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AVALIAÇÃO DA ADAPTAÇÃO ENTRE

IMPLANTES E PILARES PROTÉTICOS DE


DIFERENTES MARCAS

ESTUDO PILOTO

Aluno – Vinicius Webber Godinho


Orientador – Prof. Dr. Pedro Corazza

Co-orientadora: Dra. Marielle Bazzo Di Domênico

3. RESUMO

Atualmente existe uma vasta variedade de marcas comerciais de implantes


dentários e componentes protéticos. Apesar de os fabricantes recomendarem a utilização
dos componentes protéticos da marca do implante, é comum o intercâmbio de
componentes na prática clínica. O proposito deste estudo in vitro é avaliar a
desadaptação na interface implante/pilar protético de diferentes marcas, testando a
hipótese de que os componentes originais proporcionam melhor adaptação. Foram
utilizados implantes dentários cone morse e pilares protéticos universais retos das
marcas Neodent, SIN e Singular. A amostra foi composta por três grupos, categorizados
de acordo com a marca do implante dentário; cada grupo foi dividido em três
subgrupos, de acordo com os pilares protéticos utilizados (n=1), totalizando 9 amostras.
Após a instalação dos pilares protéticos, o conjunto implante/pilar foi seccionado
verticalmente em uma máquina de corte metalógrafo. Após feita a instalação dos pilares

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protéticos, o conjunto implante/pilar protético foi seccionado verticalmente em uma
máquina de corte metalógrafo (Biopdi, São Paulo, Brasil). Para verificar a desadaptação
na interface implante/pilar protético foram realizadas imagens em estereomicroscopia
As medidas dos pontos de interesse foram realizadas com o auxilio do software ImageJ.
Foi obtido um valor (em mm) para cada um dos pontos. Os resultados demonstraram
que em todos os conjuntos, há uma adaptação cervical satisfatória não detectando gap
na microscopia óptica. Há uma compatibilidade de todas as situações. Não há GAP
entre as superfícies, nenhum pilar chegou até o final da câmara do implante destinada às
roscas. A ponta das roscas do pilar SIN parece ser mais larga que dos outros pilares, o
que pode aumentar o atrito no momento da instalação e dificultar sua entrada.

Palavras-chave: Implantes dentários, Prótese Dentária, Prótese Dentária Fixada por


Implante

4. PROBLEMA DE PESQUISA
Atualmente existe uma grande variedade de marcas comerciais de implantes
dentários e componentes protéticos. A instrução predominante dos fabricantes de
implantes e pilares protéticos é a utilização dos componentes protéticos da mesma
marca do implante. Seu processo de fabricação faz com que a adaptação entre eles seja
perfeita. No entanto, na rotina diária dos consultórios, isso não acontece. É
extremamente comum o intercâmbio de componentes que são, segundo alguns
fornecedores, compatíveis. Porém, não se sabe se a adaptação de componentes de
empresas diferentes às empresas dos implantes é tão boa quanto a adaptação da mesma
empresa.

5. JUSTIFICATIVA
É importante buscar uma adaptação satisfatória na interface implante/pilar
protético para minimizar a ocorrência de colonização bacteriana nessa região. Isso pode,
muitas vezes, acarretar em complicações e insucesso do tratamento reabilitador com
implantes dentários. Clinicamente, os cirurgiões dentistas podem optar por componentes
de marcas diferentes das marcas do implante, mas compatíveis. Porém ainda não está
totalmente esclarecido se existe perfeita adaptação entre eles. Esse intercâmbio pode
ocorrer por motivos financeiros (utilizar um pilar com custo inferior ao da marca do

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implante), logístico (determinados componentes levam muitos dias para ser entregues
em determinadas regiões do país, e muitas vezes o paciente deseja uma solução imediata
do caso), ou porque algumas empresas possuem uma resolução protética mais eficiente
comparadas a outras. Algumas empresas possuem pilares protéticos diferentes de outras,
que permitem a construção da prótese de uma forma mais funcional ou estética. Assim,
os pesquisadores se propõem a realizar um estudo in vitro, a fim de obter dados que
auxiliem no entendimento da adaptação entre implantes e componentes protéticos de
diferentes marcas.

6. REVISÃO DE LITERATURA

6.1 Implantes dentários

Por séculos vem-se buscando a substituição de dentes ausentes com o uso de


implantação. Implantação é definida como a inserção de qualquer material parcialmente
ou totalmente no corpo com objetivo diagnóstico, terapêutico, protético ou
experimental. Os implantes dentários provêm desde a Grécia antiga, civilização etrusca
e egípcia, quando os materiais utilizados variavam desde jade e outros minerais e metais
até marfim e osso (ANUSAVICE et al., 2013).
Em paralelo ao crescimento exponencial do uso de implantes nos últimos 20
anos, houve também a expansão no mercado de sua fabricação. Atualmente há mais de
90 tipos disponíveis, oferecendo várias combinações de design, diâmetro, altura, pilares
protéticos e tipos de superfícies. A maioria dos sistemas de implantes é composta por
duas partes principais, a endosteal (implante) e a conexão transmucosa (pilar)
(LARRUCEA et al., 2018).
Tentativas iniciais de pesquisa e aplicação de biomateriais para implantes
iniciaram com a utilização de substâncias, principalmente, de composição metálica. A
revolução dos implantes na odontologia iniciou com as pesquisas de Branemark e sua
equipe, na Suécia, utilizando o titânio puro como material (ANUSAVICE et al., 2013).
Um dos fatores determinantes de qualidade é o material utilizado na confecção da peça.
O titânio é considerado o padrão ouro na confecção dos sistemas de implantes devido a
sua estabilidade e integração biológica (BISHTI et al., 2014).
Cada sistema de implantes varia, entretanto, as partes são basicamente iguais. A
primeira parte é o corpo do implante, que é o componente que entra em contato com o

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osso. Conforme o sistema usado, o corpo pode ter diferentes superfícies: rosqueada,
com ranhuras, perfurada, com camada de plasma ou recoberta. Essas características
podem ser classificadas como de subtração (condicionamento ácido) ou de adição
(recobrimento) (ANUSAVICE et al., 2013).
O modelo de conexão mais conhecido é o sistema de hexágono externo proposto
por Branemark. Neste sistema, a forma de unir uma parte à outra é feita por um parafuso
e um dispositivo anti-rotacional em forma de hexágono, situado acima do implante
(DING et al., 2003).
Já na conexão do tipo hexágono interno, o dispositivo anti-rotacional localiza-se
na parte interna do implante. Isso possibilita uma maior estabilidade, pelo fato de a
conexão ser interna. Apesar de algumas vantagens em relação ao sistema de hexágono
externo, a perda de parafusos, fratura de componentes e dificuldade de se assentarem
aos componentes intermediários, com tecidos subgengivais profundos, são problemas
comumente relatados quando se trabalha com conexões do tipo hexagonal interna
(DING et al., 2003).
A conexão cone morse foi idealizada para contornar alguns desses problemas,
onde o intermediário, na forma de um cone, une-se internamente com o implante. Esse
tipo de conexão promove uma melhor distribuição de forças quando comparado com o
hexágono externo, facilitando a estabilidade dos tecidos moles ao redor dos implantes,
devido à ausência de espaço entre o intermediário e o implante. Além disso, oferece
maior estabilidade para a união pilar-implante, fazendo com que o estresse seja
transmitido de forma mais homogênea a crista óssea marginal, tendo assim uma menor
perda óssea(DIBART et al., 2005; DING et al., 2003).

6.2 Pilares protéticos

A carga aplicada sobre um implante direciona-se a 3 eixos dominantes;


mesiodistal, vestibulolingual e oclusoapical, o planejamento protético viabiliza o
equilíbrio na dissipação de forças funcionais às quais o sistema está sujeito
(CARDOSO, 2012; MISCH, 2006).
Uma reabilitação implanto-suportada é composta por um implante que se
conecta a um pilar para receber uma restauração protética. O pilar transmucoso
(também conhecido como pilar protético, pilar intermediário ou abutment) faz a
conexão do corpo do implante com a prótese. Engaja-se com o corpo do implante

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através de uma geometria interna ou externa. Independentemente da localização e do
tipo de conexão, é importante que a melhor adaptação entre o implante e o pilar seja
obtida para favorecer a distribuição de tensão entre os componentes e impedir a
colonização de micro-organismos na interface (ANUSAVICE et al., 2013; DIBART et
al., 2005).
Os pilares intermediários são divididos em pilares para prótese cimentada e
pilares para prótese aparafusada. Os principais tipos de pilares para prótese aparafusada
são: UCLA, pilar cônico (reto e angulado) e mini pilar cônico (reto e angulado). Os
tipos de pilares mais comuns para próteses cimentadas são: UCLA, cerâmico e pilar de
titânio preparável (reto e angulado) (Rodrigues, 2007).
Os pilares cônicos foram desenvolvidos com o propósito de proporcionar boa
estabilidade biológica e mecânica, além de permitir a confecção de próteses parciais, ou
totais, fixas com estética satisfatória (NENTWIG et al., 2004). Em 1995 desenvolveu-se
um pilar cônico de altura reduzida, ampliando seu uso clinico. A princípio, esse pilar
recebeu o nome de Miruscone, tendo posteriormente recebido o nome de Microunit e
Multi-unit, atualmente esse componente é conhecido como Minipilar Cônico.
O abutment UCLA dispensa o uso de pilar intermediário, conecta a prótese
diretamente na plataforma do implante. Seu uso é indicado, segundo a literatura, em
situações como: distância interoclusal limitada; distância interproximal limitada;
limitação de altura do tecido gengival/ estética; correção de pequenas angulações dos
implantes e quando o custo da prótese é um fator preponderante (GOIATO et al., 2011).
As reabilitações usando o componente UCLA possuem a vantagem de ao
eliminar o pilar intermediário a superfície da prótese pode emergir, proporcionando um
resultado estético mais agradável, além da vantagem econômica (GOIATO et al., 2011;
JAIME et al., 2007). As desvantagens deste componente é a distribuição de forças, que
pode levar a perda da prótese, defeitos na adaptação marginal entre o pilar e o implante
e o afrouxamento do parafuso (GOIATO et al., 2011). O afrouxamento do parafuso é a
complicação protética mais frequente em coroas de implantes fabricadas com pilares
UCLA. No entanto, a conexão geralmente permanece estável depois de novo
apertamento do parafuso (MONTERO et al., 2012).
O uso de um pilar intermediário pode otimizar a distribuição e dissipação de
forças, diminuindo assim as tensões induzidas aos implantes. A transmissão do estresse
é possivelmente dissipada à medida que passa do abutment para o implante, reduzindo o
estresse que será transferido para o tecido ósseo (JAIME et al., 2007). Todavia, alguns

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estudos não observaram nenhuma diferença na distribuição de forças quando um pilar
intermediário foi utilizado (OCHIAI et al., 2003).
O modelo de pilar utilizado e a geometria da interface implante-pilar pode ser
um fator de influência significativa na distribuição do estresse para o osso, esse fato se
explica devido aos diferentes mecanismos de transferência de carga e as diferenças de
tamanho da área de contato entre o pilar e o implante. Os pilares cônicos compensam as
tensões elevadas e protegem o parafuso da sobrecarga, existe a hipótese de que os
sistemas de conexão cônica resultam em menor perda óssea marginal (CHUN et al.,
2006).
Por meio de análise fotoelástica, comparando a tensão transferida ao implante
conectado à prótese com pilar intermediário e sem pilar intermediário, a diferença das
tensões geradas e a distribuição das mesmas em ambos os pilares, cônicos ou UCLA,
não apresentaram diferenças significativas (OCHIAI et al., 2003).
Na reabilitação oral com o uso de implantes, é criado um microespaço (gap) na
interface pilar/implante. A microbiota oral pode proliferar nesse espaço e afetar os
tecidos peri-implantares, começando pela inflamação dos mesmos. Além disso, uma
desadaptação pode gerar cargas indesejáveis no conjunto e consequentemente o
afrouxamento ou fratura do parafuso protético, aumentando ainda mais a proliferação de
bactérias nesse local. Prevenir a proliferação de bactérias na interface pilar/implante é
fundamental na implantodontia (LARRUCEA et al., 2018; SIMAMOTO JÚNIOR et
al., 2015).
O acúmulo de bactérias na interface pode causar irritação, devido as toxinas
produzidas por elas, e inflamação nos tecidos moles adjacentes ao implante, podendo
ocasionar e/ou acentuar o grau de reabsorção óssea per-implantar. Em consequência da
perda óssea também haverá recessão gengival afetando o resultado estético do
tratamento. Quando esse processo de infiltração bacteriana, inflamação e reabsorção
óssea não for controlado ou solucionado pode ocorrer insucesso do tratamento (BISHTI
et al., 2014; GOIS FILHO et al., 2016).
Para prevenir a infiltração de bactérias é necessário um bom selamento entre o
pilar e o implante. Esse selamento pode ser comprometido pelo torque insuficiente no
momento da instalação do pilar, micro movimentos dos componentes durante a
mastigação e a precisão no encaixe entre o pilar e o implante. A estabilidade dos tecidos
peri-implantares é determinada por diferentes fatores biológicos e biomecânicos, e a
busca por melhores resultados quanto ao material e a adaptação pilar/implante levou ao

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desenvolvimento de vários tipos de pilares protéticos (BISHTI et al., 2014; GOIS
FILHO et al., 2016).
A desadaptação da interface entre os implantes dentários e os pilares
intermediários foi estudada por Fujiwara (2005). Foram utilizados implantes de cinco
marcas comerciais diferentes: AS Tecnology, Conexão Sistema de Prótese, Neodent,
Sterngold Implamed e 3I Implant Innovations. Em cada sistema foram testados pilares
cônicos, Gold UCLA e mult-unit. Todos os pilares protéticos receberam torque de
20Ncm. Os conjuntos foram desgastados longitudinalmente e analisados em MEV. O
autor concluiu que, de acordo com as medidas obtidas, a menor desadaptação foi
encontrada para o pilar cônico, grupo Neodent; seguido do Gold UCLA, grupo
Sterngold Implamed; e abutment mult-unit, grupo Conexão. Quando os pilares foram
comparados entre si, o pilar cônico e o mult-unit apresentaram desadaptações menores
do que o Gold UCLA.
SCARANO et al. (2005) avaliaram 272 implantes removidos por diferentes
causas em 16 anos. Nos implantes com pilares protéticos retidos por parafusos, uma
fenda de 60µm estava presente na interface implante/pilar e freqüentemente foram
encontradas bactérias nessa interface. Nos implantes com pilares cimentados, a fenda
média encontrada foi de 40µm e não foram encontradas bactérias no seu interior. Os
autores concluíram que nos pilares retidos por parafusos, a fenda na interface pode ser
um fator crítico para a colonização bacteriana, enquanto nos pilares cimentados, o
espaço estava totalmente preenchido pelo cimento.
Pimentel (2017) avaliou a adaptação interna de pilares protéticos alternativos
associados a implantes dentários Straumann® , com auxílio de microscopia eletrônica
de varredura (MEV). Três implantes dentários (Straumann Bone Level) foram
selecionados para cada grupo. O grupo 1 (controle) utilizou pilares protéticos pré-
fabricados pelo mesmo fabricante do implante (n=3), enquanto que o grupo 2 utilizou
pilares protéticos pré-fabricados alternativos (EFF® Dental Componentes) (n=3).
Foram realizadas imagens de microscopia eletrônica de varredura (MEV) com aumento
de 600x de todos os corpos-de-prova analisados. A análise MEV mostrou que tanto o
pilar alternativo (G2) quanto o pilar do mesmo fabricante do implante (G1)
apresentaram similaridades na adaptação entre a parede do implante e o pilar. Não
foram encontradas diferenças significativas na adaptação entre os grupos analisados
(p>0,05).

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A revisão sistemática de Tallarico et al. (2018) avaliou os resultados mecânicos,
a microinfiltração e a precisão marginal na interface implante-abutment de abutments de
implante originais e não originais. Um total de 16 artigos preencheram os critérios de
inclusão e avaliação de qualidade e foram selecionados para a análise qualitativa. Todos
os estudos incluídos foram pesquisas in vitro. Menor incidência de falha mecânica e
maior precisão marginal foram relatadas para os abutments originais em comparação
com os abutments não originais, porém não houve diferença estatística entre eles. Não
foi possível tirar conclusões clínicas sobre o efeito de um abutment não original, há uma
necessidade de ensaios clínicos randomizados bem desenhados para fornecer mais
informações sobre os resultados clínicos de longo prazo de abutments originais e não
originais.
A prótese é a última parte do implante, pode ser unida aos pilares através de
parafusos, cimentos, encaixes de precisão ou dispositivo magnético. (ANUSAVICE et
al., 2013). Não há evidência de diferença significativa no comportamento clínico do
osso marginal peri-implantar e dos tecidos peri-implantares, comparando restaurações
implanto-suportadas unitárias cimentadas ou parafusadas (VIGOLO et al., 2012).
O material da coroa protética pode ser confeccionado com uma infraestrutura
metálica e cobertura cerâmica, chamadas de metalocerâmicas, ou totalmente cerâmicas.
Durante o planejamento o profissional decide o tipo de prótese melhor indicada para
cada caso especifico.

7. OBJETIVOS

7.1. Objetivos gerais


Esse estudo tem por objetivo geral:
Avaliar a desadaptação na interface entre implantes e pilares protéticos de
diferentes marcas, testando a hipótese de que os componentes originais (da mesma
marca que o implante dentário) proporcionam melhor adaptação.

7.2. Objetivos específicos


Esse estudo tem por objetivos específicos:
Mensurar possíveis fendas na conexão do implante com o pilar protético da
mesma marca comercial;

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Mensurar possíveis fendas na conexão do implante com o pilar protético de uma
marca comercial diferente;
Verificar qual sistema de implantes dentários possui a melhor adaptação
pilar/implante;
Relacionar o comprimento dos parafusos protéticos de diferentes empresas com
as roscas internas dos implantes com o objetivo de verificar sua adaptação.

8. MATERIAIS E MÉTODOS

Foi realizado um estudo in vitro. Foram utilizados implantes dentários cone


morse e pilares protéticos universais retos das marcas Neodent (Curitiba, Brasil), SIN
(São Paulo, Brasil) e Singular (Rio Grande do Norte, Brasil).

SINGULAR SIN NEODENT

Figura 1. Sistemas de implantes

A amostra foi composta por três grupos, categorizados de acordo com a marca
do implante dentário. Cada grupo foi dividido em três subgrupos, de acordo com os
pilares protéticos utilizados (n=1), totalizando 9 amostras, de acordo com a tabela 1.
Cada implante dentário do grupo recebeu o pilar protético da sua marca original e os
pilares das outras duas marcas incluídas no estudo.

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Tabela 1. Divisão dos grupos
Implante Relação implante-pilar

G1- NEODENT CONE Implante Neodent – pilar universal reto Neodent (NN)
MORSE (n=3) Implante Neodent – pilar universal reto SIN (NS)
Implante Neodent – pilar universal reto Singular (NG)

G2- SIN UNITITE (n=3) Implante SIN – pilar universal reto SIN (SS)
Implante SIN – pilar universal reto Neodent (SN)
Implante SIN – pilar universal reto Singular (SG)

G3- SINGULAR CONE Implante Singular - pilar universal reto Singular (GG)
MORSE (n=3) Implante Singular – pilar universal reto Neodent (GN)
Implante Singular – pilar universal reto SIN (GS)

N = Neodent; S = SIN; G = Singular

Instalação dos pilares protéticos


Primeiramente, o implante foi fixado dentro de um tubo de PVC com resina
acrílica. Com ele centralizado e paralelo, foi preenchido com a resina acrílica até 5mm
antes da sua plataforma. Depois do tempo de presa da resina, procedeu-se com a
instalação dos pilares protéticos, que foi realizada seguindo as recomendações dos
fabricantes, dando-se um torque de 20 Ncm utilizando um torquímetro.

Avaliação da desadaptação na interface implante pilar


Após feita a instalação dos pilares protéticos, o conjunto implante/pilar protético
foi seccionado verticalmente em uma máquina de corte metalógrafo (Biopdi, São Paulo,
Brasil) e polido usando papel de carboneto de silício. A sequência de lixas utilizadas foi
da gramatura 400 até a 1000, lixando por 20 segundos com cada lixa até obter uma
amostra polida.

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Figura 2. Conjunto implante/pilar seccionado e polido

Para verificar a desadaptação na interface implante/pilar protético foram


realizadas imagens em estereomicroscopia (modelo e marca).
Figura3. Imagem obtida em estereomicroscopio

A relação do parafuso de fixação foi qualitativamente verificada. As medidas


foram realizadas com o auxilio do software ImageJ. Foi realizada a medida de 4 pontos
de interesse em todas as amostras:
A: entre o término cervical e o final das roscas
B: altura interna
C: do primeiro ao último contato entre as superfícies
D: GAP apical
Foi obtido um valor (em mm) de medida para cada um dos pontos citados acima.

9. RESULTADOS

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Os resultados do presente estudo foram:

Pilares Singular

O pilar Singular com implante Neodent, tem 7,11 mm entre o término cervical e
o final das roscas (A), uma altura interna ao implante de 5,38 mm (B), altura de rosca
ativa de 1,19 mm (C) – do primeiro ao último contato entre as superfícies e o GAP
apical até o final da câmara do implante é de 1,18 mm (D).

Figura 4. Pilar Singular com Implante Neodent

O pilar Singular com implante SIN, tem 7,2 mm entre o término cervical e o
final das roscas (A), uma altura interna ao implante de 5,38 mm (B), altura de rosca
ativa de 1,35 mm (C) – do primeiro ao último contato entre as superfícies e o GAP
apical até o final da câmara do implante é de 1,52 mm (D).

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Figura 5. Pilar Singular com implante SIN

O pilar Singular com implante Singular, tem 7,42 mm entre o término cervical e
o final das roscas (A), uma altura interna ao implante de 5,61 mm (B), altura de rosca
ativa de 1,30 mm (C) – do primeiro ao último contato entre as superfícies e o GAP
apical até o final da câmara do implante é de 1,28 mm (D).

Figura 6. Pilar Singular com implante Singular

Pilares Neodent

O pilar Neodent com implante SIN, tem 6,53 mm entre o término cervical e o
final das roscas (A), uma altura interna ao implante de 4,83 mm (B), altura de rosca
ativa de 0,47 mm (C) – do primeiro ao último contato entre as superfícies e o GAP
apical até o final da câmara do implante é de 2,58 mm (D).

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Figura 7. Pilar Neodent com implante SIN

O pilar Neodent com implante Singular, tem 7,23 mm entre o término cervical e
o final das roscas (A), uma altura interna ao implante de 5,68 mm (B), altura de rosca
ativa de 1,43 mm (C) – do primeiro ao último contato entre as superfícies e o GAP
apical até o final da câmara do implante é de 1,37 mm (D).

Figura 8. Pilar Neodent com implante Singular

ADICIONAR O GRUPO NEODENT + NEODENT

Pilares SIN

O pilar SIN com implante Neodent, tem 7,86 mm entre o término cervical e o
final das roscas (A), uma altura interna ao implante de 6,11 mm (B), altura de rosca
ativa de 1,72 mm (C) – do primeiro ao último contato entre as superfícies e o GAP
apical até o final da câmara do implante é de 1,03 mm (D).

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Figura 9. Pilar SIN com implante Neodent

O pilar SIN com implante SIN, tem 7,94 mm entre o término cervical e o final
das roscas (A), uma altura interna ao implante de 6,11 mm (B), altura de rosca ativa de
1,91 mm (C) – do primeiro ao último contato entre as superfícies e o GAP apical até o
final da câmara do implante é de 2,25 mm (D).

Figura 10. Pilar SIN com implante SIN

O pilar SIN com implante Singular, tem 7,59 mm entre o término cervical e o
final das roscas (A), uma altura interna ao implante de 6,03 mm (B), altura de rosca
ativa de 1,70 mm (C) – do primeiro ao último contato entre as superfícies e o GAP
apical até o final da câmara do implante é de 0,84 mm (D).

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Figura 11. Pilar SIN com implante Singular

10. DISCUSSÃO

Os resultados obtidos no presente estudo demonstraram que em todos os


conjuntos, há uma adaptação cervical satisfatória não detectando gap na microscopia
óptica. Nota-se também que há uma compatibilidade de todas as situações.
Duraisamy et al (2019) encontraram em seu estudo que o microgap médio na
interface implante-abutment no nível da plataforma nos pontos externo, médio e interno
para os abutments originais e não originais foi encontrado dentro dos limites
clinicamente aceitáveis. No estudo foi avaliado o ajuste de abutments não originais aos
implantes na junção do abutment do implante. Vinte implantes de titânio de um único
fabricante foram divididos aleatoriamente em 2 grupos de dez cada. Dez pilares
originais pré-usinados de titânio (grupo I) e dez pilares não originais pré-usinados de
titânio (de diferentes fabricantes do grupo II) foram conectados aos implantes com o
nível de torque recomendado pelo fabricante e então embutidos em blocos de resina
acrílica autopolimerizável. O microgap na interface implante-suporte para todas as
amostras foi medido usando um software de contagem de pixels e submetido à análise
estatística usando o teste U de Mann-Whitney não paramétrico. O microgap médio na
interface implante-pilar nos pontos externo, médio e interno foi de 1,597, 1,399 e 1,831
µm, respectivamente, para o grupo I e 2,395, 2,488 e 3,339 µm, respectivamente, para
as amostras do grupo II. O teste U de Mann-Whitney não paramétrico mostrou diferença
estatisticamente significativa entre 2 grupos no ponto médio para os abutments não
originais em comparação com os originais.
Os resultados de Karl et al (2018), divergem do encontrado no presente estudo,
os autores avaliaram o desempenho de uma seleção de abutments de titânio originais e

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compatíveis disponíveis para um sistema de implante amplamente utilizado com uma
conexão cônica interna. Seis grupos de abutments originais e clones compatíveis com
implantes NobelActive foram comparados com base nos seguintes parâmetros: precisão
dimensional, formação de lacuna, tensão circunferencial, pré-carga do parafuso do
abutment, micromoção, assentamento do abutment, limite médio de fadiga (MFL) e
bacteriano vazamento. Cada parâmetro foi analisado separadamente e comparado com o
pilar original (referência) aplicando uma variedade de testes estatísticos (α = 0,05). No
geral, os resultados obtidos nas diferentes experiências mostraram um desvio
considerável do pilar de referência. Todas as combinações implante-abutment
mostraram infiltração bacteriano após 6 dias de incubação. Embora os abutment
compatíveis possam parecer semelhantes ao componente original, eles exibem
diferenças e variações consideráveis em suas características físico-mecânicas
detectáveis por métodos de teste avançados. O quanto essas diferenças afetam a
confiabilidade e a longevidade do desempenho clínico da restauração deve ser
investigado em estudos clínicos.
A principal preocupação com a desadaptação e os microgaps formados entre o
implante dentário e o pilar protético é a possibilidade de microinfiltração bacteriana e as
consequências que isso causa. Segundo Tallarico et al (2018), a tolerância dimensional
entre o implante e o abutment pode desempenhar um papel importante nessa conexão,
definindo suas propriedades mecânicas. O estudo relata que a microbiota oral pode
proliferar nesse microgap e afetar os tecidos peri-implantares, causando inflamações e
doenças peri-implantares. De uma perspectiva clínica, o tamanho do microgap entre o
abutment e o implante pode contribuir com a remodelação óssea após a colocação do
implante, onde a micro infiltração de microrganismos pode representar uma passagem
de ácidos, enzimas, bactérias e/ou outros produtos metabólicos que afetam diretamente
os teciodos peri-implantares, desencadeando a resposta inflamatória. Então, prevenir a
proliferação de microrganismos é um importante objetivo para a implantodontia.
A revisão sistemática de Mishra et al (2017) selecionou 78 artigos inicialmente,
onde apenas 30 deles foram totalmente compatíveis com os critérios de inclusão. A
maioria dos estudos mostrou alguma micro infiltração na interface abutment/implante.
O sistema cone morse apresentou menos micro infiltrações comparado a outros
sistemas. A maioria dos estudos mostrou mais micro infiltrações em tratamentos com
carga imediata. Implantes hexágono externo apresentam grandes falhas na prevenção de
micro infiltrações com ou sem carga imediata. As recomendações de torque dos

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fabricantes devem ser seguidas rigorosamente e abutments de zircônia são mais
propensos a micro infiltração do que os de titânio, então devem ser evitados.
Anteriormente, Fujiwara (2005), mostrou em seu estudo a grande variação de
resultados mostra a dificuldade que os fabricantes de implantes e componentes podem
encontrar para manter uma boa qualidade em seus materiais. Mas o empenho deles para
isto é fundamental. Pode-se considerar que o sucesso do implante é multi fatorial, ou
seja, além da habilidade do profissional na realização da cirurgia e da confecção da
coroa protética, a indústria também deve contribuir, melhorando a qualidade dos seus
produtos. Porém Pimentel 2017, em um estudo mais recente, avaliou a adaptação
interna de pilares protéticos alternativos associados a implantes dentários Straumann®,
com auxílio de microscopia eletrônica de varredura (MEV) e concluiu que os pilares
alternativos apresentam adaptação semelhante aos pilares originais, não sendo
encontradas diferenças significativas na adaptação dos mesmos.
No presente estudo foi observado que em todos os conjuntos, há uma adaptação
cervical satisfatória e há compatibilidade em todas as situações, porém não foram
encontrados GAP’s entre as superfícies, porém nenhum pilar chegou até o final da
câmara do implante destinada às roscas.

11. CONCLUSÃO

Em todos os conjuntos, há uma adaptação cervical satisfatória não detectando


gap na microscopia óptica.
Nota-se que o pilar SIN tem uma maior área dentro dos implantes, em
comparação ao Singular, e uma maior altura de contato entre as roscas também.
Nota-se que há uma compatibilidade de todas as situações. Não há GAP entre as
superfícies, nenhum pilar chegou até o final da câmara do implante destinada às roscas.
A ponta das roscas do pilar SIN parece ser mais larga que dos outros pilares, o que pode
aumentar o atrito no momento da instalação e dificultar sua entrada.

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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