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2 REVISÃO DE LITERATURA melhor nomenclatura a ser utilizada para esses


2.1 Nomenclatura dispositivos, propondo-se o termo “dispositivo
de ancoragem temporária” (DAT), que se
Araújo et al. (2006) relatam que a refere a “ todas as variações de implante,
utilização de dispositivos ortodônticos para parafusos, pinos e onplants que são instalados
ancoragem esquelética com diferentes especificamente para promover ancoragem
desenhos, formas e metodologias de aplicação ortodôntica e são removidos após a terapia
tem se mostrado cada vez mais freqüente biomecânica”, o que foi aceito pelos presentes.
clinicamente, assim como sua referenciação Da mesma forma, apesar de não haver
em periódicos especializados. Da mesma consenso do ponto de vista científico, o termo
forma, diferentes termos, como miniimplantes, miniimplante parece ser mais adequado do que
miniimplantes ortodônticos, microimplantes, o micro-implante, uma vez que “micro” é
microimplantes ortodônticos, miniparafusos e definido como 10-6. O desenho e a forma
microparafusos, têm sido utilizados, gerando a desses sistemas de ancoragem podem sugerir o
necessidade de padronização quanto à termo parafuso como adequado, porém para
terminologia mais adequada para se referir a evitar conotações negativas, os autores
dispositivos específicos. reunidos demonstraram a preferência por
Ritto et al. (2004) refere que métodos palavras como pinos, implantes ou
de ancoragem óssea, tais como implantes dispositivos.
retromolares, fios zigomáticos, anquilose
dentária, implantes palatinos, miniplacas,
2.2 Características dos miniimplantes
miniparafusos e minimplantes, possibiltam
ultrapassar as limitações prévias do tratamento
Roberts, Marshall e Mozsary (1990),
ortodôntico. O termo dispositivo de ancoragem
Spiekermann et al. (2000), Deguchi et
temporária (DAT) refere-se a todas as formas
al.(2003), Kyung , Hong e Park( 2003),
de implantes, parafusos, pinos e onplantes
Marassi, Leal e Herdy (2004), Marassi, Leal e
colocados especificamente com o propósito de
Herdy (2005) citam que alguns tipos de
criar uma forma de ancoragem adicional,
implantes têm sido utilizados durante o
sendo removidos após o tratamento.
tratamento ortodôntico, fornecendo a
Mah e Bergstrand (2005) publicaram
possibilidade de uma ancoragem absoluta,
os resultados compilados e obtidos em reunião
ampliando as possibilidades de tratamento e
realizada em 2004, envolvendo diversos
eliminando, em grande parte, a necessidade de
pesquisadores e clínicos experientes na área de
colaboração dos pacientes. Dentre esses tipos
ancoragem esquelética, previamente à reunião
de implantes destacam-se 1. implantes
da AAO American Association of
osseointegrados; 2. implantes osseointegrados
Orthodontics, em Orlando. Um dos tópicos
provisórios na sutura palatina; 3. miniplacas de
abordados neste encontro foi a definição da
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titânio; 4. miniimplantes. Os miniimplantes são miniimplantes podem receber carga imediata, e


mais versáteis que os outros tipos de implantes assim como aqueles, podem resistir a forças
supracitados, em razão do seu tamanho ortodônticas típicas de 200 a 300 g durante
reduzido, baixo custo, facilidade de instalação todo o tempo de tratamento.
e remoção esquelética, e vêm auxiliando os Segundo Fávero, Brollo e Bressan
ortodontistas em diversas situações clínicas (2002), a forma do implante deve promover
desfavoráveis. ancoragem mecânica, através de superfície de
Kanomi(1997); Costa, Raffaini e contato ósseo, que permita a distribuição da
Melsen (1998); Kyung, Hong e Park (2003); carga funcional sem causar danos à fisiologia
Marassi, Leal e Herdy (2005); Melsen (2005a) do tecido ósseo, sendo os formatos mais
relatam que os miniimplantes utilizados usados o cilíndrico e o cônico. Deve, ainda,
inicialmente para ancoragem ortodôntica foram limitar ao máximo o trauma cirúrgico no
os parafusos de titânio, destinados à fixação de momento da instalação e fornecer boa
fraturas e enxertos ósseos. Atualmente, estabilidade primária.
existem miniimplantes específicos para Kyung , Hong e Park (2003)
ortodontia, diferenciando-se dos anteriores por desenvolveram um miniimplante estreito em
possuírem uma área lisa, para atravessar a titânio, o Absoanchor, demonstrado na Fig. 1,
mucosa, e uma extremidade apropriada para o qual apresenta uma cabeça em forma de
instalação de fio de amarrilho ou módulos botão, com um orifício para ligaduras e
elásticos. Alguns modelos possuem elásticos. Seu diâmetro pequeno permite sua
extremidade externa com encaixe para arcos inserção em muitas áreas da maxila e
retangulares. São produzidos em formatos mandíbula que antes eram indisponíveis, como
cilíndricos ou cônicos com alguns requerendo entre as raízes dos dentes adjacentes. O
perfuração prévia da cortical, ao passo que Absoanchor tem um diâmetro de 1.2 mm a 1.6
outros são autoperfurantes. Os miniimplantes mm para diferentes locais e tarefas. Até mesmo
podem receber carga imediata, pois a os miniimplantes menore; de 1.2 mm e 1.3
estabilidade é obtida por retenção mecânica, mm, podem resistir tanto quanto os maiores a
que será proporcional à densidade e espessura uma força de 450 gramas/força, considerando
da cortical óssea onde o miniimplante for que a maior necessidade de aplicação de
instalado. forças ortodônticas é menor que 300 gramas.
Para Park et al. (2001) e Teixeira e
Júnior (2004), os miniimplantes apresentam
menor custo, pequeno diâmetro(1,2 a 2 mm) e
vários comprimentos, além de poderem ser
instalados em praticamente qualquer local,
incluindo o espaço inter-radicular. Ao
contrário dos implantes convencionais, os
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Figura 2 - Miimplante com cabeça de bracket.


Figura 1 – Miniimplante Absoanchor. Fonte: RITTO; KYUNG, 2004 a.
Fonte: KYUNG; HONG; PARK, 2003.
Nota: A) Miniimplante original. Park, Know e Sung (2004), Kim, Ham
B) Novo miniimplante ortodôntico e Chang (2005), Araújo et al. (2006), o
(Absoanchor).
miniimplante pode ser auto-rosqueante ou
Ritto e Kyung (2004a) relatam que autoperfurante (Fig. 3). O primeiro, devido ao
existem muitas formas de aplicação dos poder de corte presente, após a osteotomia
miniimplante com cabeça de bracket, o qual inicial (perfuração da mucosa gengival e
tem dois tipos de rosca: no sentido dos cortical óssea com uma fresa) cria seu caminho
ponteiros do relógio e no oposto. O momento de entrada no osso. O segundo, por não
de força criado após a colocação do arco na necessitar de fresagem óssea, tem o processo
ranhura tende a apertar ou desapertar o operatório mais simples e rápido. Acredita-se
implante. Para evitar o desaperto, deve ser que os autoperfurantes apresentem maior
escolhido o tipo de rosca apropriado, de forma estabilidade primária e ofereçam maior
a que o momento de força gerado origine resistência à aplicação de carga ortodôntica
sempre o aperto do implante, conforme a (Fig. imediata.
2).

Figura 3- Miniimplantes auto-rosqueantes


miniimplantes autoperfurantes Fonte: ARAÚJO et al., 2006.

Marassi, Leal e Herdy (2005) afirmam


que os miniimplantes são parafusos de titânio
grau V,variando entre 1,2 e 2,0 mm de
diâmetro com 6 a 12 mm de comprimento.
Araújo et al. (2006) Os miniimplantes
ortodônticos são fabricados em titânio com
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diferentes graus de pureza e tratamento de acoplamento dos dispositivos ortodônticos,


superfície, podendo variar entre 4 a 12 mm de como elásticos, molas ou fios de
comprimento por 1,2 a 2 mm de diâmetro (Fig. amarrilho. Também sofre variação
4). dependendo do fabricante, mas, como
regra geral, possui uma canaleta
circunferencial e uma perfuração
transversal que viabilizam a ativação
ortodôntica (Fig. 6).

Figura 4- Miniimplantes com diferentes


comprimentos da ponta ativa e do perfil
Figura 6 - Modelos diferentes de
transmucoso. cabeças de miniimplantes, sendo
Fonte: ARAÚJO et al., 2006. A e B auto-rosqueantes e C e D
autoperfurantes.
Apesar dos diferentes desenhos,
formas e medidas, que variam de acordo com a Fonte: ARAÚJO et al., 2006.

marca comercial, é possível dividir a


constituição dos miniimplantes em três partes b) perfil transmucoso: O perfil transmucoso é

distintas: A) Cabeça, B) Perfil transmucoso e a área compreendida entre a porção intra-

C) Ponta ativa (Fig. 5). óssea e a cabeça do miniimplante, onde


ocorre a acomodação do tecido mole
periimplantar. Usualmente constituída de
titânio polido, sua altura pode variar de 0,5
a 4 mm e deve ser selecionado de acordo
com a espessura da mucosa da região onde
o miniimplante ortodôntico está sendo
instalado. Implantes instalados no palato,
Figura 5 - Partes do miniimplante.
geralmente, requerem perfis transmucoso
Fonte: ARAÚJO et al., 2006.
mais longos, entre 2 a 4 mm, ao passo que
na face vestibular da mandíbula esta
medida é restrita a 0,5 mm. O perfil
a) cabeça: A cabeça do implante é a parte que
transmucoso é fundamental para que haja a
ficará exposta clinicamente e será a área de
possibilidade de manutenção da saúde dos
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tecidos periimplantares, sobretudo em acessórios fixados (molas ou cadeias elásticas)


regiões de mucosa ceratinizada, uma vez se encostem na mucosa (Fig. 7 e Fig. 8).
que a ausência de inflamação nesta área é
fator relevante para a estabilidade
primária.

c) ponta ativa: é a porção intra-óssea


correspondente às roscas do implante.
Quanto maior for aquantidade de roscas,
maiores serão a resistência ao
deslocamento e a estabilidade primária.

Ritto e Kyung (2004a) afirmam que os Figura 7: Diferentes miniimplantes


miniimplantes são a forma mais simples e com ranhura. Fonte: RITTO ; KYUNG
eficaz de conseguir uma ancoragem absoluta ( 2004a)
no tratamento ortodôntico. Diferentes tipos de
cabeça e desenhos estão disponíveis no
mercado, e a sua escolha varia com o tipo de
situação. Alguns miniiimplantes têm um dupla
ranhura para permitir o uso de arames
segmentados, todavia a forma redonda da
cabeça dificulta muito a inserção das ligaduras
metálicas. Os miniimplantes com cabeça de
bracket têm duas aletas e uma ranhura tal
como um bracket tornando muito fácil colocar
o fio e a ligadura. Estes miniimplantes existem
com duas formas de rosca: no sentido dos Figura 8: Diferentes marcas de
miniimplante.
ponteiros do relógio e ao contrário (devendo Fonte: RITTO , KYUNG(2004a).
este ser apertado em sentido anti-horário). Este
novo desenho permite um tratamento Araújo et al. (2006) referem que os

simplificado e deixa várias possibilidades de principais sistemas na atualidade para

correção sem a necessidade de aparelhos fixos ancoragem esquelética disponíveis nos

completos. Uma cabeça curta ou longa mercados nacional e internacional utilizam o

depende da zona de implantação. Se existir titânio de grau V de pureza (Fig.9) em sua

uma depressão ou defeito ósseo, a cabeça fabricação, cuja principal característica é não

longa tem mais indicação, pois evita que os


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viabilizar a formação de interface média), e 2 mm ( cinta alta) e possuem


osseointegrável. conexão hexagonal, para maior praticidade
durante a instalação e remoção ( Fig. 10).

Figura 10- Miniimplantes com diferentes


alturas de transmucoso, cinta
baixa(0mm), cinta média (1 mm)
e cinta alta (2mm).

Fonte: Mello et al.(2007)

2.3 Indicações clínicas

Figura 9 – Grau de titânio do O tamanho reduzido do miniimplante


miniimplante. ortodôntico diminui consideravelmente as
Fonte: ARAÚJO et al., 2006.
limitações quanto aos locais de sua possível
Nota: A) grau V; inserção. Esta grande variabilidade no que diz
B) grau IV. imagens em microscópio
eletrônico de varredura com aumento de 200x: respeito às possibilidades de localização para
C) sem tratamento de superfície; os miniimplantes permite sua utilização como
D) com tratamento de superfície.
recurso de ancoragem nos mais variados tipos
de movimentação dentária.

Segundo Mello et al. (2007), de modo Segundo Fávero, Brollo e Bressan

geral, os sistemas de miniimplantes (2002), Deguchi et al. (2003), Marassi, Leal e

comercialmente disponíveis têm como Herdy (2005), Melsen(2005a) e Cope (2005),

característica principal a ação de fixação como regra geral, os miniimplantes podem ser

autotravante no momento de instalação. Podem indicados para os indivíduos: 1) com

ser de diferentes alturas de transmucoso, necessidade de ancoragem máxima; 2) não

variando entre 0 mm (cinta baixa), 1 mm (cinta colaboradores; 3) com unidade de ancoragem


comprometida por seqüelas de problemas
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periodontais, por presença de reabsorção Trabalhos que demonstram a


radicular ou por número reduzido de elementos efetividade da utilização de mini-implantes
dentários; 4) com necessidade de movimentos como ancoragem ortodôntica são fartamente
ortodônticos considerados complexos ou relatados na literatura. Ohmae et al.( 2001)
impossíveis para os métodos tradicionais de avaliaram o potencial desta ancoragem, na
ancoragem. intrusão ortodôntica de dentes posteriores
Kyung, Hong e Park (2003), Yao et al. inferiores, Park, Kyung e Sung ( 2002)
(2004), Marassi (2004), Araújo et al.( 2006) retraíram dentes anteriores e verticalizaram e
relatam que miniimplantes podem ser úteis em intruíram molares mandibulares, Sugawara et
inúmeras situações clínicas, como na retração al. (2002) corrigiram mordida aberta anterior
em massa dos elementos dentários ântero- com a intrusão de molares superiores, Chung et
superiores, através do miniimplante instalado al .(2002) fizeram retração em massa de dentes
entre os segundos pré-molares e os primeiros anteriores.
molares superiores. Retração anterior-superior
e inferior com ancoragens máximas para casos
de pacientes com biprotrusão. Intrusão de a) Tracionamento de dentes inclusos
molares superiores. Distalização de molares
superiores. Estabilização de molares superiores Ritto e Kyung (2004a) realizaram
através de implante no palato ligado à barra miniimplante com dupla ranhura para permitir
transpalatina e aos primeiros molares o uso de fios segmentados. Todavia,
superiores. Ancoragem indireta no arco verificaram a forma redonda da cabeça
inferior através da instalação de miniimplante dificulta muito a inserção das ligaduras
na distal do molar unindo-o com fio de metálicas (Fig.11).
amarrilho até o primeiro molar inferior.
Mesialização de molar inferior: instalação de
miniimplante entre os pré-molares inferiores
ou entre canino e primeiro pré-molar.
Verticalização de molares: aplicando-se os
implantes distais ao dente a ser verticalizado
ou mesiais a este, utilizando-se braços de
alavanca. Tracionamento de caninos
impactados: grande parte do tratamento pode
ser feita sem a instalação do aparelho fixo,
tracionando-se inicialmente o canino para o
implante nos casos onde já há espaço para o Figura 11- Utilização de um miniimplante
canino. com ranhura e um arco segmentado para
fazer tração do canino.
Fonte: RITTO; KYUNG, 2004a
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Para Araújo et al.(2006), o


tracionamento de dentes inclusos pode ser
realizado de diversas maneiras como, por
exemplo, por meio de arcos segmentados,
arcos contínuos superelásticos ou aparelhos
removíveis associados ao uso de elásticos. B)
Nestes casos, faz-se necessária a colaboração
do paciente ou a montagem do aparelho fixo.
O posicionamento do miniimplante deve ser
planejado de acordo com a localização do
dente incluso (Fig. 12 e 13).
C)

A) B)

D)

Figura 13- Caso clínico com início


Figura 12 - Ilustração de tracionamento de de tracionamento de canino incluso.
canino com uso de miniimplante. Nota: A, B) ativação do sistema com
corrente e elástico em fio;
Fonte: Araújo et al.( 2006). C, D) radiografias evidenciando melhora
no posicionamento da unidade dentária.
Nota: A) ativação do sistema com elástico e B) Fonte: Araújo et al. ( 2006).
canino melhor posicionado no arco.
b) Correção de linha média

Araújo et al. (2006) afirmam que casos


que apresentam desvio de linha média dentária
e ausência de dentes posteriores, para servir
como ancoragem, podem se tornar um
problema do ponto de vista mecânico para o
ortodontista. Nessas situações, a instalação de
A)
um miniimplante distalmente ao espaço a ser
utilizado para a correção pode simplificar, ou
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mesmo possibilitar a movimentação dentária movimento de intrusão dos molares. Estes


no sentido desejado (Fig. 14). autores demonstraram uma intrusão de molares
de 0,5 a 1,0 mm por mês, aplicando uma força
em dentes posteriores de 200 a 300 gr, sem a
presença de reabsorção notável da raiz ou
problemas com a vitalidade desses dentes.
Concluíram que, com a simples colocação de
miniimplantes, o controle da direção e a
quantidade de força resultam no sucesso da
Figura 14- Uso de miniimplantes para a
correção da linha média dentária intrusão do molar.
superior, quando da ausência de
dentes posteriores.Fonte: ARAÚJO et al., 2006.
Ritto e Kyung (2004a) relatam que a
c) Intrusão de molares superiores extrusão molar traz muitas dificuldades quando
se planeja uma reabilitação com próteses ou
Ohmae et al. (2001) e Park et al. implantes, ou quando os dentes oponentes
(2003) observam que, em relação ao dano necessitam ser alinhados. O ortodontista pode
causado no ápice ou na região de furca dos preparar o espaço necessário para a prótese ou
molares após o movimento intrusivo com a implante através da intrusão molar. A intrusão
utilização da ancoragem rígida, reportou-se do molar superior é um dos movimentos mais
leve reabsorção radicular na região de furca e difíceis de se conseguir com ortodontia
do ápice, entretanto logo após houve formação convencional, sobretudo se não existir nenhum
de cemento nas mesmas regiões. dente distalmente. A intrusão pode ser feita
com um ou dois miniimplantes na zona
Sugawara et al. (2002) relatam que,
palatina, implante na zona vestibular, ou uma
apesar de a intrusão dos molares para a
combinação do aparelho fixo e miniimplantes.
correção da mordida aberta ser efetiva, pode
A ancoragem esquelética é um método fácil de
ocorrer uma recidiva em aproximadamente 30
intruir molares (Fig. 15 e 16).
% dos casos.

Park et al. (2003) referem que, quando


se observa uma ausência dentária,
principalmente na região posterior, que não é
reabilitada proteticamente logo após a
exodontia, os dentes adjacentes tendem a se
inclinar e girar; os antagonistas, a extruir.
Assim, a mecânica ortodôntica torna-se
Figura 15 - Uso de três miniimplantes para
bastante trabalhosa nesses casos,
intrusão de molar.Fonte: RITTO; KYUNG, 2004 a
principalmente quando se necessita do
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Figura 16: Colocação de


miniimplantes para intrusão molar.
Fonte: RITTO; KYUNG, 2004 a Figura 17- Ilustração de miniimplantes
posicionados por vestibular e palatino para
intrusão de molares. Elásticos em cadeia
unindo acessórios fixados na coroa e no mini-
Para Araújo et al. (2006), a intrusão de implante de cada lado. Fonte: ARAÚJO et al., (2006)
molares é, talvez, o movimento mais difícil de
Se apenas um molar superior necessita
se conseguir ortodonticamente. A literatura
de intrusão, dois miniimplantes são
tem mostrado alguns resultados satisfatórios
necessários: um na mesial por vestibular e
com a utilização de aparelhos extrabucais de
outro na distal por palatino da unidade em
puxada alta, mentoneiras verticais ou bite
questão. Os miniimplantes assim dispostos
blocks. Contudo, nem sempre é fácil conseguir
proporcionam um movimento dentário vertical
do paciente a colaboração necessária para
controlado quando da ativação do sistema com
atingir o efeito desejado, o que se deve ao
elásticos sintéticos (Fig.18).
grande desconforto físico e/ou estético que
esses aparelhos podem causar. Em alguns
casos, quando se trata da intrusão de uma única
unidade ou de um só lado do arco, seja por
A)
perda das unidades antagonistas, seja por
assimetria no crescimento, a mecânica pode se
tornar ainda mais complexa. O número e a
posição dos miniimplantes a serem instalados
B)
com a finalidade de intruir dentes posteriores
podem variar bastante, dependendo de quantas Figura 18 - Ilustração do uso de dois
e quais unidades serão intruídas. Para a miniimplantes, mesial e distal, para a intrusão
de um molar.
intrusão de uma ou mais unidades do mesmo
lado do arco, são necessários pelo menos dois Nota: A) ativação com elástico por vestibular
e palatino, do miniimplante para cada
miniimplantes, sendo um por vestibular e outro face do dente;
por palatino (Fig. 17). B) com elástico passando por oclusal.

Fonte: ARAÚJO et al., (2006)


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Nos casos em que o ortodontista Quando o dente se encontra com um


pretende intruir ambos os lados, como em nivelamento razoável, devem-se usar arcos
tratamentos de mordida aberta anterior por contínuos (Fig. 20).
intrusão de molares, pode-se utilizar um
miniimplante por vestibular e outro por
palatino, entre o primeiro e o segundo molar
(Fig. 19).
A)

B)

A)

C)

B)
Figura 19- Caso clínico com planejamento de
intrusão de dentes posteriores para D)
correção de mordida aberta
anterior, com arco contínuo.

Nota: A) visão lateral;


B) visão do elástico passando de
E)
vestibular para palatino.

Fonte: ARAÚJO et al., ( 2006).

Quando for necessária a instalação em


região de mucosa alveolar nãoceratinizada, F)

uma alternativa é instalar o miniimplante Figura 20- Caso clínico com fechamento de
mordida aberta anterior por
submerso com um fio de amarrilho, intrusão das unidades posteriores
proporcionando ligação com o meio externo, com miniimplantes.
Nota: A, B, C) Fotografias iniciais;
de forma a tornar possível a ativação desejada.
Para a intrusão de dentes posteriores podem ser D, E, F) após a intrusão dos molares e
fechamento da mordida.
utilizados arcos contínuos ou segmentados. Fonte: ARAÚJO et al. (2006).
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os dentes vizinhos e sem o risco de desvio do


Em casos que apresentam extrusão de plano oclusal em casos de intrusão unilateral.
grupo de dentes por perda de antagonistas, Pode ser feita de modo previsível e representa
resultando em alteração do plano oclusal, o uma alternativa interessante para a solução
segmento extruído deve ser movimentado com tradicional de desgaste da coroa, seguido de
a utilização do arco segmentado (Fig. 21). tratamento endodôntico e, em alguns casos, de
aumento de coroa clínica do molar extruído.
Como primeira opção para intrusão de molar
superior, recomenda- se a instalação de um
miniimplante por vestibular, entre segundo
pré-molar e primeiro molar superior, e um
miniimplante por palatina, na distal do
primeiro molar superior. Sugere-se uma força

A) de intrusão em torno de 1,5N a 2,0N (aprox.


150g a 200g), que pode ser obtida utilizando-se
elásticos em cadeia, trocados a cada três
semanas, ou por molas de níquel titânio.
Park et al. (2003) Demonstraram uma
intrusão de molares de 0,5 a 1.0 mm por mês,
aplicando uma força em dentes posteriores de
200 a 300 gr., sem a presença de reabsorção
B)
notável da raiz ou problemas com a vitalidade
desses dentes. Concluíram que, com a simples
Figura 21- Ilustração do posicionamento de
miniimplantes para a intrusão de colocação de miniimplantes, o controle da
um grupo de dentes posteriores
direção e a quantidade de força resultam no
(A - visão vestibular; B - visão
oclusal). sucesso da intrusão do molar.
Fonte: ARAÚJO et al., 2006.

d) Intrusão de incisivos superiores e


Em ambos os casos é recomendável a
inferiores
fixação de segmento de arco também por
palatino, proporcionando maior controle da Segundo Marassi (2006 a), os
movimentação vertical. miniimplantes podem ser utilizados para
Segundo Ohmae et al. (2001), Paik,
auxiliar na intrusão de incisivos superiores e
Woo e Boyd (2003) e Kyung, Hong e Park inferiores. Para essa aplicação pode-se instalar
(2003) Marassi et al. (2006a), com o auxílio um miniimplante entre os incisivos centrais e
dos miniimplantes, a intrusão de molares pode utilizar módulo elástico com aproximadamente
ser obtida sem efeito colateral indesejado para
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1,2N de força, ligando o miniimplante ao arco miniimplante. A introdução do minimplante


principal de aço (Fig. 22) com cabeça de bracket tornou o método mais
simplificado. O arco é inserido na ranhura do
micro implante. Dependendo do momento de
força que vai ser gerado, deve ser escolhida a
rosca de rotação horária ou a anti-horária, o
que evita a tendência do miniimplante de ter
de se desapertar se o momento de força for
Figura 22 - Intrusão de incisivos superiores. nesse sentido. Em suma, deve-se escolher o
Fonte: MARASSI , 2006a
implante de forma que o momento de força
gerado vá no sentido da inserção do parafuso,
não da sua saída (Fig. 23 e 24).
Zétola et al. (2005) afirma que a
intrusão dentária é um dos movimentos
ortodônticos mais almejados, porém é limitada
pela dificuldade de obtenção de uma
ancoragem adequada. Segundo Southard et al.
(1995), os implantes usados como ancoragem
podem ser utilizados potencialmente nestes
casos. Em seu estudo compararam a
ancoragem ortodôntica usada em dentes e
implantes de titânio osseointegrados com
finalidade de intrusão. No lado dos implantes a
unidade de ancoragem manteve-se rígida; na
Figura 23- Intrusão dos incisivos inferiores.
área dos terceiros pré-molares dos cães houve Barra lingual colada, e dois ganchos estéticos
rotação horária e intrusão, a qual era desejada; nas faces laterais dos incisivos laterais.
Fonte: RITTO; KYUNG, 2004a.

no lado convencional da ancoragem dentária


houve rotação anti-horária e não ocorreu
intrusão do dente.
Ritto e Kyung (2004 a) verificaram
que a intrusão dos incisivos inferiores pode ser
obtida de diferentes formas com ancoragem
esquelética. A força pode ser aplicada Figura 24- Miniimplante sob a espinha nasal
anterior.
diretamente do arco ou do dente ao Nota: Miniimplante sob a espinha nasal
miniiimplante ou usando um arco base com anterior e ligadura elástica para intrusão dos
incisivos superiores, enquanto a retração com
apoio distal em miniimplantes. É necessário molas de nitinol é feita através de dois
colocar um bracket com compósito no miniimplantes ao nível dos molares superiores.
Fonte: RITTO; KYUNG, 2004a.
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e ) Verticalização de molares

Conforme Di Matteo, Villa e Sendyk


(2005) A quantidade de pacientes adultos que
procuram tratamento ortodôntico previamente
a tratamentos reabilitadores oclusais é muito
significativa. Em grande número desses Figura 25 - Verticalização de molar inferior
com ancoragem indireta e arco contínuo.
encontram-se mutilações e agenesias dentárias,
Segundo pré-molar inferior estabilizado pelo
com inclinações dos dentes posteriores miniimplante.
Fonte: MARASSI et al. ,2006a.
remanescentes, que não permitem uma
adequada distribuição das cargas axiais das Di Matteo, Villa e Sendyk (2005)
forças de oclusão, estando associados, ainda, a Realizaram em seu estudo a verticalização de
perdas ósseas e problemas periodontais, como molares inclinados para mesial utilizando
bolsas nas faces mesiais desses elementos ancoragem em miniimplantes colocados na
dentários inclinados. A correção de inclinações região de linha oblíqua externa da mandíbula
insatisfatórias de dentes posteriores inferiores é (Fig.26 A-E). Foram selecionados três
de alto grau de dificuldade, pois na maioria das pacientes entre 40 e 48 anos (dois do gênero
vezes os espaços protéticos situados feminino, um do gênero masculino), com
mesialmente a estes elementos dentários molares inferiores inclinados para mesial e
possuem grandes dimensões, o que dificulta os distalmente posicionados às áreas edêntulas.
procedimentos ortodônticos necessários, Os pacientes foram tratados ortodonticamente
independentemente da técnica ortodôntica durante um período de 6 a 12 meses, com
empregada. técnica ortodôntica MD3. Miniimplantes de
titânio foram colocados bilateralmente com
Marassi et al. (2006a) relatam que
anestesia local. Uma incisão sobre a linha
correção de molares inclinados para mesial
oblíqua externa da mandíbula, medindo
pode ser obtida com a utilização de um
aproximadamente 1 cm, foi realizada em cada
miniimplante distal ao dente a ser verticalizado
lado, distalmente aos molares inclinados. Após
ou com dois miniimplantes na mesial do
deslocamento mucoperiosteal, minimplantes
mesmo (utilizando-se um tubo colado sobre
foram implantados e foram realizadas suturas
estes mini-implantes e arco segmentado), ou,
deixando suas cabeças exteriorizadas. Uma
ainda, com ancoragem indireta, usando arco
semana após a remoção das suturas, iniciou-se
contínuo e estabilizando-se um dente ou grupo
a verticalização dos molares, unindo estes
de dentes mesiais ao molar a ser verticalizado(
elementos dentários aos miniimplantes por
Fig. 25).
meio de ligaduras elásticas, com forças médias
variando de 150 a 200 gramas/força, levando-
se em consideração os princípios biomecânicos
28

de direção e quantidade de forças. A


componente vestibular de força nos molares foi
neutralizada, pela mecânica ortodôntica fixa.
Concluiu-se que o uso de miniimplantes
representa uma alternativa efetiva de
E)
ancoragem ortodôntica na verticalização de
molares.

F)

Figura 26 – Caso clínico de verticalização de


molar.
A)
Fonte: DI MATTEO; VILLA; SENDYK,
2005.
Nota: A) Detalhe do mini-parafuso;
B)Descolamento muco- Periostea para
exposição da linha obliqua externa;
C) Detalhe do nicho de Locação do
mini-parafuso com Broca 1,3 mm;
D) Mini-parafuso com ligadura elástica
B) em posição;
E) Modelo inferior vista Lateral direita
pré-verticalização;
F) Modelo inferior vista lateral pós-
verticalização.

f ) Retração de dentes anteriores


C)

Bae et al. (2002) Relataram em seu


artigo o caso clínico de uma paciente de 28
anos de idade, do sexo feminino, com um
perfil convexo, retrognata, sorriso gengival,
D)
classe II de relação canina, overbite de 4 mm e
overjet de 6 mm. Ambos os primeiros molares
29

inferiores tinham sido extraídos. Análise


A)
cefalométrica revelou uma CL II esquelética,
com excesso maxilar, uma mandíbula normal e
um ângulo mandibular alto.Os incisivos
maxilares superiores eram verticalizados e os
incisivos inferiores protruídos. O objetivo do
tratamento era corrigir a protrusão do lábio,
reduzir o sorriso gengival, alcançar uma
intercuspidação boa e retrair os incisivos
superiores completamente. Foram projetados
as mecânicas para máximo controle de
ancoragem. Depois de três meses de
nivelamento e alinhamento, ao invés de
prescrever para o paciente um A E B , foram
inseridos microimplantes de 10 mm de
comprimento por 1.2 mm de diâmetro entre o
primeiro molar superior e segundo pré-molar
superior. Após a técnica ortodôntica realizada,
os resultados obtidos foram uma relação de
classe II de molar e uma classe I de canino B)
(Fig. 27 A, B,C).
30

canino pode ser realizada com o uso de


elásticos

C)

Figura 28- O uso de miniimplantes


para retração de canino.
Fonte: RITTO; KYUNG, 2004 a .

Marassi (2006a), para retração em


Figura 27- Caso clínico de retração de dentes massa, recomendaram a instalação do
anteriores. miniimplante entre o segundo pré-molar e o
Fonte: BAE et al., 2002. primeiro molar superior, aplicando a força de
Nota: A) Paciente antes do tratamento; retração diretamente no miniimplante para o
B) Mecânica ortodôntica;
C) Final do Tratamento. gancho do arco (ancoragem direta). Sugerem-
se o uso de mola de nitinol ou módulos
Segundo Kyung, Hong e Park (2003), elásticos com uma força de 2,5N
os melhores locais para instalação do (aproximadamente 250g) de cada lado (Fig.
miniimplante para retração em massa são os 29).
espaços interdentais entre o 2º pré-molar e 1º
pré-molar.

Ritto e Kyung (2004 a) demonstram


que o uso de miniimplante para a retração de
31

O caso ilustra a aplicação clínica de


retração em massa num indivíduo com desvio
de linha média inferior para o lado direito, em
razão da ausência do elemento dentário 46,
com classe II total do lado direito e classe I do
lado esquerdo. Foram indicadas exodontias do
14, 24 e 34 para dissolver o apinhamento,
diminuir a protrusão e acertar a linha média
inferior. Os dentes superiores extraídos foram
desgastados no sentido mesiodistal e mantidos
no arco como provisórios com finalidade
estética. Miniimplantes foram instalados e
utilizados como ancoragem direta para retração
anterior em massa, evitando forças de
mesialização nos molares superiores. O
fechamento de espaço foi obtido com êxito,
sem a colaboração da paciente, e os
miniimplantes permaneceram estáveis durante
todo o tratamento. É importante que o
ortodontista escolha a altura da instalação do
miniimplante de acordo com o movimento
desejado dos incisivos superiores.
Uma instalação mais alta, mais
próxima à linha mucogengival, está indicada
nos casos em que se pretende um movimento
de retração, associado à intrusão dos incisivos
Figura 29- Retração em massa de dentes
(Fig. 30).
anteriores.
Fonte: MARASSI, 2006a.
Nota: A)Foto inicial do caso, onde foram
indicadas exodontias dos dentes 14,24 e 34
B) Fase de alinhamento e nivelamento- 14 e 24
mantidos provisórios.
C) Início do fechamento de espaço no arco
superior
D) e E) Continuação do fechamento de
espaços.
F) Foto final.
Figura 30 - Retração anterior com vetor de
força para intrusão dos
32

elementos dentários anteriores. indireta, seria a instalação do miniimplante


entre os primeiros e segundos molares
Fonte: MARASSI 2006a.
superiores, caso haja espaço suficiente entre as
raízes nesta região.

Uma instalação em uma altura


intermediária será desejável em indivíduos
com sobremordida normal.(Fig. 31).

Figura 32- Ancoragem indireta. Molares


superiores ligados ao miniimplante
por um fio de amarrilho.

Fonte: MARASSI 2006a.


Figura 31- Retração anterior sem vetor de
intrusão na região anterior.
Pode-se ainda, optar pela instalação na
Fonte: MARASSI ; LEAL; HERDY , 2005.
distal dos segundos molares em casos nos
A retração dos dentes anteriores e do quais há espaço e gengiva inserida disponível,
primeiro pré-molar poderá ser feita ou mesmo entre as raízes vestibulares dos
simultaneamente com a ancoragem indireta do primeiros molares permanentes, em casos que
miniimplante (Fig. 32), o qual estará apresentem estas raízes bem divergentes e
estabilizando os primeiros molares superiores. outros sítios não sejam favoráveis (Fig. 33).
Indica-se o uso de barra transpalatina nestes
casos para evitar giroversões dos primeiros
molares. Para instalação de miniimplante nesta
área é fundamental que se mensure a espessura
da gengiva a fim de escolher adequadamente a
extensão do perfil transmucoso e o
Figura 33- Ancoragem indireta para
comprimento total do miniimplante. A fechamento de espaço no arco superior com
extensão do perfil transmucoso (área lisa do vetor de força intrusivo para região anterior.
Fonte: MARASSI , 2006
miniimplante entre a extremidade externa e a g) Mordida aberta anterior
rosca) deverá corresponder à espessura do
tecido mole e o miniimplante deverá estar Marassi et al. (2006) referem que para
inserido no osso de 6 a 8 mm. Outra opção casos de mordida aberta anterior está indicada
para retração anterior, utilizando-se ancoragem uma instalação mais baixa, próxima ao limite
33

inferior de instalação (em torno de 4 mm acima para o fechamento deste espaço, através da
da papila na região de molares e de 5 mm mesialização dos dentes 37 e 38. Havia, ainda,
acima da papila na região de pré-molares). O a agravante de o rebordo na região edêntula
ortodontista também poderá controlar a linha apresentar-se com atrofia, estando diminuído
de ação de força durante a retração pela em volume no sentido vestibulolingual. O
modificação da altura do gancho da região aparelho ortodôntico instalado tracionou os
anterior. Em casos de mordida aberta anterior, dentes 37 e 38 por vestibular e lingual para
recomenda-se o uso de ganchos mais altos. A impedir a rotação indesejada dos dentes. Após
altura da linha de ação de força em relação ao 35 meses de atividade, o espaço foi fechado e o
centro de resistência dos dentes anteriores irá aparelho, retirado.
influenciar na inclinação vestibular dos Higuchi e Slack (1991) utilizaram os
incisivos durante a fase de fechamento de implantes osseointegrados num caso de
espaços,ou seja, quanto mais baixo o gancho, mordida cruzada anterior e edentulismo em
maior a necessidade de controle de torque para região de molares inferiores. Conseguiram
os incisivos. Caso não haja espaço suficiente excelentes resultados promovendo o
(mínimo de 2,5mm) entre as raízes dos descruzamento da mordida anterior com a
segundos pré-molares e primeiros molares colocação de dois implantes de 10 mm na
superiores, ou em casos de extração de posição dos primeiros molares inferiores, aos
segundos pré-molares superiores, pode-se quais foram instalados acessórios unitários e
indicar a instalação do miniimplante no coroa de resina composta. Segue-se, então, a
processo alveolar palatino entre os primeiros e instalação do aparelho, com aplicação de
segundos molares superiores. forças que variaram entre 150 e 400 g por um
período de 26 meses.
h) Pacientes mutilados Baptista (2004) relata que embora os
dentariamente implantes osseointegrados usados como
ancoragem para movimento ortodôntico
O uso de miniimplantes para tenham uma pequena documentação científica,
ortodontia em pacientes edêntulos é pouco quando comparados aos implantes
relatado na literatura; nestes casos são usados osseointegrados usados com finalidade
implantes osseointegrados. protética, algumas de suas finalidades em
Roberts e Smith ( 1984) relataram um ortodontia já foram experimentadas por
caso clínico no qual um adulto com 34 anos de diversos autores, que consideram os implantes
idade, do sexo masculino, caucasiano, com osseointegrados uma excelente indicação nos
ausência do dente 36, teve um implante casos ortodônticos de adultos edêntulos, visto
especialmente desenvolvido por para seu caso. que se torna difícil a obtenção de ancoragem
Este implante foi instalado na região para se proceder o movimento pretendido.
retromolar esquerda para servir de ancoragem i ) Mesialização de molares
34

Para Marassi, Leal e Herdy (2005), Para a mesialização de molares


muitas vezes a mesialização de molares sem a geralmente se indica a instalação de mini-
colaboração do paciente representa um desafio implante entre os pré-molares ou entre canino
para o ortodontista, principalmente quando este e primeiro pré-molar, se houver espaço inter-
movimento é unilateral, em razão da tendência radicular disponível nesta região. Recomenda-
de desvio da linha média. O uso dos se o uso de um braço de força, elaborado com
miniimplantes pode tornar esse procedimento fio de aço 019x025” ou 021x025”, inserido no
bem mais simples. A Fig. 34 ilustra o tubo auxiliar para que a linha de ação de força
fechamento de espaço num indivíduo com 12 se aproxime do centro de resistência do molar
anos de idade, com agenesia do canino a ser movimentado, prevenindo inclinação
superior direito, no qual decidiram utilizar o mesial durante o fechamento do espaço (Fig.
auxílio de ancoragem esquelética para evitar 35). O miniimplante deverá ser
desvio da linha média inferior e diminuir o preferencialmente instalado na direção ou
tempo de tratamento. próximo à altura do centro de resistência do
molar a ser mesializado e a linha de ação de
força deverá, de modo geral, ficar paralela ao
plano oclusal.

Figura 35 - Mesialização de segundo molar


inferior com braço de força.

Fonte: MARASSI , 2006b

Ritto e Kyung (2004a) afirmam que a


Figura 34 - Caso clínico de mesialização de
molares. estabilidade dos dentes anteriores é necessária
para exercer a mesialização molar. Com
Fonte: MARASSI, LEAL e HERDY 2005
ancoragem convencional é preciso aplicar
Nota: A) Início do fechamento de espaço
curva reversa ao arco e forças pesadas nos
unilateral
B) Fim do fechamento de espaço incisivos inferiores, a fim de prevenir o
unilateral
aumento do overjet em razão de uma
inclinação lingual. Reabsorção radicular pode
aparecer nestes casos. A ancoragem com
35

miniiimplantes elimina a necessidade das A)


forças pesadas e curva reversa, prevenindo a
reabsorção radicular. Paralelismo radicular é
facilmente obtido durante a mesialização em
virtude do arco segmentado próximo do centro
de resistência. Uma mola é colocada entre o
arco segmentado e o miniimplante.

j) Distalização de molares

Kyung, Hong e Park (2003) referem


que métodos tradicionais de controle de
ancoragem durante distalização de molares
tendem a causar movimento não desejado de
outros dentes e requerem cooperação do
paciente. Essas desvantagens podem ser
superadas com ancoragem esquelética, que está
gradualmente ganhando aceitação entre os
ortodontistas. Em seu artigo relataram o caso
clínico de um paciente do sexo masculino, com
11 anos de idade, que se apresentou com os
incisivos laterais superiores em mordida
cruzada e um apinhamento no arco superior
(Fig. 36 A e B).

Figura 36 - Caso clínico de distalização


de molares com implante palatino.
36

Fonte: KYUNG. HONG. PARK , 2003.

Nota: A) Caso clínico de distalização de


molares com implante palatino.
B) Finalização do tratamento de
distalização.

No caso foi realizada uma expansão


maxilar com aplicação de Hyrax. Depois de B)
cinco meses de protrusão maxilar anterior com Figura 37 – A e B - Distalização de molares
máscara facial, os molares estavam numa com barra modificada.

classe II e o expansor foi removido. Três Fonte: KYUNG; HONG; PARK , 2003.
meses depois, um miniimplante palatino foi
inserido e uma força distal de cerca de 400 Um Hyrax que expandiu o palato foi

gramas foi aplicada com elástico em cadeia. colocado, e protrusão maxilar anterior foi

Em três meses, os molares superiores começada com máscara facial. Em cinco

distalizaram 3,5 mm de raízes e 5 mm das meses, os molares estavam em uma relação de

coroas. O miniimplante foi removido depois de classe II de molares e a mordida cruzada

outros nove meses, e o aparelho fixo, cinco melhorou. Distalização de molar superior foi

meses depois ( Fig. 36 B). iniciada três meses depois com elástico
corrente para dois miniimplantes palatinos que

No outro caso clínico foi mostrado foram esplintados junto para estabilidade. Em

uma paciente do sexo feminino com 10 anos de cinco meses, distalizaram os molares

idade apresentou-se com um prognatismo superiores 3,5 mm de raízes e 5 mm de coroas.

mandibular e uma mordida cruzada anterior


(Fig. 37 A, B, C e D).

A)
37

Figura 37 - C e D- Finalização do
tratamento com barra modificada.
Fonte:Kyung et al .(2003).
Ritto et al.(2004) Os elásticos, a força
extra oral ou botões acrílicos são usados para
aumentar a ancoragem quando está planeada
uma distalização com ortodontia convencional.
A ancoragem cortical esquelética com micro
implantes permite fazer uma distalização de
qualquer dente. Apenas é necessária uma
conexão com uma mola ou cadeia elástica e o
dente em causa. É imperativo escolher a zona
de implantação de forma a evitar o contacto
radicular com o micro implante durante a
distalização.
Marassi et al.(2006) Distalizações de
até 4,0mm de molares superiores têm sido
obtidas de uma forma previsível com o auxílio
dos miniimplantes. Em caso de distalização
bilateral pode-se instalar um miniimplante na
sutura palatina e utilizar molas de nitinol ou
módulos elásticos ligados à barra transpalatina
para efetuar a distalização (Fig. 38).
Figura 38 - Caso clínico de distalização de
molares com miniimplante palatino.

Fonte: Marassi ( 2006).

Nota: A) Foto inicial;


38

B) Relação interarcos de Classe II e maiores movimentos das raízes para distal do


espaços das exodontias quase totalmente
que das coroas, o que normalmente é favorável
fechados;
C) Distalização bilateral de molares do ponto de vista de estabilidade do
superiores com módulo elástico
movimento. Após a recuperação e
ligando o mini-implante ao gancho
soldado na barra transpalatina.; sobrecorreção da relação de Classe I de
D) Radiografia cefalométrica
molares, iniciou-se a retração em massa dos
mostrando a linha de ação de força da
distalização; elementos dentários ântero-superiores,
E) Melhoria ântero-posterior com a
mantendo-se os molares estabilizados pela
distalização dos molares superiores;
F) Relação molar corrigida com a barra transpalatina ligada ao miniimplante. O
distalização dos molares superiores;
fechamento de espaço foi concluído com êxito,
G)Relação anterior com os molares
estabilizados pela barra ligada ao miniimplante permanecendo o miniimplante estável e os
na sutura;
molares em relação de Classe I.
H) Fechamento de espaço concluído
com os molares; Em casos de pacientes com palato mais
I) Foto final.
alto, há uma tendência indesejável de
inclinação da coroa dos primeiros molares para
mesial. Nestes casos o ortodontista pode optar
Como mostra o caso clínico, esta
por um desenho diferente de sistema de
aplicação clínica no tratamento de um paciente
distalização, onde a linha de ação de força
de transferência com histórico de exodontia
passa próximo ao centro de resistência dos
dos primeiros pré-molares superiores e
molares que estão sendo movimentados (Fig.
segundos pré-molares inferiores. Houve perda
39).
de ancoragem no arco superior e a relação
inter-arcos permaneceu em Classe II de
caninos, em uma fase adiantada do fechamento
de espaços. Um parafuso de titânio não
específico foi instalado na sutura palatina e um
botão lingual foi colado na extremidade do
parafuso para facilitar a instalação de módulos
elásticos para a distalização. Empregou-se uma
força de aproximadamente 4N (aprox. 400g) Figura 39 - Distalização de molares com linha
para a distalização bilateral. No sistema de ação de força próxima à altura
do centro de resistência dos
ilustrado, há uma tendência inversa dos molares superiores.
tratamentos de distalização com os aparelhos
Fonte: Marassi et al ( 2006)
intrabucais tradicionais. Como a força é
aplicada próximo ou acima do centro de Em indivíduos em fase de crescimento,
resistência dos molares, há tendência de no qual se opta pela distalização de molares
movimentação de corpo dos molares ou com o sistema supracitado, recomenda-se a
39

instalação de dois mini-implantes ao lado da acentuada da porção radicular. Esta condição


sutura palatina, visando evitar a inserção em se agrava em palatos mais profundos. A
áreas ricas em tecido fibroso (Fig. 40). necessidade de distalização de molares é
extremamente freqüente na clínica ortodôntica,
sendo normalmente utilizada para a correção
de más oclusões de Classe II e III de Angle,
sem lançar mão de extrações dentárias. Existe
na literatura a descrição de diversas técnicas
visando este objetivo, sendo as principais os
aparelhos extrabucais, distalizadores
Figura 40 - Distalização com miniimplantes no intrabucais e mecânicas de Classe II e III.
palato em pacientes em crescimento. Estes recursos apresentam como pontos
Fonte: Marassi et al. (2006) negativos a falta de estética, a presença de
efeitos indesejados nas unidades de
ancoragem, além da necessidade de
Dois miniimplantes também podem ser colaboração por parte do paciente. Uma vez
utilizados para distalização de molares em que a distalização de molares é, na grande
adultos, quando o cirurgião suspeita de pouca maioria dos casos, seguida pela retração dos
densidade óssea durante a instalação ou dentes a eles anteriores, torna-se necessária a
quando se planeja uma distalização mais remoção dos implantes para dar seqüência ao
significativa no arco superior (Fig. 41). tratamento. Então, para a distalização de pré-
molares e caninos pode-se programar a
instalação de aparelhos auxiliares
convencionais como recurso de ancoragem ou,
se necessário, proceder à inserção de novos
miniimplantes entre primeiros e segundos
molares.

Figura 41- Distalização de molares ancorados


em dois miniimplantes.
k ) Distalazações de pré-molares:
Fonte: Marassi et al. (2006)
Araújo et al.(2006) A aplicação de
carga para a distalização de molares acima
Ritto et al.( 2004) Os elásticos, a força
descrita é de difícil controle, pois o ponto de
extra oral ou botões acrílicos são usados para
aplicação de força acima do centro de
aumentar a ancoragem quando está planejada
resistência das unidades dentárias leva a uma
uma distalização com ortodontia convencional.
inclinação destas, com distalização mais
A ancoragem cortical esquelética com
40

miniimplantes permite fazer uma distalização


de qualquer dente. Apenas é necessária uma
conexão com uma mola ou cadeia elástica e o
dente em causa. É imperativo escolher a zona
de implantação de forma a evitar o contacto
radicular com o miniimplante durante a
distalização. O caso relatado por RITTO et al. (
2004) apresenta uma má oclusão de Classe II
DIV. I com apinhamento severo e desvio da
Figura 42 - Paciente antes do tratamento. Linha
linha média para a esquerda. Devido às media superior desviada para a
grandes restaurações dos pré-molares esquerda relação de Classe II.
permanentes, foi planejado extrair os dentes Fonte: Ritto et al.( 2004).
16, 26, 38 e 48 no final do tratamento. Os pré-
molares e canino superior direito foram
distalizados usando um miniimplante como
ancoragem. Depois da distalização, o overjet e
a linha média foram corrigidos. Desta forma
evitaram-se o uso de elásticos ou tração extra
oral. O caso foi terminado em 19 meses, com
uma correta intercuspidação (Fig. 42, 43, 44,
45). Figura 43- Extração dos dentes 16 e 26, e
colocação de miniimplante entre
17 e 15.
Sequência da distalização dos pré-
molares com uma mola.

Fonte: Ritto et al.( 2004).


41

Figura 45- Fim do tratamento.

Fonte: Ritto et al.(2004)

Figura 44 - Retração do canino e fechamento


de espaços. Correção do desvio da linha l ) Mordida Cruzada
média,continuidade do tratamento.

Fonte: Ritto et al.(2004). Park et al.(2004) relataram em seu


artigo que quando há uma discrepância de
arcos nos segmentos posteriores, os molares
tendem a erupcionar lingualmente e produzem
uma mordida cruzada. Para descruzar os
molares pode ser usado elástico corrente
juntamente com botões colados na face
palatina do dente superior e na face vestibular
do dente inferior, mas essa atitude gera uma
extrusão dos molares e desgasta o elástico
corrente que fica na parte oclusal dos molares
(Fig. 46).
42

um DAT por vestibular na maxila e outro por


lingual na mandíbula (Fig. 47).

Figura 46: Molares posteriores cruzados.


Fonte: PARK; KNOW; SUNG, 2004.

Assim realizaram uma proposta de


instalação de miniimplantes para realizar o
Figura 47 - Ilustração da correção de mordida
descruzamento dos molares. Para essa situação cruzada posterior lingual;
foi realizado a instalação de miniimplantes de
Fonte: Araújo et al.(2006)
1.2 mm de diâmetro por 10 mm de
comprimento colocado no maxilar e um 1.2 Nota: A)Miniimplantes instalados por
vestibular na maxila e lingual na
mm de diâmetro por 6 mm de comprimento na manbíbula;
mandíbula. A inserção deve ter uma angulação B)Mordida cruzada, após ação dos
elásticos.
de 30 a 40º para os miniimplantes na arcada
superior e 30º na arcada inferior. Neste caso,
após duas semanas foi realizada a colocação do
elástico corrente do miniimplante até os botões
colados nos molares.
Araújo et al.(2006) O desvio no eixo Para a correção de mordida cruzada
de irrupção dentária pode levar a uma mordida vestibular, utiliza-se um DAT no palato e outro
por vestibular na mandíbula (Fig. 48)
cruzada posterior. Quando os dentes superiores
e inferiores apresentam desvios em suas
inclinações axiais, pode-se lançar mão de
elásticos intermaxilares para correção do
problema. Estes, porém, além de apresentarem
resultante de força extrusiva, o que não é
desejável para alguns casos, necessita da
colaboração do paciente. Figura 48 - Ilustração da correção de mordida
cruzada posterior vestibular:
Para descruzamento de mordida
posterior, os miniimplantes devem ser Fonte: Araújo et al.(2006)
posicionados da seguinte forma: para a
Nota: A)Miniimplantes instalados no palato e
correção de mordida cruzada lingual, utiliza-se vestibular mandibular;
43

B) Mordida cruzada corrigida, após novo procedimento cirúrgico, uma vez que o
ação dos elásticos.
paciente já estará ciente dos detalhes desse tipo
de ancoragem.
Kyung, Park e Bae (2003) orientam
Desta forma evita-se o efeito extrusivo
que quando, o planejamento indicar o uso de
e a necessidade de colaboração do paciente.
miniimplantes na sutura palatina, é necessário
Caso apenas uma unidade dentária esteja com
avaliar na telerradiografia de perfil a
sua inclinação axial incorreta, utiliza-se um ou
quantidade óssea disponível, medindo-se a
dois miniimplantes no lado contrário à
distância entre as corticais superior e inferior
inclinação. Este recurso pode também
do processo palatino dos ossos maxilares na
representar uma opção para correção da
região que se planeja instalar o implante.
inclinação vestibular dos segundos molares
Acrescenta-se a esta medida 1 mm a 2 mm
superiores, sem efeito de extrusão, mesmo que
para determinar a extensão intra-óssea máxima
estes não estejam em mordida cruzada.
do implante. Em pacientes jovens os
miniimplantes podem ser instalados

2.4 Planejamento lateralmente à sutura palatina mediana.


Para Bezerra, Vilella e Laboissiere

Fávero, Brollo e Bressan (2002) apesar Júnior (2004); Marassi, Leal e Herdy (2005) e

de uma alta taxa de sucesso, alertam que Melsen (2005), a seleção dos casos, seguida de

ortodontistas, cirurgiões e os próprios um planejamento cuidadoso, é fundamental

pacientes devem estar cientes das para que se obtenha êxito com a ancoragem

complicações que podem surgir durante o uso esquelética. O planejamento para instalação de

da técnica de ancoragem com mininimplantes e miniimplantes deve ser feito após o exame da

que, eventualmente, pode haver necessidade de documentação ortodôntica completa do

reinstalação dos miniimplantes para que se paciente e após elaboração do plano de

atinjam os objetivos do tratamento ortodôntico. tratamento ortodôntico detalhado. O

Quando o ortodontista indicar ao cirurgião a ortodontista deverá selecionar então, dois ou

instalação dos miniimplantes, recomenda-se três possíveis sítios de instalação dos

que se faça uma solicitação por escrito, miniimplantes, levando em conta a direção dos

descrevendo a primeira e a segunda opção de vetores de força em relação ao centro de

instalação. Os pacientes ou responsáveis resistência do dente ou do grupo de dentes a

devem receber e assinar, antes de agendar a ser movimentado. Esse planejamento

cirurgia, um consentimento pós-esclarecido, biomecânico é muito importante e não deve ser

que informará sobre as vantagens, subestimado pelo ortodontista, sob pena de

desvantagens, riscos e limitações da técnica. A descobrir, após a instalação do miniimplante,

adoção dessa prática facilita o manejo dos que outro sítio seria mais apropriado.

casos em que houver a necessidade de um Recomenda-se a elaboração, para cada


44

possibilidade de local de inserção, de um de miniimplantes ortodônticos, conforme


esquema descrevendo os vetores de força anexo 1.
envolvidos, a quantidade de movimentação que
se pretende realizar e a intensidade de força
planejada. Este planejamento biomecânico irá
apontar a primeira e a segunda opção de local 2.5 Exames necessários para a
de instalação do ponto de vista ortodôntico. O realização de miniimplantes
cirurgião confirmará ou não a viabilidade de
instalação nestes locais escolhidos pelo Park, Kyung e Sung (2002), Marassi,
ortodontista. Em casos de espaço insuficiente Leal e Herdy (2004) e Poggio et al. (2006)
entre as raízes no primeiro sítio de instalação registram que as radiografias serão utilizadas
escolhido, o ortodontista pode: para avaliar a possibilidade do contato do
1. optar por outro sítio de miniimplante com estruturas anatômicas
instalação; adjacentes e para verificar se há espaço
2. aguardar até o final da fase interdental suficiente para a inserção do
de alinhamento e miniimplante.
nivelamento, quando os Kyung, Hong e Park (2003) afirmam
espaços entre as raízes que radiografias periapicais consecutivas
normalmente estarão devem ser usadas para determinar se o espaço
regularizados; existente é adequado para colocação do
3. fazer um preparo miniimplante. Tomografias computadorizadas
ortodôntico para a permitem avaliação mais precisa, mas
instalação dos aumentos de exposição à radiação ocorrem e
miniimplantes utilizando isso é dispensável (Fig. 49).
colagens atípicas ou arcos
segmentados para
deliberadamente afastar as
raízes dos dentes vizinhos Figura 49 - Radiografias e tomografias.
ao local de instalação dos Fonte: Kyung ; Hong; Park (2003).
miniimplantes.

Conforme Marassi, Leal e Herdy


Marassi, Leal e Herdy (2005) (2004), os indivíduos com indicação para o uso
orientaram e descreveram que o profissional de miniimplantes devem-se avaliar
deve realizar um consentimento informado cuidadosamente as áreas que podem servir para
pós-esclarecido para implantes ortodônticos; a instalação dos mesmos. Radiografias
uma planilha para o planejamento e protocolo periapicais das possíveis áreas de inserção
de agendamento de pacientes para instalação
45

devem ser realizadas para avaliação do espaço necessários para realização de miniimplantes
intra-ósseo e relação com as estruturas vizinhas são: planejamento cirúrgico para instalação dos
ao local do implante. A radiografia deve ser micro-parafusos ortodônticos; modelos e
obtida através da técnica do paralelismo, panorâmica recentes; encaminhamento
utilizando-se sempre posicionador, preenchido corretamente; periapicais dos
principalmente quando a inserção dos possíveis locais de instalação dos micro-
implantes for planejada entre as raízes, tendo parafusos ortodônticos.
em vista que o espaço entre estas quase sempre Para Marassi (2006b), radiografias
se apresenta reduzido. Pode-se utilizar uma periapicais dos possíveis sítios de instalação
grade milimetrada sobre a radiografia para devem ser obtidas através da técnica do
auxiliar nas medições. paralelismo, utilizando-se sempre
Marassi, Leal e Herdy (2005) posicionador, tomando-se o cuidado para que a
recomenda o preenchimento ou reavaliação da fonte de radiação esteja bem perpendicular ao
ficha de anamnese com o intuito de verificar o espaço interdental no sentido mesiodistal e a
estado de saúde do paciente, se não há contra- película radiográfica, bem paralela à face
indicações para a instalação do miniimplante e palatina dos dentes vizinhos ao local da
analisar a necessidade de medicação instalação (Figura 50).
específica.
Di Matteo, Villa e Sendyk (2005), em
seu estudo para movimentação de molares
inferiores ancorados em miniimplantes,
realizaram exames de tomografia
computadorizada de mandíbula com Figura 50 -Radiografias periapicais.
reconstrução tridimensional, enfatizando as
Fonte: MARASSI 2006b
regiões dos trígonos retro-molares e linhas
obliquas externas, a fim de serem observadas
as alturas e espessuras ósseas disponíveis e a 2.6 Instrumental
localização dos canais mandibular, sendo este
exame complementar. Também realizaram Kyung, Hong e Park (2003) relatam
tratamento especializado de raspagem e que o contra-ângulo com redução pode ser
polimento coronário e radicular, a fim de utilizado também para inserção do
controlar os problemas periodontais presentes. miniimplante, desde que tenha a capacidade de
Receberam, ainda, orientação de higienização fazer a instalação do mesmo com
bucal e tiveram treinamento assistido para aproximadamente 30 rotações por minuto. O
reforço do aprendizado. operador deverá possuir um kit de
Laboissiére Júnior (2006) Relata no miniimplantes (Fig. 51), contendo: uma ou
site de ancoragem absoluta que os exames duas fresas aproximadamente 0,3 a 0,5 mm
46

mais delgadas que o implante a ser instalado, medição da distância do miniimplante ao fio
chave manual, chave para contra-ângulo ortodôntico, de forma que as alturas dos dois
redutor, miniimplantes de espessuras e miniimplantes possam ficar simétricas.
comprimentos variados.

Figura 51- Fotos do kit de miniimplantes.


Fonte: KYUNG; HONG; PARK, 2003. Figura 52-Fotos do micromotor.
Fonte: MARASSI; LEAL; HERDY, 2005.

Araújo et al. (2006) referem que o


Marassi, Leal e Herdy (2005)
miniimplante pode ser autorosqueante ou
recomendam que para a instalação dos
autoperfurante. O primeiro, em razão do poder
miniimplantes é necessário o uso de um
de corte presente, após a osteotomia inicial
contra-ângulo de redução de no mínimo de
(perfuração da mucosa gengival e cortical
16:1. Esse contra-ângulo com redução permite
óssea com uma fresa), cria seu caminho de
que a perfuração seja feita em baixa
entrada no osso. O segundo, por não necessitar
velocidade, evitando aquecimento demasiado,
de fresagem óssea, tem o processo operatório
o que poderia levar à necrose celular e à
mais simples e rápido, utilizando apenas uma
inflamação na região ao redor do implante,
chave manual(Fig. 53).
comprometendo sua estabilidade. O contra-
ângulo pode ser acoplado a um micromotor
convencional (ar comprimido) ou de
preferência a um micromotor elétrico, que
poderá controlar melhor a velocidade de
perfuração e instalação. Os micromotores
elétricos desenvolvidos para instalação de
implantes têm a vantagem de especificar a Figura 53- Chave manual.
velocidade de perfuração e a quantidade de
Fonte: ARAÚJO et al.( 2006)
torque aplicado (Fig. 52). Recomenda-se o uso
de sonda milimetrada ou compasso de ponta
seca em caso de instalações bilaterais para
47

Marassi; Leal e Herdy (2005) 16) Micromotor elétrico


Descrevem uma lista de materiais para 17) Contra-ângulo redutor
realização de miniimplantes ortodônticos. de 16:1 até o 64:1
18) Especímetro
Bancada Cirúrgica (Material estéril) 19) Cabo de bisturi, lâmina
1) Bandeja para (para instalação em
instrumental mucosa ou
2) Sonda exploradora, em caso de fratura do
pinça, espelho mini-implante)
3) Carpule para anestesia
4) Tubetes anestésicos Bancada de apoio 1 (Material não estéril)
Citanest (4 unid) 1) Porta algodão com
(devem ter sido algodão em rolete
esterilzados em formalina). 2) Porta detrito
5) Agulha para carpule 3) Anestésico tópico
(2unid) 4) Sugador de saliva
6) Cursores de 5) Gase ( 1 pacote )
endodontia 6) Soro fisiológico
7) Cânula de sucção de 7) Miniimplante na
endodontia de maior embalagem
calibre 8) 2 pares de luvas
8) Seringa descartável de cirúrgicas na embalagem
20 ml com soro 9) Campo cirúrgico para
fisiológico a bancada e para avental do
(2 unidades) com paciente.
ponta romba 10) 4 películas para
9) Régua milimetrada radiografias periapicais
10) Sonda milimetrada para cada implante
11) Broca lança de 1.0mm (envolvidas com filme de
12) Broca helicóide de 1.0 pvc)
mm 11) 1 comprimido de
13) Broca helicóide de analgésico para fornecer
1.3mm para o paciente.
14) Chave manual ( Mini
implante ) Bancada de apoio 2
15) Chave para contra- 1) Radiografia panorâmica
ângulo e exame periapical
48

2) Radiografia
cefalométrica
3) Filme de PVC (para
biossegurança)
4) Posicionador para
radiografias
5) Periogard ou similar
para bochecho antes da Figura 54- Miniimplante instalado
em mucosa ceratinizada
cirurgia
6) Copo de café
descartável
7) Caneta para
retroprojetor
8) Afastadores para
fotografia
9) Espelho oclusal
Figura 55 - Miniimplante instalado
10) Máquina fotográfica em mucosa alveolar.
(opcional) Fonte: MARASSI 2006a

2.7 Técnica de utilização, instalação e


Por isso, para a maioria dos casos, a
procedimento cirúrgico
linha mucogengival irá representar o limite
apical da faixa vertical de inserção dos
Melsen e Lang (2001); Deguchi et al.
miniimplantes. Nas aplicações clínicas de
(2003); Marassi (2006a) Recomendaram a
intrusão, muitas vezes será necessário
instalação dos miniimplantes, sempre que
ultrapassar esse limite para que haja distância
possível, em mucosa ceratinizada, tendo em
suficiente entre o miniimplante e o plano
vista que o índice de sucesso dos dispositivos
oclusal para se obter a quantidade de intrusão
nessa área é superior àquele obtido nas
desejada. Convém advertir o paciente de que,
instalações em mucosa alveolar. A instalação
nas instalações em mucosa, o risco de perda do
em mucosa ceratinizada traz ainda outras
implante é maior e a atenção ao controle da
vantagens: elimina a necessidade de cirurgia
inflamação dos tecidos periimplantares deverá
com abertura de retalho, diminui a
ser redobrada.
sensibilidade pós-operatória, permite melhor
Segundo Favero, Brollo e Bressan
adaptação dos tecidos periimplantares e facilita
(2002) e Marassi, Leal e Herdy (2005), apesar
a higienização do implante por parte do
de uma alta taxa de sucesso, ortodontistas,
paciente (Fig. 54, 55).
cirurgiões e próprios pacientes devem estar
49

cientes das complicações que podem surgir parte do paciente, mobilidade e perda do
durante o uso desta técnica de ancoragem e miniimplante.
que, eventualmente, pode haver necessidade de Para Park, Kyung e Sung (2002);
reinstalação de miniimplantes para que se Marassi (2006b), quando o planejamento
atinjam os objetivos do tratamento ortodôntico. indicar o uso de miniimplantes na região da
Quando o ortodontista indicar para o cirurgião sutura palatina, é necessário avaliar, na
a instalação dos miniimplantes, recomenda-se telerradiografia de perfil, a quantidade óssea
que se faça uma solicitação por escrito, disponível, medindo-se a distância entre as
descrevendo a primeira e a segunda opção de corticais superiores e inferiores do processo
instalação. Os pacientes ou responsáveis palatino dos ossos maxilares no local em que
devem receber e assinar, antes de agendar a se planeja instalar o implante (Fig. 56).
cirurgia, um consentimento pós-esclarecido,
que informará sobre as vantagens,
desvantagens, riscos e limitações da técnica. A
adoção dessa prática facilita o manejo dos
casos em que houver a necessidade de um
novo procedimento cirúrgico, uma vez que o
paciente já estará ciente dos detalhes desse tipo
de ancoragem. Figura 56- Medida do espaço ósseo
Park, Kyung e Sung (2002), Marassi, disponível para instalação de
miniimplantes na região da
Leal e Chianelly (2004) e Poggio et al. (2006) sutura palatina mediana.
afirmam que as radiografias são utilizadas para
Fonte: MARASSI, 2006b.
avaliar a possibilidade do contato do
miniimplante com estruturas anatômicas Nota: Acrescenta-se a essa medida 1 a 2 mm
para determinar a extensão intra-óssea
adjacentes e para verificar se há espaço máxima do implante. Os indivíduos que
interdental suficiente para a inserção do apresentam disponibilidade de espaço
vertical de 4 mm ou mais, possuem
miniimplante. Recomenda- se que haja no condições favoráveis para a instalação
mínimo 2,5 mm de espaço entre as raízes no dos miniimplantes.

sítio de instalação de um miniimplante de 1,5


mm. Sugere-se um espaço mínimo de 3,5mm
para iniciantes. A tentativa de instalar os
miniimplantes em locais com espaço reduzido
entre raízes aumenta o índice de insucesso,
pois um pequeno erro de posicionamento
mesiodistal pode levar ao contato com a raiz
do dente vizinho, causando sensibilidade por
50

Figura 57 - Miniimplante de 2 mm, instalado 5) uma broca piloto de 1 mm de


na região do torus palatino.
diâmetro perfura o osso cortical, usando um
Fonte: MARASSI, 2006b spray (Fig. 60).

Nota: Para pacientes jovens recomenda-se


inserir dois miniimplantes ao lado da
sutura palatina mediana, evitando assim a
instalação em uma região rica em tecido
fibroso.

Segundo Bae et al. (2002), o


procedimento cirúrgico é realizado com: Figura 60- Broca piloto
1) o paciente é pré-medicado como
Fonte: BAE et al., 2002.
necessário.
2) O local de inserção está medido
com o guia de aço na radiografia periapical 6) o miniimplante de 1.2 mm é
(Fig. 58). inserido com uma chave (Fig. 61).

Figura 58- guia de aço para instalação do


miniimplante. Figura 61- Miniimplante instalado.
Fonte: BAE et al., 2002.
Fonte: BAE et al., 2002

3) Anestesia local é administrada com


2% de lidocaína; Park, Kyung e Sung (2002); Poggio et
4) Incisão para instalação do al. (2006) recomendam evitar que, durante a
miniimplante(Fig. 59) instalação, o miniimplante atinja o seio
maxilar, que se localiza normalmente a partir
de 8 mm acima da crista alveolar.
Park et al.(2003) e Teixeira(2004)
afirmam que áreas com maior densidade e
largura do osso cortical são consideradas as
Figura 59 – Incisão para instalação do mais estáveis para os miniimplantes. Na
miniimplante.
mandíbula, consideram as regiões retromolar e
Fonte: BAE et al., 2002. vestibular dos dentes posteriores como as mais
indicadas; na maxila, a área mais favorável é
da sutura palatina mediana, em razão da
51

espessura do tecido e da densidade óssea (Fig.


62 e 63).

Figura 64 - A cortical óssea pode ser


danificada facilmente através da
fricção do parafuso; por isso,
deve ser instalado com irrigação
Figura 62- miniimplantes na a uma taxa de não mais de 30
Mandíbula. Fonte: TEIXEIRA, 2004. voltas por minuto.

Fonte: Kyung , Hong e Park (2003a)

Kyung, Hong e Park (2003a) orientam


que, na mandíbula, as faces vestibulares e
áreas retromolares oferecem adequada
espessura e qualidade de osso cortical para
colocação de miniimplante de 1.2 mm a
1.3mm de diâmetro e 4 a 5 mm de
comprimento. Quando são necessários
miniimplantes linguais, os locais de inserção
Figura 63 - corte demonstrando instalação de
miniimplantes na mandíbula satisfatórios são os tórus, se estiverem
Fonte: TEIXEIRA, 2004. presentes. As superfícies corticais da região
maxilar onde a área está menos densa e há
Para Kyung, Hong e Park (2003a)
menos osso compactado do que na mandíbula,
Inserir um miniimplante no palato é difícil com
requerem miniimplantes mais longos,
uma chave manual convencional direta, pois
geralmente, 6-8 mm de comprimento e 1,2 mm
forma um ângulo oblíquo com a superfície do
a 1,3 mm de diâmetro. Em geral, um mini-
osso, levando a uma mudança da direção do
implante de ortodontia deve ser ligeiramente
parafuso e aumentando o dano de perfuração
mais longo e mais espesso que os parafusos
ao osso, com o que há o fracasso do implante.
cirúrgicos previamente disponíveis, o que
Por isso uma chave em contra-ângulo é
ajuda a compensar para a geração de
necessária e deve ser mais longo que a
momentos maiores pela cabeça de micro-
profundidade do palato, para evitar contato
implante ortodôntico (Fig. 65)
com os dentes anteriores superiores (Fig. 64).
52

interdental e acrescenta-se a
este valor 4 mm. Essa medida
vertical corresponde à
distância mínima da
extremidade da papila que o
cirurgião pode instalar o
implante. Se utilizar uma
Figura 65 – Momento= Força x Distância
Fonte: Kyung , Hong e Park medida menor pode ficar
(2003a). aquém da crista óssea.
3. Determina-se dentro da faixa
de inserção supracitada, a
O processo de instalação dos
posição vertical do
miniimplantes começa com a determinação
miniimplante de acordo com o
precisa do local do implante, através dos
planejamento biomecânico
seguintes passos:
obtido a partir do plano de
1. Determinar a posição
tratamento ortodôntico.
mesiodistal através da análise
Recomenda-se utilizar um
da radiografia periapical,
cursor, como os utilizados nas
observando-se o guia
limas de endodontia, inserido
cirúrgico ou a direção do
próximo à ponta da agulha,
ponto de contato dos dentes
para medir a espessura da
vizinhos ao local de
mucosa sobre o local do
instalação.
implante. Essa medida será
2. Determinar a faixa de inserção
utilizada para a escolha do
vertical. Localiza-se a linha
comprimento do miniimplante
mucogengival que representa,
a ser utilizado e será
para a maioria dos casos, o
importante para implantes no
limite apical da região
processo alveolar palatino,
destinada ao implante, uma
onde a espessura da mucosa é
vez que o índice de sucesso
bastante variável.
dos implantes é muito maior
Para um miniimplante palatino, as
quando instalados em gengiva
densidades das mucosas deveriam ser medidas
inserida do que quando
com uma agulha anestésica ou sonda (Fig. 66).
instalados em mucosa
alveolar. Mede-se a
profundidade do sulco
gengival na região da papila
53

velocidade, com torque adequado. Esse


equipamento pode ser acoplado a um micro-
motor convencional (movido a ar comprimido)
ou a um micro-motor elétrico. Os micro-
motores elétricos desenvolvidos para
instalação de implantes têm a vantagem de
controlar com precisão a velocidade de
Figura 66- Forma de medir a densidade da
perfuração e a quantidade de torque aplicado.
mucosa palatina.
Uma vez que não se espera osseointegração do
Fonte: Kyung , Hong e Park (2003b).
miniimplante, é fundamental que seja obtida
estabilidade primária, ou seja, ausência de
Pelo menos 6 mm do miniimplante
mobilidade, no momento da instalação. Caso o
devem penetrar no osso, o que normalmente
cirurgião não obtenha essa estabilidade,
requer um diâmetro de 1.2mm a 1.3 mm e um
recomenda-se a remoção do parafuso inserido
comprimento de 10 a 12 mm para colocação.
e a instalação de um novo miniimplante de
As áreas de linha média contêm osso cortical
maior diâmetro, se houver espaço suficiente
de alta qualidade, mas também têm suturas
entre as raízes. Se não for possível a instalação
ósseas, de forma que um miniimplante
de um miniimplante mais espesso, aconselha-
colocado na área de sutura deveria ser um
se uma nova perfuração, um pouco acima ou
pouco mais espesso que o habitual. Se a
abaixo da anterior, ou passar para a instalação
resistência óssea da área de sutura é
na segunda opção do planejamento.
inadequada, o miniimplante pode ser colocado
Para Kyung, Hong e Park (2003a) e
adjacente à sutura.
Marassi, Leal e Herdy (2004b), é desejável que
os dentes vizinhos ao local da inserção não
Se o espaço disponível entre as raízes
sejam anestesiados; por isso, recomenda-se
não é suficiente, o clínico pode considerar
aplicar a anestesia próximo ao local, em tecido
movimento das raízes separando
mole, onde será instalado o miniimplante,
ortodonticamente antes de colocar o
utilizando-se aproximadamente um quinto da
miniimplante. É importante que, durante a
quantidade do tubete anestésico. A ausência de
cirurgia de instalação do miniimplante, o
anestesia profunda permite que o paciente
cirurgião controle o aquecimento do osso que
relate dor, caso o cirurgião, durante a
irá ficar ao redor do miniimplante, evitando,
perfuração, atinja o ligamento periodontal dos
assim necrose óssea, inflamação e perda de
dentes vizinhos. Se isso ocorrer, o cirurgião
estabilidade do implante. Recomenda-se o uso
pode remover o parafuso e mudar a direção de
de um contra-ângulo de redução de no mínimo
inserção.
16:1. Esse contra-ângulo com redução permite
Kyung, Park e Bae (2003b); Bezerra et
que a perfuração seja feita em baixa
al (2004); Marassi, Leal e Herdy (2005)
54

recomendam perfurar o comprimento total do o módulo elástico escape para oclusal. Deve-se
implante a ser instalado, preparando um túnel fazer a instalação no mínimo 6 mm acima da
para a inserção do mesmo; outros preconizam papila interdental, uma vez que o movimento
a perfuração somente da cortical. A perfuração intrusivo irá levar a uma remodelação da crista
apenas da cortical é suficiente para a inserção óssea. A falta de observação desta distância
dos miniimplantes e minimiza pode levar à perda do implante ou até à
significativamente o risco de atingir raízes recessão óssea e gengival na região do
vizinhas ao local da instalação. Recomenda-se miniimplante. A instalação nesta região muitas
uma velocidade de aproximadamente 30 vezes torna-se complicada pela presença de
rotações por minuto, acompanhada por uma inserção mais baixa do freio labial no arco
irrigação com soro fisiológico, superior ou faixa estreita de gengiva inserida
preferencialmente gelado, para evitar no arco inferior, exigindo, em alguns casos,
aquecimento ósseo. Para os implantes instalação em mucosa alveolar. Durante o
instalados em gengiva inserida não é planejamento biomecânico, deve-se levar em
necessária abertura de retalho para exposição conta que este miniimplante instalado entre os
óssea, ou seja, a perfuração com a fresa incisivos centrais normalmente está à frente do
helicoidal (ou em forma de lança) pode ser centro de resistência dos incisivos, havendo,
feita diretamente através da gengiva. portanto, uma tendência de vestibularização
Miyawaki et al. (2003); Marassi, Leal dos mesmos durante o processo de intrusão.
e Herdy (2005) recomendam que, caso seja Essas dificuldades (presença do freio e
necessária a instalação de miniimplante na tendência de vestibularização dos incisivos)
região de mucosa alveolar, deve-se fazer uma podem ser contornadas com a instalação de
incisão de aproximadamente 3 mm e afastar os dois miniimplantes, um em cada quadrante,
tecidos moles para perfuração. Nesse caso entre as raízes dos caninos e dos incisivos
pode-se optar por deixar apenas um fio de laterais (Fig. 67 e 68).
amarrilho atravessando a mucosa, para tentar
diminuir o incômodo e a dificuldade de higiene
ao redor do implante, que ocorre comumente
com estes implantes em mucosa alveolar. Estes
casos de instalação em mucosa alveolar
possuem maior índice de insucesso e trazem
maior desconforto para os pacientes. Figura 67- Forma de instalação para intrusão
assimétrica.
Park et al.( 2003); Marassi (2006a),
para os casos de intrusão incisivos e também Fonte: Marassi et al.( 2006a).
de molares, recomendam instalar os Nota: A) Intrusão assimétrica de incisivos
miniimplantes mais perpendiculares em inferiores – arco superior correto em
relação à face.
relação ao longo eixo do dente, para evitar que
55

B)Intrusão assimétrica de incisivos miniimplantes de 1,5mm ou 2 mm de diâmetro


inferiores- visão lateral.
devem-se evitar torques superiores a 15 N.cm e
50 N.cm, respectivamente. Em caso de uso de
chave manual, recomenda-se que o operador
teste em ossos artificiais ou blocos de madeira
a fratura de dois ou três miniimplantes, para ter
uma idéia do limite de força que esses
dispositivos suportam antes de sofrerem
fratura. Além do controle do torque, o
operador deve evitar movimentos fora do
longo eixo da inserção do parafuso, que
poderiam também favorecer fratura do
miniimplante.
Para Kyung, Park e Bae (2003),
Marassi, Leal e Herdy (2005), para a instalação
Figura 68- Instalação de miniimplante muito de miniimplantes autoperfurantes em
próximo a papila.
mandíbula ou locais de osso muito denso,
Fonte: Marassi et. al.(2006a). recomenda-se uma marcação da cortical óssea
Nota: A) Intrusão de molar com com uma fresa manual do tipo lança ou uma
miniimplante muito próximo à papila inserção inicial do miniimplante perpendicular
interdental.
B) Continuação do processo de à cortical óssea, visando evitar fratura da ponta
intrusão do segundo molar superior. ou deslize do miniimplante sobre a cortical
C) Intrusão do molar concluída, porém
com presença de recessão óssea e gengival. óssea durante a instalação. O cirurgião pode
O miniimplante deveria estar mais escolher entre dois métodos de instalação:
afastado do final da crista óssea para evitar
esse problema. perpendicular ou angulada (10º a 20º de
angulação) em relação à tabua óssea vestibular.
A perfuração e subseqüente inserção do
Kyung, Hong e Park (2003), Marassi et
miniimplante angulado têm a vantagem de
al. (2005) e Melsen (2005) orientam que, para
proporcionar uma maior área de contato do
evitar fratura de miniimplantes durante o
implante com a cortical óssea e, na maioria das
procedimento de instalação, haja um controle
vezes, diminuir a chance de contato da broca
de torque utilizando-se micromotor elétrico ou
ou do implante com as raízes adjacentes ao
torquímetro manual. O operador deve se
local do implante. No processo alveolar da
informar junto ao fabricante do miniimplante
maxila utiliza-se uma angulação de 30 a 60
que será utilizado sobre o torque máximo a ser
graus em relação ao longo eixo dos dentes, por
utilizado na instalação ou remoção desses
vestibular ou por palatina, com o objetivo de
dispositivos. Como regra geral para
aumentar o contato de superfície entre
56

miniimplante e o osso, melhorando a retenção locais de mucosa espessa trazem maior risco
e reduzindo o risco de tocar uma raiz. Na de perda dos miniimplantes, pois aumenta a
sutura palatina utiliza-se de 70 a 90 graus em distância entre o ponto de aplicação da força e
relação ao palato. Na mandíbula é utilizada o osso, criando um braço de alavanca, levando
uma angulação de 30 a 60 graus, para evitar maior pressão à cortical óssea. Nesses casos,
fratura de miniimplantes durante o sugere-se o uso de um miniimplante de maior
procedimento de instalação, sugere-se um diâmetro sempre que possível (Fig. 71).
controle de torque utilizando-se micro-motor
elétrico ou torquímetro manual (Fig. 69 e 70).

Figura 69- Angulação do miniimplante na


instalação na maxila.
Fonte: Marassi ; Leal; Herdy, 2005.

Figura 71 - Uso de cursor para determinar a


espessura da mucosa.

Fonte: Marassi ;Leal;Herdy, 2004.

Kyung, Hong e Park (2003a) sugerem


como referência para o posicionamento
mesiodistal do miniimplante que o operador
Figura 70- Instalação do miniimplante na
maxila. pode utilize o ponto de contato dos dentes
Fonte: Kyung; Hong; Park, 2003. vizinhos ao local da instalação ou lance mão de
um guia cirúrgico. Este pode ser construído
Kyung, Hong e Park (2003); Marassi,
com fio de latão 0,6 mm no espaço interdental
Leal e Herdy (2004) recomendam utilizar um
ou com fio guia retangular, fixado no(s)
cursor, como os utilizados nas limas de
acessório(s) do(s) dente(s) vizinho(s) ao local
endodontia, inserido próximo à ponta da
do implante. Pode-se confeccionar um guia
agulha da anestesia ou adaptado a uma sonda
removível construído em resina acrílica (ou
milimetrada, para medir a espessura da mucosa
resina fotoativada) adaptada à oclusal dos
onde o implante será instalado. Essa medida se
dentes próximos ao local da instalação,
faz importante para implantes no palato, onde a
contendo uma extensão oclusal até a altura do
espessura da mucosa é bastante variável e será
local em que se pretende instalar o
utilizada para a escolha do comprimento do
miniimplante (Fig. 72).
perfil transmucoso e comprimento total do
miniimplante a ser utilizado. As instalações em
57

Figura 72 - Os locais de implante devem ser


marcados com um metal e
radiografados antes de perfurar.

Fonte: Kyung ; Hong; Park 2003.

Figura 74-Radiografia pós-operatória,


A escolha do comprimento intra-ósseo confirmando posicionamento correto entre as
raízes.
e da espessura do implante a ser instalado varia
de acordo com sua localização e de acordo Fonte:Marassi ( 2006a).

com os implantes fornecidos por cada Nota: Caso haja contato com a raiz ou
fabricante. Sugestões para a escolha do ligamento periodontal de um dos dentes
adjacentes, pode-se modificar a posição
diâmetro e do comprimento intraósseo do do implante no mesmo tempo cirúrgico,
parafuso podem ser vistas na (Fig.73). evitando a possível necessidade de nova
intervenção em caso de sensibilidade
pós-operatória.

Marassi, Leal e Herdy (2005); Di


Matteo, Villa e Sendyk (2005) Orientam a
determinação do limite mínimo de inserção do
miniimplante, medindo-se a profundidade do
Figura 73- Protocolo para escolha dos
miniimplantes de acordo com o local de sulco gengival e acrescentando a essa medida 4
instalação. mm, ou seja, em geral os miniimplantes devem
Fonte: Marassi (2005). ser instalados no mínimo 5 mm a partir da
papila interdental. Se esse dispositivo for
instalado com uma distância menor do que
Kyung. Hong, Park(2003); Marassi essa, o operador corre o risco de não atingir a
(2006a) Recomendam a tomada de uma crista óssea, ficando o miniimplante instalado
radiografia de controle logo após a inserção do apenas em tecidos moles, ou instalar o
implante, ainda durante a consulta de miniimplante muito no início da crista óssea, o
instalação, para verificar a sua posição do que poderia levar à fratura. A Fig. 75 ilustra a
mesmo em relação aos dentes vizinhos (Fig. seqüência clínica de instalação de um
74). miniimplante.
58

periapical, realizado pela técnica do


paralelismo, proporciona uma informação mais
segura quanto ao espaço disponível, de forma a
orientar a definição do local e diâmetro ideal
do implante. Esta atenção evita ou minimiza a
possibilidade de lesão às estruturas anatômicas
durante a instalação.
Para Nascimento, Araújo e Bezerra
Figura 75- Seqüência clínica de instalação de
miniimplante. (2006), os miniimplantes podem ser auto-
rosqueante ou autoperfurantes. O primeiro,
Fonte: Marassi (2005)
Nota: A) Anestesia próxima ao local de devido ao poder de corte presente após a
instalação do miniimplante;
osteotomia inicial (perfuração da mucosa
B )Marcação da linha mucogengival;
C) Marcação da posição mésiodistal gengival e cortical óssea com uma fresa), cria
baseada no ponto de contato dos dentes
seu caminho de entrada no osso. O segundo,
vizinhos ao local da instalação;
D) Marcação da posição vertical do por não necessitar de fresagem óssea, tem o
miniimplante
processo operatório mais simples e rápido.
E) Conferência da profundidade do
sulco gengival Acredita-se que os autoperfurantes apresentam
F) Perfuração angulada da cortical com
maior estabilidade primária e oferecem maior
fresa helicoidal
G) Preparo para instalação do resistência à aplicação de carga ortodôntica
miniimplante com motor elétrico
imediata.
H) Aspecto pós-operatório imediato
I) Vista aproximada do miniimplante Araújo et al. (2006) referem que a
instalado
seleção do diâmetro e comprimento dos
miniimplantes é fator importante no processo
Villela et al. (2004) visando ao sucesso de utilização destes. Apesar de poderem ser
da utilização dos miniimplantes como recurso instalados nos mais diversos sítios, tanto da
de ancoragem, referem que é imperativo um maxila quanto da mandíbula, em áreas onde o
planejamento cuidadoso e individualizado para espaço é extremamente reduzido, é necessária
cada caso. Após a determinação do plano de apurada habilidade manual e a eleição de
tratamento para a correção da má oclusão em implantes de diâmetro e tamanho adequados à
questão, o ortodontista definirá o tipo de área em questão.
movimento desejado, a quantidade e os locais Segundo Marassi, Leal e Herdy
para a instalação dos DATs. (2005); Marassi (2006b) A escolha do
Laboissiére Júnior (2005) e comprimento intra-ósseo e da espessura do
Nascimento et al. (2006) afirmaram que por implante a ser instalado varia de acordo com
meio da radiografia panorâmica obtém-se uma sua localização e de acordo com as medidas
visão geral do caso a ser tratado e que uma disponibilizadas pelo fabricante. A escolha
avaliação cuidadosa, com exame radiográfico adequada do miniimplante irá influenciar
59

significativamente na taxa de sucesso do perfurar as raízes do que os miniimplantes


operador. Uma sugestão inicial de escolha dos auto-rosqueáveis. Sugere-se o uso de sonda
miniimplantes pode ser vista na Fig. 76. milimetrada ou compasso de ponta seca em
caso de instalações bilaterais, de forma que os
dois miniimplantes possam ficar eqüidistantes
do arco ortodôntico (Fig. 77), evitando, assim,
vetores de força assimétricos em casos de

Figura 76 - Protocolo para escolha dos ancoragem direta, nos casos em que isso não
miniimplantes de acordo com o local de for favorável. Quando o miniimplante for
instalação.
instalado na face palatina do processo alveolar
Fonte: Marassi et al.(2006b). da maxila, o clínico deve observar a presença
da artéria palatina. Apesar de distante das áreas
comuns de instalação, seu posicionamento
Marassi (2006b) afirmam que se
anatômico deve ser revisado pelo dentista que
devem procurar áreas seguras para a instalação
não estiver acostumado a executar cirurgias.
dos miniimplantes com espaços favoráveis
entre as raízes, com maior espessura de cortical
óssea e sem risco de atingir outras estruturas
anatômicas importantes, como nervo
mandibular ou seio maxilar. Em casos de
espaço insuficiente entre as raízes no sítio de
instalação escolhido, o ortodontista pode: 1)
optar por outro sítio instalação; 2) aguardar até
Figura 77 – Instalações bilaterais de
um estágio mais avançado ou mesmo o final da miniimplantes.
fase de alinhamento e nivelamento, quando os
Fonte: Marassi, 2006a .
espaços entre as raízes estarão regularizados,
criando condições mais favoráveis para o Nota: A) Uso da sonda milimetrada para
deixar simétricas as instalações bilaterais.
procedimento de inserção; 3) fazer um preparo B) Marcação da posição vertical de
ortodôntico para a instalação dos instalação do lado oposto.
C) Aspecto pós-operatório imediato
miniimplantes, utilizando colagens atípicas ou lado direito.
arcos segmentados para deliberadamente D) Aspecto pós-operatório imediato
lado esquerdo.
afastar as raízes dos dentes vizinhos ao local de
instalação dos miniimplantes. Caso o operador
Para pacientes menos sensíveis,
decida utilizar miniimplantes autoperfurantes,
principalmente para instalações em maxila,
recomenda-se atenção aumentada em relação
pode-se utilizar, ao invés da anestesia
ao espaço entre raízes, uma vez que estes
infiltrativa, apenas anestésicos tópicos mais
dispositivos têm uma capacidade bem maior de
potentes, como a lidocaína 20% (Fig. 78). Este
60

tipo de anestésico deve ser utilizado em Poggio et al. (2006), em trabalho


situações específicas, para que o paciente não utilizando tomografias, observaram que na
sinta dor durante a cirurgia de instalação, pois, região posterior, tanto da maxila quanto da
caso uma nova instalação seja necessária, é mandíbula, a maioria dos espaços inter-
importante que a primeira intervenção tenha radiculares possui área suficiente para a
sido o menos incômoda possível. instalação de miniimplantes. Na maxila, a
maior disponibilidade óssea localiza-se entre o
primeiro e o segundo pré-molar, seguida das
áreas entre primeiro pré-molar e canino e
segundo pré-molar e primeiro molar, sendo
Figura 78- Anestésico tópico para instalação de
miniimplantes. maior por palatina que por vestibular. Na
sem anestesia infiltrativa. mandíbula, as maiores áreas interdentárias

Fonte: Marassi (2006b). disponíveis para a inserção de miniimplantes


são entre primeiros e segundos molares,
Nota: A) Anestésico tópico- lidocaína 20%-
para instalação de miniimplantes sem seguidas pelos espaços entre primeiros e
anestesia infiltrativa; segundos pré-molares, segundos pré-molares e
B) Aspecto clínico da marcação que o
anestésico deixa sobre a mucosa e do primeiros molares, e primeiros pré-molares e
miniimplante instalado. caninos, gradativamente. Observaram, ainda,
aumento de cervical para apical, em razão da
Marassi, Leal e Herdy (2005)
forma cônica das raízes.
apresentam um protocolo inicial de escolha de
Teixeira (2006) afirma que instalação
miniimplantes ortodônticos. As medidas
do miniimplante é feita através de uma
sugeridas são as mais comumente empregadas,
perfuração da gengiva ou mucosa e do osso ao
contudo o operador deverá conferir a
mesmo tempo, com uma broca que tem um
disponibilidade de espaço para a instalação dos
diâmetro ligeiramente menor que a do
miniimplantes, a espessura de gengiva inserida
implante, sendo este instalado (“ rosqueado “)
ou mucosa alveolar e a densidade óssea antes
por meio de chaves especiais. Uma pequena
da escolha final do miniimplante a ser
parte lisa do miniimplante fica exposta ao meio
instalado.
bucal, possibilitando que acessórios utilizados
Para Laboissiére Júnior (2006), a
na mecânica ortodôntica sejam presos a ele e,
cirurgia de instalação do Miniimplante
dessa forma, sejam usados como pilares para a
ortodôntico tem como maior finalidade a
realização das movimentações dentárias
obtenção de uma alta estabilidade inicial, fato
desejadas. Imediatamente após a sua
que conferirá imobilidade ao sistema de
instalação, o miniimplante pode ser submetido
ancoragem, viabilizando sua ativação
à carga, ou seja, ser usado como ancoragem
ortodôntica através de elásticos ou molas após
para o movimento dos dentes em questão.
o período cicatricial inicial de duas semanas.
61

Para Mello et al. (2007), a avaliação Miyawaki et al. (2003) e Marassi et


definitiva da região exata de instalação deverá al.(2004) Orientam o paciente para evitar
ser complementada por meio de radiografias pressão com a língua, dedo ou com outros
periapicais e em conjunto com o cirurgião. Em objetos sobre os miniimplantes.
virtude do tamanho reduzido dos Para Miyawaki et al.( 2003), Becerra,
miniimplantes, não existem restrições em Vilella e Laboissiére (2004) e Marassi
termos de localização das raízes dos dentes (2006b),o paciente ortodôntico possui uma
próximos ao local de inserção e estruturas alteração da microbiota bucal, em razão da
anatômicas, como canal mandibular e seio presença de fatores que aumentam a retenção
maxilar, a fim de evitar danos aos tecidos do biofilme dental, e são mais suscetíveis às
vizinhos. A definição do comprimento e cáries e à doença periodontal. Quando esses
diâmetro do miniimplante cabe ao profissional pacientes recebem miniimplantes, que
que irá realizar a instalação. A densidade do comumente têm sua higiene dificultada por
osso cortical é um fator essencial para a módulos elásticos, molas de nitinol ou botões
retenção do miniimplante, e varia de acordo de resina, o risco de inflamação periimplantar
com os pacientes e também com o local onde torna-se aumentado (Fig. 79). Sugere-se que
será aplicado. esses indivíduos sejam inseridos em um
Park et al.(2003) Quanto mais denso o programa de monitoramento, visando evitar
osso, maior probabilidade de estabilidade do inflamação dos tecidos ao redor dos
mesmo. Kyung, Hong, Park (2003); Thomé miniimplantes, assegurando a estabilidade
(2007) Na cortical fina da região posterior da desses dispositivos de ancoragem e
maxila indica-se uso de miniimplantes mais aumentando o índice de sucesso. Recomenda-
longos e com maior diâmetro, para aumentar a se que o ortodontista reforce mensalmente a
sua estabilidade. importância de um adequado controle
mecânico da região com escova macia e um
controle químico do biofilme, utilizando
2.8 Instrução pós-operatória enxaguatórios bucais a base de triclosan ou
cloreto de cetilpiridínio. Caso exista
Kyung, Hong, Park (2003) orientam os hiperplasia ou inflamação periimplantar,
pacientes a realizarem orientados bochechos indica-se aplicar, na região do miniimplante,
periódicos com água para aumentar o sucesso digluconato de clorexidina 0,2% em gel, ou
do tratamento. É necessário realizar higiene gluconato de clorexidina 0,12% solução, ou
oral adequadamente, caso contrário, mesmo com auxílio da escova dental ou “cotonetes”,
que o implante esteja bem ajustado e firme, de 12 em 12 horas. Sugere-se que o paciente
poderá ser perdido. Raros pacientes precisaram ortodôntico portador de miniimplante seja
de medicação para dor. avaliado e atendido pelo dentista clínico ou
periodontista para uma consulta com
62

profilaxia, orientação e motivação para higiene miniimplante instalado. A maioria das


bucal a cada quatro meses ou menos, instalações é feita em mucosa ceratinizada e,
dependendo do nível de colaboração do para esses casos, recomenda-se como
paciente. medicação pós-operatória apenas um
analgésico duas horas após a instalação, pois
há mínima ou nenhuma dor pós-operatória
(recomenda-se um analgésico duas horas antes
da instalação).
Araújo et al. (2006), nas primeiras
duas semanas, recomendam que o paciente
higienize o local de inserção do implante com
Figura 79- Presença de inflamação
periimplantar. escova periodontal extra-macia embebida em
solução ou gel de gluconato de clorexidina
Fonte: Marassi et al.( 2006/10)
0,12% por 30 segundos, duas vezes ao dia. A

Para Marassi, Leal e Herdy (2005), ao indicação desta escova pós-cirúrgica é

final da instalação o paciente deve receber, por importante, porque possui cerdas

escrito, instruções pós-operatórias, incluindo extremamente macias, dando ao paciente a

indicação para ótima higiene ao redor do segurança de higienizar uma área que acabou

implante (muitas vezes os pacientes ficam com de ser manipulada cirurgicamente (Fig. 80).

receio de escovar essa área). Sugere-se o uso


de colutório de gluconato de clorexidina 0,12%
por sete dias. Para pacientes com dificuldade
de controle de placa bacteriana ao redor do
implante recomenda-se aplicação de gel de
digluconato de clorexidina 0,2% duas vezes ao
dia durante duas semanas após a instalação.
Figura 80- Higiene periimplantar com escova
Para instalações com retalho ou em casos de periodontal extra-macia.
complicações durante o procedimento
Fonte: Araújo et al., 2006.
cirúrgico, pode ser considerado o uso de
antiinflamatório e antibiótico. Mello et al. (2007) orientam que, como
Marassi, Leal e Herdy (2005) cuidado pós-operatório, os pacientes deverão
recomendam que os pacientes que utilizam ser instruídos a manter excelente higiene do
protetores oclusais esportivos devem ser local, já que um dos fatores relacionados à
orientados para trazerem esse dispositivo na perda de estabilidade dos miniimplantes é a
consulta de instalação para verificar um presença de inflamação local. O desconforto é
possível contato do protetor com o mínimo em virtude das pequenas dimensões do
63

miniimplante e de técnica não ser muito com colutório anti-séptico a base de triclosan
invasiva. 0,03% por 30 segundos, três vezes ao dia,
durante todo o período do tratamento, tendo
em vista seus comprovados efeitos anti-
sépticos e antiinflamatórios. Também é
indicado um controle profissional da saúde
2.9 Medicação pré-operatória periimplantar semanalmente durante todo o
tratamento, reforçando a orientação das
Bae et al. (2002) relatam a indicação medidas de controle de biofilme
de medicação prévia, se necessário. dentobacteriano.
Di Matteo, Villa e Sendyk (2005)
Orientam o uso de uma medicação pré-
operatória profilática, utilizada uma hora antes 2.10 Aplicação de carga e níveis de força
do procedimento, de um grama do antibiótico
amoxicilina 500 mg (1g) para pacientes não Ohmae et al.(2001); Deguchi et al.
alérgicos a este medicamento. Como profilaxia (2003), ao contrário do que poderia se pensar,
intrabucal, o gluconato de clorexidina a 0,12%, relatam que avaliações histológicas
e extrabucal a clorexidina 2% solução demonstraram maior área de contato ósseo
alcoólica. com os miniimplantes que receberam carga
Marassi, Leal e Herdy (2005), para a precoce do que com aqueles que não
maioria dos pacientes, indica apenas um receberam força ou que receberam carga após
analgésico duas horas antes da instalação. maior período de descanso.
Nascimento, Araújo e Bezerra (2006), Para Fávero, Brollo e Bressan (2002),
nas primeiras duas semanas, recomendam que a carga máxima a ser aplicada deve ser
se higienize o local de inserção do implante proporcional à área de superfície de contato
com escova periodontal extra-macia embebida entre o implante e o tecido ósseo, devendo ser
em solução ou gel de gluconato de clorexedine determinada pelo comprimento, diâmetro e
0,12% por 30 segundos , duas vezes ao dia. A forma do implante. Para que a carga possa ser
indicação desta escova pós-cirúrgica é aplicada, o DAT deve apresentar estabilidade
importante, porque possui cerdas primária e condições de suportar os estresse e
extremamente macias, dando ao paciente a as tensões a que será submetido.
segurança de higienizar uma área que acabou Para Karaman, Basciftci e Polat
de ser manipulada cirurgicamente. A partir da (2002)e Marassi ( 2006a), é muito importante
terceira semana, a higienização da área do que o sistema de forças empregado esteja de
miniimplante e demais regiões deve ser acordo com os objetivos do tratamento. A Fig.
realizada com escova macia e creme dental. 81 ilustra um exemplo de biomecânica
Em adição, deve ser recomendado bochecho adequada para distalização unilateral de
64

molares com a linha de ação de força próxima Kyung, Hong e Park (2003), Marassi,
à altura do centro de resistência dos molares do Leal e Herdy (2004) e Melsen( 2005)
lado direito. Decidiu-se, nesse caso, pela recomendam uma aplicação de força de até,
instalação de dois miniimplantes de 2 mm, aproximadamente, 450 g sobre os implantes de
conjugados com resina, para resistir ao 1,5 mm de comprimento e até 300 g de força
momento provocado pelo braço de extensão sobre os implantes de 1,3 mm de diâmetro.
fixado ao tubo da barra transpalatina, colado Esse limite de força varia de acordo com o
aos miniimplantes. Cada indivíduo deve padrão facial (maior limite em braquifaciais) e
receber um sistema de forças individualizado. com o tipo de osso onde o miniimplante foi
instalado (maior resistência em osso tipo I).
Deve-se dar preferência às forças constantes
das molas de nitinol a módulos elásticos. Caso
se decida pelo uso de módulos elásticos,
forças iniciais excessivas devem ser evitadas.
Uma vez que a condensação óssea ao redor do
miniimplante aumenta após um período de
aplicação de carga, recomenda-se utilizar uma
Figura 81- Sistema de distalização unilateral de força um pouco menor na primeira ativação. É
molares com linha de ação de
muito importante que o ortodontista utilize o
força próxima à altura do centro de
resistência dos molares. dinamômetro para determinar adequadamente
o nível de força que será utilizado, evitando
Fonte: Marassi 2006a.
carga excessiva sobre o miniimplante, o que
Bae et al. (2002) relatam que apenas poderia levar à perda do mesmo.
após duas semanas podem ser aplicadas forças Para Kyung , Hong e Park (2003) e
ortodônticas diretas depois do tecido mole Marassi (2006a), os miniimplantes podem até
cicatrizar. prejudicar os tratamentos se não houver
Deguchi et al. (2003) sugerem a cuidado com os vetores de força gerados, ou
aplicação do sistema de forças planejado no seja, pode ser que o ortodontista tenha um
mesmo dia ou em poucos dias após a ponto de ancoragem máxima, movimentando
instalação do implante. A estabilidade desses um grupo de dentes para a direção errada (Fig.
dispositivos se dá principalmente por retenção 82). Ao elaborar o sistema biomecânico, o
mecânica e as avaliações histológicas ortodontista deve evitar força rotacional no
demonstram maior área de contato ósseo com sentido anti-horário sobre os miniimplantes,
os miniimplantes que receberam carga precoce uma vez que este movimento tende a
do que os que não receberam força ou desestabilizá-los.
receberam carga após maior período de
descanso.
65

período entre as ativações deve ser de,


aproximadamente, 15 dias, para que a carga
seja mantida.
Para Melsen e Lang (2001); Melsen
Figura 82- Vetores de força para retração (2005), os cirurgiões que utilizam medição de
Anterior. torque, durante a instalação dos miniimplantes
Fonte: Marassi 2006 a. podem avaliar o nível de força a ser utilizado,
dependendo do torque obtido. Recomenda-se
Nota: A) Retração anterior com vetor de
força muito intrusivo para os utilizar, de preferência, as forças relativamente
elementos dentários ântero-inferiores. constantes das molas de nitinol, ao invés das
B) Retração anterior com vetor de
força corrigido. forças intermitentes dos módulos elásticos.
Araújo et al. (2006); Marassi ( 2006a)
referem que a ancoragem obtida com os
Marassi, Leal e Herdy (2004); Marassi,
miniimplantes pode ser classificada como
Leal e Herdy (2005) orientam que os
direta ou indireta. Na primeira (Fig.83, 84, 85 e
miniimplantes podem receber carga imediata.
86), a carga é aplicada diretamente no
Os estudos não têm apresentado diferenças
dispositivo e, na última (Fig. 87, 88), o
entre aplicação de força imediata ou mediata,
miniimplante é utilizado para a imobilização
pois a estabilidade dos implantes se dá
de um dente, ou grupo de dentes, sobre os
principalmente por retenção mecânica não por
quais a força é aplicada. A força ótima para a
osseointegração.
movimentação dentária ortodôntica deve ser
Teixeira e Júnior (2004) utilizaram
aquela que estimula a atividade celular sem
forças de 100 a 150 gramas/força para
obstruir completamente os vasos sanguíneos. A
verticalização de molares inferiores. Usaram
resposta do ligamento periodontal é
elástico corrente que foi trocado a cada três a
determinada não somente pela força, mas
quatro semanas até o final da verticalização,
também pela distribuição da pressão produzida
que se findou em três meses.
pela força aplicada por unidade de área
Di Matteo, Villa e Sendyk (2005)
radicular. Então, quando da definição da carga
utilizaram forças entre 150 a 200 gramas/força
ideal para a ativação do sistema, é importante
para verticalização de molares inferiores, essas
considerar o número de dentes a serem
mantidas durante todo o tratamento.
movimentados e o tipo de movimento
Mah e Bergstrand (2005) defendem
desejado. Quanto maior o número de dentes,
que é preferível o uso de molas, em razão da
maior a carga necessária para o deslocamento
liberação contínua de força. Os elásticos são de
destes no osso. Por outro lado, para
fácil manuseio clínico, oferecem conforto ao
movimentos de intrusão, as forças devem ser
paciente, porém, em razão da degradação da
mais leves que para movimentos de
força e das alterações sofridas no meio bucal, o
distalização, por exemplo. Para a ativação do
66

sistema podem ser utilizados elásticos de


borracha ou sintéticos, molas de aço inoxidável
ou de Niti, além de alças confeccionadas com
diferentes materiais. A experiência clínica
revela que se pode ativar o sistema
imediatamente após a instalação do
miniimplante, de acordo com a necessidade,
com carga de até 250g sobre cada dispositivo, Figura 85- Ancoragem indireta. Molares
ligados ao mini-implante por fio de amarilho.
sem comprometimento da estabilidade deste.
Contudo, recomenda-se que, se houver
necessidade do aumento da carga, isso só
deverá ser realizado após trinta dias da
ativação inicial. É importante salientar que,
uma vez definida a força necessária para Figura 86- Ancoragem indireta
obtenção do movimento em questão, esta deve
para retração anterior no arco superior Fonte:
ser aferida com dinamômetro.
Marassi et al 2006a
Fonte: Marassi et al 2006a

Figura 83- Verticalização de molares


com ancoragem indireta.
Figura 87- Retração ântero-posterior

com ancoragem direta.

Figura 84- Ancoragem indireta para retração


no arco inferior.
Figura 88-Mesialização de
Fonte: Marassi , 2006a molares com acoragem direta.
67

Fonte: Marassi et al 2006a


Spiekermann et al.(2000) afirmam que
Para Mello et al. (2007), apesar do indivíduo candidato à instalação de
pequeno diâmetro (variações de 1 a 2 mm), os miniimplantes deverá passar por uma
miniimplantes são capazes de suportar forças anamnese para se verificar possíveis contra-
de até 450 gramas,ao passo que a maioria das indicações para o uso deste método de
forças utilizadas em ortodontia é inferior a ancoragem,as quais podem ser classificadas
250 gramas. Após a confirmação da indicação como absolutas e temporárias. Constituem
do uso de miniimplantes, cabe ao ortodontista contra-indicações absolutas para a instalação
realizar uma cuidadosa avaliação da área ideal de miniimplantes pacientes que não podem ser
para instalação dos mesmos, baseado no submetidos a intervenções cirúrgicas; em geral,
sistema de forças a ser utilizado. os que apresentam determinados distúrbios
Considerações sobre o ponto de aplicação da metabólicos como diabete juvenil (tipo 1),
força, o centro de resistência dos dentes e distúrbios hematológicos envolvendo
grupos de dentes envolvidos na movimentação, eritrócitos (anemia), leucócitos (defesa
assim como os possíveis momentos de força reduzida), os portadores de distúrbios ósseos
gerados com a movimentação, devem ser locais e sistêmicos e, ainda, os indivíduos que
realizadas. Deve ser salientado que é essencial estão sob tratamento de radioterapia.
evitar a incorporação de momentos gerados ao Constituem as principais contra-indicações
redor do longo eixo (efeito de giro) do temporárias os casos de indivíduos com
miniimplante, o que poderia levar à perda do higiene oral deficiente, presença de espaço
mesmo. Orientam que deve ser considerado insuficiente entre as raízes e pacientes grávidas
também o modo de aplicação da força, direto (devido ao estresse envolvido e à possibilidade
ou indireto. Molas pré-fabricadas de níquel- de gengivite gravídica).
titânio ou elásticos em cadeia, se estendendo Di Matteo, Villa e Sendyk (2005),
do parafuso até a unidade ativa, geram observaram como desvantagens no uso de
sistemas de ancoragem direta. Por outro lado, miniimplantes como ancoragem ortodôntica :
os miniimplantes também podem ser usados - a inflamação observada ao redor dos
como ancoragem indireta, ou seja, o miniimplantes, apesar de estar diretamente
miniimplante é unido ao dente que servirá de relacionada à higiene de cada paciente;
unidade de ancoragem para a aplicação da - o desenho do miniimplante pode ser
força . otimizado, eliminando-se as roscas que ficam
em contato com a mucosa, minimizando,
assim, a retenção da placa bacteriana;
- esta modalidade de ancoragem
2.11 Contra-indicações do uso de
ortodôntica fica restrita a uma faixa da
miniimplantes
população
68

autores que afirmam ser uma reação


Marassi, Leal e Herdy (2004); Melsen inflamatória resultante da falta de controle de
(2005) alertam, no entanto, que, assim como higiene do paciente.
outros procedimentos na área da saúde, deve Park et al. (2003) observaram pouca
ser levado em conta que o miniimplante pode inflamação no tecido ao redor do implante
apresentar uma resposta diferente ao durante o tratamento, nenhuma mobilidade,
tratamento proposto em que de vários fatores, ausência de infecção periimplante, leve
entre os quais a qualidade da densidade óssea e reabsorção na região de furca e ápice dos
o padrão facial, além de certo risco de rejeição dentes movimentados, porém houve formação
do parafuso. de cemento no local onde foi observado algum
tipo de reabsorção. No entanto Zétola et al.(
2.12 Insucessos com miniimplantes 2005) descreverem que em seu trabalho foi
feito um controle rigoroso da higienização
Sobre as possíveis respostas através da escovação mecânica e foi solicitado
inflamatórias Kanomi(1997) afirma que o aplicar clorexedine a 0,12% de concentração
miniimplante é tão pequeno que qualquer topicamente com um cotonete; assim, não foi
alteração é facilmente contornada. observado nenhum tipo de problema em
Para Akin-Nergiz et al.(1998); relação ao dispositivo de tração.
Marassi, Leal e Herdy (2005), em casos de
Para Costa, Raffaini e Melsen (1998);
pequena mobilidade ou pequeno deslocamento
Chung et al.( 2002); Di Matteo, Villa e Sendyk
o implante pode continuar sendo utilizado.
(2005), a mucosite pode ser controlada com a
Caso haja pequena mobilidade, recomendam-
adequação da higiene bucal, associada a
se reaperto do implante e manutenção da força
bochechos de gluconato de clorexidina a
sobre o mesmo, o que muitas vezes, resulta na
0,12% .
melhoria da estabilidade do implante.
Karaman, Basciftli e Polat (2002);
Gray e Smith (2000); Araújo et al.
Park et al. (2003); Zétola et al. ( 2005) citam
(2006) referem que a perda de estabilidade do
que algumas complicações após a colocação
miniimplante é a complicação mais freqüente e
dos miniimplantes de ancoragem podem ser
pode ocorrer previamente, no momento ou
observadas, tais como inflamação no tecido em
após a ativação ortodôntica.
volta da região, hiperplasia gengival ao redor
Segundo Costa, Raffaini e Melsen
do parafuso de ancoragem, dificuldade da
(1998); Roberts, Marshall e Mozsary (1990);
aplicação da força elástica quando o
Park et al. (2001); Chung et al. (2002); Di
miniimplante está, muito próximo, do dente a
Matteo, Villa e Sendyk (2005) um outro
ser tracionado, causar danos as raízes ou aos
aspecto discutido na literatura é a presença de
nervos adjacentes e, finalmente, algum tipo de
mucosite (inflamação) ao redor dos
miniimplantes, havendo um consenso entre os
69

fratura ou afrouxamento ao dispositivo de complicações que podem surgir durante o uso


tração. desta técnica de ancoragem e que,
Para Becerra, Villela e Laboissiére eventualmente, pode haver necessidade de
Júnior (2004); Marassi, Leal e Herdy (2004) reinstalação de miniimplantes para que se
infecção e inflamação ao redor do implante atinjam os objetivos do tratamento ortodôntico.
ocorre por falha na cadeia asséptica durante a Melsen (2005); Marassi, Leal e Herdy
instalação, ou, mais comumente, por falta de (2005) relatam que há fratura do miniimplante
higiene por parte do paciente. O ortodontista por força excessiva do operador,
deve verificar mensalmente a situação dos principalmente quando utilizados implantes
tecidos em volta do miniimplante e com diâmetro menor do que 1,5 mm. Essa
conscientizar o paciente sobre a importância da complicação pode ser evitada ou minimizada
escovação nesta região. Em casos de com o uso de micromotores com controle de
dificuldade na limpeza mecânica, recomenda- torque, com os quais o operador pode utilizar
se embeber a escova em solução de gluconato um torque abaixo do limite de fratura do
de clorexidina 0,12% ou em gel de digluconato miniimplante, fornecido pelo fabricante. Em
de clorexidina a 0,2% e aplicar esta solução ou caso de uso de chave manual o operador
gel em torno do miniimplante. miniimplantes para ter uma idéia do limite de
Bezerra et al. (2004), Marassi, Leal e força que estes dispositivos suportam antes de
Herdy (2005), Melsen (2005) referem que em fraturarem.
alguns casos pode haver deslocamento do Para Asscherickx (2005); Marassi,
miniimplante, sem que haja mobilidade do Leal e Herdy (2005), há perfuração da raiz do
mesmo, não havendo necessidade, então, de dente, pela fresa helicoidal. Para prevenir esta
reaperto. Em casos de deslocamento ou complicação recomenda-se evitar perfuração
mobilidade excessiva, o miniimplante deverá no comprimento total dos miniimplantes. A
ser removido e outro miniimplante, instalado perfuração apenas da cortical é suficiente para
em outro sítio. Esta complicação está inserção dos miniimplantes e minimiza o risco
relacionada a vários fatores, como cirurgia de atingir raízes. Caso ocorra perfuração
traumática, espessura ou densidade óssea acidental da raiz, recomenda-se
cortical insuficiente, aplicação de força acompanhamento radiográfico e espera-se que
excessiva sobre o miniimplante, inflamação ao ocorra reparo do cemento pelas células
redor do implante e luxação do miniimplante vizinhas ao local da injúria.
em razão do contato com raiz de dente Cope (2005); Marassi, Leal e Herdy
vizinho. (2005) citam que contato do miniimplante com
Marassi, Leal e Herdy (2005) relata ligamento periodontal ou com a raiz do dente,
que, apesar de uma alta taxa de sucesso, pode ocorrer em casos de erro na angulação
ortodontistas, cirurgiões e os próprios durante a instalação ou erro no uso do guia
pacientes devem estar cientes das cirúrgico, levando à sensibilidade dentária, ou,
70

mais comumente, à mobilidade e perda do al. (2005) é que a aparatologia ortodôntica seja
miniimplante. Normalmente, a injúria à raiz removida por três semanas, para uma tentativa
será mínima, pois a maioria dos miniimplantes de nova estabilização do miniimplante. A
não tem poder de perfurar as raízes. remoção está indicada nos casos em que
Laboissiére Júnior (2006) referem que houver uma mobilidade moderada ou severa. O
a perda de estabilidade do microparafuso é um micro-parafuso perdido deverá ser descartado.
sinal clínico sugestivo de insucesso, podendo Na literatura internacional o índice de sucesso
ser observado durante ou antes, mesmo que se do micro-parafuso é de 93%, na casuísta
comecem as aplicações de forças no tratamento observada na São Marcos - Clínica
ortodôntico. Esta perda pode estar relacionada Odontológica Integrada o índice é de 90%.
ao erro na técnica cirúrgica, na escolha Araújo et al. (2006) Apesar dos
equivocada do miniimplante ortodôntico, na excelentes resultados alcançados em relatos
manipulação excessiva pelo ortodontista e na clínicos alertam que, a utilização dos
qualidade óssea local ou no planejamento miniimplantes ortodônticos de maneira
inadequado. O controle clínico da saúde rotineira ainda depende de comprovação
periimplantar semanalmente no primeiro mês e científica. A realização de estudos prospectivos
mensalmente durante todo o tratamento, longitudinais controlados poderá fornecer
devendo-se reforçar a orientação das medidas índices de sucesso a curto, médio e longo
de higienização e controle da placa dento prazos, além de elucidar de maneira
bacteriana, é importante como ação preventiva. pormenorizada os principais fatores de risco e
A sensação de dor na região do miniimplante complicações decorrentes da utilização desta
ortodôntico é um sinal clínico sugestivo de técnica. A densidade óssea aliada ou não à
perda de estabilidade ou de lesão de reação subperfuração pode influenciar sobremaneira
inflamatória na mucosa, sendo necessário na resistência ao torque de inserção,
avaliação do profissional responsável. A potencializando o risco de fratura da região
sensação dolorosa em algum dos dentes próxima à cabeça do miniimplante (Fig. 89).
adjacentes ao miniiimplante ortodôntico é um Outro fator fundamental para minimizar o risco
sinal clínico sugestivo de proximidade com as de fratura é a realização de movimentos
raízes. Por se tratar de áreas passíveis de cêntricos para inserção ou remoção do
movimentação dentárias, a causa pode ser a miniimplante ortodôntico, evitando-se torções
própria movimentação em direção do ou momentos de força indesejáveis que
miniimplante ortodôntico, sendo necessário o gerariam uma concentração excessiva de
reposicionamento do mesmo em outro local. forças em zonas específicas e possibilitariam a
Depois de diagnosticada mobilidade quebra do miniimplante.
leve do miniimplante ortodôntico, o
procedimento sugerido por Park, Know e Sung
(2004), Villela (2004) e Laboissiére Júnior et
71

Figura 90- Radiografia panorâmica com


miniimplantes mal posicionados.

Fonte: Araújo et al., 2006


Figura 89 - Miniimplante fraturado.
A Fig. 90 mostra uma radiografia
Fonte: Araújo et al., 2006.
panorâmica de um paciente com várias
Em virtude das suas características, os ausências dentárias. Imagina-se que não tenha
miniimplantes ortodônticos são havido uma programação cuidadosa de
freqüentemente instalados entre raízes, planejamento e instalação dos miniimplantes, o
tornando o procedimento arriscado, desde que que culminou com trepanação da raiz de um
não sejam obedecidos os critérios de pré-molar superior.Para viabilizar a ativação
planejamento e protocolo cirúrgico. Entretanto, ortodôntica através de dispositivos elásticos,
todos os cuidados fazem-se necessários para molas ou fios de amarrilhos acoplados à
evitar este tipo de intercorrência, em razão das cabeça do miniimplante, o seu posicionamento
possíveis implicações clínicas e legais geradas muitas vezes apresenta-se saliente por palatino
por esta complicação. Sobretudo em ou vestibular e pode gerar traumatismos e
instalações realizadas na mandíbula, o lesão de tecidos moles, como a língua ou
cirurgião deverá estar atento, pois, por causa mucosa jugal. O paciente deverá ser orientado
da presença de uma cortical alveolar mais a relatar desconfortos gerados pelos
espessa, a sensibilidade táctil transcirúrgica, miniimplantes e o ortodontista, avaliar o nível
determinando a transição do tecido ósseo da lesão gerada, podendo optar, inclusive, pela
cortical para o medular, não é tão evidente remoção do recurso de ancoragem, caso
quanto na maxila e assemelha-se à consistência necessário. Dispositivos como cera ou resina
do tecido radicular. Sugere-se ainda de proteção para tecidos moles poderão ser
acompanhamento radiográfico periódico e teste utilizados, transitoriamente, sobre a cabeça do
de vitalidade pulpar para os casos nos quais for miniimplante, na fase inicial da adaptação,
detectado este tipo de complicação. como recurso preventivo. A perda de
estabilidade do miniimplante é a complicação
mais freqüente uma vez detectada clinicamente
a mobilidade do miniimplante ortodôntico, este
deverá ser substituído e o diagnóstico do
agente etiológico que levou à perda deverá
nortear o novo procedimento cirúrgico para se
72

evitarem futuros problemas. Outra Gram. e Cope (2006) descreveram uma


complicação é a mucosite periimplantar (Fig. numerosa quantidade de relatórios de
91), definida como uma patologia inflamatória complicações no uso dos dispositivos
restrita ao compartimento de tecidos temporários de ancoragem máxima. A
periimplantares, de origem bacteriana e colocação de miniimplante é praticamente
relacionada à higiene deficiente; a falta de estável, entretanto a execução do procedimento
controle desta condição poderá levar à perda por clínicos sem treinamento adequado pode
do miniimplante. conduzir a complicações uniformes. O objetivo
do artigo foi a apresentação de complicações
que os clínicos podem encontrar na colocação
rotineira dos miniimplantes e como pode ser
evitado e/ou tratado. A falta de estabilidade
preliminar conduz quase rotineiramente, à
mobilidade do miniimplante, com falha
subseqüente. A mobilidade atrasada, tardia,
ocorre dias ou meses após a colocação e
A)
geralmente é causada pela sobrecarga no
implante, provocada pelos níveis de força
aplicados ao implante que excedem a
capacidade de implantação óssea do parafuso.
Também há a possibilidade do miniimplante de
perfurar o seio maxilar; mas se a perfuração for

B) 2 mm ou menos, requer apenas observação


pós-operatória e as precauções rotineiras.

Figura 91 - A) Mucosite causada por Alguns exemplos de insucesso foram relatados.


instalação de miniimplante em
mucosa não-ceratinizada;
B) Lesão de mucosa causada por
trauma da cabeça do
miniimplante.

Fonte: Araújo et al.,2006.

Nascimento, Araújo e Bezerra (2006)


recomendam o controle bacteriano através de
Figura 92 - Radiografia panorâmica após
protocolo rígido de higienização para paciente completar a instalação do
incremento das taxas de sucesso dos miniimplante. O miniimplante está tocando a
raíz do canino(círculo branco).
miniimplantes Fonte: GRAHAM; COPE, 2006.
73

FIGURA 96- Correção da instalação do


miniimplante evitando o trauma na mucosa.
Fonte: GRAHAM; COPE, 2006.

Figura 93 – Radiografia panorâmica


imediatamente após remoção e Figura 97 – a simples adição de um gancho
redirecionamento do miniimplante ( círculo metálico no tubo auxiliar da banda do molar
branco). inferior, corrigindo o problema.
Fonte: GRAHAM; COPE, 2006. Fonte: GRAHAM; COPE, 2006.

Figura 94 –Lesão na mucosa causada por


trauma do miniimplante que foi instalado no
mucosa alveolar Figura 98 – minimplante no dia da instalação.
Fonte: GRAHAM; COPE, 2006. Fonte: GRAHAM; COPE, 2006.

Figura 95 –Mola de nitinol do miniimplante


até o tubo do primeiro molar superior causando
lesão na mucosa gengival( círculo preto)
Fonte: GRAHAM; COPE, 2006. Figura 99 – Doze semanas depois do início da
instalação do miniimplante, o paciente
apresenta uma lesão infecciosa, causando
encapsulamento do miniimplante.
Fonte: GRAHAM; COPE, 2006.
74

Figura 103 – O miniimplante impediu toda a


Figura 100-O tecido que encapsulou o intrusão necessária e teve de ser removido e
miniimplante foi removido, a região foi reimplantado para continuar a intrusão.
irrigada, realizada higiene oral com Fonte: GRAHAM; COPE, 2006.
clorexedine e antibiótico prescrito por dez dias.
Fonte: GRAHAM; COPE, 2006.

2.13 Índices de sucesso

De acordo com Kyung, Hong e Park


(2003), Carano (2005), o sucesso do
tratamento com miniimplantes depende dos
seguintes fatores: a) habilidade do cirurgião
para a técnica, b) condição física do paciente,
Figura 101 - Sete dias mais tarde, o
c) seleção do local e do Miniimplantes
processo infeccioso foi resolvido.
Fonte: GRAHAM; COPE, 2006. adequado, d) estabilidade inicial, e) higiene
oral.
Kyung ,Park e Bae (2003) refere que
uma vez que não se espera osseointegração do
miniimplante, é fundamental que seja obtida
estabilidade primária, ou seja, ausência de
mobilidade, no momento da instalação. Caso o
cirurgião não obtenha essa estabilidade,
recomenda-se a remoção do parafuso inserido
Figura 102 – Fotografia palatina inicial do e a instalação de um novo miniimplante de
miniimpalnte usado para a intrusão do molar
superior(círculo branco). maior diâmetro, se houver espaço suficiente
Fonte: GRAHAM; COPE, 2006. entre as raízes. Se não for possível a instalação
de um miniimplante mais espesso, aconselha-
se uma nova perfuração, um pouco acima ou
abaixo da anterior, ou passar para a instalação
na segunda opção do planejamento.
Segundo Miyawaki et al. (2003) e
Marassi et al. (2006a), o perfil transmucoso é
75

fundamental para que haja a possibilidade de cirurgia traumática, utilizando contra-ângulo


manutenção da saúde dos tecidos de redução e irrigação adequada para evitar
periimplantares, sobretudo em regiões de aquecimento durante a perfuração; 3. Evitar
mucosa ceratinizada, uma vez que a ausência instalação de miniimplantes em mucosa
de inflamação nesta área é fator relevante para alveolar; 4. Utilizar implante mais espesso ou
a estabilidade do miniimplante. O índice de dois implantes conjugados nos casos de
sucesso em indivíduos dolicofaciais é menor pacientes dolicofaciais ou pacientes com
do que em meso ou braquifaciais. Os corticais delgadas; 5. Evitar aplicação de força
indivíduos dolicofaciais, de um modo geral, excessiva sobre o miniimplante durante o
possuem uma espessura menor de osso tratamento; 6. Fornecer orientações pós-
cortical, fornecendo menor possibilidade de operatórias para os pacientes, contendo
estabilização do miniimplante. Visando instruções para ótima higiene oral ao redor do
aumentar a área de contato entre implante e implante e para que o paciente evite pressão
osso e compensar a espessura diminuída da com a língua ou dedo sobre o implante. 7.
cortical óssea, recomenda-se para esses casos a Evitar inflamação ao redor do miniimplante
utilização de um miniimplante mais espesso ou durante o uso deste dispositivo como auxiliar
de dois miniimplantes conjugados (Fig. 104). do tratamento ortodôntico.
Miyawaki et al.(2003); Marassi et
al.(2005) Os estudos têm indicado índices
gerais de sucesso entre 84 e 93%. (Fig. 105).
Quando separados em grupos, os
miniimplantes instalados em indivíduos
braquifaciais, por possuírem uma cortical óssea
mais espessa, apresentam maiores índices de
sucesso (até 100%). Um estudo realizado na
Figura 104 - Dois miniimplantes conjugados
para aumento de estabilidade em clínica de Especialização em Ortodontia da
indivíduo dolico facial.
Unigranrio, avaliando 190 miniimplantes
Fonte: MARASSI et al. ( 2006 a ). instalados sem retalho e com aplicação de
força imediata ou no máximo em trinta dias,
Kyung, Hong e Park (2003); Miyawaki
indicou um índice de sucesso de 91% .
et al. (2003). Marassi, Leal e Herdy (2004) O
operador pode diminuir o risco para o paciente
e obter uma taxa de sucesso mais alta, se tomar
os seguintes cuidados: 1. Planejamento
cuidadoso na escolha do local de instalação, do
Figura 105 - Índices de sucesso no uso de
tipo de miniimplante e do nível de força a ser
miniimplantes como auxiliares
aplicado sobre o miniimplante; 2. Evitar do tratamento ortodôntico.
76

aprendizado, no entanto, os clínicos podem


Fonte: Marassi et al.(2005).
diminuir o risco para o paciente e obter uma
taxa de sucesso mais alta se tomarem
Marassi, Leal e Herdy (2004) sugerem conhecimento dos detalhes da técnica antes de
que o ortodontista avalie mensalmente a empregá-la. Estudos de Miaywaki et al. (2003)
estabilidade do miniimplante. Caso seja notada e MARASSI et al. (2006a) têm indicado um
uma pequena mobilidade (até um milímetro de índice de sucesso entre 84 e 93% .
deslocamento), recomenda-se uma tentativa de Araújo et al. (2006) observaram na
ajuste do miniimplante, pressionando prática clínica, que a estabilidade primária do
axialmente e girando no sentido de inserção implante poderá ser aferida durante o seu
(normalmente no sentido horário), assentamento, pela avaliação da necessidade
aproximadamente meia volta, com o objetivo de se aplicar maior ou menor força à chave
de estabilizá-lo. Executando-se esse digital, uma vez que, quanto maior a
procedimento e mantendo-se uma força pouco resistência ao assentamento, maior a
intensa aplicada sobre o miniimplante (entre 50 estabilidade inicial do dispositivo.
e 150 N), muitas vezes ocorre novamente Clinicamente, também após a fixação do
estabilização. Sugere-se que, durante a mesmo pode-se pressionar a cabeça do
instalação, o operador deixe uma pequena implante com instrumento metálico em
folga entre a extremidade externa do parafuso diferentes sentidos e, em casos de baixa
e a mucosa, permitindo esse tipo de ajuste, estabilidade, haverá isquemia na região
caso seja necessário. periimplantar.
Marassi, Leal e Herdy (2004) e
Marassi, Leal e Herdy (2005) têm-se
considerado que houve sucesso no uso do 2.14 Remoção do miniimplante
miniimplante quando este dispositivo
permaneceu estável durante o tempo de Para Kyung, Hong e Park (2003), em
tratamento em que foi necessário. razão da, ausência completa de
Para Marassi (2006a), apesar de osseointegração entre o miniimplante e o osso,
aparentemente simples, o procedimento de a remoção é simples. Encaixando a cabeça do
instalação dos miniimplantes é bastante parafuso com a chave inicial de inserção e
sensível à técnica. Para obter êxito, é girando-a a direção oposta da inserção,
necessário seguir um protocolo de uso bem facilmente será removido sem anestesia local.
definido, assim, e os profissionais que O paciente pode experimentar desconforto
subestimam os cuidados em relação a esses secundário quando o implante contacta com o
dispositivos tendem a se deparar com altas tecido mole, mas isso é menos traumático que
taxas de insucesso. Como em outros uma picada da agulha de anestésico.
procedimentos, existe uma curva de
77

Mah e Bergstrand (2005) referem que apresentarão cicatrização completa em


na maioria dos casos, não há necessidade de pequeno espaço de tempo, por causa das suas
realização de anestesia no local, sendo mínimo dimensões reduzidas. Para os pacientes com
o desconforto reportado pelos pacientes. limiar de dor menor, ou áreas de tecido ósseo
Di Matteo, Villa e Sendyk (2005) de maior densidade, poderá ser necessária a
relatam que, um mês antes da moldagem de utilização de anestésico tópico ou, mesmo, de
trabalho para a construção do aparelho infiltração anestésica subperiosteal, seguida de
ortodôntico de contenção, os miniimplantes remoção dos implantes, sempre com o intuito
devem ser removidos. Em razão do tamanho e de se evitarem desconfortos para o paciente.
modo de implantação, os miniimplantes Em caso de fratura, a remoção poderá ser
diferem muito dos implantes convencionais e o realizada com a através da utilização de
fato destes não se osseointegrarem instrumentos manuais ou rotatórios delicados,
completamente facilita sua remoção após uso. sendo este um procedimento de difícil
As remoções são realizadas após anestesia execução, porém necessário na maioria dos
infiltrativa, num procedimento rápido e casos, já que a porção fraturada do
indolor, tanto que após uma semana os miniimplante poderia inviabilizar a
pacientes não apresentavam nenhuma queixa continuidade do tratamento ortodôntico (Fig.
clínica. 106). O titânio utilizado nos miniimplantes é
De acordo com Marassi, Leal e Herdy de grau V de pureza em sua fabricação, cuja
(2005), o miniimplante poderá ser utilizado principal característica é não viabilizar a
como ancoragem ortodôntica por tempo formação de interface osseointegrável,
indeterminado. Uma vez que não seja mais permitindo a remoção do miniimplante sem
necessário, poderá ser removido facilmente na maiores dificuldades, após concluída a função
maioria dos casos, sem a necessidade de durante o tratamento ortodôntico.
aplicação de anestesia local infiltrativa. Basta
aplicar anestésico tópico, gel ou spray
(lidocaína 10%) sobre a gengiva ao redor do
implante.
Araújo et al. (2006) orientam que uma
A)
vez concluída sua função, os dispositivos
transitórios de ancoragem deverão ser
removidos com a utilização das mesmas
chaves de inserção manual ou mecânica, em
sentido inverso ao da instalação. Torna-se
B)
desnecessária também a realização de
procedimentos de sutura ou cuidados especiais,
já que os leitos deixados pelos miniimplantes
78

estruturas da cavidade bucal. Quando se


consideram os miniimplantes como recurso de
ancoragem ortodôntica, deparam-se com o
fato de possuírem dimensões muito pequenas,
de poderem ser instalados em praticamente
C)
qualquer sítio ósseo bucal, podendo ainda, ser
ativados imediatamente após o período de
cicatrização inicial da mucosa que reveste o
osso onde foi instalado. Teixeira e Júnior
(2004), em seu artigo, relatam que esperaram
D)
duas semanas para o início de ativação, tempo
Fig. 106 - Explantação de miniimplantes do suficiente para a cicatrização da mucosa sobre
palato.
Fonte: Araújo et al. ( 2006). implante.
Bae et al.( 2002) realizaram
Nota: A) Após concluídas as ativações;
B) início da remoção com a chave descolamento mucoperiosteal para instalação
manual curta; do miniimplante porque a localização não era
C) Parcialmente removidos;
D) Pequenos leitos deixados pelos em mucosa ceratinizada. Já Marassi, Leal e
miniimplantes. Herdy (2005); Marassi (2005 a); Araújo et al.(
2006); Nascimento, Araújo e Bezerra (2006)
3 DISCUSSÃO realizaram a instalação dos miniimplantes sem
descolamento do tecido, apenas com
Kanomi (1997); Lee, Park e Kyung
procedimentos autoperfurantes em mucosa
(2001a); Park, Kyung e Sung ( 2002),
ceratinizada
Sugawara et al. (2002), utilizaram
Segundo Zétola et al.(2005), em
miniimplantes, verificando a efetividade da
relação ao dano causado no ápice ou na região
ancoragem, fato esse também comprovado nos
de furca dos molares após o movimento
casos tratados por Di Matteo et al.(2005), os
intrusivo com a utilização da ancoragem
quais verificaram a verticalização dos molares
rígida, alguns autores como Ohmae et
inferiores, sem efeitos indesejáveis nos demais
al.(2001) e Park et al. (2003) reportaram leve
elementos dentários.
reabsorção radicular na região de furca e do

Bae et al. (2002) refere que o uso de ápice, entretanto logo após, houve formação do

ancoragem ortodôntica rígida para movimentar cemento nas mesmas regiões. Inclusive, na

dentes é um conceito inovador em ortodontia. microscopia fluorescente, foi verificado que

A ancoragem ortodôntica em implantes é um ocorrera remodelação em volta da superfície

procedimento clínico estável e cientificamente radicular (cemento, periodonto e osso

sustentado, deixando a terapia ortodôntica mais alveolar).

rápida e segura, sem efeitos deletérios nas


79

Marassi, Leal e Herdy (2005) mesmo, infiltração anestésica subperiosteal,


descrevem a utilização de miniimplantes de 1.5 seguida de remoção dos implantes, sempre
mm a 2.0 mm de diâmetro e 6 a 12 mm de com o intuito de evitarem desconfortos para o
comprimento, escolhidos conforme a paciente. Marassi, Leal e Herdy (2005) refere
localização da instalação,ao passo que Kyung, que, uma vez que não seja mais necessário o
Hong e Park ( 2003) utilizaram 1.2 a 2.0 mm miniimplante, poderá ser removido facilmente
de diâmetro e 6 a 12 mm de comprimento. No na maioria dos casos, sem a necessidade de
entanto, os autores orientam que a definição do aplicação de anestesia local infiltrativa. Basta
comprimento e diâmetro do miniimplante cabe aplicar anestésico tópico, gel ou spray
ao profissional que irá realizar a instalação. (lidocaína 10%), sobre a gengiva ao redor do
Miyawaki et al. (2003); Marassi, Leal implante.
e Herdy (2004); Melsen (2005) referem que, A presença de mucosite (inflamação)
embora tenham sido citadas as aplicações ao redor dos miniimplantes, é outro aspecto
clínicas e os locais de instalação mais discutido por Roberts, Marshall e Mozsary et
utilizados, cada caso deverá ser analisado de al.(1990); Costa, Raffaini e Melsen (1998);
forma única. Fatores como tipo de movimento Park et al.( 2001); Chung et al( 2002) que
desejado, biomecânica, distância entre as afirmam ser uma reação inflamatória resultante
raízes, faixa de gengiva inserida, altura do seio da falta de controle de higiene do paciente.
maxilar, força a ser utilizada e densidade óssea Costa, Raffaini e Melsen (1998); Chung et
deverão nortear a escolha do sítio de instalação al.(2002) e Di Matteo, Villa e Sendyk ( 2005)
do mini-implante. Um planejamento cuidadoso relatam que pode ser controlada com a
é uma das chaves para o sucesso deste tipo de adequação da higiene bucal, associada a
ancoragem. bochechos de gluconato de clorexedine a 0,12
Mah e Bergstrand (2005) relatam que, %
para realizar a remoção do miniimplante, na A remoção dos miniimplantes após o
maioria dos casos não há necessidade de uso é realizada com bastante facilidade devido
realização de anestesia no local, sendo mínimo à ausência de osseointegração, ao tamanho
o desconforto reportado pelos pacientes. Di reduzido e ao modo de implantação. Bae et
Matteo, Villa e Sendyk (2005) orientam que as al.(2002); Park et al.(2001) e Di Matteo, Villa
remoções são realizadas após anestesia e Sendyk et al.( 2005).
infiltrativa, num procedimento rápido e Di Matteo et al.(2005) relatam que,
indolor, tanto que após uma semana os quanto à cabeça do miniimplante, esta poderia
pacientes não apresentavam nenhuma queixa ser ligeiramente maior em diâmetro, a fim de
clínica. Araujo et al.(2006) observam que para proporcionar uma maior retenção para os
os pacientes com limiar de dor menor, ou áreas acessórios ortodônticos necessários, mas não
de tecido ósseo de maior densidade, poderá ser foi possível encontrar algo semelhante no
necessária a utilização de anestésico tópico, ou, mercado. Então, optaram pelo uso de
80

miniimplantes com dimensões aproximadas às opção de instalação. Os pacientes ou


apresentadas na literatura. responsáveis devem receber e assinar, antes de
agendar a cirurgia, um consentimento pós-
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS esclarecido, que informará sobre as vantagens,
desvantagens, riscos e limitações da técnica. A
Para Kanomi (1997), os implantes adoção dessa prática facilita o manejo dos
dentários convencionais possuem 3,5 a 5,5mm casos em que houver a necessidade de um
de diâmetro e 11 a 21mm de comprimento. O novo procedimento cirúrgico, uma vez que o
miniimplante tem apenas 1,2mm de diâmetro e paciente já estará ciente dos detalhes desse tipo
6mm de comprimento, o que o torna muito de ancoragem.
mais útil em aplicações ortodônticas. Além da Sugawara et al. (2002) também
intrusão, os miniimplantes poderiam ser concluíram que, apesar da intrusão dos molares
utilizados para tração horizontal se colocados para a correção da mordida aberta ser efetiva,
sobre o rebordo alveolar. O parafuso é pequeno pode ocorrer uma recidiva em
o suficiente para ser inserido entre as raízes aproximadamente 30 % dos casos.
mesial e distal de um molar para intrusão De acordo com Fávero, Brollo e
molar, ou, se colocado no palato, poderia Bressan (2002); Park et al. (2003); Marassi,
fornecer ancoragem para distalização molar. Leal e Herdy (2004); Yao et al. (2004);
Outra aplicação possível é a osteogênese de Marassi, Leal e Herdy(2005); Melsen (2005);
distração com o implante colocado Cope (2005); Marassi et al.(2006a) os
intrabucalmente, em vez de extrabucalmente. miniimplantes apresentam vantagens quando
A higiene bucal é mais fácil de ser mantida comparados aos demais métodos de ancoragem
com o fio de ligação amarrado a um gancho do tradicional e esquelética: maior eficiência,
que diretamente à cabeça do parafuso. É estética e conforto para o paciente; baixo custo,
preciso tomar cuidado para se evitar infecção facilidade de instalação e de remoção; tornam
pós-operatória por causa da inflamação da mais previsíveis os resultados dos tratamentos;
mucosa em torno do intermediário. No entanto, permitem modificações faciais mais
o miniimplante é muito pequeno para causar importantes e possibilitam a obtenção de uma
dano irreversível e pode ser removido a ancoragem máxima, com necessidade mínima
qualquer momento que o paciente ou o de colaboração dos pacientes.
ortodontista desejar. A cicatrização óssea após
a remoção deve ocorrer normalmente. Kyung, Hong e Bae (2003b) afirmam
Fávero, Brollo e Bressan (2002) que devido a cooperação do paciente ser tão
referem que, quando o ortodontista indicar ao crítica, consentimento informado adequado
cirurgião a instalação dos miniimplantes, sempre deve ser obtido antes da cirurgia. O
recomenda-se que se faça uma solicitação por sucesso do miniimplante depende de vários
escrito, descrevendo a primeira e a segunda fatores, como a habilidade do clínico, a
81

condição física do paciente, a seleção do local simples. Em razão do seu tamanho reduzido,
e ajuste e a higiene oral. apresentam possibilidade de inserção em
Ritto e Kyung (2004a) consideram que vários locais, possibilitando inúmeras
muitas vezes os ortodontistas encontram aplicações clínicas, com mínima colaboração
problemas relacionados com a perda de do paciente. Com o auxílio dos miniimplantes
ancoragem. Apesar de se poderem usar é possível ampliar as possibilidades de
dispositivos adicionais de ancoragem, como a tratamento, além de tornar mais fáceis os casos
força extra-oral, a cooperação do paciente é antes considerados complexos para a
importante. A ancoragem tem, então, um ortodontia com métodos tradicionais de
importante papel no tratamento ortodôntico. Os ancoragem.
implantes protéticos foram usados para
Di Matteo, Villa e Sendyk (2005)
ancoragem absoluta, mas com limitações. A
concluíram, após a verticalização de molares
ancoragem cortical esquelética com
inferiores ancorados em miniimplantes, que
miniimplantes passou a ser usada como rotina.
não houve restrições tanto no procedimento
Dessa forma, o tratamento torna-se mais rápido
cirúrgico de implantação quanto no de
e não se necessita da cooperação do paciente.
remoção dos miniimplantes; que as vantagens
O miniimplante com cabeça de bracket é um
são o baixo custo, a efetividade dos
sistema revolucionário em ortodontia.
miniimplantes na ancoragem ortodôntica.
Pequenas correções podem ser feitas sem
Quanto às desvantagens observadas, foram a
colocar o aparelho fixo completo; arcos
inflamação ao redor do miniimplante e o
segmentados com alças podem ser conectados
desenho do miniimplante, que, segundo o
de forma a movimentarem os dentes.
artigo, provocaram retenção de placa
Segundo Teixeira e Júnior (2004),
bacteriana. Implantes podem ser úteis na
existem inúmeros recursos de ancoragem
redução do tempo de tratamento. e, quando
ortodôntica e todos apresentam indicações
colocados em posições estratégicas, a fim de
precisas e contra-indicações. Os miniimplantes
promoverem vetores de forças favoráveis a
constituem recurso importante de ancoragem,
determinados tipos de movimentos dentários,
pois são de simples instalação, baixo custo,
evitam qualquer tipo de efeito indesejado de
não necessitam de espera para a
dentes naturais, que previamente receberiam
osseointegração e são efetivos, podendo ser
estas forças durante o tratamento ortodôntico.
instalados em diversos sítios ósseos bucais.
Marassi (2006a) relata que os
No caso descrito pelos autores foi efetiva a
miniimplantes têm se mostrado eficientes
verticalização de molares.
como ancoragem esquelética e vêm auxiliando
Marassi, Leal e Herdy (2005), os
os ortodontistas em inúmeras aplicações
miniimplantes têm-se mostrado efetivos como
clínicas. Estes dispositivos libertam os
método de ancoragem em ortodontia, sendo
profissionais da necessidade de colaboração do
sua instalação e remoção relativamente
82

pacientes e ampliam as possibilidades de reinstalação de miniimplantes para que se


tratamento, tornando mais fáceis os casos antes atinjam os objetivos do tratamento ortodôntico.
considerados complexos ou inviáveis para os Segundo Araújo et al. (2006), a
métodos tradicionais de tratamento ancoragem esquelética proporciona um
ortodôntico. adequado controle de forças, tanto em
De acordo com Marassi et al (2006b), magnitude quanto em direção. A utilização dos
os miniimplantes têm levado a uma mudança miniimplantes é recente na ortodontia e tem se
de paradigma na área da ortodontia. Com o mostrado extremamente promissora. Este
auxílio desses dispositivos, movimentos recurso vem como uma opção a mais no
outrora considerados impossíveis hoje são tratamento ortodôntico, a fim de simplificar a
exeqüíveis. Tratamentos considerados mecânica e, em alguns casos, viabilizar a
complexos para os métodos tradicionais de terapia, diminuindo o tempo de tratamento. As
ancoragem tornaram-se simples com a possibilidades de posicionamento dos
ancoragem esquelética. Tratamentos de miniimplante e de movimentações dentárias
indivíduos não colaboradores, que antes se durante sua utilização são inúmeras. Essas
tornavam tratamentos longos e desgastavam a variações, porém, devem ser estudadas com
relação paciente-profissional, hoje, com o uso cautela a fim de se evitar erros que venham a
dos miniimplantes, tornam-se previsíveis, e os inviabilizar a função do miniimplante, ou,
objetivos do tratamento ortodôntico podem ser ainda, causar danos a estruturas anatômicas
totalmente atingidos com mínima participação como raízes, vasos e nervos.
dos pacientes. Para aproveitar os benefícios
desta ancoragem esquelética e entrar nesta Mello et al. (2007) Concluíram que os
nova era da ortodontia com êxito, o miniimplantes são um excelente método de
ortodontista e o cirurgião devem ter disciplina ancoragem ortodôntica e proporcionam
no planejamento, instalação e resultados excelentes, desde que seja realizado
acompanhamento dos miniimplantes. Apesar um cuidadoso planejamento
de parecerem pequenos detalhes, cada uma das ortodôntico/cirúrgico.
orientações no planejamento irá representar Coura e Andrade (2007) referem que
uma centelha as quais, juntas, irão formar uma os miniimplantes para ancoragem ortodôntica
grande chama que iluminará o caminho para o têm se mostrado como uma efetiva modalidade
sucesso no uso dos miniimplantes em de tratamento. Em virtude do seu reduzido
ortodontia. Apesar de uma alta taxa de sucesso, tamanho, apresentam possibilidades de
ortodontistas, cirurgiões e os próprios inserção em vários locais, possibilitando
pacientes devem estar cientes das diversas aplicações clínicas, como retração,
complicações que podem surgir durante o uso protração, intrusão e extrusão de dentes
desta técnica de ancoragem e que, anteriores e posteriores. A aplicação de forças
eventualmente, pode haver necessidade de ortodônticas entre 200 e 600 g pode ser feita
83

imediatamente, após a instalação em áreas de REFERÊNCIAS


gengiva inserida. Adicionalmente, a
possibilidade de diminuição no custo do
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tratamento e a não necessidade de cooperação
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do paciente são vantagens oferecidas pelo uso osseointegrated implants. Am J Orthod
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tratamento deve ser conjunto entre paciente,
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