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I - CLASSE III - ETIOLOGIA E obtenção de resultados satisfatórios,

TRATAMENTO possibilitando um bom equilíbrio entre as


bases ósseas.
As más oclusões de Classe III são
anomalias dento faciais que devido a sua Sabe-se, entretanto que o
complexidade e etiologia, algumas vezes prognostico da Classe III esquelética é
genética, transformaram-se no grande sombrio, porque qualquer ação terapêutica
desafio dos ortodontistas quanto a seu conservadora deve ser dirigida ao estímulo
tratamento. do crescimento maxilar ou inibição do
mandibular, e isso tudo terá efeito limitado
Em 1890 Angle em sua publicação dependendo do diagnóstico, idade do
de má oclusão, que se tornou um marco na paciente, intensidade da má oclusão,
ortodontia, dizia que: metodologia e eficiência dos aparatos
relacionados e empregados no tratamento.
" os molares superiores eram a
chave de oclusão e que em uma oclusão Os ortodontistas durante a prática
normal os molares superiores e inferiores clínica há muito tempo tem empregado
deveriam estar relacionados de modo que esforços no sentido de evitar a cirurgia
a cúspide mesio vestibular do molar ortognática, exceto nos casos de
superior ocluísse no sulco vestibular do desarmonias graves entre as bases ósseas,
molar inferior." mas de modo geral a indicação cirúrgica só
se caracterizará de fato quando os recursos
Angle originalmente definiu a má ortodônticos e ortopédicos se esgotarem ou
oclusão de Classe III como uma relação na impossibilidade dos mesmos.
mesialisada de molares e caninos
inferiores. Três décadas mais tarde com o A probabilidade relativamente
advento da radiografia cefalométrica foi grande de intervenção cirúrgica no
possível então esclarecer que muitas vezes tratamento desta má oclusão assusta e
as Classes III resultavam de relações preocupa os pais e/ou responsáveis.
maxilo-mandibulares discrepantes e não Concluindo através destas evidencias é
somente de dentes mal posicionados. muito importante que o profissional deixe
esclarecido e registrado a chance de não
Para McNamara Classe III seria o se obter o sucesso desejado, evitando
resultado de uma real discrepância antero então complicações futuras.
posterior entre as bases apicais, acrescida
de um excesso na altura facial antero Para se tentar então evitar uma
inferior, o qual contribui para uma melhor intervenção cirúrgica no tratamento dessa
evidenciação do deslocamento anterior da má oclusão deve-se levar muito em
mandíbula. consideração o diagnóstico estrutural da
mesma, observando a gravidade da
Vários termos foram usados para discrepância, o comprometimento vertical
descrever essa má oclusão: da face e a presença e intensidade da
Irregularidades dentárias (FOX - 1803), compensação dentária que vem a camuflar
topo a topo e mordida cruzada inversa a mesma. Afora toda esta abordagem
(Delabarre - 1819). Outros termos usados: morfológica, a idade de atuação representa
infraversão, anteversão, prenormal, um dos fatores decisivos para o sucesso do
progênico, macrognatismo, sobremordida tratamento.
mandibular, posição do maxilar inferior.
Durante o diagnóstico através da
Segundo McNamara Jr. a Classe III análise cefalométrica deve-se tomar muito
é uma das más oclusões mais difíceis de cuidado ao fazer-se à análise, pois erros de
diagnosticar e tratar principalmente nas leitura em algumas medidas podem ocorrer,
dentaduras decíduas e tardias. tais como no ANB, NAP e SNB, que podem
se apresentar dentro da normalidade, isso
tudo justificado em função da alteração
Silva Filho, Magro e Capelosa Filho
posicional da mandíbula que se apresenta
atribuem que a correção ortopédica precoce
para baixo e para traz, atribuído ao excesso
das más oclusões de Classe III, permite a
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vertical característico dos Classe III Na clínica costuma-se dividir em três
esquelético ( AFAI aumentada). tipos: uma verdadeira ou esquelética e
duas falsas que são dental e pseudo
A análise cefalometria então, tem Classe III ou neuromuscular. Também
seu valor sim no diagnóstico, planejamento podemos ter diante da Classe III uma
ortodôntico e prognóstico do caso, porém subdivisão que seria quando o paciente é
esta deve ser complementada com a Classe III somente de um dos lados,
análise facial, ou seja, com a configuração permanecendo direita ou esquerda do lado
clínica da face e também com o em que se encontra normal.
comportamento dental, pois a mordida
cruzada anterior não implica Na Classe III verdadeira a relação
obrigatoriamente em um padrão esquelético cêntrica e a máxima intercuspidação
Classe III, assim como o padrão facial de habitual são iguais permanecendo em
Classe III não implica necessariamente em ambas um trespasse horizontal negativo, e
mordida cruzada anterior. cefalométricamente teremos um
prognatismo mandibular ou retrognatismo
II - Classificação das Classe III maxilar, ângulo goníaco aumentado e AFAI
também aumentada. Já nas falsas Classe
• Profitt classifica: segundo III, na dental, as bases ósseas, no sentido
ângulo dos incisivos inferiores antero posterior são equilibradas, e a
oclusão posterior se encontra normalizada,
só há então mal posicionamento de dentes
• segundo o padrão de
anteriores.
fechamento mandibular
• segundo a relação molar.
Na pseudo Classe III
• Segundo ângulo dos
(neuromuscular ou funcional), o paciente
incisivos:
tem uma relação cefalométrica próximo da
normalidade, porém quando manipulado
Classe III verdadeira: incisivos
sofre uma interferência projetando a
geralmente apinhados e em linguoversão .
mandíbula para frente.
Pseudo Classe III: incisivos
Segundo Brusola e Langlade a
verticalizados ou suavemente
Classe III verdadeira se distingue em três
vestibularizados.
tipos:
• Segundo padrão de
• Retromaxila com mandíbula normal.
fechamento mandibular:
• Retromaxila com
prognatismo mandibular.
a) Classe III verdadeira: quando
• Prognatismo mandibular com
o fechamento é suave.
maxila normal.
a) Pseudo Classe III: quando um
A freqüência das Classe III não é
pouco antes da oclusão o mento se
tão elevada, várias pesquisas feitas tanto
desloca para frente de forma
no Brasil quanto em vários outros países
pronunciada.
demonstram isto, porém com diferentes
resultados, provavelmente devido aos
• Segundo a relação molar: diferentes universos pesquisados e a
metodologia empregada. Em nosso país a
a) Classe III verdadeira: porcentagem de pessoas acometidas por
quando a relação molar da Classe III este problema gira em torno de 3%, já em
existe tanto na posição de repouso contrapartida, sabe-se que nos orientais
como na de oclusão. esta probabilidade aumenta
significativamente.
b)Pseudo Classe III: quando
geralmente em repouso os molares ficam
em Classe I, deslizando para uma Classe III
assim que encontrarem, no fechamento
mandibular, algum contato prematuro.
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III - Etiologia das Classe III IV - Aparatologia utilizada na
correção da Classe III
Esta má oclusão apresenta uma
etiologia bastante complexa, os fatores • Aparelhos ortodônticos
determinantes da mesma são diversos mas convencionais com seus devidos arcos.
apresentam-se intimamente ligados entre
si. Dentre os principais destacam-se a
carga genética e o crescimento ósseo
aposicional. Temos então

• a)Fatores locais
• b)Fatores gerais
• c)Fatores hereditários
• d)Fatores raciais

-a) Fatores locais: geralmente são


as causas das Classe III dentária e
funcional ou também pseudo Classe III.
Dentre eles temos os distúrbios na erupção
dos incisivos, problemas de postura
mandibular e respiração bucal na qual a Fig. 01 – Rx Tele inicial e final de pacientes
maxila pode vir a sofrer uma atresia pela adolescente tratado somente com aparelhos
posição mais inferior da língua o que faz fixos convencionais
com que a mesma deixe de exercer a
pressão necessária para o desenvolvimento
normal da maxila, ou seja, não se obterá
então o estímulo de crescimento necessário
para a mesma, caso este que se não
intervido precocemente poderá levar o • Disjuntores fixos ou
paciente a uma Classe III verdadeira. removíveis.

b)- Fatores gerais: dentre estes


fatores podemos citar os distúrbios
hormonais, fissura palatina, lábio leporino,
entre outros.

-c) Fatores hereditários: é um dos


fatores mais determinantes da Classe III.
Segundo Suzuki em 1961 que pesquisou e
concluiu, pais ou mães prognatas teriam
uma probabilidade de 20% de transmitirem
o problema ao filho durante sua geração.
Por outro lado se a mãe e o pai forem
prognatas esta probabilidade duplica. Fig. 02 – Disjuntor encapsulado

-d) Fator racial: o fator racial de


certa forma tem alguma influência também
sobre a Classe III. Estudos realizados em
diversos países demonstram, por exemplo,
que na população norte americana temos
uma incidência de 5% enquanto no Japão
podemos chegar a 13%, na Europa 10% e
no Brasil em torno de 3%.

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Fig.03- Disjuntor encapsulado usado
previamente a máscara facial.

• Máscaras faciais e elásticos. Fig. 06 – Mentoneira de tração occipital vista lateral.

Fig. 04 -= Máscara facial de Petit usada após a


disjunção com elásticos que promovem 400
Grs. De cada lado.

Fig. 06 – Mentoneira de tração occipital vista frontal..

• Aparelhos ortopédicos
funcionais.

Fig. 05 -= Máscara facial de Petit usada após a


disjunção com elásticos que promovem 400 Fig. 07- Aparelho Ortopédico Funcional Franckel – FR-III
Grs. De cada lado.

• Mentoneiras
Aparelhos ortodônticos:

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Antigamente se usavam braquetes sem a presença da placa de levantamento
convencionais, ou seja, sem angulação de mordida.
nenhuma. Hoje em dia com a facilitação
ortodôntica temos os braquetes angulados • Disjuntores fixos ou removíveis
trabalhando-se então com a técnica
chamada de arco reto, o que não significa Dentro da ortodontia já se tornou
que necessariamente não viremos a utilizar básico que se inicia o tratamento corrigindo
alças e/ou torques em algum momento do os problemas transversais. No caso da
tratamento, isso tudo não vem garantir Classe III esquelética onde necessitamos
necessariamente um bom resultado final, se fazer uma tração reversa da maxila, isto
mas sim uma facilitação durante os se torna mais imperioso, pois necessitamos
procedimentos. de uma fragilizarão sutural maxilar e
também das áreas circunvizinhas.
Quanto aos arcos será relatado o
arco utilidade de protração, o multi-alças de Desde o primeiro relato de E. H.
Begg e inclusive arcos pré-contornados Angel em 1860, a respeito da expansão
flexíveis, porém usando a criatividade o maxilar, vários autores discutindo e
profissional poderá utilizar outras maneiras pesquisando esse feito contribuíram para
para seqüenciar seu tratamento. chegarmos aos resultados de hoje,
Korkhaus e Derichsweiler foram notáveis
por suas contribuições em 1950 e também
responsáveis pelo redirecionamento clínico
deste assunto, o qual havia muita falta de
informação entre os autores europeus.
Korkhaus reintroduziu a técnica na América
durante visita a Universidade de Illinois em
1956. Hass entre 1958 e 1961 contribuiu
muito em relação a esse assunto, devendo-
se a ele o reconhecimento desse
Fig.08 – Arco multi-alças de Begg para protrusão.
procedimento na América com o apoio
declarado de todas as correntes
ortodônticas.

A grande questão e dúvida


levantada pelos clínicos são referentes em
até que idade, na fase de pós-crescimento,
se possa intervir fazendo uma expansão
rápida da maxila. Hass, apoiado em sua
grande experiência clínica respondeu
"enquanto houver sutura".

A literatura e a prática clínica


demonstram que com bom senso é possível
Fig.09 – Efeito do Arco multi-alças de Begg após 60 dias. se aplicar o procedimento em pacientes
após a fase de crescimento, levando em
Alguns autores frisam a importância consideração que, quanto maior a idade do
durante o descruzamento dos dentes paciente menor será a chance de conseguir
anteriores com arcos a confecção de uma um resultado positivo referente à expansão
placa de levantamento de mordida, isso rápida da maxila. Estas limitações se
tudo para que não ocorra um travamento na explicam devido às alterações estruturais
protrusão dos incisivos, já outros não a que ocorrem nas suturas intermaxilar,
indicam, pois concluem que o paciente maxilo zigomático, fronto maxilar e ptérigo-
passa seu maior tempo durante as 24 horas maxilar.
do dia em posição de repouso, ou seja,
sem que os dentes estejam em contato, Dentro desses estudos na clínica
com isso permitem o descruzamento dos diária utilizamos os seguintes aparelhos:
mesmos através da força dos devidos arcos

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a) Placas removíveis - dentição
decídua.

Fig. 13 – Hirax já ativado e imobilizado

d) Hass - dentição mista, dentição


permanente (jovens em idade mais
avançada).
Fig. 10 – Expansor removível

b) Quadrihelix - dentição mista.

Fig. 14 – Expansor rápido da maxila tipo Haas

A expansão rápida da maxila então


Fig. 11 – Quadrihelix instalado e ativado é imprescindível na potencialização da
tração maxilar, isso tudo por liberar as
estruturas curcun-maxilares e proporcionar
uma ancoragem eficiente para garantir o
efeito ortopédico e impedir a constrição
anterior do palato que poderia vir a ocorrer
quando se realiza a tração, por isso a
necessidade de se manter o aparelho em
posição, o qual também impede a recidiva
enquanto ocorre a neoformação óssea.

• Máscara facial

É um dispositivo utilizado para


protração maxilar através de elásticos
inseridos nela e os ganchos dos
Fig. 12 – Efeito do Quadrihelix após 6 meses de uso disjuntores.

c) Hirax - dentição mista ou permanente Tipos de máscaras faciais:


(mais jovens)

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c) Sky

d) Petit (a mais utilizada)

Com a utilização da máscara facial


temos alterações faciais provocadas que
são: deslocamento anterior da maxila,
rotação da maxila no sentido anti-horário,
aumento da altura facial anterior,
c) Turley redirecionamento do crescimento
mandibular para traz e para baixo.

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• Mentoneiras

Segundo Graber o tratamento com


mentoneiras reporta ao ano de 1800 e
sempre na tentativa de controlar ou reduzir
o avanço mandibular. Mitani et al frisa que a
mentoneira tem sido bastante usada e
conhecida como método eficaz para
correção da mandíbula prognática em idade
precoce.

Vários outros autores também pesquisaram


e se mostraram a favor da utilização da
mentoneira, porém Mitani et al em 1990
publicou uma pesquisa realizada com 63
japonesas em idades variadas de 7, 9 e 11
anos, todas portadoras de Classe III, nelas
foram utilizadas a terapia com mentoneira e
concluiu-se em estudos clínicos e
experimentais que o perfil esquelético
melhorou consideravelmente no início do
tratamento, mas tais mudanças não se
mantiveram após esse período, indicando
então que tal terapia não garante
necessariamente uma correção positiva do
perfil esquelético após o termino do período
de crescimento.

Existem no mercado uma grande


variedade de mentoneiras, que são
divididas em dois grupos:

Puxada occipital: prognatismo


mandibular suave a moderado.

Puxada vertical: ângulo mandibular


agudo e diminuição da altura facial inferior.

A Puxada occipital está indicada • Aparelhos ortopédicos funcionais:


para pacientes que começam o tratamento
com uma altura facial anterior curta A ortopedia funcional dos maxilares
tentando então determinar um aumento na tem suas bases fundamentadas nos
altura facial. Se a puxada da mentoneira for estudos referentes aos estímulos funcionais
abaixo do côndilo poderá haver uma oriundos da atividade lingual, labial,
rotação para baixo e para traz da músculos mastigatórios e faciais que são
mandíbula, caso contrário, se não se quer transmitidos aos dentes e periodonto,
nenhuma abertura no ângulo mandibular a maxilares e articulação temporo
força deverá ser direcionada através do mandibular.
côndilo, o uso de um suporte de cabeça do
tipo Hickham combinado com a mentoneira Também chamados de aparelhos
rígida permite que variáveis vetores de ortodônticos passivos devido a exercerem
força sejam produzidos na mandíbula ( tem- seu efeito através das forças funcionais, ou
se uma regulagem ). seja, provenientes do próprio corpo, ao
mesmo tempo em que agem sobre dentes,
periodonto, osso alveolar e maxilar, suturas
e articulação temporo mandibular, também
estão influenciando a musculatura de

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maneira indireta ao ativar, aumentar,
diminuir ou normalizar a sua atividade.

Dentre os aparelhos mais usados no


tratamento da Classe III temos o Frankel
(FRIII), Bionator invertido, Klammt,
Progênico, Bimler e Simões Network (SN),
etc. Basicamente os efeitos dos aparelhos
funcionais sobre a Classe III, quando bem
indicado e com seu uso adequado são os
mesmos, ou seja, as forças funcionais
recaem sobre o aparelho ou são liberadas
por ele causando então alterações
dentoalveolares, rotação mandibular no
sentido horário, ou seja, o ponto B move-se
para baixo e para trás e ocorre uma
liberação do crescimento maxilar para
anterior, o qual se encontrava bloqueado.

Tipos de Tratamentos da Classe III

Após diagnosticarmos o tipo da


Classe III baseado em anamnese e estudos
clínicos e radiográficos, é determinado
então o tipo de tratamento a ser executado.

Falsa Classe III Dentária ou


Funcional com padrão esquelético normal:

- dentição decídua,

-dentição mista

- dentição permanente

• Dentição decídua: desgastes


oclusais ou plano inclinado de acrílico
inferior para que a mandíbula possa
retornar a sua posição natural, também • Dentição Mista: também
podem ser usados aparelhos removíveis do poderá ser feito com aparatologia removível
tipo ativadores de Classe III ou até mesmo ou fixa parcial (arco utilidade de protração,
placas com molas. molas , arcos com alças de Begg, etc).

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• Dentição Permanente: o
tratamento pode ser direcionado da mesma
maneira que na dentição mista podendo
nesses casos, se existir apinhamentos,
estar indicada extrações de dentes e então A problemática toda se dá no
colagem total. tratamento deste tipo de Classe III, onde,
• para tal, o profissional deverá ter profundos
conhecimentos, e bom senso, em
detrimento ao caso específico, deverá levar
Classe III verdadeira ou esquelética
em consideração alguns fatores para que
possa indicar e executar a técnica
escolhida, fatores tais como:

• Idade do paciente.
• Quantidade e tipo do
envolvimento esquelético.
• Disposição ao tratamento.

Quanto à idade do paciente,


devido ao desenvolvimento mandibular
exceder o desenvolvimento maxilar durante
a adolescência a correção precoce pode
ser perdida durante este período, razão

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esta do alerta em relação aos pais e/ou fechamentos de espaços presentes entre
responsáveis, quanto a uma recidiva os mesmos, exodontias de pré-molares ou
posterior. O clínico prudente nunca faz molares e ou uso de elástico de Classe III
previsões em relação ao tratamento de uma durante a mecânica.
Classe III, pois o resultado é individual de
cada paciente e difícil de ser estimado, Nesta forma de tratamento o
porém Graber, Sakamoto e Sugawara e mais importante é levar-se em
cols advogam o tratamento o mais cedo consideração a queixa principal do
possível. paciente, se esta for o perfil o mesmo já
está contra indicado mesmo tendo
Em relação ao tipo e possibilidades de realiza-lo, pois este
quantidade do envolvimento esquelético procedimento poderá propiciar em muitos
sabe-se que paciente com prognatismo casos se obter uma relação oclusal
mandibular acentuado tem prognóstico satisfatória, porém sem melhorar o perfil
sombrio. facial.

Quanto à disposição do • Ortodôntico cirúrgico:


paciente, esta será decisiva, pois resultados
finais positivos estão relacionados ao Se a queixa principal do paciente
mesmo, juntamente com diagnóstico e durante a anamnese for o perfil facial ou na
terapêutica utilizada. impossibilidade de se oferecer algum tipo
de compensação dental o tratamento
Dentição decídua: ortodôntico cirúrgico deve ser indicado, uma
Aparatologia funcional juntamente ou não vez que este irá propiciar os requisitos
com a correção transversal da maxila. básicos de uma oclusão ideal, além de
alterações marcantes na estética facial, não
Dentição mista em diante: se alterando somente a face, mas também
a parte psicológica, melhorando sua auto
• Mandíbula bem posicionada e estima e comportamento.
maxila retro posta.
Quando se opta por este
O tratamento será a disjunção, tipo de tratamento, o tratamento ortodôntico
mesmo sem presença de mordida cruzada tem por objetivo a eliminação das
posterior para que haja a liberação das compensações dentárias e a obtenção de
estruturas circunvizinhas e então possa se relações intra e inter arcos que propiciem
fazer à tração reversa da maxila com ao cirurgião o correto posicionamento e
máscara facial. fixação dos dentes e bases ósseas durante
o ato cirúrgico para que sejam mais
• Mandíbula prognática e estáveis na fase pós cirúrgica.
maxila bem posicionada: mentoneira ou
aparelhos funcionais. Nestes casos o diagnóstico
• Mandíbula prognática e e planejamento deverão ser realizados
maxila retroposta: tração reversa e ou juntamente com o cirurgião, definindo então
aparelhos funcionais. o tipo de cirurgia a ser realizada, a qual
poderá ser de maxila, mandíbula ou
combinação de ambas, acompanhadas ou
Após estar determinado o
não de mentoplastias e outros enxertos.
crescimento do indivíduo, para se corrigir
uma Classe III verdadeira nos resta: o
BIBLIOGRAFIA
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Seminário sobre Caso Clínico Classe III, Ortoprev, Passo
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Este visa camuflar a má oclusão e ZOLLET, Adroaldo Francisco, CD ROM,
pode ser realizado vestibularizando os Seminário Sobre Utilização da Ortopedia na ClasseIII,
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2. Maringá. 1997. Santos. São Paulo. 2003.

CASOS CLÍNICOS

1-CLASSE III DENTAL –Paciente do sexo feminino, 9 amos, apresentava classe III
com mordida cruzada anterior, sem envolvimento esquelético.
O tratamento proposto foi Aparelho 2x4 para descruzar os
incisivos. Alinhamento e nivelamento.

123
123
2-CLASSE III DENTAL –Paciente do sexo feminino, 11,11 anos, apresentava classe III
com mordida cruzada anterior, sem envolvimento esquelético, ANB = 0 por
deslocamento da mandíbula para anterior.
O tratamento proposto foi Aparelho fixo completo para
descruzar os incisivos. Alinhamento, nivelamento e uso de elásticos classe III quando
estivesse com arcos retangulares .019”x.025”.

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CLASSE III DENTAL –Paciente do sexo feminino, 19 anos, apresentava classe III com
incisivos laterais superiores cruzados, sem envolvimento esquelético, ANB = 1 por
deslocamento da mandíbula para anterior.
O tratamento proposto foi Aparelhos fixos completos superior
e inferior para alinhamento e nivelamento e uso de elásticos classe III quando
estivesse com arcos retangulares .019”x.025”.

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Características iniciais do tratamento.

Alinhamento e nivelamento com fios termo-ativados.

Alinhamento e nivelamento com fios de aço de secção redonda.

Mecânica de classe III com fios de aço retangular .019” x .025”


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Mecânica de classe III com fios de aço retangular .019” x .025” , tentando a sobrecorreção.

Fase final do tratamento.

Controle de 24 meses pós tratamento

4-CLASSE III ESQUELÉTICA – Paciente do sexo feminino, 20 anos, apresentava


classe III esquelética (ANB -4) com incisivos topo a topo, com mandíbula retro posta e
mandíbula para frente em relação a base craniana.
O tratamento proposto foi tratamento com Aparelhos fixos
completos superior e inferior para alinhamento e nivelamento, coordenação dos arcos e
posterior cirurgia de avanço de maxila.

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Características iniciais.

Durante o tratamento ortodôntico- preparo para cirurgia – descompensando os superiores anteriores.

Durante o tratamento ortodôntico- preparo para cirurgia – descompensando os superiores anteriores.

Cirurgias de modelos

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Pós cirurgico

Características finais do tratamento

Inicial Final Final

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