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CANINOS INCLUSOS

Estética e funcionalmente, o canino atuação na área de cirurgia e


superior é um dos dentes mais traumatologia bucomaxilofacial. Ele
importantes da arcada superior. Ele engloba outras especialidades
é o mais longo e, provavelmente, o odontológicas como
mais forte da dentição humana. odontopediatria, ortodontia,
Entretanto, o canino superior é um patologia bucal, radiologia e
dos dentes mais mal-posicionados, implantologia.
superados apenas pelos terceiros Em odontopediatria,
molares inferiores em freqüência de associada a uma rigorosa
inclusão. Por ser o último dente anamnese, a observação clínica do
permanente a erupcionar na região retardo de erupção de determinado
anterior da arcada e também devido dente ou, ainda, a permanência
ao seu tortuoso curso de erupção, além do tempo normal de um dente
associado a outros fatores decíduo, deve levar o profissional a
predisponentes, pode haver a suspeitar e pesquisar
inclusão ou a erupção ectópica do radiograficamente a presença de
canino superior. uma inclusão dentária, ausência ou
Embora na literatura não haja deficiência de formação do
unanimidade quanto à questão da permanente ou anquilose de um
nomenclatura, os termos retenção e dente decíduo.
impactação são também utilizados, Em ortodontia, as inclusões
porém o termo inclusão tem a dentárias assumem grande
preferência da maioria dos autores importância, principalmente em
pesquisados para a execução deste decorrência das desinclusões
trabalho. cirúrgico-ortodônticas e da presença
As inclusões dentárias dos terceiros molares, em geral
representam uma alteração de indicados para exodontia
desenvolvimento em que um previamente ou durante a
determinado dente, chegada a reabilitação ortodôntica.
época normal de erupção, Em patologia bucal, estudam-
permanece no interior dos tecidos. se os diversos processos
O estudo das inclusões patológicos que podem estar
dentárias em Odontologia interessa associados aos dentes inclusos, tais
não somente aos profissionais com como cisto de erupção, cisto

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dentígero, cisto paradentário, entre do próprio paciente para o
outros. procedimento correto do tratamento.
De igual importância em I – DENTE INCLUSO - DEFINIÇÃO
O dente que mesmo após
relação às inclusões dentárias, sua maturação e época normal de
principalmente no diagnóstico, é o irrupção permanece parcial ou
totalmente rodeado de tecido ósseo,
papel desempenhado pela tecido mucoso ou tecido ósseo e
radiologia. É através dessa mucoso.
especialidade que se diagnosticam Entre os dentes inclusos,
anomalias, através de exames devemos diferenciar dente retido e
dente impactado.
radiográficos pré-operatórios, sejam
eles convencionais, como periapical,
oclusal e panorâmico, ou especiais
de localização como a técnica de
Clark, por exemplo, além dos
métodos modernos utilizados
atualmente para um diagnóstico por
imagens, como a tomografia
computadorizada, contribuindo
assim para o êxito de um
procedimento cirúrgico. Dente retido é aquele que
Em implantologia, também mesmo após o seu período normal
de erupção continua incluso sem
pela necessidade obrigatória de que haja qualquer barreira física
exames radiográficos e/ou impedindo que irrupcione.
tomográficos previamente ao
tratamento, não é incomum o
diagnóstico de inclusão que,
eventualmente, pode estar
localizada na área destinada à
colocação de implantes.
Assim, deve haver uma
participação interdisciplinar do
clínico ou odontopediatra para o
diagnóstico; do ortodontista, do
periodontista, do cirurgião bucal e

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constituem assuntos de grande
interesse na literatura ortodôntica.

O canino superior apresenta


o período mais longo e tortuoso de
desenvolvimento, iniciando a
mineralização antes do primeiro
Impactado portanto é aquele molar e do incisivo. Além disso, leva
dente que não irrupcionou por haver duas vezes mais tempo para
alguma barreira física que o impediu completar a sua irrupção tornando-
de faze-lo. se suscetível de sofrer alterações na
trajetória de irrupção normal.
II – INTRODUÇÃO
Para alguns autores como
Pagni & Bacetti, Sullivan & Durante o percurso de
Hellman, Stich e Schulze, todos os irrupção, desde a odontogênese até
dentes com os ápices o estabelecimento final da oclusão,
completamente fechados e que não
apareceram na cavidade bucal
pode sofrer uma deflexão que altera
após o tempo normal de erupção, o seu curso normal, resultando num
ou seja, mais de dois anos, devem problema clínico freqüentemente
ser chamados de inclusos. (apud observado, a irrupção ectópica ou a
AGUIAR & TORRES, 2001, p.144). impactação por vestibular ou
palatina.
A irrupção dentária é um dos
processos fisiológicos que se realiza
com uma precisão impecável em O diagnóstico e o tratamento
quase todos os seres humanos. Os deste problema, geralmente requer
dentes decíduos e permanentes se a avaliação criteriosa do
formam no interior dos ossos ortodontista, bem como a
maxilares e, num certo espaço de cooperação de profissionais de
tempo, vão irrompendo numa áreas distintas, como: o clínico
seqüência estabelecida pela geral, o odontopediatra, o cirurgião
natureza, para cumprir uma das bucomaxilofacial e o periodontista.
suas principais funções: a
mastigação.
III – PREVALÊNCIA
Os dentes podem não
Entretanto, em algumas irromper devido a fatores como:
ocasiões este mecanismo falha ou
1) interferências mecânicas
se interrompe e se verifica a
com a erupção e
ausência de um ou mais dentes em
seus arcos dentários, geralmente os 2) falha no mecanismo de
caninos superiores, confirmados erupção.
posteriormente inclusos, por meio
dos exames radiográficos. As interferências mecânicas
podem ser decorrentes da anquilose
dentária; podem ocorrer
A irrupção ectópica e a espontaneamente ou como
impactação dos caninos superiores resultado de trauma, ou por
obstáculos no padrão de erupção.

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Do mesmo modo, os dentes não da combinação de um ou mais
anquilosados podem não irromper fatores:
por falha no mecanismo de erupção.

Os caninos superiores são os 1) discrepância do


dentes que mais freqüentemente comprimento do arco;
apresentam anomalias eruptivas 2) retenção prolongada de
depois dos terceiros molares, dentes decíduos;
justifica-se pelo fato dos caninos se 3) posição normal do germe
desenvolverem em uma posição alta dentário;
no processo alveolar, acima de
4) presença de fissura
todos os outros dentes permanentes
alveolar;
em formação. Assim, descreve um
trajeto de irrupção mais longo e 5) anquilose;
duradouro, que o torna mais 6) cisto ou formação
susceptível a fatores etiológicos neoplásica;
diversos e a uma trajetória ectópica 7) dilaceração radicular;
de irrupção. A prevalência da 8) origem iatrogênica; e
retenção de caninos superiores
varia, segundo os autores, de 0,9 a 9) condição idiopática.
2,5%. Esta anomalia manifesta-se
com mais freqüência
unilateralmente, em 75 a 95% dos
casos no sexo feminino, duas a três
vezes mais que no sexo masculino
e por palatino, em 60 a 80% dos
casos.

IV - ETIOLOGIA
O canino superior, segue a FIGURA 01 – A longa trajetória a ser percorrida pelos
mais , difícil e tortuosa trajetória de caninos durante a sua erupção – VAN DER LINDEN.
erupção e, as deflexões de um
dente em seu curso normal
aumentam proporcionalmente com a
distância que o dente deve
percorrer, desde o início de sua
formação até a oclusão final.

BECKER, SMITH, BEHAR e FIGURA 02 – Radiografia panorâmica evidenciaNdo a


JACOBY , relacionaram a ausência posição dos caninos superiores.

de incisivos laterais superiores e a


variação no tempo de formação
radicular, como fatores etiológicos
importantes associados à
impactação dos caninos. Em seu
artigo sobre impactação de caninos
superiores, BISHARA, comentou
que as causas mais comuns são
geralmente localizadas e resultam

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Além destes fatores, o trauma
tem sido mencionado na literatura
como fator etiológico estreitamente
relacionado à impactação. Devido à
proximidade das raízes dos dentes
decíduos com os germes dentários
dos sucessores permanentes, um
trauma na região ântero-superior
pode conduzir à anormalidade no
padrão de erupção dos caninos
adjacentes, resultando na
impactação ou erupção ectópica.

V - DIAGNÓSTICO E LOCALIZAÇÃO
DE CANINOS IMPACTADOS
Para a realização de um
diagnóstico preciso, torna-se
necessária a associação dos
FIGURAS 3 e 4 – Relação dos caninos e as raízes dos exames clínicos (inspeção e
incisivos laterais durante o desenvolvimento da palpação) com os radiográficos.
oclusão.. VAN DER LINDEN

MOYERS, citou que as


INSPEÇÃO
causas podem ser primárias e
No exame clínico alguns
secundárias. Enumerou como
sinais podem indicar a presença de
causas primárias:
caninos impactados:
1) reabsorção radicular do
1) atraso na irrupção de um
dente decíduo;
ou mais caninos, após os
2) trauma dos germes dos 14 anos de idade;
dentes decíduos;
2) retenção prolongada de
3) disponibilidade de espaço caninos decíduos;
no arco;
3) abaulamento do tecido
4) rotação dos germes dos mole por palatina ou
dentes permanentes; vestibular;
5) fechamento prematuro 4) migração distal dos
dos ápices radiculares; incisivos laterais com ou
6) irrupção de caninos em sem desvio da linha
áreas de fissuras média.
palatinas;

E como causas secundárias:


1) pressão muscular
anormal;
2) doenças febris;
3) distúrbios endócrinos e
4) deficiência de vitamina D.

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Fig. 05 – Canino incluso por vestibular identificado em realidade, o dente pode estar
exame clínico – visualização – por abaulamento da
mucosa vestibular. ausente. Em crianças de 9 anos de
idade, o canino em correta erupção
Devido à proximidade da é palpável.
coroa dos caninos não irrompidos
com a raiz dos incisivos laterais,
suas posições podem ser
influenciadas pelos tipos de
impactações. Se a impactação
ocorre por palatina, pode pressionar
a raiz do incisivo lateral no sentido
anterior e a coroa movimenta-se em
direção ao palato,
conseqüentemente, permanecendo
verticalizados em relação ao incisivo
Fig. 07 – Canino incluso por palatina identificado pelo
central. exame clínico – palpação .
Entretanto, se a impactação
ocorrer por vestibular, a pressão Em condições normais de
sobre a raiz do incisivo lateral para a desenvolvimento, o dente é palpável
palatina conduz a coroa para a vestibularmente acima dos caninos
vestibular, ficando inclinada para decíduos, entre 2 a 3 anos antes da
anterior, em relação ao incisivo sua irrupção. O aspecto vestibular
central. do alvéolo deve ser palpado acima
da gengiva inserida.

Fig. 06 – Canino incluso por vestibular – note o


incisivo lateral, inclinado para vestibular. Fig. 08 – Canino incluso por vestibular localizado
através do exame clínico – palpação.

Os incisivos laterais VI - EXAME RADIOGRÁFICO


vestibularizados foram encontrados
em 15% e a inclinação distal, em Diferentes técnicas
27% dos casos. radiográficas são empregadas, com
o intuito de localizar os caninos não
PALPAÇÃO irrompidos. As mais comuns são:
radiografias periapicais, radiografias
oclusais, radiografias panorâmicas,
Em 70% dos casos, um dente
telerradiografias em norma lateral e
impactado pode ser palpado.
frontal e politomografias.
Ocasionalmente, entretanto, a
eminência óssea do canino pode ser
confundida com o dente, quando, na

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RADIOGRAFIAS PERIAPICAIS Quando se considera a
necessidade de tracionamento do
O filme periapical consiste na canino impactado, esta técnica é de
radiografia mais simples para a grande utilidade na localização do
avaliação de dentes retidos ou canino para planejar uma
impactados e proporciona uma abordagem cirúrgica de exposição
imagem de precisão e qualidade de da coroa do referido elemento
resolução, sendo considerada dentário, de maneira mais adequado
aquela que trará informações iniciais sendo por palatina ou vestibular.
em casos de suspeita de
impactações. Diante desta situação,
deve-se analisar criteriosamente a
radiografia obtida, verificando e
comparando se o estágio de
calcificação é similar entre os dois
caninos, principalmente, nas
manifestações unilaterais. Esta
radiografia também possibilita a
avaliação da presença e tamanho
do folículo, assim como a
integridade da coroa e raiz do FIGURA 09 – Radiografias periapicais evidenciando
elemento dentário. Além disso, as a impactação de caninos superiores.
obstruções mecânicas podem ser
constatadas e determinar a
necessidade ou não da realização
de medidas terapêuticas.

Por outro lado, a radiografia


periapical pode proporcionar a
visualização dos dentes, numa
avaliação bidimensional, isto é,
pode relacionar o canino com os
dentes vizinhos, localizando-os
mésio-distal ou verticalmente. Para
a avaliação vestíbulo-lingual do
canino, uma segunda tomada
radiográfica deve ser realizada
utilizando-se a técnica de Clark, que
consiste, basicamente, na
angulação horizontal do cone da
primeira para a segunda tomada.
Nestes casos, se o canino se
FIGURAS 10 e 11 - Radiografias periapicais
movimenta na mesma direção da empregando-se a Técnica de Clark para a localização
incidência dos raios-X, o dente de caninos impactados.
encontra-se por palatina e se o
canino se move em direção oposta, RADIOGRAFIAS OCLUSAIS
está situado por vestibular.
Os filmes oclusais também
ajudam na determinação da posição

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vestíbulo-lingual do canino FIGURA 13 – Esquema da tomada de radiografias oclusais
da maxila e seu resultado, localizando o canino
impactado, e, em conjunto com os transversalmente.
filmes periapicais, proporcionam a
visualização da sua relação com
RADIOGRAFIAS PANORÂMICAS
outros dentes.
A radiografia panorâmica é
uma radiografia extremamente útil
Estas radiografias para determinar a posição de
proporcionam uma boa indicação da caninos não irrompidos, nos três
orientação horizontal do canino e a planos do espaço. Esta radiografia,
posição da coroa e ápice em além de fornecer uma boa indicação
relação aos outros dentes. da altura do canino e sua relação
com o plano sagital mediano,
propicia, ainda, informações sobre a
Porém, há uma limitação na sua inclinação.
utilização desta técnica radiográfica:
a sobreposição dos caninos com os
dentes adjacentes.
A magnificação da imagem é
um instrumento suplementar útil
para localizar o dente. O canino
localizado pela palatina, apresenta
uma imagem maior do que os
dentes adjacentes e isto se torna
bastante evidente, quando se
comparam as imagens de dois
FIGURAS 11 e 12 – Radiografia oclusal para a
visualização do canino impactado e a sua relação com
caninos impactados, um por
os dentes adjacentes. vestibular e outro pela palatina.

Embora freqüente nos


exames de rotina, as radiografias
panorâmicas proporcionam
informações limitadas quanto ao
posicionamento vestibulo-lingual do
dente impactado. A relação da
cúspide do canino, com a metade
distal da raiz do incisivo lateral, tem
sido empregada como um bom
método para a visualização da
impactação por palatina.

Analisando-se a localização
da cúspide do canino superior não
irrompido em relação à raiz do
incisivo lateral, nas radiografias
panorâmicas, na dentição mista,
78% dos caninos impactados por
palatina mostravam a sobreposição

200
das cúspides mesialmente às raízes FIGURA 14 – Posição dos caninos superiores no
dos incisivos laterais. plano transversal em relação à linha mediana,
ERICSON, KUROL.

A sobreposição horizontal
dos caninos, sobre as raízes dos
incisivos laterais, é um fator que
pode ser analisado por meio das
radiografias panorâmicas, quando
se constata que mais da metade da
raiz do incisivo lateral sofreu a
sobreposição, isto indica que existe
uma possibilidade de 64% dos
casos de caninos em posição
ectópica para a palatina FIGURAs 15– Radiografia panorâmicas evidenciando
a angulação do longo eixo dos caninos impactados
normalizarem-se; porém os casos com o plano médio-sagital.
em que menos da metade da raiz do
incisivo lateral é sobreposta pelos
caninos, 91% tendem a normalizar-
se.
A angulação do longo eixo
dos caninos com o plano médio-
sagital visualizado nas radiografias
panorâmicas podem indicar o
padrão de erupção dos caninos, se
FIGURAs 16– Radiografia panorâmicas evidenciando
favorável ou não. Quando este a angulação do longo eixo dos caninos impactados
ângulo exceder o valor de 31°, a com o plano médio-sagital.
possibilidade de erupção favorável
reduz-se.

FIGURA 13 –ângulo de erupção formado pelo longo


eixo do canino impactado com a linha mediana e a sua
distância ao plano oclusal, ERICSON, KUROL.

201
FIGURA 18 – Telerradiografia frontal mostrando a
impactação de caninos.

FIGURA 17-Na dentadura mista, analisando-se a


relação entre a ponta de cúspide do canino não
irrompido com a raiz do incisivo lateral permanente, na
radiografia panorâmica, pode-se predizer a retenção
dos caninos superiores permanentes. A) a ponta de
cúspide do canino localizada por mesial do longo eixo
do incisivo lateral traduz uma grande chance dos
caninos permanecerem retidos. B) quando a ponta de
cúspide do canino aparece sobreposta à porção distal
da raiz do incisivo lateral, a retenção dos caninos pode
ocorrer. C) a ponta de cúspide não sobreposta à raiz
do incisivo lateral sugere um prognóstico favorável Figura 19 – Telerradiografias em norma lateral
para irrupção dos caninos permanentes.
VII - QUANDO SUSPEITAR DE
TELERRADIOGRAFIAS EM NORMA IMPACTAÇÃO
FRONTAL
O clínico deveria estar
sempre alerta para a possibilidade
As telerradiografias em de o canino superior tornar-se
norma lateral e frontal podem, em impactado:
alguns casos, auxiliar na
determinação da posição do canino
impactado e relacioná-lo com as 1) Antes dos 10 anos de
estruturas faciais vizinhas, como o idade, quando verificado
seio maxilar e o soalho da cavidade pela anamnese, que
nasal, como descrito por Bishara existem casos de
(1992) e Martins et al (1998). impactação na história
familiar e/ou relacionados

202
com a presença de 6) cisto dentígero que pode
incisivos laterais tornar-se ameloblastoma,
anômalos ou ausentes. e
Essas suspeitas se 7) reabsorção do próprio
aplicam mais para as dente.
impactações por palatina
e após a idade dos 10 Nos dentes permanentes, os
anos, observar: caninos que irrompem em contato
com as raízes dos incisivos
permanentes causam reabsorções,
a) a existência de como conseqüência do rompimento
assimetrias na do ligamento periodontal e a
palpação dos caninos pressão na área dos ápices
ou uma pronunciada radiculares. A reabsorção radicular
diferença na erupção pode ser ,. esperada em 12% dos
dos caninos entre os incisivos que contatam com os
lados direito e caninos em erupção ectópica,
esquerdo; indicando uma prevalência de 0,7%
b) os caninos não são em um grupo de crianças de 10 a 13
palpáveis e se anos.
encontram num
avançado estágio de
desenvolvimento,
sugerindo um padrão
de erupção ectópica,
isto é, os dentes se
encontram em
posições
desfavoráveis; FIGURA 14 – Incisivo lateral reabsorvido pela
proximidade com a coroa da canino.
c) os incisivos laterais
apresentam-se
IX - PREVENÇÃO DA IMPACTAÇÃO DOS
inclinados para a CANINOS SUPERIORES
vestibular ou para a
distal. Quando se detectam,
IX - ALTERAÇÕES DECORRENTES precocemente, sinais de erupção
DA IMPACTAÇÃO ectópica dos caninos, por meio da
radiografia panorâmica, em que se
1) impactação vestibular, constata a sobreposição dos
geralmente impactados caninos sobre os incisivos já
verticalmente; completamente desenvolvidos,
2) impactação lingual, associados aos sinais clínicos da
geralmente impactados não possibilidade da palpação do
horizontalmente; canino, deve-se tomar providências
3) reabsorção radicular de para tentar evitar a sua impactação
dentes adjacentes; e as possíveis alterações que
4) dor; possam ocorrer. As extrações
5) infecção das impactações seletivas de caninos decíduos, na
parciais, resultando em idade de 8 a 9 anos, foram
dor e trismo; sugeridas por WILLIAMS, como

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abordagem interceptora para a localizassem mesialmente à linha
impactação de caninos em casos de média dos incisivos laterais.
Classe I sem apinhamento,
principalmente nos casos em que os
caninos não eram palpáveis em As extrações de pré-molares
seus processos alveolares e a estão indicadas nos casos de
radiografia frontal demonstrava uma apinhamento, oferecendo aos
inclinação medial inadequada dos caninos deslocados o benefício
caninos. imediato de proporcionar espaço
para a espontânea melhoria da
posição dos caninos, durante as
A remoção de caninos fases de alinhamento e nivelamento
decíduos na presença de caninos da mecanoterapia. Muitos casos de
permanentes deslocados para a impactação estão associados com
palatina, evidenciou a melhora nas incisivos anômalos; nestes casos, o
suas posições durante a erupção, profissional terá que optar pela
sendo que o restabelecimento total manutenção dos incisivos e solicitar
na posição foi . verificado em 62% a realização das exodontias de pré-
destes casos. Entretanto, quando a molares, para posicionar os caninos
sobreposição horizontal sobre o impactados, havendo,
incisivo mais próximo ultrapassar a posteriormente a necessidade da
metade da sua raiz e a angulação reconstrução estética dos incisivos
do longo eixo do canino com o plano laterais anômalos. Estes casos
médio-sagital exceder 31°, o podem encontrar uma segunda
prognóstico é desfavorável. solução viável: as extrações dos
incisivos anômalos que podem
favorecer a irrupção adequada dos
A possibilidade da caninos permanentes, anteriormente
normalização de caninos em impactados.
posição ectópica pela palatina,
ocorria em 91% dos casos, quando
ocorria a sobreposição horizontal, A remoção de caninos
envolvendo menos da metade das decíduos, antes da idade de 11
raízes dos incisivos laterais, porém anos, poderia normalizar a posição
esta porcentagem reduzia-se para de caninos permanentes, que
64, quando ultrapassava mais do estavam irrompendo ectopicamente
que a metade de suas raízes. em 91% dos casos, se os caninos
se encontrassem com as coroas
distalmente à linha média do incisivo
A remoção de caninos lateral. Entretanto, a taxa média de
decíduos, antes da idade de 11 sucesso de 64% era verificada, se
anos, poderia normalizar a posição as coroas dos caninos se
de caninos permanentes, que localizassem mesialmente à linha
estavam irrompendo ectopicamente média dos incisivos laterais.
em 91% dos casos, se os caninos
se encontrassem com as coroas
distalmente à linha média do incisivo As extrações de pré-molares
lateral. Entretanto, a taxa média de estão indicadas nos casos de
sucesso de 64% era verificada, se apinhamento, oferecendo aos
as coroas dos caninos se caninos deslocados o benefício
imediato de proporcionar espaço

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para a espontânea melhoria da verificar a ocorrência de
posição dos caninos, durante as condições patológicas;
fases de alinhamento e nivelamento 2) auto-transplantação do
da mecanoterapia. Muitos casos de canino;
impactação estão associados com 3) extração do canino
incisivos anômalos; nestes casos, o impactado e a
profissional terá que optar pela movimentação do pré-
manutenção dos incisivos e solicitar molar para o seu espaço;
a realização das exodontias de pré- 4) extração do canino e
molares, para posicionar os caninos posterior ortodontia, para
impactados, havendo, movimentar o segmento
posteriormente a necessidade da posterior a fim de fechar o
reconstrução estética dos incisivos espaço residual;
laterais anômalos. Estes casos 5) exposição cirúrgica do
podem encontrar uma segunda canino e posterior
solução viável: as extrações dos tracionamento ortodôntico;
incisivos anômalos que podem 6) prótese ou implante para
favorecer a irrupção adequada dos substituir o canino.
caninos permanentes, anteriormente
impactados. XI - Exposição cirúrgica seguida de
tracionamento ortodôntico do canino
retido.
X - CONDUTAS DE TRATAMENTO
Este procedimento
Frente aos diversos meios representa o tratamento
atuais de diagnóstico disponíveis, preferencial. Consiste no acesso
consegue-se prevenir ou mesmo cirúrgico ao canino retido para
evitar as impactações e/ou irrupção fixação de um acessório ortodôntico,
ectópica dos caninos, fato este por meio do qual aplica-se uma
relevante no planejamento clínico. força para realizar o seu
Raramente se observa a prevenção tracionamento, até posicioná-lo
da impactação deste dente no corretamente no arco dentário.
âmbito preventivo, principalmente
em função de os caninos
apresentarem um desenvolvimento Obviamente, sempre que
longo e uma irrupção tardia. Sabe- necessário, antes da cirurgia, o
se que a interceptação da paciente deverá ser submetido a
impactação pode ocorrer quando uma intervenção ortodôntica prévia,
das extrações precoces dos caninos com vistas a se obter espaço
decíduos, numa faixa etária jovem suficiente para o futuro alinhamento
de 8 a 10 anos, do canino no arco dentário.

Deste modo, o clínico pode A) TÉCNICA CIRÚRGICA


considerar várias possibilidades de
tratamento que incluem:
A escolha da técnica cirúrgica
para expor os caninos retidos
1) acompanhamento, onde fundamenta-se, principalmente, nas
se deve apenas realizar condições periodontais esperadas
controles periódicos para ao final do tratamento. O melhor

205
procedimento cirúrgico é, pois,
aquele que possibilita a obtenção de
uma largura suficiente de gengiva
inserida sem recessão gengival ou
perda de inserção óssea alveolar ao
término do tracionamento
ortodôntico.

A técnica do retalho
reposicionado em sua posição
original envolve o levantamento do
retalho gengival, a remoção do
tecido ósseo até expor a coroa do
canino retido, a fixação de um
acessório neste dente e o
reposicionamento do retalho,
cobrindo totalmente a área cirúrgica.
Desta forma, apenas o amarrilho
trançado , ficará visível na cavidade
bucal, sendo o tracionamento do
dente realizado em campo fechado.
É prioritário que o amarrilho de
tracionamento fique posicionado no
centro do processo alveolar, para
determinar uma quantidade
adequada de mucosa ceratinizada
por vestibular, quando o dente
atravessar a mucosa bucal. Se o
dente irromper na cavidade bucal
através da mucosa alveolar, além
do prejuízo estético, o periodonto de
proteção ficará comprometido,
necessitando, provavelmente, de
um enxerto gengival ao final do FIGURAS 19,20 e 21 – seqüência da cirurgia e
retalho reposicionado em sua posição original,
tratamento. cobrindo a coroa do canino retido após a fixação do
acessório para o tracionamento.

Outro procedimento cirúrgico


consiste na técnica do retalho
reposicionado apicalmente, em
que um retalho gengival é
levantado, remove-se o tecido
ósseo que recobre o dente retido, e
então, o retalho é suturado
apicalmente, deixando a coroa
dentária exposta. Após duas
FIGURA 17– Técnica do retalho coberto ou retalho
reposicionado em sua posição original – desenho semanas, fixa-se o acessório na
esquemático. coroa dentária para o início do
tracionamento ortodôntico, em
campo aberto.

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mecânico que imprime sobre as
células do periodonto; e permite um
menor controle da direção de
tracionamento, podendo implicar na
alteração da posição do incisivo
lateral adjacente.
2- O método mais utilizado,
com vantagens indiscutíveis, é a
colagem direta do acessório
ortodôntico ao esmalte do dente
retido. Necessita de mínima
osteotomia, apenas o suficiente
para expor uma parte do esmalte
para a realização da colagem.
Possibilita, também, a seleção do
local a ser colado, de acordo com a
direção do movimento desejado
pelo ortodontista, isto é, quanto
mais horizontal o canino encontrar-
se, mais para incisal o acessório
deve ser colado, visando a
verticalização do dente.

FIGURA 22 23 e 24 - Técnica do retalho


apical ou o retalho posicionado apicalmente – desenho
esquemático E caso clínico. FIGURA 26 – Botão colado na incisal do canino

B-MÉTODOS DE FIXAÇÃO DO
ACESSÓRIO OU PRENDER O DENTE
1-O laçamento ao nível do
colo dental com fio de amarrilho
constitui um método pouco utilizado
atualmente, pois apresenta muitas
desvantagens: necessita extensa FIGURA 27 – Fio de amarilho transfixado ou passado
osteotomia para amarrar o fio na pela perfuração na incisal de canino.

porção cervical do dente,


comprometendo as condições 3-Outro método de fixação
periodontais ao final do tratamento; consiste na transfixação ou
pode causar reabsorção externa na perfuração vestibulo-lingual do
porção cervical da raiz, pelo trauma terço incisal da coroa para fixação

207
do fio de amarrilho. Está indicado tracionamento por um braquete,
quando não é possível a com o objetivo de posicionar o
manutenção de um campo seco canino corretamente no arco
para a realização da colagem direta dentário.
de um acessório ortodôntico.

1-COM APARELHOS FIXOS


C- TRACIONAMENTO ORTODÔNTICO
O tracionamento só deve
ser iniciado quando o aparelho fixo
O tracionamento dos caninos estiver com fios resistentes – acima
pode ser realizado com uma do .018 de aço.
diversidade de aparelhos fixos ou
removíveis. Os aparelhos fixos
proporcionam ancoragem
exclusivamente dentária, enquanto
os aparelhos removíveis se
ancoram nos dentes e em todo o
palato e processo alveolar
(ancoragem dentomucossuportada),
podendo ser usado inclusive no arco
inferior com esta finalidade. FIGURA 27 – Tração com seda elástica –
Dentaurum
Há algumas desvantagens no
uso dos aparelhos removíveis, pois
necessitam de muita cooperação do
paciente, utilizam forças
intermitentes e proporcionam um
controle mais limitado da
movimentação dentária. No entanto,
constituem uma boa opção em
casos com ancoragem dentária
deficitária, com perdas múltiplas de .

dentes e/ou suporte ósseo reduzido .FIGURA 28 - Tração com mola nitinol.
devido à doença periodontal ou Em Almeida et al (2001)
paciente com dentição mista. encontra-se o sistema “Balista” que
A força de tracionamento consiste em sistema ortodôntico
deve ser suave, ou seja, não simplificado para dentes impactados
ultrapassando 60 gramas (2 onças), o qual traciona o dente acometido
e pode ser produzida, da por molas, pela ação de uma mola que libera
elásticos ou magnetos. A força uma força contínua ativado por seu
possui direção predominantemente longo eixo.
extrusiva, mas os componentes Após exposição cirúrgica da
horizontais de força (distal e coroa dos caninos, que é realizada
vestibular) poderão ser associados de forma conservadora e menos
de acordo com a posição do canino traumática, a montagem do sistema
retido. inicia-se pela bandagem dos
Quando a coroa do dente primeiros e segundos molares (se
estiver suficientemente exposta na presentes nos arcos dentários). Os
cavidade bucal, substitui-se o primeiros molares receberão,
acessório ortodôntico de vestibularmente, tubos triplos e

208
linguais quadrados pela palatina; e FIGURA 31 - Barra transpalatina como ancoragem e
estabilização dos dentes que suportarão a tração.
os segundos molares, tubos
simples. Estes dentes serão
interligados aos seus homólogos por
meio de uma barra transpalatina
construída com fio de aço inoxidável
.036", estabelecendo-se a
consolidação deste segmento. A
ancoragem pode ser reforçada pela
vestibular, com um arco
segmentado .019"X .025", unindo os
primeiros e segundos molares. FIGURA 32 - Mola Ballista ativada.

Assim, torna-se necessário o reforço


de ancoragem, pois durante a
ativação da mola, a força de reação
será transmitida diretamente aos
tubos molares, o que poderá gerar
movimentos indesejáveis nestes
elementos dentários.
Posteriormente, procede-se à
colagem de acessórios nos pré-
molares e incisivos, empregando-se
braquetes "Edgewise, ou Straight-
FIGURA 33 – Mola Ballista posicionada, antes da
Wire". ativação.

Nos caninos, botão ou


ganchos, que serão os dispositivos
A porção final da mola se
auxiliares de ligação para a
dobra verticalmente para baixo,
complementação do sistema de
terminando com uma dobra em
tracionamento.
forma de uma gota. Quando se leva
A mola "Ballista" pode ser a porção vertical de encontro ao
construída com fio de aço inoxidável dente impactado, liga-se a parte
redondo .014", .016" ou .018", cuja horizontal da mola que acumula a
extremidade será inserida no tubo energia por meio de um fio de
molar, sendo amarrado por um fio amarrilho 0,25mm ou elástico ao
de amarrilho 0,25mm, evitando-se a referido elemento dentário. Assim
rotação nos referidos tubos. A sendo, completa-se o sistema
extremidade anterior da mola se mecânico que irá movimentar o
direciona mesialmente, passando referido dente.
pelas ranhuras dos braquetes dos
A magnitude da força
pré-molares (Fig. 31 e 32).
desenvolvida pela mola será
proporcional ao diâmetro do fio
empregado na sua construção.
A aplicação deste sistema
pode causar a intrusão ou inclinação
vestibular dos primeiros pré-
molares. Para neutralizar este efeito
indesejável, a barra transpalatina
pode ser estendida mesialmente e

209
soldada às bandas dos primeiros
pré-molares, reforçando-se a
ancoragem, nesta região.
Pode-se enumerar algumas
FIGURA 34 – Arco auxiliar confeccionado com fio
vantagens: .014” australiano para tração de canino inferior por
vestibular.
1. permite a aplicação sobre dentes
impactados que se aproximam
muito das raízes dos dentes
adjacentes, pois o sistema os
afastam do contato com as
raízes de dentes adjacentes, o
que normalmente não ocorreria
com o emprego de um simples
arco, vestibularmente;

2. o sistema é de fácil manipulação


e proporciona um bom controle FIGURA 35 – Canino inferior por vestibular a ser
tracionado com o arco da figura 34.
na magnitude e direção da força;
3. este sistema não requer a
montagem completa do Outro tipo de arco auxiliar que
aparelho, durante o utilizamos com sucesso é
tracionamento, reduzindo o confeccionado com fio australiano
tempo para se obter o correto .014” , que inicia por cervical a nível
alinhamento e nivelamento do de primeiro pré molar sofre uma
dente impactado; dobra em u na distal do molar e
volta por incisal até a mesial do
4. o procedimento cirúrgico para a primeiro pré molar onde feita uma
exposição do dente impactado dobra de 90º para baixo, paralela ao
para a aplicação do sistema é longo eixo deste dente.
menos traumático e mais
conservador.
Outro recurso que temos usado
com freqüência com bons
resultados para caninos ou incisivos
em difíceis posições tanto por
palatina como por vestibular é um
arco auxiliar semelhante a mola
Ballista, que é amarrado em cima do
FIGURA 36 – Arco auxiliar para tração com fio .014”
arco principal e afasta o dente australiano, amarrado ao arco principal, antes de sua
incluso das raízes dos dentes ativação.
próximos. Este arco é
confeccionado com fio .014
australiano.

210
FIGURA 37 - Arco auxiliar para tração com fio .014”
australiano, amarrado ao arco principal, ativado.

FIGURA 40 – Fio superestático Nitinol como auxiliar


do arco principal retangular .019”x.025”.

Podemos optar também


FIGURA 38 – Visão do arco auxiliar de tração pelos arcos com alças ou molas Box
amarrado no canino a ser tracionado. ou caixa, que preferencialmente a
confeccionamos com fios TMA ou
Podemos também utilizar elgiloy azul.
arcos super elásticos, com ou sem
arcos principais porém, quando este
for utilizado sem arco principal
devemos adaptar um “mantenedor
do espaço” para evitar efeitos
indesejados.

B
FIGURA 39 A e B – Fio super elástico nitinol o final de
tracionamento de canino, (A) com mantenedor de
espaço (B) sem mantenedor de espaço.

211
Outra opção para o
tracionamento é a utilização de um
arco auxiliar, que inicia-se no pré
molar do lado oposto do canino a
ser tracionado e, na distal do pré
molar fazemos uma dobra em u
para oclusal e um helicóide após o
helicóide iremos deixar a quantidade
de fio desejada, se mais para mesial
ao canino, este será tracionado
mais para a mesial ou se menor e a
distal do canino a ser tracionado
este virá mais para distal.

FIGURAS 41,42 e 43 Tracionamento com o arco ou


molar em Box ou em caixa 44 45 e 46 - Final do
tracionamento com a alça em Box modificada.

Podemos também utilizar


uma mola helicoidal confeccionada
com fio de aço .016” soldada no
arco retangular .019”x.025”

FIGURAS 49 e 50 – Arco auxiliar, confeccionado com


fio australiano .014”.

Outro dispositivo que


poderemos lanças mão é o arco de
extremo livre ou “cantilever” , que
normalmente são confeccionados
com fio TMA .017”x.025”.

FIGURAS 47 E 48 – Mola de aço soldada ao arco


principal também de aço.

212
FIGURAS 50 e 51 – Cantilever antes e depois de
FIGURA 30 – Tração com uso de aparelho removível
ativado.
em paciente com poucos dentes para ancoragem do
fixo.

Outra ocasião que utilizamos


Outros dispositivos e recursos o aparelho removível foi com
poderão ser usados desde que paciente adulto que não gostaria de
sejam observados os requisitos usar a aparatologia fixa e o aparelho
mínimos de: removível foi bem aceito pelo
reduzido número de peça colada ao
a - direção de tracionamento, dente.
b-posição inicial do canino,
c-espaço suficiente no arco,
d- fio principal do aparelho
grosso,
e- forças leves, por volta de
60 grs.

2- APARELHOS REMOVÍVEIS
Como citado anteriormente, o
tracionamento ortodôntico pode ser
feito com aparelhos removíveis
porém, estes devem ser
empregados nos tratamentos onde
a aparatologia fixa torna-se difícil ou
impossível por faltas de dentes,
dentição mista, falta de ancoragem
dentre outras. Dois problemas
devem ser destacados como
desvantagem quando utilizamos
este tipo de aparatologia que são –
a necessidade de cooperação do
paciente e que as forças não são
constantes.
FIGURAS 31,32 e 33 – Utilização do aparelho
removível como opção ao paciente que não aceitou o
fixo.

Em pacientes na fase de
dentição mista pode ser necessária

213
a tração de algum dente incluso e
não contamos com a possibilidade
de empregar os aparelhos fixos pela
direção da tração e falta de dentes
para apoio, nesses casos o
removível é uma boa opção.

FIGURA 33 – Aparelho removível para tração do 23,


em posição desfavorável . FIGURA -- Aparelho simplificado, apoiado nos
molares através de bandas metálicas.

Quando nos deparamos com


paciente em que durante o D) DIREÇÃO DAS FORÇAS
tracionamento a reação dos dentes
de suporte foi de intrusão ao invés
Um dos procedimentos mais
de tracionamento normal do canino,
importante no tracionamento de
fizemos a opção de tentar o uso de
canino incluso, o sucesso ou
um aparelho removível em conjunto
fracasso desse procedimento é sem
com o fixo para ter mais ancoragem.
dúvida nenhuma a direção das
forças de tração. As direções das
forças devem ser minuciosamente
planejadas procurando sempre
afastar o canino das raízes dos
dentes adjacentes. Quando o canino
estiver por palatina, devemos
primeiro afasta-lo das raízes do
central e lateral para depois traze-lo
para o espaço a ele destinado.

FIGURA -Aparelho removível associado ao fixo.

Utilizamos ainda uma


variação de aparelho fixo, para um
paciente que morava distante e não
podia freqüentar nossa clínica com
regularidade. Trata-se de um
aparelho composto de duas bandas
nos molares, um arco de Hawley e
um arco palatino com gancho para
uso de elásticos. FIGURA .. – Direção incorreta das forças ocasionando
reabsorção das raízes de central e lateral.

214
FIGURAS - Canino retido por palatina – FoI
planejado tracionar inicialmente para distal por
palatina para depois que afastar das raízes do central
e lateral aí sim em direção a vestibular. FIGURAS .. .. – Tracionamento de 12 e 13 – Direção
das forças em sentidos diferentes.

FIGURAS - Direção de tração para distal por


palatina para afastar das raízes do central e lateral.

215
Devemos ter sempre em
mente que quanto maior o tempo de
tratamento, maior será os riscos de
complicações.

E) ESTABILIDADE
A estabilidade do
FIGURA .. – 13 e 23 em posição bastante difícil,
sendo tracionado primeiramente por palatina, para
tracionamento de dentes inclusos,
afastar das raízes de centrais e laterais para depois em especial os caninos,dependem
mudar a direção de forças para vestibular. de:
a- Posicionar
corretamente e
canino,
d) COMPLICAÇÕES b- Sobrecorreção
vertical
O prognóstico do
tracionamento depende da posição c- Fibrotomia
do canino retido em relação aos circunferencial,
dentes adjacentes, da angulação de d- Remover excesso
seu longo eixo, de sua altura no de tecido gengival,
rebordo alveolar, da presença de principalmente por
dilaceração radicular e possível palatina.
presença de anquilose. Quanto mais e- Deixar em contenção.
horizontal e medialmente localizado,
mais pobre o prognóstico do F) CONTRA-INDICAÇÕES
tracionamento. Quando se inicia o Temos várias circunstancia
tracionamento na fase final da que será contra indicado o
rizogênese, porém antes do tracionamento e conseqüentemente
fechamento do ápice radicular, o optaremos pela extração do canino,
prognóstico é mais favorável, pois deixando o pré-molar já erupcionado
há menos chances de ocorrer em sua posição:
anquilose apical e dilaceração
radicular. a- anquilose,
b- impactação severa,
A opção pelo tracionamento c- dilaceração de raiz severa,
ortodôntico do canino retido envolve d- reabsorção radicular (externa
riscos e complicações que são: ou interna)
e- patologias que envolvem
a - Re-exposição cirúrgica canino,
b - Higienização deficiente f- Oclusão satisfatória com o pré-
c-Infecção
d- Dor molar no lugar do canino.
e- Desvitalização
f- Danos a dentes/tecidos adjacentes Neste tópico apesar das
g- Reabsorções internas e externas contra indicações de literatura
h- Anquilose. descritas nas alíneas acima,
I- Aumento da coroa clínica.
j- Descoloração devemos ter sempre em mente que
k- Perda de osso alveolar nada é mais importante do que a
l- Recessão gengival. coerência e o bom senso.
m- Perda do dente.

216
Em especial a alínea “ c “,
em certa ocasião recebemos uma
paciente do sexo feminino com 8
anos de idade, o 21 em posição
trans-alveolar, dilaceração e má
formação radicular. Ficamos sem
opções de tratamento, ou FIGURAS - Características no início do tratamento

tentávamos a tração ou o dente


seria perdido, fizemos a tração em
outubro de 1985 e a paciente tem
seu dente até hoje.
FIGURA - Alinhamento com fio A Niti .016”x.022”

A B C

FIGURAS Periapical : A 02/85, B 10/85 e C 12/85


FIIGURA - Arco .019x.025” e tração com seda elástica

FIGURA - Panorâmica do mês de julho de 1985


FIGURA - Braquete no canino e fio A Niti .016

FIGURA - Arcos .019x.025” aço final tratamento


A
FIGURA C C 05/87
Periapical A 11/86, B 01/87,
B
CASOS CLÍNICOS
1-Paciente sexo– masculino
idade - 9 anos
erupção - adiantada
fator - retenção do decíduo FIGURA - Final de tratamento sem os aparelhos
padrão - meso facial
cirurgia - retalho coberto
retenção - colagem direta
aparelho - fixo Procuramos descrever
força - elástica as possibilidades e maneiras de
tratamento dos caninos inclusos
encontrados na literatura, e casos
clínicos demonstrando as maneiras
que temos tratado esta anomalia
nos últimos anos. Sabemos, porém,
que outras maneiras e filosofias de
tratamento devem existir. Nossa

217
maneira de trabalhar não é a única de sucesso e insucesso, alertando o
e devemos respeitar outras formas paciente quanto aos riscos e um
de tratamento e filosofias de tempo maior de tratamento.
trabalho.

Achamos que a opção por


tracionar um dente ou
principalmente um canino incluso,
deve ser bastante planejado e,
observadas todas as possibilidades

XVI - BIBLIOGRAFIA
COZZANI, Guiuseppe - Jardim da Ortodontia Quintessence Editora Ltda. 2001Pag. 125 a 129.

Jornal Brasileiro de Ortodontia & Ortopedia Facial março/abril 2002 (ano 7 volume 7) Editora Maio nº 38 Pag. 148 a 152

Jornal Brasileiro de Ortodontia & Ortopedia & Ortopedia Facial Ano 5 – Julho/Agosto 2000 nº 28 Pag. 30 a 40.

Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial Volume 4 nº 4 Julho/Agosto 1999 Pag. 14 a 20.

Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial Volume 6 nº 1 Janeiro/Fevereiro 2001 Pag. 93 a 120.

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