Você está na página 1de 16

EXPANSÃO RÁPIDA DA MAXILA: TRATAMENTO PARA MORDIDA

CRUZADA POSTERIOR COM DISJUNTORES

Thayná Campideli1
Vanessa Viana Azevedo Torres2

RESUMO

A mordida cruzada posterior é uma maloclusão que depois de instalada não se autocorrige,
necessitando de uma intervenção o mais rápido possível. Pacientes com essa maloclusão
geralmente apresentam uma atresia maxilar, carecendo de uma disjunção da sutura palatina
mediana para sua correção, que pode ser conseguida por meio da expansão rápida da maxila.
Existem diversos aparelhos que podem ser utilizados para promover a abertura da sutura
palatina mediana, sendo os mais utilizados os disjuntores Haas e Hyrax, que apresentam
características e indicações diferentes. O objetivo deste estudo é compreender a relevância
clínica nas possibilidades de tratamento da mordida cruzada posterior, especificamente
utilizando a expansão rápida da maxila para corrigir a discrepância entre maxila e mandíbula
por meio de uma revisão de literatura. Depois de coletar os dados e analisá-los, pode-se
concluir que a expansão rápida da maxila com os disjuntores Haas e Hyrax traz resultados
satisfatórios na correção da mordida cruzada posterior, sendo necessário o conhecimento do
profissional sobre a etiologia e a origem da maloclusão, as possibilidades de tratamento, a
aplicação do correto protocolo da disjunção e a cooperação do paciente.

Palavras-chave: mordida cruzada posterior. Atresia maxilar. Expansão rápida da maxila. Hass.
Hyrax.

1
Graduando em Odontologia pela Universidade de Rio Verde, Campus Rio Verde, GO.
thaynacampideli@academoco.unirv.edu.br
2
Orientadora, Mestre em Odontopediatria. vanessaviana@unirv.edu.br
2

1 INTRODUÇÃO

A mordida cruzada posterior consiste em uma inclinação ou posição alterada dos


molares superiores e inferiores podendo ser uni ou bilateral e pode ser classificada como
funcional, dentária ou esquelética. Casos não tratados de mordida cruzada posterior podem
estar associados com distúrbios deletérios na articulação temporomandibular (ATM),
incluindo assimetria condilar, alteração do posicionamento condilar na fossa mandibular,
assimetria facial e desvio de linha média (CARVALHO, 2019; DE FREITAS OLIVEIRA,
2019).

Os hábitos de sucção, a falta de aleitamento materno no peito, a respiração bucal, a


alimentação pastosa, contatos prematuros em dentes decíduos e o mau posicionamento dos
dentes durante a erupção são alguns dos principais fatores etiológicos da mordida cruzada
posterior que podem alterar o desenvolvimento facial (DE FREITAS OLIVEIRA et al., 2019).

As mordidas cruzadas não se autocorrigem ao longo do tempo, pelo contrário, tendem


a ser agravadas com o crescimento e desenvolvimento, dificultando e piorando o prognóstico
do tratamento. Desta forma, devem ser diagnosticadas e tratadas o mais precocemente
possível (SEABRA et al., 2019).

Os aparelhos para correção da mordida cruzada posterior e sua escolha dependem do


potencial de crescimento do paciente, sua cooperação para o tratamento da origem da
maloclusão (funcional, dentária ou esquelética). Se a origem da mordida cruzada posterior for
dentária recomenda-se utilizar expansor lento da maxila e se for de origem esquelética utilizar
expansão rápida da maxila. A expansão rápida maxilar corresponde a um procedimento
ortopédico e ortodôntico capaz de promover a abertura da sutura palatina mediana causando
um alargamento no sentido transversal da maxila. Os efeitos ortopédicos e ortodônticos
dependem, principalmente, da resistência óssea, que aumenta proporcionalmente com a idade
(CAPELOZZA FILHO; SILVA FILHO, 1997a; DAVID et al., 2009; PRUDENTE; COSTA,
2019; QUAGLIO et al., 2009).

Esta revisão literária visa contribuir no estudo da correção da mordida cruzada


posterior apresentando as possibilidades de tratamento e suas indicações com foco na
disjunção rápida da sutura palatina mediana com os aparelhos tipo Hyrax e Haas,
apresentando suas diferenças e identificando o protocolo da expansão rápida da maxila.
3

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Compreender a relevância e as possibilidades de tratamento da mordida cruzada


posterior.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Caracterizar os diferentes tipos de mordidas cruzadas posteriores, possibilitando um


correto diagnóstico;
 Discorrer sobre a etiologia e fatores preventivos relacionados à esta condição;
 Apresentar a possibilidade de correção da mordida cruzada posterior por meio da
expansão lenta e rápida da maxila;
 Avaliar a capacidade de expansão maxilar realizada pelos disjuntores Hyrax e Haas;
 Identificar o protocolo da expansão rápida da maxila.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Para a elaboração da presente revisão literária foi realizada uma estratégia de busca
nos bancos de dados Scielo, Google Acadêmico e Pubmed. As palavras-chave utilizadas
foram: “atresia maxilar”, “expansão rápida da maxila”, “rapid maxillary expansion”, “Hass”,
“Hyrax”, “mordida cruzada posterior”, “posterior crossbite”, “respiração bucal”, “hábitos
deletérios” e “Capelozza”.

Os artigos selecionados consistem em revisão de literatura e relatos de casos clínicos


disponíveis tanto em português quanto em inglês, sendo que não foram considerados resumos
nem anais. Os dados foram analisados e debatidos para a realização do trabalho.
4

4 REVISÃO DE LITERATURA

4.1 MORDIDA CRUZADA POSTERIOR

A mordida cruzada posterior é definida como uma inversão da relação normal


vestíbulolingual dos dentes posteriores na maxila, mandíbula ou de ambos quando em
oclusão, ou seja, uma incapacidade dos arcos ocluírem normalmente na sua relação
transversal. Esta maloclusão é classificada de acordo com o tecido envolvido, podendo ser de
origem dentária, funcional ou esquelética, podendo ainda ser uni ou bilaterais (PRUDENTE;
COSTA, 2019).

Clinicamente, quando o paciente possui mordida cruzada posterior, podem estar


presentes algumas características como: atresia maxilar (morfologia do arco superior
apresenta-se em formato triangular), desvio da linha media inferior para o lado cruzado,
desvio mandibular, apenas um ou dois dentes posteriores com inclinação axial incorreta,
assimetria facial, em máxima intercuspidação habitual (MIH) observa-se uma mordida
cruzada posterior unilateral e em Relação Centrica (RC) um contato prematuro de um dente
(CAPELOZZA FILHO; SILVA FILHO, 1997a; LOCKS et al, 2008).

Pacientes portadores de mordida cruzada posterior funcional deslocam a mandíbula


para um dos lados quando em MIH e quando são manipulados em RC é possível observar um
contato prematuro que geralmente é na região de caninos. O desvio mandibular é feito para se
ter uma melhor intercuspidação dentária (DE FREITAS OLIVEIRA et al., 2019; LOCKS et
al., 2008).

Quando o indivíduo apresenta um ou dois dentes posteriores com uma inclinação axial
incorreta e não é observada uma atresia maxilar ele possui uma mordida cruzada posterior de
origem dentária. Já quando o arco superior apresenta uma dimensão menor que a do arco
inferior temos uma atresia maxilar e como consequência é possível observar uma mordida
cruzada posterior de origem esquelética, que pode ser uni ou bilateral (CAPELOZZA FILHO;
SILVA FILHO, 1997a; LOCKS et al., 2008).

Quando o paciente possui mordida cruzada unilateral funcional ou verdadeira o


côndilo do lado cruzado é deslocado para cima e para trás ou pode permanecer posicionado
normalmente na cavidade glenoide e do lado oposto o côndilo é deslocado para baixo e para
frente. Esse posicionamento do côndilo faz com que o paciente tenha tendência a desenvolver
5

maloclusão Classe II do lado cruzado e Classe III do lado oposto. Se o problema não for
corrigido o indivíduo pode apresentar uma assimetria facial, pois as estruturas da articulação
temporomandibular (ATM) realizam uma remodelação para que a se consiga ter o máximo de
contato entre os dentes (FERREIRA et al., 2007).

Crianças que possuem mordida cruzada posterior geralmente realizam movimentos


mandibulares invertidos durante a mastigação que pode levar a uma assimetria facial e,
consequentemente, gerar problemas nas estruturas orofaciais causando efeitos adversos na
articulação temporomandibular, nos músculos mastigatórios e no crescimento facial
(PIMENTEL et al., 2019).

4.1.1 Etiologia da mordida cruzada posterior

Dentre os fatores etiológicos da mordida cruzada posterior estão: respiração bucal,


hábitos de sucção, falta de aleitamento materno no peito, alimentação pastosa, perda precoce
ou retenção prolongada de dentes decíduos, mau posicionamento dos dentes durante a
erupção, migração do germe do dente permanente, interferências oclusais, anomalias ósseas
congênitas, falta de espaço nos arcos (discrepância entre o tamanho do dente e o tamanho do
arco), fissuras palatinas e hábitos posturais incorretos. Estes fatores alteram o
desenvolvimento do sistema estomatognático, causando transtornos funcionais, esqueléticos
e, posteriormente, psicológicos (DE FREITAS OLIVEIRA et al., 2019; PRUDENTE;
COSTA, 2019; LOCKS et al, 2008).

A respiração bucal altera a posição da mandíbula deslocando-a para baixo e para trás
e a língua se posiciona mais inferior e anteriormente sem contato com a abóboda palatina
provocando uma alteração no crescimento dos arcos dentários, desenvolvimento vertical da
face, atresia maxilar e perda do equilíbrio muscular. Para corrigir esse hábito é necessário a
intervenção de uma equipe multidisciplinar (otorrinolaringologista, ortodontista e
fonoaudiólogo), deve-se informar ao paciente e/ou responsável as alterações que este hábito
pode provocar em seu desenvolvimento para iniciar o tratamento o mais rápido possível
visando ter melhores resultados (MARCHESAN, 1998).

A sucção é realizada por bebês e crianças pequenas para suprir uma necessidade
fisiológica de nutrientes. Durante o hábito de sucção do dedo e/ou chupeta cria-se uma
barreira mecânica impedindo o desenvolvimento vertical normal dos incisivos superiores e
6

inferiores, tira a língua da sua posição normal (língua se retrai) alterando o desenvolvimento
normal do palato e provocando a lingualização dos dentes inferiores anteriores e
vestibularização dos dentes superiores anteriores. Normalmente esse hábito não acarreta uma
maloclusão se interrompido entre os 18 meses aos 2 anos, depois desse período passa a ser
considerado um péssimo hábito, pois nessa idade quase todos os elementos dentários decíduos
estão presentes na cavidade oral da criança tornando o hábito de sucção desnecessário. Se
persistir após os 4 anos de idade (principalmente no período de erupção dos incisivos
permanentes) pode prejudicar o correto desenvolvimento da oclusão (SILVA, 2006; DE
ALBUQUERQUE et al., 2010).

4.1.2 Elementos de diagnóstico

Na mordida cruzada posterior dentária um ou mais dentes posteriores apresentam uma


inclinação axial incorreta (Figura 1), não há atresia maxilar (Figura 2) pode haver desvio da
linha média inferior para o lado cruzado e desvio mandibular (DE FREITAS OLIVEIRA et
al., 2019; LOCKS et al., 2008).

Figura 1 – Mordida cruzada posterior dentária

Fonte: LOCKS et al (2008).


7

Figura 2 – Bases ósseas na mordida cruzada posterior dentária

Fonte: LOCKS et al (2008).

Pacientes que possuem mordida cruzada posterior funcional podem apresentar


assimetria facial devido ao desvio mandibular, linha média desviada para o lado da mordida
cruzada, presença de mordida cruzada posterior unilateral em máxima intercuspidação
habitual (Figura 3), quando manipulado em Relação Cêntrica (RC) não apresenta a mordida
cruzada posterior entretanto verifica-se um contato prematuro geralmente em caninos (Figura
4), não há atresia maxilar é somente uma acomodação mandibular para evitar os contatos
prematuros. Este tipo de mordida cruzada posterior ocorre geralmente na dentição decídua e
quando não tratada pode evoluir para uma mordida cruzada posterior verdadeira. Seu
tratamento consiste no desgaste seletivo dos caninos decíduos para evitar o contato prematuro
(DE FREITAS OLIVEIRA et al., 2019; LOCKS et al., 2008).

Figura 3 – Mordida cruzada posterior unilateral com desvio de mandíbula e linha média inferior em
MIH

Fonte: LOCKS et al (2008).


8

Figura 4 – Contato prematuro entre caninos quando o paciente é manipulado em RC

Fonte: LOCKS et al (2008).

Em casos de mordida cruzada posterior esquelética clinicamente pode-se observar sua


presença unilateral (Figura 5) ou bilateral (Figura 6). Há uma atresia maxilar (Figura 7 e 8) e
pode haver desvio de mandíbula e linha media inferior (DE FREITAS OLIVEIRA et al.,
2019; LOCKS et al., 2008).

Figura 5 – Mordida cruzada posterior unilateral esquelética

Fonte: LOCKS et al (2008).

Figura 6 – mordida cruzada posterior bilateral esquelética

Fonte: LOCKS et al (2008).


9

Figura 7 – Atresia maxilar unilateral e bilateral

Fonte: LOCKS et al (2008).

Figura 8 – Atresia maxilar bilateral

Fonte: LOCKS et al (2008).

4.1.3 Possibilidades de tratamento

A escolha do aparelho varia em cada caso, pois depende da avaliação do potencial de


crescimento do paciente e sua cooperação para o tratamento. Para se atingir as bases ósseas é
necessário um aparelho fixo capaz de promover a disjunção maxilar (QUAGLIO et al., 2009).

Segundo De Freitas Oliveira (2019), Dos Santos Dias (2020), Evangelista (2018) e
Prudente e Costa (2019) os aparelhos utilizados na expansão lenta da maxila (ELM) são
divididos em fixos e removíveis. Como exemplo de aparelhos fixos temos: do tipo W-Arch ou
de expansão “W”, quadrihélice, tipo Spring Jet, tipo Niti Expander. Já dentre os aparelhos
removíveis temos: a placa de expansão removível ou placa de expansão tipo Schwarze e o
tipo Coffin.
10

De acordo com Quaglio et al. (2009) o aparelho mais utilizado na expansão rápida da
maxila (ERM) é o Hyrax, mas o aparelho Haas e McNamara também são uma opção como
citado no trabalho de Evangelista (2018).

Tanto a expansão rápida da maxila quando expansão lenta tem como objetivo corrigir
a discrepância transversal da maxila. Entretanto essas técnicas possuem indicações e
protocolos diferentes (EVANGELISTA, 2018).

A expansão lenta da maxila apresenta efeito ortopédico e ortodôntico e as forças


aplicadas são mais leves, o período de tratamento é mais longo, visando uma neoformação
mais estável da sutura palatina mediana após a expansão e está indicada para pacientes na
dentição decídua e/ou mista. Os aparelhos utilizados na expansão lenta da maxila são mais
leves e confortáveis exercendo uma força constante e mais fisiológica (EVANGELISTA,
2018).

A expansão rápida da maxila promove a abertura da sutura palatina mediana (efeito


ortopédico) e vestibularização dos dentes de ancoragem (efeito ortodôntico) por meio da
aplicação de uma força mais intensa. Sendo capaz de gerar um diastema entre os incisivos
centrais superiores, aumento da largura da cavidade nasal e da maxila, aumento das distâncias
entre caninos, intermolares decíduos e intermolares permanentes, aumento do perímetro do
arco, diminuição da profundidade do palato, aumento da inclinação vestibular dos dentes de
ancoragem, diminuição da espessura da tábua óssea vestibular e diminuição da largura do
corredor bucal. Está indicada para pacientes que se encontram até a dentição permanente
jovem e tardia. Quanto maior a idade do paciente menores são os efeitos esqueléticos por isso
preconiza-se fazer o tratamento o mais rápido possível (EVANGELISTA, 2018; MEDEIROS,
2019; MIRANDA, 2019; DAVID et al., 2009).

O aparelho utilizado para promover a expansão faz com que o paciente tenha
comprometimento da fonação, da deglutição, da mastigação e da higienização bucal, durante
o período de ativação pode haver desconforto ou dor na cavidade oral ou na face e
desconforto estético devido ao diastema entre os incisivos centrais. Podendo ocorrer dor nos
primeiros dias após à ativação e o aparelho interfere de forma leve e transitória na deglutição
e mastigação segundo relatos de pacientes (MIRANDA, 2019).

Segundo Carvalho (2019), Machado Júnior (2006) e Souza (2019) caso o paciente já
apresente uma maturação esquelética talvez seja necessário realizar intervenção cirúrgica que
será a chamada expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente (ERMAC).
11

4.1.4 Haas e Hyrax

O disjuntor Haas possui ancoragem dentomucosuportada, ou seja, sua força é


distribuída entre os dentes e o palato. É constituído por estrutura metálica rígida, apoio de
resina acrílica sobre a mucosa palatina respeitando as áreas nobres do palato (gengiva
marginal livre, região das rugosidades palatinas e região distal do primeiro molar permanente)
e parafuso (elemento ativo do aparelho) imergindo da porção acrílica exatamente sobre a rafe
palatina no centro sagital da estrutura metálica unindo as duas metades do aparelho
(CAPELOZZA FILHO; SILVA FILHO, 1997a; QUAGLIO et al., 2009). De acordo com
Baratieri (2010) a presença do acrílico no Haas aumenta a ancoragem fazendo com que o
efeito ortopédico seja maior e o efeito ortodôntico diminuído.

Na dentição mista, em região posterior, o disjuntor Haas possui duas bandas adaptadas
nos segundos molares decíduos ou primeiros molares permanentes. Na porção anterior o
canino decíduo não recebe banda, sendo substituída pela extensão da barra de conexão que
abraça este dente semelhante a um grampo em “C” (CAPELOZZA FILHO; SILVA FILHO,
1997a).

Segundo Evangelista (2018) a ancoragem do aparelho disjuntor Haas na dentição


permanente seria nos primeiros molares e primeiros pré-molares.

O aparelho Hyrax é dentosuportado, sua força é distribuída somente nos dentes


suporte. Possui bandas de ancoragem nos primeiros molares e primeiros pré-molares
permanentes e dos primeiros molares decíduos na dentição mista, barras de conexão palatinas
soldadas nas bandas de ancoragem e um parafuso expansor central. É muito importante que o
parafuso se localize o mais próximo possível do palato fazendo com que a força fique perto
do centro de resistência da maxila. A higienização é mais facilitada por não possuir acrílico, a
irritação da mucosa é quase inexistente e não há compressão dos vasos do palato que pode
ocasionar necrose tecidual. (EVANGELISTA, 2018; FERREIRA et al., 2007; QUAGLIO et
al., 2009).
12

4.1.5 Protocolo

Segundo Ferreira et al. (2007) a quantidade de ativação varia em cada caso, podendo
ser de 1/4 a 4/4 por dia. É preconizado que se tenha uma sobrecorreção devido a possibilidade
de recidiva após a contenção.

De acordo com Capelozza Filho e Silva Filho (1997a) o procedimento clínico da


expansão rápida da maxila inclui uma fase ativa, que libera forças laterais excessivas, e outra
passiva, de contenção. A fase ativa tem início 24 horas após a instalação do aparelho. A fase
ativa tem uma duração de 1 a 2 semanas, dependendo do grau de atresia da maxila, e
conforme as suturas vão se abrindo observa-se um diastema entre os incisivos centrais
superiores. Após esse período o aparelho permanece passivo na cavidade bucal por no
mínimo 3 meses, quando se processa a reorganização sutural da maxila e as forças residuais
acumuladas são dissipadas. Após a retirada do disjuntor é necessário a utilização de uma placa
palatina de contenção removível por no mínimo 6 meses. Silva Filho et al (2007) por meio de
um estudo de imagens tomográficas das regiões dentoalveolares e basal da maxila verificou
que a ossificação completa de toda extensão da sutura palatina mediana ocorre entre 8 e 9
meses após estabilização do aparelho.

Capelozza Filho e Silva Filho (1997b) diz que os diastemas entre os incisivos centrais
superiores tendem a se corrigir depois que o disjuntor é estabilizado devido a memória das
fibras gengivais estriadas, onde primeiramente as coroas se aproximam e depois as raízes.
Através de radiografias periapicais verifica-se que esse movimento não provoca iatrogenias.

Tanaka, Orllena e Ribeiro (2004) recomendam que em pacientes com ate 14 anos seja
feita quatro ativações iniciais de 1mm e posteriormente duas ativações de 0,5mm por dia. Em
pacientes entre 15 e 18 anos realizar duas ativações iniciais e uma ativação por dia. Pessoas de
20 a 25 anos, uma ativação inicialmente e uma ativação dia sim, dia não. Em pacientes com
mais de 25 anos é preciso ter cuidado na ativação, sendo que, recomenda-se fazer uma
ativação inicialmente e uma ativação dia sim, dia não, se o paciente sentir muito desconforto o
parafuso é ativado duas vezes por semana. Depois de se atingir a disjunção desejada o
aparelho é estabilizado e permanece passivamente na cavidade por um período mínimo de 3
meses, para que ocorra a neoformação óssea da sutura palatina mediana. Antes de instalar o
aparelho é importante avisar para o paciente e/ou responsável que é normal sentir dificuldade
durante a alimentação até se adaptar com o aparelho.
13

De acordo com Rossi, Araújo e Bolognese (2009) a expansão rápida da maxila em


adultos possui algumas limitações e complicações, tais como: resistência à expansão, ausência
ou pequena abertura da sutura palatina mediana, há mais expansão dentoalveolar do que
ganho transversal da base óssea, excessiva inclinação vestibular, extrusão dos dentes
posteriores superiores, absorção da cortical óssea vestibular, recessão gengival, dor, edema,
ulcerações, isquemia da mucosa palatina e uma grande chance de recidiva. Faz-se necessário a
realização da expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente (ERMAC) em casos que o
esqueleto craniofacial apresentada uma resistência a expansão rápida da maxila, ou seja,
quando o paciente já atingiu a maturação óssea.

Um estudo feito por David et al (2009), que avaliou 17 pacientes com idade ente 7 e
22 anos submetidos a expansão rápida da maxila, foi possível observar que nos adultos houve
uma dificuldade de abertura da sutura palatina mediana. Por este motivo a idade é um fator
muito importante que deve ser considerado antes de iniciar o tratamento, pois assim que os
ossos esqueléticos se fundem o prognóstico do tratamento da mordida cruzada posterior
esquelética por meio da expansão rápida da maxila com disjuntores torna-se desfavorável.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A expansão rápida da maxila mostra-se eficaz para corrigir a mordida cruzada


posterior promovendo uma ação ortodôntica e ortopédica desde que o paciente ainda não
tenha atingido a maturação óssea. Para ter um resultado satisfatório no tratamento o
profissional deve ser capaz de diagnosticar corretamente qual o tipo de mordida cruzada
posterior (dentária, funcional ou esquelética) e escolher o melhor aparelho, sendo que, tanto o
disjuntor Haas e Hyrax apresentam bases bem fundamentadas na literatura. Também é
fundamental seguir o protocolo de ativação corretamente, já que este varia de acordo com a
idade, respeitar o período de estabilização do disjuntor e a fase de conteção. Em pacientes
com até 14 anos recomenda-se realizar quatro ativações iniciais e posteriormente duas
ativações por dia até observar uma sobrecorreção da mordida cruzada posterior. Em pacientes
adultos é necessário realizar uma avaliação criteriosa das bases ósseas para verificação do
desenvolvimento craniofacial, sendo que, se o paciente já apresenta uma maturação
esquelética a ERMAC é mais indicada. Além de todos esses fatores, que dependem do
profissional, o paciente precisa se comprometer com o tratamento seguindo as
recomendações.
14

RAPID MAXILLARY EXPANSION: TREATMENT FOR POSTERIOR


CROSSBITE WITH DEVICES

ABSTRACT

The posterior crossbite is a malocclusion that after being installed does not autocorrect,
requiring an intervention as soon as possible. Patients with this malocclusion usually present a
maxillary atresia, requiring a disjunction of the median palatine suture for its correction, that
can be achieved through rapid maxillary expansion. There are several devices that can be used
to promote the opening of the median palatine suture, and the most used are the Haas and
Hyrax devices, which have different characteristics and indications. The aim of this study is to
understand the clinical relevance in the possibilities of treatment of posterior crossbite,
specifically using rapid maxillary expansion to correct the discrepancy between maxilla and
mandible through a literature review. After collecting the data and analyzing it, it can be
concluded that the rapid maxillary expansion with the Haas and Hyrax devices brings
satisfactory results in the correction of the posterior crossbite, being necessary the
professional's knowledge about the etiology and origin of the malocclusion, the possibilities
of treatment and the correct protocol application of the disjunction, and the patient’s
cooperation.

Keywords: Posterior crossbit. Maxillary atresia. Rapid maxillary expansion. Haas. Hyrax.
15

REFERÊNCIAS

BARATIERI, C. et al. Transverse effects of rapid maxillary expansion in Class II


malocclusion patients: a cone-beam computed tomography study. Dental Press J Orthod, v.
15, n. 5, p. 89-97, 2010.

CAPELOZZA FILHO, L.; DA SILVA FILHO, O. G. Expansão rápida da maxila:


considerações gerais e aplicação clínica. Parte I. Rev. Dent Press Ortodon Ortop Maxilar, v.
2, n. 3, p. 88-102, 1997a.

CAPELOZZA FILHO, L.; DA SILVA FILHO, O. G. Expansão rápida da maxila:


considerações gerais e aplicação clínica. Parte II. Rev. Dent Press Ortodon Ortop Maxilar, v.
2, n. 4, p. 86-108, 1997b.

CARVALHO, F. S. R. Avaliação de diferentes protocolos de expansão rápida maxilar


assistida cirurgicamente sobre o posicionamento mandibular: revisão sistemática da literatura
e estudo em tomografias computadorizadas de feixe cônico com análise bidimensional e
tridimensional. 2019.

DA SILVA FILHO, O. G. da et al. Comportamento da sutura palatina mediana em crianças


submetidas à expansão rápida da maxila: avaliação mediante imagem de tomografia
computadorizada. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, v. 12, n. 3, p. 94-
103, 2007.

DAVID, S. M. N. et al. Avaliação e mensuração da sutura palatina mediana por meio da


radiografia oclusal total digitalizada em pacientes submetidos à expansão rápida maxilar.
Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, v. 14, n. 5, p. 62-68, 2009.

DE ALBUQUERQUE, S. S. L. et al. A influência do padrão de aleitamento no


desenvolvimento de hábitos de sucção não nutritivos na primeira infância. Ciência & Saúde
Coletiva, v. 15, p. 371-378, 2010.

DE FREITAS OLIVEIRA, M. et al. Reabilitação neuroclusal em paciente odontopediátrico


com mordida cruzada posterior unilateral–relato de caso clínico. Revista da Faculdade de
Odontologia-UPF, v. 24, n. 1, p. 31-37, 2019.

DE MIRANDA, D. M. Impacto da expansão rápida da maxila na qualidade de vida de


crianças na fase de dentadura mista. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.

DOS SANTOS DIAS, D. et al. Tracionamento ortodôntico de canino permanente superior:


relato de caso clínico. Revista Eletrônica Acervo Saúde, n. 41, p. e2418-e2418, 2020.

FERREIRA, C. M. P. et al. Efeitos dentais e esqueletais mediatos da ERM utilizando o


disjuntor Hyrax. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, v. 12, n. 4, p. 36-48,
2007.

EVANGELISTA, R. Expansão lenta versus expansão rápida. 2018.


16

LOCKS, A. et al. Mordida cruzada posterior: uma classificação mais didática. Revista Dental
Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, v. 13, n. 2, p. 146-158, 2008.

MACHADO JÚNIOR, A. J.; CRESPO, A. N. Estudo cefalométrico de alterações induzidas


por expansão lenta da maxila em adultos. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, v. 72, n.
2, p. 166-172, 2006.

MARCHESAN, I. Q. Avaliação e terapia dos problemas da respiração. Fundamentos em


fonoaudiologia: aspectos clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p.
23-36, 1998.

MEDEIROS, J. V. Alterações na postura da cabeça e do pescoço após expansão rápida da


maxila em crianças: uma revisão sistemática. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

PIMENTEL, D. J. B. et al. Rapid maxillary expansion in the treatment of the functional


posterior crossbite: joint noise and electromyographic activity analysis. Revista de
Odontologia da UNESP, v. 48, 2019.

PRUDENTE, J. S.; COSTA, M. A. A. A importância da intervenção precoce da mordida


cruzada posterior (UNIT-SE). 2019.

QUAGLIO, C. L. et al. Classe II divisão 1 associada à deficiência transversal maxilar.


Tratamento com disjuntor tipo Hyrax e aparelho de Herbst: relato de caso clínico. Revista
Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, v. 14, n. 5, p. 118-128, 2009.

ROSSI, R.R.P; ARAÚJO, M.T.D; BOLOGNESE, A.M. Expansão maxilar em adultos e


adolescentes com maturação esquelética avançada. Revista Dental Press de Ortodontia e
Ortopedia Facial, v. 14, n. 5, p. 43-52, 2009.

SEABRA, L. M. A. et al. Mordida cruzada anterior: possibilidades de tratamento na dentição


decídua e mista. Revista Naval de odontologia (Naval Dental Journal), v. 46, n. 1, 2019.

SILVA, E. L. Hábitos bucais deletérios. Revista Paraense de Medicina, v. 20, n. 2, p. 47-50,


2006.

SOUZA, M. S. M. Avaliação do emprego de diferentes protocolos de antibioticoterapia


profilática na expansão rápida de maxila assistida cirurgicamente: um estudo clínico
controlado, duplo-cego, randomizado. 2019.

TANAKA, O.; ORELLANA, B.; RIBEIRO, G. Detalhes singulares nos procedimentos


operacionais da disjunção palatina. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, v.
9, n. 4, p. 98-107, 2004.

Você também pode gostar