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Laís Helena Pinheiro Nakagawa

Correção da mordida cruzada posterior unilateral nas


dentições decídua e mista

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – CURSO DE ODONTOLOGIA


Bragança Paulista
2019

1
Laís Helena Pinheiro Nakagawa

Correção da mordida cruzada posterior unilateral nas


dentições decídua e mista

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


curso de odontologia como requisito parcial para a
conclusão do curso de odontologia.
Orientador(a) Temático(a): Alexandre Zanesco
Orientadora Metodológica: Valdinéia Maria Tognetti

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – CURSO DE ODONTOLOGIA


Bragança Paulista
2019

2
RESUMO: O tratamento ortodôntico tem sido procurado por pacientes com
uma alta prevalência por motivos de estética e por distúrbios orofaciais, causados
pela má oclusão. A mordida cruzada posterior é uma má oclusão que deve ser
tratada assim que diagnosticada, pois ela não irá se autocorrigir e pode interferir no
crescimento e desenvolvimento crânio orofacial. Ela possui diversas classificações,
mas neste trabalho, será abordado apenas mordida cruzada posterior unilateral
funcional, esquelética e dentária nas dentaduras decídua e mista. Diversos autores
indicam o uso de aparelhos precocemente, entre eles estão as placas de expansão
até os aparelhos Hyrax e Hass. Todos os autores citados, apresentam resultados
positivos e poucos apresentam recidiva. Este trabalho visa elaborar uma revisão de
literatura sobre a mordida cruzada posterior unilateral nas dentaduras decíduas e
mistas, dando ênfase à mordida cruzada posterior funcional, esquelética e dentária,
avaliando: o momento para iniciar o tratamento, eficácia dos tratamentos, recidiva e
aparelhos mais utilizados.

RELEVÂNCIA CLÍNICA

A importância clínica deste trabalho está em ressaltar o quanto os


ortodontistas, ou até mesmo os cirurgiões dentistas, devem observar e diagnosticar
uma mordida cruzada posterior unilateral em dentaduras mista e decídua, para que o
mais breve possível seja realizado um tratamento ortodôntico e assim, evitar
intervenções mais complexas posteriormente. Será descrito o momento para se
iniciar o tratamento e a sua eficácia, os aparelhos mais utilizados e as possibilidades
de recidiva.

DESCRITORES: Ortodontia. Má oclusão. Dentição decídua. Dentição mista.

INTRODUÇÃO

A má oclusão é considerada pela Organização Mundial da Saúde o terceiro


problema odontológico de saúde pública. Por isso, cabe ao Cirurgião Dentista
diagnosticar e intervir o mais precocemente possível, prevenindo o estabelecimento
de alterações graves no sistema estomatognático em desenvolvimento. 1

A morfologia dos arcos dentários assume grande importância para ação


mastigatória, fonética, estética, deglutição, respiração e harmonia facial. 2

A mordida cruzada posterior pode ser definida como uma discrepância


transversa na relação dos arcos dentais, no qual a cúspide palatina de um ou mais
dentes posteriores superiores não oclui na fossa do dente oposto inferior. 3 A
3
mordida cruzada posterior possui uma alta prevalência de 7,2% a 23% nas más
oclusões e está relacionada à presença de hábitos bucais como sucção, respiração
bucal, ou seja, é o resultado de um desenvolvimento anormal, na maxila ou
mandíbula como fatores etiológicos e que tem como consequência o desequilíbrio
da oclusão. 4

Existem diversas nomenclaturas da classificação das mordidas cruzadas


posteriores.

A classificação com base em sua etiologia: dentária, muscular e óssea. A


dentária é quando os dentes posteriores irrompem numa relação de mordida
cruzada sem afetar o tamanho ou a forma do osso basal; a muscular quando ocorre
uma adaptação funcional às interferências dentárias e apresenta um deslocamento
da mandíbula e desvio da linha média e a óssea é quando há uma discrepância na
estrutura da mandíbula ou maxila, conduzindo a uma alteração na largura dos arcos.
5

A classificação de acordo com a sua origem: funcional, dentária e esquelética.


As de origem funcional possuem uma tendência da mandíbula em sofrer desvios de
lateralidade, como consequência da erupção dos caninos decíduos numa oclusão de
topo. As de origem dentária não afetam as dimensões dos arcos basais e são
decorrentes da inversão da oclusão dos dentes. As esqueléticas apresentam
deficiência em largura dos ossos basais, podendo causar atresias da maxila. 6

A origem da mordida cruzada posterior em dentadura decídua normalmente é


causada por um estreitamento da maxila que pode ser de origem genética ou
ambiental 6. Ou seja, ela é de origem multifatorial, entre elas, origem congênitas,
funcionais, nutricionais, socioeconômicas e educacionais. 4

A discrepância esquelética pode ser analisada melhor por meio de radiografia


cefalométrica póstero-anterior. 7

A mordida cruzada posterior de origem dentária é mais difícil de estar


presente na dentadura decídua, já que a maioria das mordidas cruzadas dentárias
são resultados de apinhamentos, e apinhamento significante na dentadura decídua é
raro. 8

4
É importante perceber no exame clínico, se há alguma interferência oclusal
desviando a mandíbula para uma posição inadequada, a qual recebe o diagnóstico
de mordida cruzada posterior funcional. O paciente apresentará assimetria fácil por
desvio em lateralidade da mandíbula. Esta má oclusão deve ser corrigida quando
diagnosticada, pois resulta em diversas sequelas, como mudanças compensatórias
na articulação temporomandibular e assimetria esquelética. 5,9

Para o diagnóstico e tratamento precoce das más oclusões é possível


apresentar diferentes níveis de seriedade, que subsequentemente devem receber
diferentes medidas de tratamento, além disso, beneficia o crescimento e o bom
desenvolvimento do indivíduo e craniofacial. 4

Existe um plano de tratamento específico para cada tipo de mordida cruzada


posterior. Quando é a do tipo funcional, o tratamento indicado é a eliminação de
interferências oclusais. No caso da mordida cruzada esquelética posterior bilateral,
existe a necessidade de expansão simétrica da maxila. Para a mordida cruzada
posterior dentária, o tratamento é a correção dos dentes, posicionando-os
corretamente em suas bases alveolares. 5,9

Independentemente do tipo de terapia escolhida, o importante é intervir o


quanto antes para que a má oclusão não se torne definitiva. É necessário
conhecimento do crescimento normal, para acompanhar constantemente o
desenvolvimento da dentição no intuito de promover esta prevenção. 10

Este trabalho visa elaborar uma revisão de literatura sobre a mordida cruzada
posterior unilateral nas dentaduras decíduas e mistas, dando ênfase à mordida
cruzada posterior funcional, esquelética e dentária, avaliando: o momento para
iniciar o tratamento, eficácia dos tratamentos, recidiva e aparelhos mais utilizados.

REVISÃO DA LITERATURA

De acordo com as referências deste trabalho


1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17,18,19,20,21,22,23,24,25,26,27, a mordida cruzada posterior
unilateral é um problema que deve ser corrigido o mais breve possível, tendo em
vista a promoção do equilíbrio das bases apicais e consequentemente a redução de
um processo potencializador de más oclusões.
5
A mordida cruzada conforme já supracitado é uma má oclusão que se
caracteriza pela má relação dos arcos no sentido transversal. Esta pode ser
classificada da seguinte forma:

A) MORDIDA CRUZADA POSTERIOR UNILATERAL FUNCIONAL

Em 1984, foi realizada uma pesquisa sobre tratamento precoce da mordida


cruzada posterior unilateral funcional. Para isso, utilizaram 32 crianças com o palato
estreito e profundo e mordida cruzada posterior funcional em dentadura decídua. O
tratamento foi feito com um arco palatino e uma mola Coffin. O arco palatino foi
encaixado nos tubos palatinos localizados nas bandas dos molares decíduos e a
mola foi ativada em mais da metade da largura da cúspide palatina dos molares e
quase na borda incisal dos incisivos. Com o objetivo de realizar a expansão
transversa. O protocolo de ativação foi realizado a cada três ou quatro semanas. Os
resultados demonstraram que as mordidas cruzadas presente nos indivíduos foram
eliminadas. A média de tempo do tratamento foi de 3 meses e meio e mais 3 meses
de contenção (removida antes da erupção dos molares permanentes). 11

Por meio de vinte e nove crianças, foi realizado um estudo sobre expansão
maxilar da mordida cruzada posterior unilateral funcional. O tratamento foi realizado
com o aparelho quadrihélice modificado, sem helicoides na região anterior, durante
quatro semanas. A ativação foi única e antes da cimentação do aparelho, seguida de
quatro semanas de contenção e mais doze semanas de pós-contenção. Apenas um
dos vinte e nove pacientes necessitou de uma nova ativação para a correção da
mordida cruzada. 12

Foi realizado um trabalho para corrigir a mordida cruzada posterior unilateral


funcional na dentição decídua, utilizando o arco palatino modificado com expansão
bilateral. O estudo foi através de 5 crianças que apresentavam mordida cruzada
posterior unilateral funcional. O aparelho que elas receberam consistia em uma alça
na região da sutura palatina mediana com um helicoide na altura do primeiro molar
decíduo, onde o fio passa na face palatina dos caninos e primeiros molares até ser
soldado na banda dos segundos molares decíduos. Após a instalação do aparelho,
os pacientes foram avaliados depois de duas semanas e depois uma vez por mês
para efeito completo da ativação. Foi sugerido dois meses de contenção. O
6
tratamento foi bem-sucedido em quatro dos cinco casos. No caso da criança que o
tratamento não foi bem-sucedido, foi realizada a sobrecorreção.13

Existe a opção do aparelho de Hass, o qual é dento-muco suportado e possui


um parafuso expansor. O protocolo de ativação é: uma volta completa por dia (2/4
pela manhã e 2/4 à noite), até a correção. A respeito da velocidade da expansão, ela
não traz riscos ou iatrogenias, mas pode ser diminuída se causar desconforto para a
criança. Após a expansão, o aparelho é mantido na boca até a ossificação da sutura
palatina mediana que deve ser controlada (monitorada) por meio de radiografia
oclusal da maxila (3 a 6 meses). Posteriormente o aparelho é substituído por uma
placa palatina removível que pode ser usada por 6 meses. O maior efeito é
ortopédico e não dento-alveolar. 14

Oliveira e Ortellado 15 descreveram o método por meio de pistas diretas


planas para decíduos, com o objetivo de corrigir a mordida cruzada precocemente e
eliminar as interferências oclusais. A mordida cruzada posterior unilateral funcional
em crianças apresenta desvios de posição da mandíbula para fugir de uma
intercuspidação oclusal instável e descentralização da linha média. O tratamento
consiste em elaborar pistas artificiais de resina fotopolimerizável, construídas sobre
os dentes e um desgaste prévio dos mesmos. Elas são usadas em decíduos, mas
podem atuar em dentadura decídua ou mista.

O aparelho de Porter consiste em um arco palatino de aço inoxidável, com


uma alça anterior e duas posteriores, soldado em bandas adaptadas nos segundos
molares decíduos. Ele é ativado três vezes a cada quatro semanas, realiza-se a
sobrecorreção quando necessária e mantido por cinco meses para contenção. 16

Para Matta 17, esta má oclusão possui vários agentes etiológicos,


principalmente a respiração bucal, hábitos bucais de sucção prolongada e o padrão
de deglutição atípica, tornando-se necessária a intervenção precoce pois ele não se
autocorrige.

Existe também o método de desgaste seletivo, o qual desgasta o dente


decíduo, que possui a interferência dentária, se ele for a causa da mordida cruzada,
porém existe a condição de que as distâncias intermolares devem estar satisfatórias.
18

7
Para Moskowitz 19, esta má oclusão deve ser corrigida precocemente, com o
uso de aparelho ortodôntico capaz de expandir bilateralmente o arco dentário
superior e/ou expansão do palato via disjunção sutural (exemplos: aparelho fixo do
tipo Hyrax e placa de expansão com parafuso expansor palatino com recobrimento
oclusal, o qual minimiza interferências oclusais).

B) MORDIDA CRUZADA POSTERIOR UNILATERAL ESQUELÉTICA E DENTÁRIA

A mordida cruzada posterior severa pode resultar na mudança funcional da


mandíbula e provocar um crescimento modificado que são os fatores principais da
assimetria facial. Esta má oclusão dentária pode ser corrigida por meio de um arco
palatino modificado. Durante o período de expansão, pode-se desgastar as cúspides
dos decíduos superiores para facilitar a correção. Após a correção da má oclusão, a
qual dura em torno de 3 meses, mantêm-se o aparelho como contensão por mais 5
meses. 20

Foi realizado um estudo por Sandikçioglu e Hazar 21, no qual eles observaram
as mudanças após a expansão maxilar na dentadura mista, com a utilização de três
aparelhos (plano removível para expansão maxilar semi-rápida, aparelho
quadrihélice para expansão maxilar lenta e o aparelho fixo tipo Hyrax para expansão
rápida da maxila) em 3 grupos de crianças, as quais apresentavam mordida cruzada
posterior unilateral dentária. As idades das crianças variavam de 6 a 9 anos. O
aparelho removível tinha um parafuso expansor central, grampos de Adams nos
primeiros molares permanentes e arco vestibular entre os caninos. Os pacientes
foram instruídos a usar o aparelho período integral, exceto durante as refeições, e a
ativar o parafuso todos os dias com ¼ de volta. Esta ativação foi suspensa após a
expansão necessária até para a sobrecorreção, e o mesmo aparelho foi usado para
a contenção por 7 meses. Já o aparelho quadrihélice estava soldado nas bandas
dos primeiros molares permanentes. A ativação do aparelho foi feita nos helicoides
anteriores e laterais nas semanas seguintes. Após a expansão, o aparelho foi
mantido na boca passivo por mais 3 ou 4 meses. Por último, indicou-se a ativação
do aparelho fixo Hyrax duas vezes ao dia e após a expansão, foi preservado passivo
por mais 3 meses. O resultado foi de que o quadrihélice e o Hyrax apresentaram um
tratamento de maior sucesso, à respeito do período de tratamento, métodos de

8
aplicação, cooperação do paciente, resultados esqueléticos e dentários. Nenhum
aparelho apresentou recidiva no período de contenção.

Almeida et al. recomendam a correção da mordida cruzada posterior unilateral


dentária utilizando a barra transpalatina removível, confeccionada com fio 0,9mm e
deve se distanciar cerca de 1 a 2 mm do palato, a haste terminal do lado cruzado,
deve ser cortada e realizar torque vestibular de raiz no molar oposto. Este torque
resultará no deslocamento para oclusal da haste terminal do molar cruzado. A barra
transpalatina corrige a mordida cruzada do molar em aproximadamente 3 a 4 meses
e deve ser mantida como contenção passiva por mais 6 a 8 meses. 22

O tratamento precoce de mordida cruzada posterior unilateral esquelética é


frequentemente recomendado para normalizar a oclusão e criar condições para o
desenvolvimento da oclusão normal. 23

Teixeira et al. 24 realizaram o tratamento com sistema de ancoragem


recíproca em uma criança de 8 anos. O sistema era constituído por um botão na
face palatina dos dentes 65 e 26, outro dispositivo foi fixado na face vestibular dos
dentes 75 e 36 e elástico de látex foi preso nesses dispositivos, liberando 150g de
força. Foi orientado para que a criança usasse o elástico no mínimo de 16 horas/dia.
Após 62 dias, a correção foi obtida e o uso do elástico foi suspenso. Os botões
permaneceram instalados por 14 dias para a reutilização se houvesse recidiva, após
esse período, os botões foram retirados. Para estes autores, o tratamento precoce é
fundamental para evitar efeitos prejudiciais sobre o complexo dento-facial e
restabelecer a normalidade do desenvolvimento do sistema. Também dizem que
este sistema possuem as vantagens de simplicidade na confecção e instalação,
efetividade, rapidez e baixo custo. Porém como desvantagens citam a necessidade
de colaboração do paciente na utilização do uso dos elásticos.

Por meio de um estudo realizado, pode-se verificar que 50% das mordidas
cruzadas tratadas na dentadura decídua tem sido retratada na dentadura mista
precoce ou tardia. Apesar disso, é uma má oclusão que deve ser corrida
precocemente pois a correção espontânea é rara. 25

Foi realizado um estudo e concluíram que o aparelho expansor maxilar rápido


do tipo Hass é muito eficiente para a correção da mordida cruzada posterior
unilateral esquelética em crianças com dentadura mista. 26
9
Foi realizado um estudo com o objetivo de avaliar a correção da mordida
cruzada posterior unilateral esquelética com o aparelho tipo Hyrax, o qual foi ativado
duas vezes (1/4 de volta cada) por dia durante 3 semanas. Ele permaneceu como
contenção. O tratamento durou em média de 4 a 9 meses. Radiografias oclusais
foram obtidas no início e fim do tratamento para avaliar as mudanças na sutura
médio palatina antes e após a expansão. 7

A mordida cruzada posterior unilateral não se autocorrige e deve ser corrida


precocemente, pois pode provocar efeitos no crescimento e desenvolvimento dos
dentes, maxila e mandíbula, a longo prazo. 27

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a execução deste trabalho, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, por
meio de artigos científicos e bibliografias com o tema de mordida cruzada posterior
unilateral em dentição mista e decídua, por meio do google acadêmico, Scielo,
Lilacs, biblioteca virtual e física da Universidade São Francisco (Campus Bragança
Paulista).

DISCUSSÃO

Segundo Oliveira e Ortellado 15, Bittencourt e Bolognese 16, Matta 17,

Moskowitz 19, Petrén et al 23, Teixeira et al 24, Bartzela e Jonas 25, Petrén e
Bondemark 27, a mordida cruzada posterior unilateral deve ser corrigida
precocemente, pois a correção espontânea é rara. O tratamento precoce é
fundamental para evitar os efeitos deletérios sobre o complexo dento-facial, e
restabelecer a normalidade do crescimento e desenvolvimento do sistema
mastigatório.

A) MORDIDA CRUZADA POSTERIOR UNILATERAL FUNCIONAL

A-1) Arco Palatino


Schroder e Schoroder 11 realizaram uma pesquisa com um arco palatino e
uma mola Coffin incorporada, onde o aparelho era ativado a cada 3 ou 4 semanas.
Como resultado, todas as mordidas cruzadas foram eliminadas, a média do tempo
de tratamento foi de três meses e meio, seguindo de 3 meses de contenção.
10
Granath e Petersson 13 também fizeram um trabalho utilizando arco palatino
modificado, sem a mola Coffin, no qual o tratamento foi bem-sucedido em 4 dos 5
casos. Foi sugerido apenas 2 meses de contenção, 1 mês a menos que Schroder e
Schroder. Para o caso com recidiva, foi realizada a sobrecorreção.

A-2) Aparelho Quadrihélice


A mordida cruzada posterior unilateral funcional pode ser corrigida com o
aparelho quadrihélice, é o que diz Lindner et al e Matta. No trabalho de Lindner et
al., o aparelho foi mantido na boca do paciente por 4 meses, seguida de 4 semanas
de contenção e mais 12 semanas de pós contenção (sem aparelho). Não
apresentou recidiva no período pós-contenção. 12
Matta 17 fez um estudo com o aparelho quadrihélice. Após a correção da
mordida cruzada, o aparelho foi mantido até atingir uma sobrecorreção e em seguida
o aparelho foi removido, onde aguardou-se 15 dias para a estabilização da oclusão.
O tempo médio de tratamento foi de 57 dias.

A-3) Aparelho do tipo Hass


Silva Filho et al. 14 realizaram estudos para a correção da mordida cruzada
posterior unilateral funcional com o emprego de aparelhos expansores rápidos da
maxila. O aparelho eleito foi o expansor fixo tipo Hass.

A-4) Aparelho Hyrax


Moskowitz 19 utilizou o aparelho fixo Hyrax para correção da mordida cruzada
posterior unilateral funcional, no qual o tratamento se estendeu por
aproximadamente 9 meses. Ele selecionou 2 tipos de aparelhos. Ele utilizou o
aparelho fixo Hyrax para a correção da mordida cruzada posterior unilateral funcional
e um expansor lento da maxila. Teve duração de 9 meses. Os dois apresentaram
sucesso no tratamento, mas esperava-se que o tempo de tratamento do Hyrax fosse
menor, mas a explicação é que o autor instruiu para ativar o aparelho 1 vez ao dia,
quando o protocolo de ativação é uma volta completa do parafuso por dia.

A-5) Pistas Diretas Planas

11
Oliveira e Ortellado utilizaram pistas diretas planas para a correção da
mordida cruzada posterior unilateral funcional, em 2 meses de tratamento. Este
procedimento pode ser contraindicado para pacientes que prolongarem sinais
significativos ou sintomas de uma desordem temporomandibular desenvolvida após
a fabricação da pista. Relataram que quando se usa este método, é necessário um
desgaste seletivo em decíduos, atuando em dentadura mista ou decídua. 15

B) MORDIDA CRUZADA POSTERIOR UNILATERAL ESQUELÉTICA E DENTÁRIA

B-1) Arco palatino


Lin e Almeida et al. 20,22 realizaram a correção da mordida cruzada posterior
unilateral com o arco palatino em média de 90 dias. Todas as crianças tratadas
apresentaram uma ligeira expansão na sutura palatina mediana durante o
tratamento. Lin utilizou um aparelho como contenção por mais 5 meses, já Almeida
et al. recomendaram a própria barra transpalatina como contenção passiva por mais
6 a 8 meses. Os dois autores conseguiram a correção da mordida cruzada.

B-2) Expansor removível


O expansor removpivel também é uma alternativa para corrigir a má oclusão.
Snadikçioglu e Hazar levaram 5,5 meses para a correção e o mesmo aparelho foi
utilizado por mais 7 meses de contenção 17. No trabalho feito por Petrén et al. o
tempo de tratamento variou entre 4 a 14 meses, talvez pela diferença na quantidade
de ativação do parafuso. 24
No estudo de Bartzela e Jonas, a placa foi ativada 1 vez na semana e com 3
meses de contenção no mínimo. 25
Petrén e Bondemark pediram para o paciente ativar uma vez na semana. O
tratamento durou 6 meses e nenhuma sobrecorreção foi produzida. 27

B-3) Aparelho Hyrax


O aparelho expansor maxilar rápido do tipo Hyrax é eficiente para correção da
mordida cruzada posterior unilateral esquelética. Sandikçioglu e Hazar indicaram a
ativação duas vezes ao dia por 19 dias, após foi preservado passivo durante 3
meses. 21

12
Sndikçioglu e Hazar 21 pediram para o paciente ativar o parafuso 2 vezes por
dia, com ¼ de volta cada, durante 3 semanas até obter uma sobrecorreção. O
aparelho permaneceu como contenção, resultando num período total de tratamento
de 4 a 9 meses.

B-4) Aparelho Hass


No trabalho de Bartzela Jonas 25, a mordida cruzada posterior unilateral
esquelética foi corrigida com o aparelho expansor rápido da maxila. Ele foi ativado
0.4 mm por dia e mantido como contenção por no mínimo 3 meses.
Cozzani et al. 26 instruíram o paciente a ativar o aparelho uma ou duas vezes
ao dia, por 20 dias e depois foi mantido como contenção por mais 8 meses.

B-5) Ancoragem recíproca


Este sistema de tratamento só foi mencionado por Teixeira et al. 24, no qual
após 62 dias a sobrecorreção foi obtida e o uso de elásticos suspenso. Relataram
que esse método possui vantagens: simplicidade na confecção e instalação,
efetividade, rapidez e baixo custo. E como desvantagem, a colaboração do paciente
no uso dos elásticos.

CONCLUSÃO

Após avaliar os diferentes tratamentos para a correção da mordida cruzada


posterior unilateral nas dentaduras decídua e mista, pode-se concluir que todos os
métodos referenciados neste trabalho solucionaram o problema, mesmo que alguns
tenham apresentado uma discreta recidiva.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente à Deus pelo dom da vida e por me guiar nesta jornada de 5


anos.
Ao meu pai, a minha mãe e ao meu irmãozinho, os quais se dedicaram
totalmente à minha formação acadêmica, me amparando inúmeras vezes durante
esse longo caminho, me mostrando que “o caminho a gente se faz caminhando” a
13
todo o momento me impulsionando para conquistar e almejar cada vez mais. Sem
eles, eu não chegaria onde estou e não seria quem eu sou.
Agradeço também ao meu namorado, Vinícius Zanotti, por sempre me
incentivar a conquistar todos os meus objetivos e por ser essa pessoa maravilhosa
que ilumina os meus dias.
À minha querida dupla, Tatiane Ilhéu, a qual esteve comigo em todos os
momentos durante a nossa faculdade.
Aos meus professores que contribuíram com o meu aprendizado, em especial
ao meu orientador, professor Alexandre Zanesco.
E agradeço também à minha instituição, a Universidade São Francisco, por
ter me dado à chance e todas as ferramentas necessárias para que eu termine esse
ciclo de maneira satisfatória.

REFERÊNCIAS

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Title: Correction of unilateral posterior crossbite in the deciduous and mixed


dentures.
ABSTRACT: The orthodontic treatment has been sought by patients with a high
prevalence due to aesthetic reasons and orofacial disorders caused by malocclusion.
The posterior crossbite is a malocclusion that should be treated as soon as
diagnosed, as it will not self-correct and may interfere in the growth and development
of Orofacial skull. It has several classifications, but in this work it will be approached
only functional unilateral posterior crossbite, skeletal and dental in the deciduous and
mixed dentures. Several authors indicate the use of apparatus early, among them are
the expansion plates up to the Hyrax and Harse devices. All of them present positive
results and few present recurrence. This work aims to elaborate a literature review on
unilateral posterior crossbite in deciduous and mixed dentures, emphasizing
functional, skeletal and dental posterior crossbite, evaluating: the time to start
treatment, efficacy of the most widely used treatments, recurrence and appliances.
Descripitors: Orthodontics. malocclusion. Orthodontics Appliance. Dental occlusion.

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