com
tratamento de segundos molares inferiores
inclinação mesial moderada. Os autores
impactados e em casos multidisciplinares,
utilizaram um fio de aço .016” apoiado no
nos quais a verticalização de segundos
mini-implante e inserido no tubo do molar,
molares é necessária para possibilitar a
com uma mola de secção aberta aplicando
realização de procedimentos reabilitadores.
uma força distal (Figura 4).
Outra vantagem significativa é que permite
mecânica segmentada ao invés da
montagem completa do aparelho inferior,
diminuindo o tempo total de tratamento.
Porém, a inserção de mini-implantes
na região retromolar para verticalização de
molares requer que haja espaço suficiente
entre a parede distal do molar e o ponto
Figura 4 – Desenho esquemático de
mais anterior do ramo mandibular para a
dispositivo utilizado para verticalização de
movimentação dentária e boa acessibilidade
molares impactados com fio .016” de aço e
para higiene bucal25. Em um paciente
mola de secção aberta.
adolescente com um terceiro molar em
Fonte: Lee et al., 2007.
desenvolvimento, é possível inserir o mini-
implante na área retromolar somente com a
109

Em 2009, Pithon11 idealizou um Figura 6 – A: mola “M” pré-ativada. B: Mola


dispositivo para verticalização de molares “M” ativada.
inferiores apoiado em mini-implantes, o qual Fonte: Pithon, 2009.
foi denominado mola “M”. Essa mola é
confeccionada com fio retangular de aço ou Ladeia Jr. e Ladeia24 (2010)
titânio molibdênio (TMA). A ativação da demonstraram diferentes sistemas de
mola é feita por meio de dobras de tip back ancoragem direta para verticalização de
no segmento inserido no tubo molar molares, associando alças segmentadas
(Figuras 5 e 6). Segundo os autores, a confeccionadas em fio quadrado. Segundo
utilização da mola “M” é um método simples os autores, as alças segmentadas são
e eficaz na verticalização de molares, alternativas bastante interessantes, pois
proporcionando movimentos variados com proporcionam maior controle de movimento
previsibilidade, principalmente em casos (Figuras 7 a 10).
onde a inserção na mini-implante na região
retromolar é contra-indicada.

Figura 5 – Desenho da mola “M”. Figura 7 – Dois mini-implantes posicionados


Fonte: Pithon, 2009. em área edêntula, mesialmente ao molar,
associado à alça em “L” com loop.
Fonte: Ladeia Jr.; Ladeia, 2010.

Figura 8 – Mola de verticalização associada


a um bráquete colado no mini-implante.
Fonte: Ladeia Jr.; Ladeia, 2010.
110

os autores, ambos os métodos de


verticalização de molares inferiores se
mostraram efetivos.
Ruellas, Pithon e Santos12 (2013)
propuseram a utilização de uma mola de
verticalização de molares apoiada em mini-
Figura 9 – Mola de verticalização de molar implantes feita com fio retangular
apoiada em mini-implante por verstibular. .018”X.025”, de aço ou TMA. A mola é
Fonte: Ladeia Jr.; Ladeia, 2010. ativada por dobras de tip back no segmento
inserido no tubo molar e pela abertura e
fechamento dos loops, de acordo com a
função desejada. Para potencializar o
momento de inclinação das raízes em
direção mesial, quando necessário, um
elástico em corrente deve ser inserido entre
o gancho na distal do tubo e o mini-

Figura 10 – Segmento de fio quadrado .016” implante. Variando o tamanho do gancho,

X .016” , com gancho, inserido na distal do maior ou menor momento e extrusão podem

tubo molar associado a elástico em ser obtidos. Quanto mais longo em direção

corrente. cervical, maior é o momento mesial das

Fonte: Ladeia Jr.; Ladeia, 2010. raízes e maior é a extrusão do molar


(Figuras 11 a 13).

Derton et al.25 (2012) descreveram


dois protocolos clínicos diferentes para
verticalização de molares inferiores
utilizando ancoragem direta em mini-
implantes. No primeiro, um mini-implante foi
inserido na região retromolar e o movimento
de verticalização realizado com o auxílio de
elástico em corrente. No segundo protocolo,
dois mini-implantes foram inseridos em Figura 11 – Desenho esquemático

região mesial ao molar inclinado e a demonstrando a ativação da mola para se

verticalização foi realizada com um obter verticalização pelo movimento distal

cantilever confeccionado com fio TMA da coroa e movimento mesial das raízes.

apoiado nos mini-implantes. De acordo com Para realizar esse movimento, a mola deve
111

ser posicionada com ativação de tip back no


segmento inserido no tubo molar, sem
abertura ou fechamento dos loops. A
intenção é fazer com que o dente rotacione
ao redor do seu centro de resistência.
Fonte: Ruellas, Pithon e Santos, 2013.

Figura 13 – Desenho esquemático


demonstrando a ativação da mola para se
obter verticalização molar com abertura de
espaço. Para realizar esse movimento, o
loop vertical da mola deve ser aberto, de
modo que seja comprimido entre o tubo
molar e o mini-implante, causando a ação
de força em direção horizontal para abrir
Figura 12 – Desenho esquemático espaço. A ativação tip back no segmento
demonstrando a ativação da mola para se inserido no tubo molar também deve ser
obter verticalização com movimento mesial realizada.
das raízes. Para realizar esse movimento, Fonte: Ruellas, Pithon e Santos, 2013.
em adição à ativação de tip back feita no
segmento de fio inserido no tubo molar, Outra opção de verticalização de
deve-se inserir um elástico em corrente do molares é a utilização de ancoragem
gancho da distal do tubo molar até o mini- indireta com mini-implantes. Segundo Melo
implante, e o loop deve ser levemente et al.2 (2011), a ancoragem indireta
fechado (0,5 mm), para potenciar o efeito. A proporciona melhor controle dos efeitos
dobra distal cria um momento de rotação colaterais durante a verticalização do molar
distal da coroa e rotação mesial das raízes. com cantilevers. Porém, esse tipo de
O efeito de movimentação das raízes em ancoragem é passível de falhas
direção mesial é potencializado pela relacionadas a erros técnicos na colagem
colocação de um elástico em corrente no passiva de bráquetes ou a problemas na
gancho distal da mola e a ativação da mola fixação dos dentes de ancoragem ao mini-
previne a coroa de se movimentar em implante19.
direção distal. Yun, Lim e Chun22 (2005)
Fonte: Ruellas, Pithon e Santos, 2013. apresentaram dois casos clínicos nos quais
112

a verticalização de molares inferiores mecânica de cantilever duplo. Desse tubo,


inclinados foi realizada utilizando sai um novo cantilever, que é ativado de
ancoragem indireta em mini-implantes. Os forma a gerar uma força intrusiva no molar
autores ressaltaram a necessidade de que está sendo verticalizado (Figuras 14 a
monitoramento regular do mini-implante, 16).
pois pode haver deslocamento dos dentes
de ancoragem na presença de mobilidade
do parafuso.
Sohn et al.10 (2007) realizaram a
verticalização de molares superiores e
inferiores impactados com ancoragem
esquelética indireta. O tratamento durou,
em média, 6 meses tanto para verticalizar o
molar superior quanto os inferiores.
Concluíram que, com a ancoragem indireta,
molares superiores e inferiores podem ser
facilmente verticalizados, sem a presença
Figura 14 – (A) Segmento de ancoragem
de efeitos indesejáveis.
confeccionado com fio de aço inoxidável
Melo et al.2 (2011) sugeriram opções
.019” X .025”. (B) Detalhe do apoio do fio
de ancoragem indireta para verticalização
de ancoragem sobre a cabeça do mini-
de molares e aplicação de mecânicas com e
implante.
sem controle de extrusão, com mini-
Fonte: Melo et al., 2011.
implantes instalados entre caninos e
primeiros pré-molares. Para estabilização
do segmento de ancoragem, foi utilizado fio
de aço inoxidável .019” X .025” inserido nos
bráquetes dos dentes canino e pré-molares
e apoiado sobre a cabeça do mini-implante.
O momento de força de verticalização do
molar é obtido usando-se um cantilever feito
com fio TMA .017” X ,025”. Em casos onde
deve haver controle de extrusão do molar,
um tubo cruzado deve ser acrescentado ao
fio de ancoragem, entre os pré-molares,
para possibilitar a aplicação de uma
113

Figura 15 – (A) Cantilever pré-ativado e molares com arco segmentado (Figuras 17


posicionado no tubo do molar para gerar e 18).
movimento de verticalização do mesmo. (B)
Sistema de forças gerado ao ativar o
cantilever encaixando-o no fio de
ancoragem.
Fonte: Melo et al., 2011.

Figura 17 – Verticalização de molar por


ancoragem indireta e arco segmentado de
verticalização.
Fonte: Ladeia Jr.; Ladeia, 2010.

Figura 18 – Verticalização de molar por


ancoragem indireta sem bráquetes. Notar
Figura 16 – (A) Mecânica de cantilever cantilever em fio quadrado apoiado sobre o
duplo: cantilevers pré-ativados para gerar segmento de fio nos pré-molares.
movimento de verticalização e força Fonte: Ladeia Jr.; Ladeia, 2010.
intrusiva no molar. (B) Sistema de forças
gerado ao ativar os cantilevers encaixando- Várias são as opções de mecânica
os no segmento de fio de ancoragem. As de verticalização de molares utilizando mini-
setas azuis indicam forças geradas pelo implantes como ancoragem. Contudo, é
cantilever de verticalização e as setas essencial que seja realizado um
verdes pelo cantilever de intrusão. planejamento cuidadoso com avaliação
Fonte: Melo et al., 2011. criteriosa do sistema de forças a ser gerado,
a fim de se obter melhor controle do
24
Ladeia Jr. e Ladeia (2010) movimento desejado e sucesso ao final do
demonstraram diferentes sistemas de tratamento.
ancoragem indireta para verticalização de
114

Referências molar uprighting: description. Dental Press


Journal of Orthodontics. 2013;18(1):45-9.
1. Di Matteo RC, Villa N, Sendyk WR.
13. Ohura R, Kuroda S, Takahashi T,
Movimentação de molares inferiores
Tomita Y, Tanaka E. Efficient usage of
ancorados em mini-parafusos. R Dental
implant anchorage to treat overerupted
Press Ortodon Ortop Facial.
maxillary first molar and mesially inclined
2005;10(4):124-33.
mandibular molars. American journal of
2. Melo ACM, Silva RD, Silva MAD,
orthodontics and dentofacial orthopedics.
Shimizu RH. Verticalização de molares
2011;139(1):113-22.
inferiores com auxílio de mini-implantes:
14. Thilander B. Infrabony pockets and
ancoregem direta e indireta por meio de
reduced alveolar bone height in relation to
cantilever. Jornal ILAPEO. 2011;5(4):141-4.
orthodontic therapy. Seminars in
3. Janson MRP, Janson RRP, Ferreira
orthodontics. 1996;2(1):55-61.
PM. Tratamento interdisciplinar I:
15. Wennstrom JL, Lindhe J, Sinclair F,
verticalização de molares. R Dental Press
Thilander B. Some periodontal tissue
Ortodon Ortop Facial. 2001;6(3):87-104.
reactions to orthodontic tooth movement in
4. Varpio M, Wellfelt B. Disturbed
monkeys. Journal of Clinical Periodontology.
eruption of the lower second molar: clinical
1987;14(3):121-9.
appearance, prevalence, and etiology.
16. Consolaro A. Reabsorções dentárias
ASDC Journal of Dentistry for Children.
nas especialidades clínicas. Maringá: Dental
1988;55(2):114-8.
Press Editora; 2002.
5. Giancotti A, Arcuri C, Barlattani A.
17. Boyd RL, Leggott PJ, Quinn RS,
Treatment of ectopic mandibular second
Eakle WS, Chambers D. Periodontal
molar with titanium miniscrews. American
implications of orthodontic treatment in
Journal of Orthodontics and Dentofacial
adults with reduced or normal periodontal
Orthopedics. 2004;126(1):113-7.
tissues versus those of adolescents.
6. Moyers RE. Ortodontia. 4 ed. Rio de
American Journal of Orthodontics and
Janeiro: Guanabara Koogan; 1991.
Dentofacial Orthopedics. 1989;96(3):191-8.
7. Lau CK, Whang CZ, Bister D.
18. Janson MRP. Ortodontia em adultos
Orthodontic uprighting of severely impacted
e tratamento interdisciplinar. Maringá:
mandibular second molars. American
Dental Press Editora; 2008. 672 p.
Journal of Orthodontics and Dentofacial
19. Lee KJ, Park YC, Hwang WS, Seong
Orthopedics. 2013;143(1):116-24.
EH. Uprighting mandibular second molars
8. Martino F, Hernández R. Uprighting
with direct miniscrew anchorage. Journal of
of a semi-impacted mandibular second
Clinical Orthodontics : JCO.
molar with microimplant anchorage. Journal
2007;41(10):627-35.
of the World Federation of Orthodontists.
20. Janson GRP, Janson MRP,
2013;2:e159-e62.
Henriques JFC. Extrusão dentária com
9. Allgayer S, Platcheck D, Vargas IA,
finalidade protética. Ortodontia. 1995;28:41-
Loro RC. Mini-implants: mechanical
9.
resource for molars uprighting. Dental Press
21. Park HS, Kyung HM, Sung JH. A
Journal of Orthodontics. 2013;18(1):134-42.
simple method of molar uprighting with
10. Sohn BW, Choi JH, Jung SN, Lim KS.
micro-implant anchorage. Journal of Clinical
Uprighting mesially impacted second molars
Orthodontics : JCO. 2002;36(10):592-6.
with miniscrew anchorage. Journal of clinical
22. Yun SW, Lim WH, Chun YS. Molar
orthodontics : JCO. 2007;41(2):94-7.
control using indirect miniscrew anchorage.
11. Pithon MM. Mola "M": um novo
Journal of Clinical Orthodontics : JCO.
recurso para verticalização de molares
2005;39(11):661-4.
inferiores inclinados para mesial. Innov
23. Giancotti A, Muzzi F, Santini F, Arcuri
Implant J. 2009;4(3):103-6.
C. Miniscrew treatment of ectopic
12. Ruellas AC, Pithon MM, dos Santos
mandibular molars. Journal of Clinical
RL. Miniscrew-supported coil spring for
Orthodontics : JCO. 2003;37(7):380-3.
115

24. Ladeia Jr. L, Ladeia LE. Mini- different clinical cases--two case reports.
implantes: um guia teórico-prático de Orthodontics : the art and practice of
instalação e biomecânica ao ortodontista e dentofacial enhancement. 2012;13(1):138-
implantodontista. Nova Odessa: Napoleão; 45.
2010. 412 p.
25. Derton N, Perini A, Mutinelli S,
Gracco A. Mandibular molar uprighting
using mini-implants: different approaches for
116

Capítulo 14
Melissa Lancia
Profª. Dra. Daniela Gamba Garib
Profº. Dr. Guilherme Janson

Intrusão de Dentes Posteriores com Finalidade


Protética e de Correção da Mordida Aberta Anterior
117

Dentre os movimentos induzidos mencionam que o tratamento na fase de


ortodonticamente, o de intrusão é crescimento com bite blocks e AEB tração
1-
considerado um dos mais difíceis de obter alta conseguem equilibrar o crescimento
4
. A mecânica intrusiva convencional, vertical com eficácia, porém após o término
apesar de viável, é complexa, devido à de crescimento a intrusão dos dentes
dificuldade no controle de seus efeitos posteriores se torna um desafio puramente
colaterais. Isso, em grande parte, refere-se ortodôntico, e pelas telerradiografias não é
à dificuldade em se obter uma ancoragem possível observar modificações
satisfatória e torna-se imprescindível a significantes, e geralmente o efeito dentário
necessidade de um adequado planejamento obtido durante a correção da mordida
da ancoragem para o sucesso da terapia aberta anterior é a extrusão de dentes
proposta4. A intrusão dentária representa anteriores. Na intrusão de um único dente a
grande desafio mecânico, pela dificuldade mecânica necessária é puramente
de controle de movimentos indesejáveis nas ortodôntica também.
unidades de ancoragem, pois a força
Diante desse contexto, é de
necessária para obter a extrusão dentária é
conhecimento que os mini-implantes têm
muito menor do que a de intrusão 2. Quando
oferecido uma efetiva ancoragem
comparada à intrusão de dentes anteriores,
esquelética permitindo uma intrusão efetiva,
a intrusão da região posterior é um
através de uma mecânica mais simples,
movimento ainda mais difícil de ser obtido
sem dependência da colaboração do
devido ao maior volume radicular dos
paciente, e com menor comprometimento
molares e pré-molares, o que proporciona
estético 4, 9.
maior reação do osso alveolar e maior
tempo de tratamento 4.
Intrusão de dentes posteriores com
A necessidade de intrusão dos
finalidade protética
dentes posteriores ocorre, principalmente,
Dentes posteriores extruídos são
em função da perda de unidade(s)
achados clínicos comuns na odontologia. O
antagonista(s) ou quando há excesso
reparo tardio de dentes perdidos,
vertical na região posterior, causando
desgastados ou fraturados, leva a extrusão
mordida aberta anterior 5- 7 .
do dente oposto em direção ao espaço
Ng, Major e Flores-Mir (2006)8,
edêntulo que pode levar a mastigação
realizaram uma revisão sistemática para
insatisfatória e desordens
avaliar a efetividade de tratamentos 10
temporomandibulares . Diante desse
realizados para intrusão de molares e
quadro, estaria indicada a recuperação
relataram que trabalhos na literatura
desse espaço vertical para reabilitação.
118

Existem diversas modalidades de positiva, situação a qual será sempre viável


tratamento para essa recuperação de a intrusão dentária, pois haverá um
espaço dependendo da quantidade de reestabelecimento da normalidade da
extrusão dentária10, e se ela é fisiológica ou topografia óssea 1
, tanto para dentes
patológica 1,2. isolados quanto para a intrusão em bloco 2.
Essa extrusão fisiológica de um dente
As soluções convencionais
isolado ocorre geralmente em pacientes que
geralmente incluem: a) nivelamento, com a
tiveram fratura ou desgaste dentário e com
obtenção de resultados limitados, e a
essa perda de contato ao longo do tempo
depender de quantos dentes estão
tende a haver uma extrusão a qual o dente
extruídos poderá não haverá ancoragem
é acompanhado por todo o periodonto com
satisfatória; b) impacção cirúrgica dos
a presença do aumento da faixa de gengiva
dentes extruídos; c) ou desgaste de coroas
ceratinizada, em nível mais baixo do que os
acompanhado de tratamento endodôntico e
dentes adjacentes. Já a extrusão em bloco
cirurgia periodontal 2.
é comum em pacientes com desgaste
Diante de a um dente extruído, é dentário acentuado pelo bruxismo, ou
possivel realização de duas condutas durante a compensação natural da oclusão
diferentes, a de desgaste da coroa dentária presente nos pacientes classe II, divisão II
e de intrusão do dente. Para sabermos se é na região anterior 2.(Fig 1)
possível realizar essa intrusão devemos
observar as radiografias periapicais e
observar se a extrusão dentária foi
fisiológica ou patológica para não agravar
defeitos ósseos, tendo como parâmetros de
normalidade do periodonto, a sua
planificação com o osso plano entre os
dentes e com uma distância da junção
cemento-esmalte de 1mm em pacientes
jovens e chegando a 3 mm em pacientes
adultos 2.

Na extrusão fisiológica, há a
presença de um periodonto íntegro e sadio,
e todo o periodonto acompanha o dente, e a
intrusão do mesmo se torna uma prática
119

Fonte: Janson, 20102

Fig 1A-B Extrusão fisiológica. Fig 1C- Com


a aplicação das forças de intrusão houve
planificação do nível ósseo e da coroa
dentária.
. Fonte: Janson, 20102

Já na ocorrência da extrusão Fig 2(A)- Extusão patológica . (B)- Após


patológica, pode ocorrer em dentes isolados intrusão houve nivelamento das coroas
ou em bloco, e o osso não acompanha o dentárias, porém criou-se defeitos ósseos
dente permanecendo a altura óssea plana, verticais.
e ao intruir o dente causará um defeito
vertical em relação aos dentes adjacentes Intrusão de um único elemento dentário

piorando o quadro periodontal, nesse caso na região posterior:

a conduta mais positiva seria desgastar o Intrusão de um único elemento no arco


dente preservando o nível ósseo. Porém, se superior:
o dente extruiu e ao seu redor já existe um A intrusão de um único dente é
defeito ósseo vertical, a conduta mais indicada para fins protéticos eliminando a
indicada seria a extrusão do dente e o necessidade de redução oclusal ou prótese
desgaste da coroa, promovendo a correção adicional e endodontia 10
. Mas para isso é
do defeito ósseo. Mas existem exceções importante verificar o nível ósseo, qual tipo
para que possa ser feita a intrusão diante de extrusão ocorreu para não agravar
da extrusão patológica, como na situação defeitos ósseos 1,2.
de existência de um defeito ósseo foi
vertical em três paredes (que permite formar Se apenas um dente superior

uma loja óssea para inserção de enxerto necessita de intrusão, dois mini-implantes

ósseo), será indicado a intrusão do dente são necessários, um por vestibular e outro

para ser agravado esse defeito e por palatino da unidade em questão, sendo

proporcionar um maior espaço para a que tanto faz qual deles ficará por mesial ou

realização da regeneração tecidual guiada, por distal 4, essa escolha irá depender da

e uma melhora clínica da exposição da quantidade de osso, e espaço entre as


11
coroa através do seu nivelamento2. ( Fig 2). raízes . Dessa forma a linha de força
passará no centro de resistência do molar.
Os mini-implantes assim dispostos
proporcionam um movimento dentário
vertical controlado e a ativação da força
120

pode ser realizada com elásticos que


podem ser aplicados diretamente sobre
acessórios colados nas faces vestibular e
lingual dos dentes ou de um mini-implante
até outro sempre passando ao centro do
dente para não causar inclinações para
12
mesial ou distal (Fig. 3). É importante
instalar dois mini-implantes para que tenha
um componente de força por palatino para
contrapor a força de vestibularização que
haveria se houvesse somente a força
aplicada desse lado (Fig. 4).
Fonte: Nanda, Uribe 201013

Fig. 4 Importância da instalação de dois


mini-implantes para evitar inclinação pela
aplicação de força em apenas um lado.

Em algumas situações pode ser


requerido o posicionamento de três mini-
implantes para intruir um único elemento
posterior sem ocasionar inclinações
indesejáveis, com dois mini-implantes por
vestibular e um por palatino ou dois por
14
palatino e um por vestibular . Existem
métodos de ancoragem indireta com a
Fonte: Araújo et al., 20084 instalação de apenas um mini-implante,
porém o controle das forças não é efetivo
Fig.3 Disposição dos mini-implantes para a
levando a efeitos colaterais indesejáveis 3.
intrusão de um único elemento dentário.
Intrusão de um único elemento no arco
inferior:
Para a intrusão de um único
molar inferior o mais indicado é a
ancoragem indireta, o primeiro molar ou o
segundo pré-molar inferior pode ser usado
como ancoragem para intruir um dente
121

adjacente, o dente de ancoragem deverá com um nivelamento razoável, deve-se usar


estar unido ao mini-implante através de arcos contínuos (para o fechamento da
colagem de fios retangulares ou fios de mordida aberta) e em casos que
amarrilho e poderá ser utilizado um apresentam extrusão de um grupo de
nivelamento que se estende do dente de dentes por perda de antagonistas,
ancoragem até o dente em questão a ser resultando em alteração do plano oclusal, o
intruído com dobra de intrusão em fio segmento extruído deve ser movimentado
retangular TMA 0,017”x 0,025” com torque com a utilização do arco segmentado, e
palatino de coroa para prevenir a inclinação após a intrusão é que os elementos serão
vestibular que pode ocorrer devido à força incluídos em um nivelamento contínuo. Em
de intrusão aplicada na vestibular3 (Fig. 5). ambos os casos, é recomendável a fixação
de segmento de arco também por palatino,
proporcionando maior controle da
movimentação vertical. Além da utilização
de fios segmentados nos braquetes colados
por vestibular e lingual, pode ser feita a
união dos dentes através de segmentos de
fio por oclusal ou vestibular e palatino. Os
3
Fonte: Park, 2009 mini-implantes podem ser instalados um por
vestibular e outro por palatino entre os dois
Fig.5 - Ancoragem indireta para intrusão do
dentes a serem intruídos, ou um por
segundo molar inferior com uso de fio
vestibular e outro por palatino, sendo um na
retangular (TMA) com degrau de intrusão e
mesial e outro na distal do primeiro molar
torque vestibular de raiz.
para a intrusão de três dentes. Elásticos
Intrusão dois ou mais dentes na região corrente ou intermaxilares podem passar
posterior superior: pela oclusal, assim como elásticos

Intrusão de dois ou mais dentes na individuais do mini-implante ao segmento de

região posterior superior: arco por vestibular e palatino 4, 15.

Para associar mais de um dente ao O mini-implante pode suportar forças


movimento de intrusão, alguma forma de variando de 300gr a 400 gr assim dois até
unir estes elementos deve ser aplicada, pois três dentes posteriores podem ser
devem ser intruídos em bloco, através da eficientemente intruídos com apenas dois
utilização de arcos contínuos ou mini implantes inseridos na região vestibular
segmentados, para a posterior aplicação de entre segundo pré-molar e primeiro molar
forças. Quando os dentes encontram-se superior e outro na região palatina entre o
122

primeiro e segundo molar ( ou vice-versa), segmentos de fio fixados por braquetes


assim o centro de resistência estará colados por vestibular e palatino (A, B, C),
passando abaixo do ponto de contato ou colados diretamente nessas superfícies
próximo ao molar e levará a intrusão do (D), ou fixados sobre a superfície oclusal (E,
segmento todo sem a necessidade de um F), com elásticos passando pela oclusal (C-
mini-implante adicional 4 ( Fig. 6). Porém, a F) ou do mini-implante ao segmento de fio
quantidade de mini-implantes para intruir os (A, B).
dentes pode ser variável dependendo da
região anatômica e dos dentes a serem
intruídos, variando de dois a quatro mini-
implantes. No caso da intrusão de mais de
três dentes na região posterior poderá ser
instalado três mini-implantes um por
Fonte: Araújo et al., 20084
vestibular entre primeiro molar e segundo
pré-molar e dois por lingual (ou vestibular) Fig. 7 -Intrusão de mais de três dentes
entre canino e primeiro pré-molar e outro na posteriores. Mini-implante por vestibular e
distal do segundo molar superior (ou palatino para contrapor as forças
palaino) 4,15 ( Fig 7). vestibulares.

Para todos os casos de intrusão. o


mini-implante deve ser inserido o mais
apical possível, respeitando a faixa de
gengiva ceratinizada. Se a região
apresentar espaço suficiente entre as
raízes, este deve ser inserido com
angulação de 30° a 40° na maxila e 20° a
10° na mandíbula em relação ao longo eixo
da raíz, porém se a região de inserção for
muito apical invadindo a mucosa alveolar,
deve-se colocar um amarrilho no mini-
implante, pois haverá invasão de tecido que
o qual o cobrirá, e a inserção deverá ser
perpendicular raíz para evitar os limites do
Fonte: Araújo et al., 20084
seio maxilar. As forças relatadas para
Fig. 6- Diferentes formas de intrusão em intrusão na literatura para intrusão de um
grupo dos dentes posteriores, com molar é em torno de 100gr a 150gr para um
123

molar ou dente posterior e 300gr para um Uso de mini-implantes e miniplacas para


grupo de dentes posteriores (dois ou três) intrusão de molares com finalidade de
4,13
. fechamento da mordida aberta anterior:
É possível obter a intrusão em
Intrusão de dois ou mais dentes na
bloco dos dentes posteriores com mini-
região posterior inferior: 3,4,13
implantes e miniplacas . Diversos
No arco inferior, a colocação do
estudos têm sido realizados com utilização
mini-implante no lado lingual, embora
desses dispositivos na maxila e mandíbula.
desejável para o controle de torque, causa 7
Kuroda e colaboradores (2007)
bastante desconforto ao paciente, nesse
compararam os efeitos da correção da
caso mesmo a intrusão sendo unilateral,
mordida aberta anterior obtida através da
pode-se utilizar a barra lingual afastada dos
cirurgia ortognática e com mini-implantes e
incisivos, ou controlar os efeitos colaterais
miniplacas. Em pacientes submetidos ao
com a utilização do arco de nivelamento
uso dos dispositivos de ancoragem, foi
contínuo retangular de aço acentuando o
obtido um fechamento de mordida aberta
torque vestibular de raíz dos dentes a
anterior em pacientes com até 5mm de
serem intruídos quando houver
4
mordida aberta anterior7 , os quais tinham
possibilidade . Para a intrusão de dois
indicação para realização da cirurgia
dentes posteriores inferiores a instalação do 3,4,7,13
ortognática . Esses mesmos autores,
mini-implante pode ser feita entre os dois
afirmam que a correção da mordida aberta
dentes a serem intruídos por vestibular3
anterior é obtida pela intrusão os molares
(Fig. 8).
com a rotação anti-horária da mandíbula
ocasionando uma redução da altura facial
inferior e redução da angulação do plano
mandibular, porém o uso da ancoragem
esquelética não teria a capacidade de
reduzir o comprimento da mandíbula, logo,
3
Fonte: Park, 2009
a cirurgia ortognática estaria indicada para

Fig 8 – Instalação do mini-implante para pacientes com mordida aberta

intrusão de dois dentes inferiores com uso acompanhadas da classe III acentuada. A

do arco lingual de Nance afastado dos cirurgia ortognática também promoveu essa

incisivos inferiores, para controle da redução da altura facial inferior pela

inclinação. impação da maxila (de 3mm), porém a


sobremordida foi obtida em parcela pela
extrusão de incisivos que ocorre
124

frequentemente durante o nivelamento ou nos molares, ao contrário da intrusão


finalização do tratamento, movimento unilateral a qual se aplicarmos forças na
dentário que pode apresentar instabilidade. barra somente de um lado, teremos efeito
Com uso da ancoragem esquelética em colateral no molar contralateral 13 ( Fig.10).
ambas as arcadas, foi obtida uma intrusão
de molares de em média 3,5mm em 6
meses e na obtenção da sobre mordida não
houve presença da extrusão de incisivos
7
durante a finalização . Pode haver
instabilidade e recidiva nos oito primeiros
Fonte: Araújo et al., 20084
meses após a realização do movimento de
intrusão, porém após esse período não foi Fig.9- Instalação de mini-implantes na
relatado modificações, o que enfatiza a vestibular e lingual bilateralmente para
importância da contenção durante alguns intrusão para obter o fechamento da
meses após a intrusão dos dentes mordida aberta anterior.
posteriores16 .

Intrusão de dentes posteriores


superiores para fechamento da mordida
aberta no arco superior:
Em casos que o ortodontista pretende
intruir dentes posteriores com o objetivo de Fonte: Araújo et al., 20084

alcançar o fechamento da mordida aberta Fig 10- Intalação do mini-implante somente


anterior, pode-se utilizar um mini-implante por vestibular bilateralmente e instalação da
por vestibular e outro por palatino barra transpalatina afastada do palato, para
bilateralmente (Fig. 9), ou somente um por evitar a vestibularização dos dentes.
vestibular bilateralmente e utilizar a barra
transpalatina afastada do palato a mesma A união dos dentes posteriores é feita

quantidade em milímetros que se pretende através do nivelamento contínuo, pois

realizar intrusão, para contrapor as forças diferentemente do desnivelamento do plano

de inclinação vestibular4. Nesse caso como oclusal por falta de antagonistas os dentes

a intrusão é bilateral poderá ser utilizada a tendem a estar mais nivelados. Quando a

barra transpalatina e não exclusivamente mordida aberta for acentuada com presença

outro mini-implante por palatino, pois os de dois planos oclusais será indicado

componentes de força aplicados a barra realizar o nivelamento segmentado anterior

serão bilaterais e não haverá efeito colateral e posterior 13.


125

Intrusão de dentes posteriores estes poderiam ser incluídos no


superiores para fechamento da mordida nivelamento contínuo. É indicado a
aberta no arco inferior: instalação uma barra transpalatina afastada
Para a intrusão de dentes do palato no arco superior para evitar a
posteriores inferiores, com intuito de obter o vestibularização dos dentes e as miniplacas
fechamento da mordida aberta anterior é são instaladas na região do pilar zigomático
preciso que o a força passe pelo centro de bilateralmente. No arco inferior é instalado
resistência dos dentes para não sofrerem um arco lingual afastado dos incisivos para
inclinações no sentido mésio-distal e evitar a vestibularização dos dentes e as
vestíbulo-palatino. O local estratégico para miniplacas são instaladas na região do
obtenção de uma melhor intrusão é com a corpo da mandíbula bilateralemente, sendo
instalação dos min-implantes entre o que a estrutura de apoio das forças deverá
primeiro e segundo molar 4. estar na região de furca dos molares (centro
de resistência das forças). Com elásticos
Miniplacas:
intermaxilares é aplicada uma força de e
As miniplacas tem sido indicadas
400 gr por lado. Depois é realizada a
para pacientes que necessitam corrigir a
contenção com fio de amarilho ligado dos
mordida aberta anterior que possuem
molares às miniplacas 13, 17, 18 (Fig 11).
espaço inter labial aumentado com AFAI
aumentada, com excesso dentoalveolar
posterior da maxila, que foram
encaminhados para cirurgia ortognática.
Hoje tornou-se possível a intrusão através
da ancoragem esquelética a qual
proporciona uma inclinação do plano oclusal
no sentido horário e da mandíbula no
sentido anti-horário 13.

É indicado a realização do alinhamento


e nivelamento contínuo até fios Fonte: Nanda, 2010
retangulares. Caso o plano oclusal seja
Fig. 11(A,B)- Instalação das miniplacas para
duplo, é realizado o nivelamento
intrusão no arco superior e aplicação de
segmentado e em fios retangulares para
forças no nivelamento segmentado pela
que não haja extrusão dos dentes
presença de plano oclusal duplo. (C,D)-
anteriores, pois seria um fator de recidiva, e
Após a intrusão foi instalado o fio contínuo e
somente depois da intrusão dos dentes,
126

manteve o fio preso à miniplaca como 2. Janson, M. Ortodontia em adultos e


tratamento interdisciplinar. 2ed.
contenção.
Maringá: Dental Press Editora. 2010.
p.337-442.
3. Park HS. Pequenos movimentos
dentários com mini-implantes: auxílio no
tratamento ortodôntico, na reabilitação
protética e no preparo para implantes.
1ed. Nova Odessa: Napoleão, 2009.
4. Araújo TM, et al. Intrusão dentária
utilizando mini-implantes . Ver. Clin.
Ortodon. Ortop. Facial Dental Press.
2008;13(5): 36-48.
5. Bae SM, Kyung HM. Mandibular molar
intrusion with miniscrew anchorage. J
Clin Othod. 2006; 40(2):107-108.
6. Kuroda S, Sugawara Y, Tamamura N,
Takano-Yamamoto T.Anterior open bite
Fonte: Nanda, 201013 with temporomandibular disorder treated
with titanium screw anchorage:
Fig. 12(A,B)- Instalação das miniplacas para evaluation of morphological and
functional improvement. Am J Orthod
intrusão no arco inferior e aplicaçação de
Dentofacial Orthop. 2007a;131(4):550-
forças no nivelamento segmentado pela 60.
7. Kuroda S, Sakai Y, Tamamura N,
presença de plano oclusal duplo. (C,D)-
Deguchi T, Takano-Yamamoto
Após a intrusão foi instalado o fio contínuo e T.Treatment of severe anterior open bite
with skeletal anchorage in adults:
manteve o fio preso à miniplaca como
comparison with orthognathic surgery
contenção. outcomes. Am J Orthod Dentofacial
Orthop. 2007b Nov;132(5):599-605.
Assim, os dispositivos de ancoragem 8. Ng J, Major PW, Flores-Mir C. True
molar intrusion attained during
nos permitem realizar movimentos orthodontic treatment: a systematic
ortodônticos mais difíceis com efetividade, review. Am J Orthod Dentofacial Orthop.
2006 Dec;130(6):709-14.
em um menor tempo de tratamento, com 9. Araújo TM, et al. Ancoragem
menor comprometimento da estética e com esquelética em ortodontia em mini-
implantes. Ver Clin Ortodon Ortop Facial
mecânica mais simples, em casos em que Dental Press. 2006; 11(4);
antes não eram possíveis de se realizar 10. Mahoorkar S, Puranik SN, Moldi A,
Chowdhary R, Majge B. Management of
sem cirurgias, desgastes dentários, Supra-erupted Posterior Teeth. Int J
extrações, permitindo soluções mais Dent Clin. 2010; 2(3); 27-30.
11. Melo ACM, et al. O uso de mini-
conservadoras. implantes como ancoragem ortodôntica:
planeamento ortodôntico/cirúrgico. Rev
Referências Clin Ortodon Dental Press. 2007; 5(6):
85- 100.
1. Janson M. Entrevista. Rev. Dent. Press
12. Marassi C, Leal A, Herdy JL, Chianelly
Ortodon. Ortop. Facial. 2009; 14(4): 33-
O, Sobreira DO. O uso do mini-implante
42.
como auxiliares de tratamento
127

ortodôntico. Ortodontia SPO. 2005;


38(3): 256-65.
13. Nanda R, Uribe FA. Dispositivos de
ancoragem temporários na ortodontia.
Rio de Janeiro: Santos, 2010.
14. Ritto AK. Micro implants in Orthodontics:
INt Journal of Orthod. 2004; 15(3): 22-
24.
15. Ladeira Jr, Ladeira LE. Mini-implantes:
um guia teórico-prático de instalação e
biomecânica ao ortodontista e
implantodontista.1ed. Nova Odessa:
Napoleão, 2012.
16. Park HS, Kwon OW, Sung JH.
Nonextraction treatment of an open bite
with microscrew implant anchorage. Am
J Orthod Dentofacial Orthop. 2006
;130(3):391-402.
17. Farber et al. Miniplacas permitem
tratamento eficiente e eficaz da mordida
aberta anterior. Rev. Dent. Press
Ortodon. Ortop. Facial. 2008; 13(5):
144-157.
18. Umemori M, Sugawara J, Mitani H,
Nagasaka H, Kawamura H.Skeletal
anchorage system for open-bite
correction. Am J Orthod Dentofacial
Orthop. 1999 Feb;115(2):166-74.
128

Capítulo 15
Ana Liesel Guggiari Niederberger
Profª. Dra. Daniela Gamba Garib
Profº. Dr. Guilherme Janson

Intrusão de Dentes Anteriores para correção


da Sobremordida profunda e dos desvios do
Plano oclusal


129

Introdução
A intrusão é um dos movimentos mais
difíceis de ser realizado na Ortodontia. Esta
afirmação é comprovada pela dificuldade
que o ortodontista tem em aplicar apenas o
Figura 2 – Ilustração de sobremordida
movimento de intrusão de corpo (sem
exagerada.
inclinação).
De acordo com Nanda (1981), a
sobremordida pode ser definida como o
trespasse vertical dos incisivos superiores
sobre os inferiores, podendo ser medida em
milímetros ou porcentagem, caracterizando
o normal entre 5 e 25% quando medida em
Figura 1 - Ilustração da força de intrusão
porcentagem.
no sentido apical.

Sua etiologia pode ser de origem


Para haver intrusão de fato no segmento
esquelética, dentária e muscular.
anterior, uma força apical deve passar pelo
Normalmente o terço inferior da face e o
centro de resistência dos incisivos centrais
ângulo mandibular encontram-se reduzidos,
e laterais, paralela ao longo eixo dos
podendo estar associados ao sorriso
mesmos em relação a um plano de
gengival3.
referência.

Devemos lembrar também que em


A intrusão real dos dentes anteriores
grande parte das situações clínicas de
com controle de inclinação requer a
sobremordidas, o plano oclusal encontra-se
aplicação de forças leves e constantes,
alterado, já seja no arco dentário superior,
independente de fatores como o tipo de
inferior ou em ambos. Durante a análise do
dispositivo de escolha, da seleção correta
plano oclusal, deve-se avaliar o contorno
do ponto de aplicação da forca, controle dos
das superfícies oclusais e incisais dos
efeitos colaterais e preparo da unidade de
dentes, bem como o contorno gengival.
ancoragem1.

A sobremordida exagerada (figura 2) é


um tipo de má oclusão vertical que
apresenta etiologia multifatorial e necessita
de um diagnóstico diferencial elaborado e
específico2.
130

O primeiro relato de intrusão de incisivos


superiores com mini-implantes foi realizado
por Creekmoore e Eklund (1983), onde
utilizando implante cirúrgico vitallium,
instalado abaixo da espinha nasal,
obtiveram intrusão de 6 mm e torque
Figura4 3 - Ilustração de diferentes tipos de vestibular de raiz de 25°. Os incisivos
plano oclusal: A) correto, B) alterado no estavam retroinclinados, sendo assim o
arco superior. torque foi desejado.

Basicamente existem 3 mecânicas para Kanomi (1997) foi o primeiro que


corrigir a sobremordida: Intrusão da região descreveu um mini-implante específico para
anterior, extrusão da região posterior e a ser utilizado na pratica ortodôntica. Este
combinação de ambas. dispositivos de titânio apresentava 1,2 mm
de diâmetro e 6 mm de comprimento. A
O padrão facial, a estética apresentada
intrusão de 6 mm dos incisivos inferiores em
pela exposição dos incisivos superiores, a
um período de 4 meses em uma paciente
relação dos incisivos inferiores com o plano
adulta que apresentava curva de Spee
oclusal funcional, a saúde do periodonto e a
acentuada e ausências dentárias.
estabilidade que o tratamento oferecerá,
são quesitos básicos que vão definir o Neste contexto os mini-implantes
tratamento da sobremordida a través da oferecem efetiva ancoragem esquelética,
intrusão dos dentes anteriores. comparado com os usados
convencionalmente com a barra
A mecânica intrusiva convencional foi
transpalatina, e o uso do AEB, por exemplo,
desenvolvida na década dos 50, por
proporcionando intrusão de incisivos sem
Ricketts, com o Arco base de intrusão de
efeitos indesejados em outras unidades
Ricketts. A mecânica apesar de viável, é
podendo, em muitas situações, simplificar a
complexa, no que diz respeito ao controle
mecânica ortodôntica.
de seus efeitos colaterais. Isso se refere à
dificuldade em se obter ancoragem
satisfatória, já que nela os arcos são
Mecânica de intrusão de dentes
ativados no tubo molar originando uma
anteriores
força de intrusão na região anterior e
A região abaixo da espinha nasal
extrusão dos dentes posteriores5.
anterior tem sido utilizada como local de
inserção do mini-implante para corrigir a
131

sobremordida profunda, sobretudo nos região interradicular dos incisivos centrais


casos com grande exposição de gengiva ao inferiores na sínfise mandibular; c) e d)
sorriso. entre incisivos laterais e caninos.

Na mandíbula, a região da sínfise, é um Em quanto a força para realizar intrusão,


local de inserção utilizado para corrigir a é indicada 10 a 20gf por dente, não
mordida profunda causada pela excessiva ultrapassando 20 a 25gF. Sendo assim, a
erupção dos dentes anteriores inferiores ou intrusão dos quatro incisivos entre 80 e
pela perda dentária posterior inferior e 100gF. Quando a inclinação dos Incisivos
excessiva lingualização e erupção dos está indicada durante a intrusão podemos
incisivos8, 9. usar valores maiores 35 a 60gF. Valores
acima deste, não promovem maiores efeitos
Também a região interradicular entre os
na intrusão, aumentam a perda de
incisivos laterais e caninos tanto superiores
ancoragem, e promovem o risco de
como inferiores pode ser um local de
reabsorção dentária1.
escolha para a inserção dos mesmos.
Após alinhamento e nivelamento os
dentes são separados em três segmentos,
um anterior e dois posteriores unidos com
um fio rígido retangular, para logo receber
força intrusiva. Alguns autores afirmam que
esta unidade deve conter apenas os dentes
incisivos, devendo a intrusão dos caninos
ser realizada posteriormente1.

Sendo assim, amarrar o arco de


ativação junto ao fio de alinhamento e
nivelamento inserido aos slots dos incisivos
é a forma correta de ativar a intrusão.
Temos que ter em conta também dependo
da mecânica utilizada de não colocar o fio
de ativação nos slots dos braquetes porque

Figura2 3 - Ilustração do posicionamento dos pode dar torques indesejados nos dentes,

mini-implantes para a intrusão de incisivos mudando o movimento de intrusão e

superiores: a) entre os incisivos centrais, causando inclinações indesejadas2.

região abaixo da espinha nasal anterior; b)


132

mini-implante na linha média, o mais alto


possível, próximo à espinha nasal anterior.
Na mandíbula para a intrusão de incisivos
inferiores, o mini-implante deve ser
posicionado o mais baixo possível, entre as
Figura 4 - Ilustração do sistema de intrusão
raízes dos incisivos centrais. Nesta posição,
do arco separado em segmentos: um
a linha de força passará bem à frente do
anterior e dois posteriores.
centro de resistência do conjunto, gerando
A inclinação axial dos incisivos também um efeito de intrusão associado a inclinação
é uma característica importante na hora de vestibular destas unidades.
realizar o movimento de intrusão, pois está,
na maioria das vezes, alterada nos casos
de sobremordida exagerada. Na presença
da má oclusão de Classe II, 1ª divisão, a
inclinação axial dos incisivos está
aumentada e, na 2ª divisão, os incisivos
superiores apresentam a inclinação axial
diminuída2.

Caso não se queira a projeção destas


unidades, ou seja, os incisivos já sejam
superiores ou inferiores, se encontram com Figura 5 - Intrusão de incisivos superiores e
boa inclinação axial, deve-se fazer com que inferiores, quando é desejável manter a
a linha de ação de força passe o mais inclinação axial destes dentes.
próximo possível do centro de resistência
do conjunto dos dentes que serão
movimentados. Para isto, sugere-se utilizar
dois mini-implantes, um de cada lado,
posicionados entre os incisivos laterais e os
caninos no superior como no inferior.

Em casos com incisivos verticais ou


retroinclinados, se apresentam
verticalmente dispostos ou deslocados para
palatino ou lingual, como na Classe II, 2ª
divisão de Angle, pode-se utilizar um único
133

Figura 6 - Intrusão de incisivos superiores e


inferiores, quando é desejável a inclinação
para vestibular destes dentes.

A decisão entre a intrusão de dentes


superiores ou inferiores na correção da
sobremordida profunda depende de vários
fatores. Em paciente com sorriso gengival, Figura2 7 - Intrusão de canino superior com
falta de selamento labial, lábio superior arco .019” x .026” tangenciando a unidade,
curto, AFAI aumentada e inclinação para evitar sua inclinação para vestibular.
excessiva do plano oclusal, a intrusão dos
Para a correção dos desvios do plano
incisivos superiores é indicada.
oclusal, a utilização de mini-implantes para
A intrusão dos incisivos inferiores é a intrusão de unidades dentárias que
indicada em pacientes com curva de Spee estejam desniveladas, comprometendo os
inferior acentuada, mas que tenham boa desvios pode significar a substituição de
harmonia facial e plano oclusal favorável. uma mecânica extremamente complexa por
Pacientes que apresentam excesso de um recurso simples2.
exposição dos incisivos superiores, terço
inferior aumentado, e classe II esquelética
devem ser tratados com intrusão verdadeira
de incisivos superiores, pois evitaria danos
estéticos ao sorriso e perfil, o aumento do Figura2 9 - Aplicação de um mini-implante,
terço inferior e o aumento da discrepância apenas no lado direito do arco superior,
esquelética1. para a intrusão deste segmento e correção
do plano oclusal.
Para a intrusão de caninos preconiza-se
a utilização de dois mini-implantes um na Onishi et al. (2005) tratou uma paciente
mesial e o outro na distal vestibular deste adulta Classe I molar e Classe II canino,
dente, a fim de se evitar a inclinação do com sobremordida profunda de 7,2mm, a
canino para distal ou mesial e para controlar partir de um mini-Implante (dimensões 1,6 x
o torque do dente. podendo-se utilizar um 6,0 mm) entre os dois incisivos centrais
arco de aço com diâmetros de .019” x .025” 3mm abaixo do ápice das raízes dos
continuo tangenciando no vestíbulo do mesmos. Após seis meses de cicatrização
canino logo abaixo do braquete10. local colocou um Abutment aderido ao mini-
implante. Foi usado um fio de amarrilho
134

ligando o Abutment do mini-implante e o intrusão dos incisivos, o que resolveu o


arco contínuo de nivelamento do arco sorriso gengival e a sobremordida
superior com 20 gF por quinze meses. A eficientemente sem extrusão dos molares
intrusão dos incisivos foi de 4 mm com uma superiores ou a abertura da mandíbula.
pequena protrusão desejada. Presença de Presença de reabsorção radicular não foi
reabsorção radicular não foi detectada na detectada na radiografia panorâmica final11.
radiografia panorámica final.

Figura8 11 - Ilustração do caso antes,


durante e após intrusão com mini-implante.

No trabalho de Upadhyay (2006) os


Figura9 10 - Ilustração do caso antes,
dentes anteriores foram intruídos em massa
durante e após intrusão com mini-implante.
eficazmente com o uso de dois mini-
Em outro relato de caso, Kim, Kim, Lee implantes insertados no osso alveolar na
(2006) apresentaram o relato de um caso região interradicular dos Incisivos laterais e
de um menino, de 10,5 anos de idade, com caninos superiores, demonstrando 100% de
uma relação molar de classe II e com ancoragem esquelética, sem efeitos
mordida profunda, queixando-se de sorriso colaterais indesejados.
gengival e apinhamento anterior, os
incisivos superiores, que eram severamente
extruídos e retro-inclinados. Os autores
intruíram e projetaram os incisivos em 7
meses, através de uma mola fechada de
níquel-titânio ligada do fio segmentado .019
x .025 nos incisivos a um mini-implante
localizado sob a Espinha Nasal Anterior
com uma força de 40 a 50gF aplicada a
cada dente, obtendo mais de 3 mm de
135

Figura12 12 - Ilustração do caso antes, estratégias de tratamento. R Dental


Press Ortodon Ortop. Facial, Maringá, v.
durante e após intrusão em massa com
14, n. 3, p. 128-157, maio/jun. 2009.
mini-implantes. 5. Burzin J, Nanda R. The stability of deep
overbite correction. In: Nanda R.
Considerações finais Retention and Stability. Philadelphia:
WB Saunders, 1993.
Os dentes anteriores podem ser
intruídos e projetados, quando o ponto de 6. Creekmore TD. Eklund MK. The
possibility of skeletal anchorage. J Clin
aplicação de força é na linha média dos Orthod 1983: 17: 266 69.
arcos, situando a força aplicada anterior ao 7. Kanomi R. Mini-implant for orthodontic
Anchorage. ClinOrthod 1997; 31: 763
centro de resistência. 67.
8. Kim TW, Kim H, Lee SJ. Correction of
Os dentes anteriores podem ser Deep overbite and gummy smile by
using a mini-implant with a segmented
intruídos em massa eficazmente com o uso
wire in a growing Class II Division 2
de dois mini-implantes sem efeitos patient. Am. J. Orthod. Dentofac.
Orthop.; v.130,n.5, p.676-85, Nov.2006.
colaterais, quando usada a quantidade de
9. Ohnishi H, Yagi T, Yasuda Y, Takada K.
força indicada de modo leve e constante. A niini-imphmt for orthodontic anchorage
in a deep overbite case. Angle Orthod
Não ocorre extrusão dos segmentos 2005: 75: 444-52.
10. Araujo TM. Ancoragem esquelética com
posteriores ou outros efeitos indesejáveis, miniimplantes. In: LIMA FILHO, R. M.
demonstrando o uso de mini-implantes para A.; BOLOGNESE, A. M.Ortodontia:
arte e ciência. Maringá: Dental Press,
dita mecânica 100% de ancoragem 2007.
esquelética. 11. Upadhyay M, Yadav S. Mini-implant for
intrusion: is it always justified? Am J
Referências Orthod Dentofacial Orthop.
2007;131(3):298.
1. Burstone CB. Deep overbite correction 12. Upadhyay M, Nagaraj K, Yadav S,
by intrusion. Am J Orthod 1977;72:1–22. Saxena R. Mini-implants
2. Araújo TM, Nascimento MHA, Franco forenmasseintrusion of maxillary anterior
FCM, Bittencourt MAV. Intrusão dentária teeth in a severe Class II division 2
utilizando mini-implantes. Rev Dent malocclusion. Journal of Orthodontics,
Press Ortodon Ortoped Facial. Vol. 35, 2008, 79–89
2008;13(5):36-48.
3. Nanda R. The differential diagnosis and
traetment of excessive overbite. Dental
Clinics os North America n.23, v.(1),
p.69-84, 1981.
4. Brito HHA, Leite HR, Machado AW.
Sobremordida exagerada: diagnóstico e
136

Capítulo 16
Rogério Almeida Penhavel
Profª. Dra. Daniela Gamba Garib
Profº. Dr. Guilherme Janson

Aplicação dos Mini-Implantes na Distalização de


Molares Superiores
137

A Classe II de Angle é uma das más levando à falta de estímulo para usá-lo (Fig.
oclusões mais prevalentes na Ortodontia, 1). Outras opções, como propulsores
possuindo características variadas. É por mandibulares e elásticos intermaxilares,
esta razão que se faz presente a dificuldade também dependem da colaboração do
no seu diagnóstico e plano de tratamento. paciente para que o resultado satisfatório
Com o intuito de tratar essa má-oclusão seja obtido. Dessa forma, este fator deve
foram propostas diversas abordagens, com ser analisado para a realização do plano de
ou sem extrações de dentes superiores. tratamento, pois a ausência de colaboração
Para protocolo sem extração, é necessário irá aumentar o tempo de terapia, causando
o movimento do arco superior para distal, desconforto na relação do profissional com
do arco inferior para mesial ou a associação os pais e o paciente, aumentando também o
de ambos, por meio do uso de aparelhos risco de iatrogenias e podendo produzir
extrabucais, intermaxilares, etc. (1) resultado aquém do ideal.

Tendo em vista essas diversas


abordagens, a conduta terapêutica do
clínico deve basear-se em diversos fatores,
tais como: idade, base óssea envolvida,
discrepância de modelo, grau de severidade
da má oclusão e colaboração do paciente.
Quando da decisão do clínico no que tange
à extração ou não, um dos fatores
determinantes a ser ponderado é a
quantidade de distalização dos molares.
Havendo necessidade de mais de 3mm de
espaço por lado, é preferível a extração de
pré-molares, uma vez que seria um
tratamento mais eficiente, ou seja,
demandando menor tempo. (2)

Os aparelhos extrabucais são


extremamente úteis no tratamento de
Classe II, devido a sua eficiência em Figura 1: Paciente utilizando o AEB

protocolos com ou sem extrações. (Kloehn). Percebe-se nítido

Entretanto, sua utilização compromete a comprometimento estético no uso deste

estética e é desconfortável para o paciente, aparelho. (3)


138

Na tentativa de evitar a dependência


da colaboração do paciente, foram
propostos diversos aparelhos intrabucais
que realizam a distalização de molares para
tratamento da classe II sem extração. O
Figura 2: Distalização de molares com
primeiro deles foi o Pendulum, idealizado
aparelho Pendulum. A, B, C e D) Aparelho
por Hilgers, que consiste em uma placa
instalado; E) após distalização; F) na fase
palatina de acrílico apoiado nas bandas dos
de alinhamento e nivelamento.
molares superiores de onde se estende
duas molas de TMA com helicoides que
promovem uma força de 200 a 250g (Fig.2). O uso de mini-implantes
Como foi dito, a mecânica
Posteriormente surgiram outros
convencional para o tratamento de Classe II
distalizadores intrabucais fixos, como Jones
envolve a necessidade de colaboração do
Jig, Distal Jet e First Class. Mesmo
paciente ou produção de efeitos colaterais
utilizando um botão de Nance, todos esses
indesejáveis para o tratamento ortodôntico.
aparelhos promovem perda de ancoragem,
Para eliminar ou minimizar esses efeitos, foi
especialmente a protrusão dos dentes
proposto o uso de mini-implantes para
anteriores, gerando apinhamento de canino
tratamentos sem extração com finalidade de
a canino. Além disso, o movimento de
distalizar os molares. (6)
distalização não ocorre totalmente de corpo.
(4, 5)
Localização do mini-implante
Implantes palatinos (Fig. 3): Os mini-
implantes inseridos no palato se tornaram
atrativos devido à estabilidade primária
alcançada com o osso cortical local.
Entretanto, a mudança no desenho desses
acessórios permitiu uma melhor
estabilidade também para os implantes
inseridos por vestibular. Mesmo assim, essa
localização ainda permite algumas
vantagens, como não impedir o movimento
dentário e não limitar a quantidade de
distalização. Além disso, a linha de ação de
força pode ser regulada de acordo com o
139

movimento desejado, devido ao amplo molares. B – Diferentes profundidades de


espaço dessa região. As desvantagens no palato podem gerar linhas de força
uso do mini-implante neste local consistem próximas ou distantes do centro de
no desconforto por parte do paciente e o resistência do molar.
tempo laboratorial adicional para confecção
Implantes palatinos interdentais (Fig. 4): O
de acessórios para estes implantes. Um
uso de mini-implantes nessa região permite
cuidado deve ser tomado na eleição deste
usar o espaço palatino para regular a linha
local, pois nas mecânicas com mini-
de ação de força além de mais espaços
implantes em palatos profundos, a linha de
interdentais disponíveis que nos casos de
ação de força tem mais chance de passar
implantes vestibulares interdentais.
apicalmente, acima do centro de resistência
Entretanto, podem impedir o movimento do
do molar, causando movimentos radiculares
dente adjacente e muitas vezes necessitam
indesejáveis. (Fig.3B)
de um arco transpalatino.

Figura 4: Mini-implante palatino interdental


para distalização de molar.

Implantes interdentais vestibulares (Fig. 5):


Essa região se tornou mais favorável para
mini-implantes pela facilidade no
procedimento de inserção. A adversidade
se encontra na possibilidade de obstruir o
movimento dentário, fator que pode ser
B evitado se esse dispositivo for inserido

Figura 3: A - Mini-implante inserido no adequadamente.

palato para finalidade de distalizar os


140

que nos dois tipos há satisfatória


distalização de molares, com valores
maiores para ancoragem esquelética.
Mesmo utilizando mini-implantes, a
distalização promove efeitos colaterais
indesejáveis, como protrusão de dentes
Figura 5: Implantes vestibulares anteriores e mesialização de pré-molares,
interdentais para distalização de molares mas em magnitude menor do que com a
ancoragem convencional. Foi visto em
Tipos de mecânica
alguns estudos distalização espontânea dos
Ancoragem Direta X Ancoragem Indireta pré-molares no caso de ancoragem
direta.(9)
A mecânica com ancoragem indireta
possui um melhor controle do movimento
dentário, menor probabilidade de falha e
maior estabilidade. Entretanto, a ancoragem
direta possibilita mais eficiência ao
tratamento. Quando se deseja movimentos
assimétricos ou uma grande quantidade de Figura 6: Distalização de molares realizada
movimento dentário deve-se escolher a com aparelho Distal Jet com ancoragem
ancoragem indireta, pela maior estabilidade. esquelética usando dois mini-implantes (7)

Ancoragem Indireta por Palatino

Na tentativa de minimizar os efeitos


colaterais promovidos pelos aparelhos
distalizadores intrabucais mais conhecidos,
como Pendulum e Distal Jet, os mini- Figura 7: Distalização de molares realizada

implantes podem ser associados a esses com aparelho First Class com ancoragem

aparelhos, através da inserção destes esquelética usando dois mini-implantes (4)

acessórios na região anterior do palato (Fig. Ancoragem Direta por Palatino


6 e 7). Dessa forma, a ancoragem indireta é
Em 2008 Papadopoulos introduziu o
a mecânica de escolha. (7) (8)
chamado “Miniscrew Implant Supported
Em uma meta-análise avaliando os Distalization System (MISDS)”. Esse
efeitos dos distalizadores intrabucais com e aparelho consiste na instalação de dois
sem ancoragem esquelética foi constatado mini-implantes na região anterior do palato,
141

de forma semelhante ao dos acoplados aos Esse sistema apresenta como


distalizadores. A força é aplicada por meio vantagem a minimização dos efeitos
de molas abertas, passando através do colaterais indesejados, devido a toda força
centro de resistência dos molares do processo de distalização ser distribuído
superiores (Fig.8).(10) nos mini-implantes. Além disso, a instalação
desse acessório por vestibular promove
maior facilidade no procedimento de
inserção e maior conforto ao paciente. A
distalização também pode ser feita de
maneira unilateral. A desvantagem consiste

Figura 8: Distalização por meio de MISDS, na troca do mini-implante, bem como a

proposto por Papadopoulos.(11) necessidade de prévio nivelamento e


alinhamento do arco.
Ancoragem Direta por Vestibular

A distalização de molares também


pode ser feita através de um mini-implante
inserido por vestibular, na região entre o
primeiro e o segundo pré-molar superior. É A
utilizado um cursor confeccionado com fio
de aço inoxidável 0,017” x 0,025” encaixado
no tubo acessório do primeiro molar. A B C
ativação deste cursor é feita com uma mola
de NiTi conectada à sua porção anterior e Figura 9: Paciente apresentava Classe II
ao mini-implante. Seu gancho deve estar a subdivisão. Foi planejada distalização por
uma distância de 7 a 8 mm do arco, para meio de um implante inserido na região
que a linha de ação da força aja vestibular, entre os pré-molares, apenas do
horizontalmente ou levemente inclinada lado direito. A) Vista lateral direita, lado
(Fig. 9). Após a distalização, é necessária a onde foi inserido o mini-implante e realizada
instalação de um novo mini-implante mais a mecânica de distalização. B) Vista frontal
próximo a mesial da raiz do primeiro molar. C) Vista lateral esquerda, lado que não
A localização deve ser escolhida com houve planejamento de distalização. D)
cuidado, para permitir a distalização do Vista lateral direita na fase de retração.
segundo pré-molar. (1, 12) Houve troca dos mini-implantes, e desta vez
houve inserção na região entre o segundo
pré-molar e o primeiro molar. (1)
142

Conclusões 6. Lee JS, Kim JK, Park YC.


Applications of orthodontic mini implants:
 A mecânica ortodôntica tradicional para
Quintessence Pub. Co; 2007.
correção da Classe II ainda é viável nos 7. Kinzinger GS, Gulden N, Yildizhan F,
Diedrich PR. Efficiency of a skeletonized
pacientes colaboradores, principalmente distal jet appliance supported by miniscrew
para aqueles em fase de crescimento. anchorage for noncompliance maxillary
molar distalization. Am J Orthod Dentofacial
 A distalização de molares superiores com Orthop. 2009 Oct;136(4):578-86.
mini-implantes possui indicações 8. Fuziy A, Machado FMC, Tsubono
CY, Semaan MS. Aparelho Pêndulo
específicas, onde a minimização ou até modificado associado à ancoragem
eliminação da perda de ancoragem é a esquelética. Rev Clín Ortodon Dental Press.
2008;7(4):24-9.
sua maior vantagem. 9. Grec RH, Janson G, Branco NC,
 A seleção do local do mini-implante e Moura-Grec PG, Patel MP, Castanha
Henriques JF. Intraoral distalizer effects with
domínio da mecânica escolhida são conventional and skeletal anchorage: a
fatores fundamentais para o sucesso no meta-analysis. Am J Orthod Dentofacial
Orthop. 2013 May;143(5):602-15.
tratamento. 10. Sar C, Kaya B, Ozsoy O, Ozcirpici
AA. Comparison of two implant-supported
molar distalization systems. Angle Orthod.
Referências Bibliográficas 2013;83(3):460-7.
11. Papadopoulos MA. Orthodontic
1. Villela HM, Sampaio ALS, Lemos LN, treatment of Class II malocclusion with
Limoeiro ER. Distalização de molares miniscrew implants. Am J Orthod
utilizando microparafusos ortodônticos de Dentofacial Orthop. 2008 Nov;134(5):604
titânio autoperfurantes. Rev Clín Ortodon e1-16; discussion -5.
Dental Press. 2008;7(4):40-55. 12. de Araújo TM, Nascimento MHA,
2. Janson G, Barros SE, de Freitas MR, Bezerra F, Sobral MC. Ancoragem
Henriques JF, Pinzan A. Class II treatment esquelética em Ortodontia com
efficiency in maxillary premolar extraction miniimplantes. 2006.
and nonextraction protocols. Am J Orthod
Dentofacial Orthop. 2007 Oct;132(4):490-8.
3. Shimizu RH, Ambrosio A, Shimizu IA,
Godoy-Bezerra J, Ribeiro JS, Staszak KR.
Princípios biomecânicos do aparelho
extrabucal. R Dental Press Ortodon Ortop
Facial. 2004;9(6):122-56.
4. Grec RH. Avaliação cefalométrica
comparativa do tratamento da má oclusão
de classe II com o Distalizador First Class
em ancoragem convencional e esquelética.
Bauru: Universidade de São Paulo; 2011.
5. Patel MP, Janson G, Henriques JF,
de Almeida RR, de Freitas MR, Pinzan A, et
al. Comparative distalization effects of
Jones jig and pendulum appliances. Am J
Orthod Dentofacial Orthop. 2009
Mar;135(3):336-42.

Você também pode gostar