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Compreendendo o fundamento do fechamento de espaços na Ortodontia, para


um tratamento ortodôntico mais eficiente

Article  in  Dental Press Journal of Orthodontics · April 2016

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1 author:

Helder B Jacob
University of Texas Health Science Center at Houston
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tópico especial

Compreendendo o fundamento do fechamento de


espaços na Ortodontia, para um tratamento ortodôntico
mais eficiente
Gerson Luiz Ulema Ribeiro1, Helder B. Jacob2

DOI: http://dx.doi.org/10.1590/2177-6709.21.2.115-125.sar

O presente artigo discutirá vários aspectos teóricos e métodos de fechamento de espaços, baseando-se em conceitos
biomecânicos. O fechamento de espaços é um dos processos mais desafiadores na Ortodontia e requer uma com-
preensão sólida de conceitos biomecânicos, a fim de se evitar efeitos colaterais indesejáveis. Compreender o funda-
mento biomecânico do fechamento de espaços possibilita uma melhor definição das opções de ancoragem e trata-
mento, por parte dos clínicos. Apesar de haver uma variedade de desenhos de aparelhos ortodônticos, o fechamento
de espaços pode ser realizado por meio da mecânica com atrito ou sem atrito, e cada técnica apresenta vantagens e
desvantagens. A mecânica com atrito, ou mecânica de deslizamento, é atraente em virtude de sua facilidade, o espa-
ço é fechado por meio do uso de elásticos ou molas helicoidais, que produzem força, fazendo com que os braquetes
deslizem no arco ortodôntico. Por outro lado, a mecânica sem atrito se utiliza de dobras em alças para gerar força
para fechar o espaço, possibilitando momentos diferenciais nas unidades ativa e reativa, induzindo a uma ancoragem
mais ou menos controlada, dependendo da situação.

Palavras-chave: Fechamento de espaços. Biomecânica. Ancoragem.

1
Professor, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Programas de Como citar este artigo: Ribeiro GLU, Jacob HB. Understanding the basis of
Graduação e Pós-graduação, Departamento de Ortodontia, Florianópolis, Santa space closure in Orthodontics for a more efficient orthodontic treatment. Dental
Catarina, Brasil. Mestre e Doutor em Ortodontia, UFRJ. Pós-doutorado em Press J Orthod. 2016 Mar-Apr;21(2):115-25.
Ortodontia pela Baylor College of Dentistry, Dallas, Texas, EUA. Diplomado DOI: http://dx.doi.org/10.1590/2177-6709.21.2.115-125.sar
pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO).
2
Professor, Texas A&M University, Baylor College of Dentistry, Departamento Enviado em: 27 de janeiro de 2016
de Ortodontia, Dallas, Texas, EUA. Mestre e Doutor em Ortodontia pela Revisado e aceito: 27 de fevereiro de 2016
Unesp/Araraquara. Pós-doutorado em Ortodontia pela Baylor College of
Dentistry, Dallas, Texas, EUA. » O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente
a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade


ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias
descritos nesse artigo.
Endereço para correspondência: Gerson Luiz Ulema Ribeiro
Centro de Ciências da Saúde, Curso de Odontologia / UFSC
Florianópolis/SC - Brazil – E-mail: gerson.orto@hotmail.com

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tópico especial Compreendendo o fundamento do fechamento de espaços na Ortodontia, para um tratamento ortodôntico mais eficiente

INTRODUÇÃO dontistas utilizavam mais de uma técnica4. Apesar de ha-


O fechamento de espaços é um dos processos mais ver uma variedade de desenhos de aparelhos ortodônticos
desafiadores na Ortodontia. A extração dentária, a dis- disponíveis para o ortodontista, as técnicas com alças de
talização de molares, a expansão das arcadas dentárias, a fechamento ou mecânica de deslizamento têm vantagens
redução interproximal, entre outros, fazem parte do arse- e desvantagens. O presente artigo discutirá vários aspectos
nal ortodôntico para corrigir as más oclusões e possibilitar teóricos e métodos de fechamento de espaço, baseando-se
o ganho de espaço com o qual o ortodontista deve lidar. em conceitos biomecânicos.
A capacidade de fechar espaços, principalmente os espaços
que resultam da extração dentária, é fundamental durante ANCORAGEM
o tratamento ortodôntico. A mecânica para fechamento de Ancoragem é algo que fornece um suporte seguro.
espaços realizada sem o devido conhecimento pode levar Na Ortodontia, pode ser definida como a capacidade de
ao insucesso na promoção da oclusão ideal. O conheci- evitar a movimentação de um ou mais dentes durante a
mento atual de biomecânica, aliado ao desenvolvimento de movimentação de outro dente ou de um conjunto de den-
novos materiais e técnicas, possibilitou o aprimoramento tes. Na Ortodontia moderna, por via de regra, o sucesso
dessa etapa de fechamento dos espaços, realizado por meio do tratamento ortodôntico depende do protocolo de an-
de uma mecânica descomplicada1,2,3. coragem planejado para cada caso específico. A ancoragem
O fundamento biomecânico do fechamento de espaços deve ser determinada ao início de tratamento ortodôntico,
possibilita uma melhor definição das opções de ancoragem e sua preparação é uma parte muito importante do trata-
e tratamento por parte dos clínicos. Além disso, possibi- mento ortodôntico5.
lita que o prognóstico de várias alternativas seja definido Dependendo do plano de tratamento, um dente ou
e que sejam determinados ajustes específicos capazes de um conjunto de dentes pode ser considerado uma unida-
melhorar os resultados do tratamento. Para que resultados de ativa, enquanto um outro dente ou conjunto de dentes
satisfatórios sejam alcançados, é essencial compreender os é considerado uma unidade reativa, ou passiva. De modo
princípios que fundamentam o fechamento de espaços: ele geral, essas duas unidades exercem papéis diferentes duran-
é, basicamente, controlado pelas forças biomecânicas apli- te o fechamento de espaços. A unidade ativa normalmente
cadas aos dentes, pela variação da força e pela magnitude é afetada pela maioria dos movimentos, enquanto a outra
do momento, pela proporção momento/força (M/F), pela unidade resiste à movimentação (ancoragem). É  conve-
relação carga-deflexão e pela unidade de ancoragem1. niente classificar a arcada submetida a extrações confor-
Em virtude do grande número de opções mecânicas me o fechamento diferencial de espaços necessário para os
disponíveis, é preciso dar atenção especial para a seleção do dentes anteriores e posteriores. Uma das classificações de
modelo mais apropriado para cada caso. Alguns aspectos ancoragem mais utilizadas (Fig. 1) aplica-se à técnica do
devem ser considerados e, durante o fechamento de es- arco segmentado5: nas arcadas do Grupo A, os segmentos
paços, o controle preciso da movimentação dentária, nas posteriores devem permanecer em sua posição original, e
três dimensões, é de suma importância para se alcançar as todo o espaço é utilizado para a retração de dentes anterio-
metas do tratamento. No geral, seis metas devem ser leva- res; nas arcadas do Grupo B, é necessário que aproximada-
das em consideração em procedimentos de fechamento de mente metade dos espaços seja utilizada para essa retração;
espaços: 1) fechamento de espaços diferencial e controle da nas arcadas do Grupo C, é necessário que grande parte dos
ancoragem; 2) cooperação mínima por parte do pacien- espaços seja fechada por meio da protração de dentes poste-
te; 3) controle da inclinação axial; 4) controle das rotações riores. Atualmente, um quarto tipo de ancoragem pode ser
e do perímetro da arcada; 5) resposta biológica favorável; adicionado a essa classificação de Burstone: a ancoragem
e 6) conveniência do operador. absoluta. Clinicamente, é muito difícil evitar a movimen-
Basicamente, há duas estratégias biomecânicas que po- tação da unidade passiva; porém, graças aos sistemas de
dem ser utilizadas para o fechamento de espaços: sem atrito ancoragem esquelética, alguns passos significativos foram
(mecânica com alça de fechamento) e com atrito (mecâni- dados em direção a uma ancoragem absoluta1,2,3,5.
ca de deslizamento). No início da década de 2010, 64% Ao longo do tempo, os ortodontistas desenvolveram
dos ortodontistas brasileiros utilizavam a técnica baseada na uma variedade de estratégias e técnicas para preservar a
mecânica com atrito, enquanto apenas 20% desses orto- ancoragem5-14. Compreender os conceitos biomecânicos

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é fundamental para controlar a ancoragem, por meio da


realização de diferentes tipos de movimentação dentária
Espaço da extração
na unidade ativa versus unidade reativa. Sob uma perspec-
Grupo A tiva clínica, implementar sistemas de forças apropriados
(variação de força, magnitude do momento e proporção
momento/força) é um fator determinante, importante não
Grupo B
só para a movimentação dentária resultante, mas também
para a manutenção da ancoragem.
Grupo C

PONTO DE VISTA BIOMECÂNICO


Absoluta O modo como um dente se movimenta depende da
natureza do sistema de forças. O sistema de forças inclui
a força e os momentos aplicados ao braquete e a real dis-
0% 25% 50% 75% 100%
tribuição das forças no periodonto. A distribuição das for-
Segmento posterior Segmento anterior
ças é uma função do centro de rotação do dente15-22. Ao
se aplicar uma força (F) que não passa pelo centro de re-
sistência da unidade a ser movida, o ortodontista produz
Figura 1 - Classificação da ancoragem: Grupo A – o fechamento de espaços
compreende, em média, 25% de perda de ancoragem na região posterior e
um momento (MF), que pode causar inclinação (Fig. 2).
75% de retração anterior; Grupo B – o fechamento de espaços compreende A natureza da movimentação dentária pode ser controlada
quantidades semelhantes de movimentação dentária nas regiões anterior e
posterior; Grupo C – o fechamento de espaços compreende, em média, 75% pela aplicação de um momento contrário (M), que atua em
de protração na região posterior e 25% de retração anterior. A ancoragem
absoluta praticamente compreende 100% de retração anterior. direção contrária ao MF e move a raiz (ou as raízes) na dire-
ção do espaço. À medida que a magnitude do binário apli-
cado aumenta, a rotação do dente afasta a coroa para longe
do espaço. A proporção momento/força pode determinar
a qualidade da movimentação dentária (Fig. 3)1-9,13,18,20,22.
A força de retração produzida por uma mola sobre a
unidade ativa é mutuamente aplicada à unidade reativa.
Para a manutenção da ancoragem, o ortodontista anseia
por mais força na região anterior e menos força na região
posterior na direção do espaço; mecanismos externos ou
extrabucais devem ser incluídos (isto é, um aparelho extra-
bucal ou um mini-implante). Outra possibilidade é uma
proporção momento/força (M/F) diferente para as unida-
des ativa e reativa. Uma M/F mais alta nos dentes posterio-
res favorece a manutenção da ancoragem, uma vez que es-
ses dentes resistem à inclinação. Além disso, o profissional
deve entender que momentos desiguais entre as unidades
ativa e reativa produzem forças verticais (Fig. 4)1,2,3,8,9,10.

MÉTODOS PARA O FECHAMENTO DE ESPAÇOS


O planejamento do tratamento ortodôntico é mui-
to mais do que simplesmente optar ou não pela extração
dentária. Embora muitas abordagens para o fechamento de
espaços tenham sido descritas, os princípios biomecânicos
que determinam a natureza dos sistemas de força aplicados
são semelhantes em várias técnicas. São muitos os detalhes
Figura 2 - Uma força que não passa pelo centro de resistência gera movi-
mento de rotação (momento da força) e movimento linear. responsáveis por determinar a movimentação dentária ne-

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A B C D

Figura 3 - Tipos de movimentação dentária: A) inclinação descontrolada; B) inclinação controlada; C) movimento de corpo; D) movimentação radicular. As se-
tas vermelhas representam a força aplicada nos dentes e o momento da força. As setas azuis representam a força de um fio inserido no braquete e o momento
de um binário. As setas verdes representam o momento resultante (momento da força menos o momento de um binário).

Mecânica com atrito


A mecânica de deslizamento é atraente, em virtude
de sua facilidade. Porém, a eficiência dessa modalidade
de fechamento de espaços pode ser comprometida pelo
atrito. Clinicamente, há inúmeros fatores que podem
causar atrito, entre os quais: a largura do slot do braquete,
a composição do braquete, o calibre do fio, a composi-
ção do fio, o método de amarração do fio no slot, a dis-
tância interbraquetes e o deslocamento relativo entre o
braquete e o arco23,24,25.
Os desenhos e as técnicas de confecção dos braquetes
foram aperfeiçoados para diminuir a quantidade de atri-
to entre o braquete e o fio. Alguns estudos clínicos de-
Figura 4 - O momento diferencial reduz a proporção momento/força em um fendem a ideia de que a resistência ao deslizamento tem
segmento, enquanto aumenta a proporção momento/força em outro. Forças
verticais são geradas em razão da diferença entre os momentos alfa e beta.
pouca correlação com o atrito; em vez disso, trata-se de
um fenômeno de travamento e soltura (binding-and-release)
que não sofre grandes alterações tanto nos braquetes con-
cessária durante o fechamento de espaços, que pode ser vencionais quanto nos braquetes autoligáveis (Fig. 5)26.
realizado por meio da mecânica com atrito ou sem atrito. O travamento retarda a movimentação dentária na uni-
Na mecânica de deslizamento, a aplicação de forças por dade ativa e, por isso, a unidade reativa começa a se movi-
meio de molas helicoidais ou módulos elastoméricos gera mentar, levando à perda de ancoragem27,28. Na mecânica
atrito entre o braquete e o arco, e o dente é submetido a de deslizamento, um controle preciso dos dentes anterio-
uma força menor do que a que o ortodontista está aplicando. res durante o fechamento de espaços é fundamental para
Além disso, o fio guia produz os momentos necessários para se atingir o sucesso do tratamento ortodôntico. Quando a
prevenir os movimentos de inclinação e rotação. Na  me- linha de ação da força passa abaixo do centro de resistência
cânica sem atrito, o fio guia não é utilizado, logo, não há dos dentes anteriores, um momento posterior atua sobre
a perda de força causada pelo atrito de deslizamento. Cada os dentes anteriores, causando inclinação e extrusão dos
técnica tem suas particularidades, com prós e contras. A fa- incisivos (Fig. 6). O ortodontista pode adicionar braços
cilidade é uma meta no manejo clínico, mas pode estar em de força no segmento anterior, para controlar melhor esse
desacordo com as propriedades biomecânicas desejadas. segmento na direção vertical (Fig. 7). Quando os braços

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Figura 5 - À medida que o canino é inclinado para distal durante a retração, Figura 6 - Sistema de forças gerado pela mola helicoidal fechada que apli-
o fio ortodôntico fica travado na face do slot do braquete (“efeito de trava- ca forças abaixo do centro de resistência dos segmentos. Em virtude da
mento”), aumentando o atrito. distância linear entre a aplicação das forças e o centro de resistência, há a
ocorrência de momentos e do efeito de colapso, com forças verticais que
participarão do fechamento de espaços.

gerar forças que podem resultar no fechamento de espaços.


Essas alças propiciam a proporção M/F necessária, com
grande previsibilidade e versatilidade. Alças de fechamento
bem feitas favorecem um movimento mais contínuo; sen-
do muitas as razões para se optar por uma configuração em
detrimento da outra. Estudos sobre a constância das forças
sugerem que forças contínuas levam a um deslocamento
dentário maior23,26,30.
As características elásticas das alças de fechamento são
determinadas por alguns fatores específicos, como o mate-
Figura 7 - Sistema de forças gerado pela mola helicoidal fechada que aplica
forças ao nível do centro de resistência, por meio de ganchos (braços de
rial do qual o fio é feito, a secção reta transversal do arco, a
força). Não há momentos nem forças verticais. distância interbraquetes, a configuração e a posição da alça.
Provavelmente, a proporção M/F é a característica mais
importante de um arco de retração. Uma relação carga/de-
de força são alongados, a rotação de toda a dentição dimi- flexão baixa, bem como a eficiência e o controle do fecha-
nui29. A deformação elástica do arco também pode causar mento de espaços devem ter preferência sobre a facilidade
a rotação dos dentes anteriores29. de fabricação e entrega30.
Para o ortodontista, é praticamente impossível identi-
ficar o sistema de forças com precisão, em razão do atrito DESENHO DA ALÇA
na mecânica de deslizamento. Uma distância interbra- Todo ortodontista sabe que os fios ortodônticos são
quetes pequena (do canino ao segundo pré-molar, na resistentes e que a aplicação de forças em cada uma de
maioria das vezes) não permite que o clínico aplique uma suas extremidades vai causar o seu alongamento, não de-
proporção M/F diferente. Dada a proporção M/F limita- tectável a olho nu. A relação carga/deflexão será muito
da, o fechamento de espaços é, normalmente, realizado alta e poderá resultar em uma mola ineficaz. Adicionar
pelo mecânica do Grupo B. No fechamento diferencial dobras ao fio (isto é, confeccionar alças) pode reduzir
de espaços (isso é, Grupo A ou Grupo C), o uso de dispo- dramaticamente a relação carga/deflexão. Ao longo dos
sitivos adicionais, como aparelho extrabucal e mini-im- anos, diferentes configurações de alças para fechamento
plantes, pode se fazer necessário29. de espaços foram desenvolvidas. Alguns desenhos têm
mais vantagens do que outros30. Alças em gota, de aço
Mecânica sem atrito inoxidável, são o desenho mais comum, por serem fáceis de
Os ortodontistas confeccionam alças de fechamento, confeccionar; porém, esse tipo de alça gera forças altas com
em arcos contínuos ou segmentados, com o propósito de apenas 1mm de ativação7,27. Alças simples estão associadas a

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baixas ativações e ao rápido declínio de força, incluindo a ge- O EFEITO BAUSCHINGER


ração de forças intermitentes, causando um impacto nega- O efeito Bauschinger está, normalmente, associado às
tivo na eficiência do tratamento28,31. Além disso, conforme condições nas quais a resistência de um metal diminui com
demonstram Burstone e Koenig6, mesmo erros pequenos a alteração na direção da tensão. Trata-se de um fenôme-
de 0,3mm no comprimento horizontal de um alça vertical no comum, que ocorre na maioria dos metais policristali-
comum causam alterações significativas na proporção M/F, nos32. Em outras palavras, em dois desenhos diferentes de
o suficiente para transformar a movimentação radicular em alças em "T", quando uma alça de fechamento for ativada:
movimento de inclinação. Devido às suas características, se todas as dobras estiverem na mesma direção, será gerada
a alça em "T", em comparação às alças verticais, tem uma uma maior resistência à deformação permanente do que
proporção M/F maior e gera forças mais constantes em um se todas as dobras estiverem em direções opostas (Fig. 8).
espaço maior de desativação1. As dobras devem estar na mesma direção durante os proces-
No desenho da alça, aumentar o comprimento do fio, sos de confecção e ativação. Com determinados desenhos, o
isto é, adicionar um helicoide ou utilizar ligas de metal ortodontista deve dobrar o fio formando um ângulo maior e,
com um módulo de elasticidade menor (ou seja, beta-ti- em seguida, inverter a direção da dobra para obter o formato
tânio) reduz a quantidade de força gerada com a mesma final desejado. Com isso, a direção da última dobra ficará
ativação27. Dada a profundidade do sulco, o ortodontista correta, favorecendo a geração de tensão residual durante a
fica limitado à altura possível da alça. Para superar esse pro- ativação. Dobrar o fio formando um ângulo maior favorece
blema, um fio, como uma alça em "T", pode ser adicionado a resistência à deformação permanente, aumentando o al-
horizontalmente ou podem ser adicionados helicoides. cance da ativação. O ortodontista pode aquecer (alívio de

Figura 8 - A) Alça de fechamento com do-


bras em direção espiralada: essa configuração
apresenta uma maior resistência à deformação
permanente durante a fase de ativação. B) Alça
de fechamento com dobras em direção não
A B espiralada.

Figura 9 - Alça em gota inserida assimetricamen-


te (mais próxima ao segmento anterior do que
ao segmento posterior) fornece uma proporção
momento/força muito baixa, com controle radi-
cular inadequado. A vantagem dessa posição da
alça é a possibilidade de inúmeras ativações no
mesmo fio, à medida que o espaço é fechado.

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tensão) um arco de aço inoxidável quando a confecção de DOBRAS ANGULADAS E A POSIÇÃO NEUTRA
uma alça não gerar uma tensão residual favorável. Os ortodontistas aprenderam que, para realizar um
movimento de corpo, uma mola de retração (alça de
POSIÇÃO DA ALÇA fechamento) deve produzir um momento contrário,
Ao retrair o segmento anterior, o ortodontista normal- e a proporção M/F determinará o tipo de movimen-
mente insere alças de fechamento imediatamente na dis- to (ou  seja, translação ou inclinação descontrolada)19-22.
tal do incisivo lateral ou do canino, pois isso possibilita a Ao garantir que o sistema de forças ideal seja produzido,
ativação contínua da alça à medida que o espaço se fecha. os ortodontistas podem inserir dobras de segunda ordem
Porém, tem sido demonstrado que a posição da alça pode (dobras em "V" ou dobras gable) para aumentar o controle
aumentar ou diminuir a quantidade de perda de ancoragem da raiz. Essas cargas de pré-ativação são capazes de manter
posterior24,31. Se a alça de fechamento for inserida de modo os dentes verticalizados durante a desativação. É comum
descentralizado entre as unidades anterior e posterior, o seg- inserir dobras gable com o objetivo de ajustar a proporção
mento menor gerará momentos maiores, levando à inclina- M/F na direção anteroposterior, assim evitando o efeito
ção da raiz (aumento de ancoragem), enquanto o segmento de colapso à medida que o espaço é fechado35. As dobras
maior gerará momentos menores, favorecendo a transla- gable ajustam a proporção M/F a um nível que produz a
ção6,15,18. Além disso, a inserção da alça de forma assimétrica movimentação desejada, pois grande parte das configu-
entre os braquetes resulta em momentos desiguais e gera for- rações das alças é incapaz de prevenir a inclinação des-
ças verticais33,34 que podem causar sobremordida profunda. controlada5,13. Compreender melhor o efeito gable ajuda
Isso pode ser prejudicial, se a alça for inserida mais próxima os clínicos a alcançarem os resultados clínicos desejados,
aos dentes anteriores, em virtude da sua extrusão (Fig. 9). como um maior controle da ancoragem.

A B C

Figura 10 - Fechamento de espaços em um caso clínico submetido ao tratamento sem extrações: A) fase inicial; B) começo da fase de fechamento de espaços;
C) fim do tratamento.

A B

Figura 11 - Fechamento de espaços em um caso


clínico submetido ao tratamento com extrações:
A)  fase inicial; B) começo da fase de fechamento
C D de espaços; C) dobras gable; D) fim do tratamento.

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O ortodontista precisa entender que as dobras gable seguida pela retração de quatro incisivos preservaria a an-
produzem angulação, mas quando as molas são inseri- coragem posterior. O motivo para se acreditar nisso é que
das apenas na porção oclusal, os braços das alças se cru- forças mais leves poderiam ser aplicadas em cada uma das
zam, produzindo uma força horizontal, o que resultará fases. Talvez isso funcione se forças de menor magnitude
em uma ativação horizontal maior do que aquela prevista forem aplicadas, retraindo o segmento anterior sem serem
pelo clínico, levando à deformação permanente ou à pro- suficientes para mover o segmento posterior. Estudos clí-
dução de forças maiores34. nicos demonstraram que os dois tipos de retração não dife-
A posição conhecida como posição neutra não gera rem quanto à perda de ancoragem36.
forças horizontais, embora algumas forças verticais possam Normalmente, a retração do canino é indicada para casos
estar presentes. A posição neutra é um conceito impor- de apinhamento ou de discrepância da linha média. A me-
tante de um formato específico. A posição inicial (posição cânica (com ou sem atrito) é praticamente a mesma. O or-
neutra) para que não exista força horizontal ocorre com todontista deve se lembrar que a aplicação de forças fora do
os braços verticais cruzados (na presença de dobras oclu- centro de resistência resultará em movimentos de inclinação
sais). O ortodontista não poderá, porém, pressupor que há ou rotação. A retração do canino pode ser realizada apenas o
ausência de forças se os braços verticais estiverem apenas suficiente para criar espaço para os incisivos, sem nivelá-los.
encostados um no outro. Não há motivos para retrair o segmento anterior em duas
fases, a não ser que haja apinhamento. Além disso, a reali-
RETRAÇÃO EM UMA FASE (EM GRUPO) VERSUS RE- zação de duas fases pode ser antiestética, em virtude do gap
TRAÇÃO EM DUAS FASES (RETRAÇÃO DO CANINO) mais anterior e da maior duração do tratamento. Outro fator
Tradicionalmente, acredita-se que a retração do canino a ser considerado é o número mais significativo de efeitos

A B C

Figura 12 - Caso clínico com extração de primeiros pré-molares superiores e ausência congênita de segundos pré-molares inferiores: A) fim da fase de alinha-
mento e nivelamento; B) começo do fechamento de espaços; C) fim do tratamento.

A B C

D E F

Figura 13 - Caso clínico com extração de quatro primeiros pré-molares: A) fase inicial; B) retração parcial do canino; C) começo do fechamento de espaços
com alça em "T"; D) progresso do fechamento de espaços; E) manejo da relação entre caninos; F) fim do caso.

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Ribeiro GLU, Jacob HB tópico especial

A B

C D

Figura 14 - Manejo do fechamento de espaços em um caso cirúrgico: A) fase inicial; B) fase de fecha-
mento de espaços; C) elásticos intermaxilares com orientação de Classe III, usados para atingir o contro-
le diferencial de ancoragem e a descompensação dos incisivos; D) fim do tratamento.

A B

C D E

Figura 15 - Caso clínico com extração de primeiros pré-molares superiores e inferiores: A) fase inicial; B) começo do fechamento de espaços; C) uso de aparelho
extrabucal para promover maior ancoragem nos molares superiores; D) mecânica sem atrito na maxila e mecânica com atrito associada à ancoragem com
mini-implantes na mandíbula; E) fim do tratamento.

A B

Figura 16 - Caso clínico sem extração: A) fechamento de espaços usando mini-implantes para ancora-
gem na maxila; B) fim da fase de fechamento de espaços.

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A F

B G

C H

D I

Figura 17 - Desenhos de alças para fechamento


de espaços mais comumente usados pelos orto-
dontistas: A) alça vertical reversa, B) alça vertical
aberta, C) alça vertical fechada, D)  alça do tipo
bull loop, E) alça vertical reversa com helicoide,
E J
F) alça vertical aberta com helicoide, G) alça ver-
tical fechada com helicoide, H) alça em gota,
I) alça helicoidal e J) alça em "T".

colaterais, como a extrusão dos incisivos em função da in- lares. Tie-backs ou módulos elastoméricos podem ser uti-
clinação para posterior da coroa do canino, principalmente lizados durante a verticalização dos caninos. Além disso,
durante a mecânica de deslizamento36,37. um arco sobreposto é inserido ao redor dos caninos, para
Na mecânica de deslizamento, o ortodontista utiliza prevenir efeitos colaterais nos dentes adjacentes.
um fio guia. Para retrair os caninos, um fio redondo de
aço inoxidável é utilizado para mover os caninos para dis- AVALIAÇÃO DO FECHAMENTO DE ESPAÇOS E
tal. Normalmente, o canino é retraído com fios de aço CONSIDERAÇÕES CLÍNICAS
inoxidável de 0,016” e 0,018” inseridos em slots 0,018” e Um dos problemas mais comuns após o fechamento de
0,022”, respectivamente. O motivo é que o fio deve ser espaços é o torque dos incisivos. Fios redondos ou de bai-
resistente o suficiente para a retração, mas deve ter deflexão xo calibre podem resultar na lingualização da coroa. Vários
para combater uma possível tendência à inclinação. A rota- métodos são propostos para corrigir o torque indesejado
ção é outro efeito colateral resultante da mecânica de desli- dos incisivos, como torcer o fio ou utilizar molas especiais.
zamento, e ligaduras devem ser utilizadas38,39. Adicionar dobras de terceira ordem pode ser ineficaz
por vários motivos. Um fio com as mesmas dimensões do
CONTROLE DE EFEITOS COLATERAIS MECÂNICOS slot deve ser utilizado, para que haja menos folga entre o fio
Se as forças não passam pelo centro de resistência, um e o braquete. A ativação com um valor de torque maior
momento adicional deve ser produzido sem a necessidade requer menos ativação e mais ajustes do fio. Além disso, é
de rotação. Um dispositivo lingual pode ser colado, adi- quase impossível determinar a quantidade de dobras de ter-
cionando força na face lingual do canino, para que a força ceira ordem necessária para promover uma proporção M/F
resultante (vestibular e lingual) passe pelo centro de resis- suficiente. Como efeito colateral, os braquetes adjacentes
tência. Além disso, dobras antirrotação podem ser inseri- podem receber momentos iguais e com direção oposta.
das para prevenir a rotação durante a retração do canino Um arco de torque pode ser uma alternativa para pro-
por meio de alças23,39,40. duzir um torque de incisivo ideal. O sistema de forças
Após o nivelamento da retração do canino, efeitos co- produzido pelo arco de torque (0,017” x 0,025” - liga de
laterais, como curva de Spee reversa, podem ser causados. beta-titânio) resulta na correção adequada das raízes dos
A verticalização dos caninos pode gerar um movimento da incisivos. Uma pequena quantidade de força e um mo-
coroa para mesial e criar espaço entre caninos e pré-mo- mento alto e contínuo são produzidos em virtude do uso

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Ribeiro GLU, Jacob HB tópico especial

de um braço extenso. Os incisivos receberão o momen- Em síntese, não há como definir o melhor método para
to desejado, enquanto forças verticais indesejadas devem o fechamento de espaços. Alguns casos requerem determi-
ser evitadas por meio do uso de um arco de estabilização. nadas técnicas em detrimento de outras, e o ortodontista
Esse sistema tem a vantagem de facilitar a visualização e a pode ter suas preferências. Independentemente do método
medição das ativações de torsão41. empregado, compreender a biomecânica é fundamental.

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