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EBOOK

PARTES COMPONENTES DA
PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL

Pinheiro, KTS*; Oliveira, MDS*; Gonçalves, L.B.;


Honório, MMC*; Rego, ACP*; Neta, JPS*; Teles,
AF; Pereira, TAA*; Fiallos, ACM**
Monitores da Disciplina de Prótese Parcial Removível do Curso de
Odontologia da FFOE*;
Professora adjunta da Disciplina de Prótese Parcial Removível do
Curso de Odontologia da FFOE**
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO
2. PRINCIPAIS RETENTORES
3. CONECTORES MAIORES
4. REFERÊNCIAS
1.INTRODUÇÃO
1. Introdução

O que é uma Prótese Parcial Removível à Grampos (PPRG)?

A prótese parcial removível à grampos (PPRG) é um recurso protético que


possui uma armação metálica com dentes artificiais. Embora removível, ela é
seguramente encaixada à boca por meio de grampos que enlaçam os dentes
naturais adjacentes e, ainda, por meio do apoio em mucosas.

Devido a sua grande versatilidade de indicação e ao baixo custo laboratorial,


a PPRG tem sido amplamente utilizada em países com altos índices de indivíduos
edêntulos, como o Brasil. Os tratamentos protéticos com PPRG visam, além da
reposição dos dentes ausentes, solucionar questões estéticas, funcionais e
preservar as estruturas remanescentes procurando assim, melhorar a qualidade de
vida do paciente. Porém, para alcançar esses objetivos, é necessário que o
cirurgião-dentista realize o planejamento do mesmo e execute corretamente todas
as etapas clínicas requeridas para a confecção de uma PPRG. Enquanto, o técnico
em prótese dental deve desempenhar as etapas laboratoriais e o paciente, seguir
adequadamente todas as instruções de utilização, assim como de higienização da
PPRG, além de realizar consultas periódicas ao cirurgião-dentista.

Entendendo a PPRG

Para planejarmos corretamente uma PPR, devemos conhecer seus


componentes, pois cada um deles tem uma função específica e não deve ser
agregado aleatoriamente. As PPRs são, basicamente, constituídas pelos seguintes
elementos:

➢ Retentores;
➢ Apoios;
➢ Sela: acrílica e/ou
metálica;
➢ Dentes artificiais;
➢ Conectores: maiores e
menores.

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Retentores (grampos)

Os retentores são os elementos mecânicos responsáveis pelo suporte,


estabilidade e retenção da prótese em relação aos dentes pilares. Para que os
retentores cumpram suas funções é necessário que sua distribuição e número
sejam cuidadosamente planejados e então unidos pelos conectores da prótese.
Os dentes pilares devem ter sua condição de equilíbrio mantida ou
melhorada pelo uso das próteses, evitando forças laterais nesses mesmos dentes.
Sendo assim, o estado de saúde dos dentes remanescentes necessita ser
preservado ou incrementado pelo uso da PPR, que deve ter uma ação passiva,
estática e dinâmica entre os retentores e dentes pilares.

a) Retentores Diretos

São os que se relacionam com os dentes pilares situados próximos ao


espaço protético. Sua principal função é conferir retenção e suporte para a prótese.

b) Retentores Indiretos

Também chamados de estabilizadores. São os retentores propostos para os


dentes pilares distantes do espaço protético.

c) Retentores extracoronários

Situam-se externamente ao dente pilar, conferindo retenção e estabilidade. A


retenção é estabelecida pela elasticidade do grampo ao transpor o equador
protético, instalando-se na zona retentiva do elemento dentário. O braço de
retenção deve ser passivo com o dente pilar, tendo apenas um contato, sem
desenvolver forças laterais sobre esse elemento. A estabilização do dente pilar é
feita pelo braço de oposição, rígido e largo. Essa estabilidade é oferecida pelo
contato e deslizamento do grampo nas áreas planas preparadas ou já existentes
(plano guia) sobre a superfície lingual e proximais dos dentes.

a) Diretos: próximos ao espaço


protético;
b) Indiretos: distantes do espaço
protético;
c) Espaço protético.

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Elementos constituintes dos retentores

Os retentores extracoronários geralmente são constituídos por: apoio oclusal,


braço de retenção, braço de oposição e corpo.

➔ Apoio oclusal: Permite o suporte para a PPR. Geralmente relaciona-se


com as cristas marginais da oclusal dos dentes pilares, transferindo a força
mastigatória que incide sobre os dentes artificiais aos dentes pilares no
sentido ocluso-gengival. É um importante elemento na estabilização do dente
pilar. Para que cumpram suas funções devem estar sobre o nicho preparado
previamente.

➔ Corpo do retentor: É o elemento do retentor que une o apoio oclusal e os


grampos entre si. É, também, o elemento de ligação entre o retentor e o
conector menor.

➔ Braços do retentor: São responsáveis pela retenção e estabilização da


PPR. Impedem que a prótese movimente-se no sentido gengivo-oclusal
durante sua função e estabilizam a prótese, evitando movimentos de báscula.

Braço de retenção: Opõem-se às forças durante a mastigação


que tendem a deslocar a PPR de sua posição de assentamento
funcional. A ação retentiva do braço de retenção depende da ação da
sua ponta ativa em relação à área retentiva do dente pilar e da sua
elasticidade. Essa atividade retentiva pode se dar de duas formas:
ação de abraçamento e ação de ponta.

Braço de oposição: São rígidos e largos e se conectam em toda a


sua extensão com o dente pilar. Como principal função tem-se a
estabilização do dente pilar.

Quanto à função, os retentores podem ter:

Ação de abraçamento (circunferenciais)


O braço de retenção mantém-se em contato com o dente pilar em toda a sua
extensão. Possuem duas partes, uma inicial (unida ao apoio) chamada corpo do
grampo, sendo mais espessa e menos flexível, e uma final (ponta ativa) mais
delgada e flexível, localizando-se abaixo do equador protético. Os retentores com
ação de abraçamento também são chamados de circunferenciais.

Ação de ponta
Apenas as pontas do braço de retenção apresentam ação retentiva, sendo
que as outras partes não se relacionam ativamente com a superfície dental.
Apresenta maior poder retentivo por ação de tropeçamento. São grampos menos
propensos a produzir cáries devido ao seu menor contato dental.

CIRCUNFERENCIAIS x AÇÃO DE PONTA


Aumentam mais a plataforma Não aumentam a plataforma
oclusal oclusal
Cobrem maior superfície Cobrem menor superfície
dentária dentária
Inserção mais difícil Inserção facilitada
Menor retenção Maior retenção
2. PRINCIPAIS RETENTORES
2. Principais retentores
Grampos Circunferenciais

Grampo Circunferencial de Ackers (GCA)


Possui um apoio oclusal, um braço de oposição e um braço de retenção que
são unidos entre si pelo corpo do grampo. É mais indicado em PPRs
dento-suportadas e para molares e pré-molares.

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Grampo Geminado
Corresponde a dois grampos circunferenciais de ACKERS unidos pelos
apoios oclusais. Compõem-se 2 apoios oclusais, um em cada dente, dois braços de
oposição e dois braços de retenção. É indicado para molares e pré-molares no lado
dentado das classes II e IV de Kennedy.

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Grampo de Ação reversa


Também conhecido como grampo de Gillet, quando o apoio e o terminal
retentivo estão do mesmo lado. É indicado para dentes posteriores , quando a
porção retentiva se localizar próximo do apoio, ou seja, o terminal retentivo e o
apoio se localizarem do mesmo lado. Dentes mesializados com inclinação da coroa
para o espaço protético.
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Grampo de Ação Posterior


Caracterizado por circunscrever o dente a partir de um ponto de origem,
lembrando a forma de um anel. Possui um apoio e um braço de reciprocidade que
nasce a partir do apoio e caminha por lingual, atingindo a superfície proximal e
contornando-a. É indicado para molares e pré-molares posteriores ao espaço
protético, dentes não mesializados, lingualizados e vestibularizados.

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Grampo de Ottolengui
É uma modificação do CGA. Possui dois apoios (mesial e distal) ligados pelo
braço de oposição e um braço de retenção que parte do apoio intermediário e vai
pela face vestibular até a área retentiva. É indicado para pré-molares e molares
isolados entre dois espaços protéticos intercalados por dentes.

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Grampo ‘’Half and Half’’ (Meio a Meio)
Possui dois apoios oclusais (mesial e distal) de onde emergem seus dois
braços de retenção (vestibular e lingual). É indicado para molares e pré-molares
isolados entre dois espaços protéticos (PPR dento-suportada).

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Grampo Mesiodistal (MD)


Possui um conector menor no centro do dente, onde
se liga ao corpo do grampo, que possui apoio palatino/lingual
sobre o cíngulo. Do corpo do grampo originam-se dois
braços que se estendem para mesial e distal, atingindo as
proximais por meio de duas placas metálicas (placas
proximais), sendo "alojadas" nos planos guias realizados nas
faces proximais dos dentes de suporte. É indicado para
dentes anteriores isolados. Pode apresentar variações de
acordo com a anatomia lingual /palatina do dente.
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Variações do M-D
Quando não apresenta extensões proximais devido a presença de dentes, se
denomina grampo em “Y”

Grampo Circunferencial Modificado


Possui um conector menor no centro do dente, ligando-se ao corpo do
grampo e possuindo apoio palatino/lingual sobre o cíngulo. Seus braços
estendem-se por mesial e distal, sendo um deles caracterizado pela retenção
conferida pela sua extensão para vestibular. Indicado para dentes anteriores
próximos a grandes espaços protéticos.
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Grampos de Ação de Ponta

Idealizado por Roach, o grampo de ação de ponta se caracteriza pela ação


de tropeço e por ter seu braço de retenção emergindo da sela. Eles necessitam de
um braço de oposição complementar. Existem cinco tipos diferentes de grampo,
denominados de T, U, L, I e C pela semelhança com as letras. Os mais utilizados
são os grampos T e o I (KLIEMANN, 2002).

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Grampo T
Possui pontas retentivas nas proximais da face vestibular e está sempre
associado a um grampo de oposição por lingual. É indicado para caninos,
pré-molares e incisivos em extremos livres classes I e II de Kennedy.

Grampo I
Possui ponta retentiva na face vestíbulo-proximal contígua ao espaço
protético e está sempre associado a um grampo de oposição por lingual. É mais
curto, rígido e menos retentivo que o ‘’T’’. Possui as mesmas indicações que o ‘’T’’,
porém usa-se quando se requer mais estética.
3. CONECTORES MAIORES
3. Conectores Maiores
Tem como função ligar os elementos de um lado do arco dental ao outro e
unir direta e indiretamente todas as partes da prótese. Também participa do suporte
e da estabilização da PPR. Suas principais características são:
1. A alta rigidez para distribuir bilateralmente as cargas, resistir à torção e a
fratura, mantendo a eficácia de outros componentes da PPR.
2. O não traumatismo a mucosa durante a instalação e remoção.
3. A localização correta em relação aos tecidos.

Conectores maiores para a maxila


Características gerais temos que:
● O conector deve manter-se distante da gengiva marginal livre (de 4 a 6 mm).
● O palato participa do suporte da prótese e essa função é dada através do
íntimo contato com a fibromucosa.
● Quanto maiores os espaços protéticos, maior e mais espesso deve ser o
conector maior para proporcionar rigidez.

Os principais:
• Barra palatina simples ou em U
• Recobrimento Parcial Palatino: anterior, médio e posterior
• Recobrimento Total ou Chapeado Palatino
• Barra Dupla

a) Barra Palatina em U
A principal diferença entre as barras palatinas e os recobrimentos parciais é a
largura do conector. As barras palatinas são ainda muito utilizadas devido à
facilidade de confecção, sendo também pouco rígidas e pouco confortáveis quando
comparadas aos conectores mais largos. São indicadas para casos de pequenos
espaços protéticos de Classe III ou IV.

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b) Recobrimento Parcial Palatino
Também chamados de cinta plana, podem ter sua espessura reduzida sem
prejuízo da rigidez devido a sua maior largura. São indicados para todas as classes
de Kennedy que possuam espaços protéticos pequenos e médios.

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C) Barra Palatina Dupla


Caracteriza-se pela presença de uma barra anterior e outra posterior,
existindo, na região central, um espaço livre em forma de anel. Por possuir uma
excelente rigidez, pode ter utilização universal, sendo utilizada em qualquer classe
de Kennedy.

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d) Recobrimento Total
Deve haver um recobrimento de toda a área
aproveitável do palato, podendo ser de metal ou
resina. O recobrimento total deve reproduzir
perfeitamente a anatomia do palato e da região das
rugosidades. É indicado quando houver poucos
dentes remanescentes, havendo a necessidade de
que o conector maior também participe do suporte,
das retenções e da estabilização da prótese. É o
conector de eleição quando houver apenas dentes anteriores dispostos em linha
reta.

Conectores maiores para a mandíbula


Como características gerais temos que:
1. O conector deve manter-se distante da gengiva marginal livre (de 3 a 4 mm).
2. O conector deve apresentar passividade de relacionamento com os tecidos
mucosos.
Os principais:
• Barra Lingual
• Placa ou Chapeado Lingual
• Barra vestibular

a) Barra lingual
Deve estar localizado o mais distante possível da gengiva marginal livre (no
mínimo 2 mm e idealmente de 3 a 4 mm) e acima dos tecidos móveis do assoalho
da boca. Tem secção de meia pêra sendo a parte inferior mais espessa. Não deve
ter contato com a mucosa, devendo ser aliviada para evitar a intrusão nos tecidos.
Pode ser usada em qualquer classe de Kennedy, desde que haja espaço para sua
aplicação, ou seja, que a altura do rebordo seja compatível com a largura da barra.

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b) Chapeado ou placa lingual
Deve cobrir desde o cíngulo dos dentes anteriores até pouco além da
gengiva marginal, contornando os dentes anteriores da maneira mais anatômica e
delgada possível, tornando-se menos perceptível a língua. Também deve possuir
formato de meia pêra para conferir rigidez ao conector. Deve-se aliviar as ameias e
a gengiva marginal livre e inserida. É indicado para casos onde não haja espaço
suficiente para a colocação da barra lingual e para contenção de dentes em
tratamento periodontal.
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c) Barra Vestibular
Deve localizar-se acima do sulco gengivo labial, no sulco vestibular. Sua
forma assemelha-se a da letra ‘’D’’ (meia cana alongada). O alívio é necessário para
que haja um espaço entre o conector e a barra e regiões como o freio labial e a
eminência canina também devem ser aliviados. É indicada para casos onde haja
linguoversão excessiva dos dentes anteriores onde a barra lingual ficaria afastada
do rebordo.

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4. REFERÊNCIAS
4. Referências

FIORE, Sergio Reinaldo Di; FIORE, Marco Antônio Di; FIORE, Ana Paula Di. Atlas
de Prótese Parcial Removivel .7ed. São Paulo: Pancast, 2010.
KLIEMANN, Claudio; OLIVEIRA, Wagner. Manual de Prótese Parcial Removível.
1ed. São Paulo: Santos, 2002.
TODESCAN, Reinaldo; SILVA, Eglas E. Bernardes da; SILVA, Odilon José da. Atlas
de Prótese Parcial Removível. 3ed. São Paulo: Santos, 1998.
ZANETTI, Artemio Luiz; LAGAMA, Dalva Cruz. Planejamento: prótese parcial
removível. 2ed. Sao Paulo: Sarvier, 1996.

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