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Cirurgia maxilo-facial

Aula 15 – Cirurgia de dentes inclusos

Introdução impactado reduz a quantidade de osso


distal ao segundo molar adjacente.
Um dente é impactado quando não Devido à grande dificuldade da
erupcionou totalmente para a cavidade superfície do dente ser mantida limpa
bucal dentro do prazo de seu em seu aspecto distal do último dente
desenvolvimento e não se pode da arcada, os pacientes comumente
esperar, por mais tempo. Ele se torna têm inflamação gengival com migração
impactado devido aos dentes apical da junção gengival na face distal
adjacentes, recobrimento por osso do segundo molar.
denso, excesso de tecido mole, ou uma
anormalidade genética que evita a
erupção. Uma vez que os dentes Pacientes com terceiros molares
impactados não erupcionam, são inferiores impactados frequentemente
mantidos por toda a vida dos pacientes têm bolsas periodontais profundas na
a menos que sejam removidos região distal do segundo molar, ainda
cirurgicamente ou expostos em virtude que tenham profundidade sulcular
da reabsorção do tecido de normal no restante da boca. O
recobrimento. problema periodontal acelerado que
resulta da impacção do terceiro molar é
Os dentes impactados mais comuns são
especialmente sério na maxila. Assim
os terceiros molares maxilares e
como as bolsas periodontais se
mandibulares, seguidos pelos caninos
expandem apicalmente, elas começam
maxilares e pré-molares mandibulares.
a envolver a bifurcação distal do
Os terceiros molares, em geral, são os
segundo molar superior. Isso ocorre
mais impactados porque são os últimos
relativamente cedo, acarretando
dentes a erupcionarem;
avanços mais rápidos e sérios na
consequentemente, são os mais
doença periodontal.
sujeitos à impacção, por terem espaço
inadequado para erupção.

Indicações para remoção


de dentes impactados
1. Prevenção de doenças
periodontais
Dentes erupcionados adjacentes a
dentes impactados são predispostos à
doença periodontal. A simples presença
de um terceiro molar inferior
tecido mole em excesso na superfície
axial e oclusal, o paciente
frequentemente tem um ou mais
episódios de pericoronite. Esta é uma
infecção do tecido mole que circunda a
coroa de um dente parcialmente
impactado e é quase sempre causada
pela flora oral normal.

2. Prevenção de cáries
Quando um terceiro molar está
impactado ou parcialmente impactado,
a região distal do segundo molar pode
ser exposta a bactérias que causam a
cárie dentária.

4. Prevenção de reabsorção
radicular
Ocasionalmente, um dente impactado
causa pressão suficiente na raiz de um
dente adjacente a ponto de causar
reabsorção. A remoção de dentes
impactados pode resultar no
salvamento de dentes adjacentes pela
reparação do cemento. A terapia
endodôntica pode ser requerida para
salvar esses dentes.

3. Prevenção de pericoronarite
Quando a raiz está parcialmente
impactada com grande quantidade de
6. Prevenção de cistos e tumores
odontogênicos
5. Dentes impactados sob próteses Quando o dente impactado está
dentárias completamente retido no processo
Quando um paciente tem uma área alveolar, o saco folicular associado
edêntula restaurada, existem muitas quase sempre também está retido.
razões para que os dentes impactados Apesar de na maioria dos pacientes o
nessa área sejam removidos antes que folículo dental se manter em seu
aparelhos protéticos sejam construídos. tamanho original, ele poderá sofrer
Após a extração dos dentes, o processo degeneração cística e tornar-se um
alveolar vagarosamente sofre cisto dentígero ou um ceratocisto.
reabsorção. Isso é particularmente Como regra geral, se o espaço folicular
verdadeiro com próteses em volta da coroa do dente é superior a
mucossuportadas. Deste modo, o dente 3 mm, o diagnóstico pré-operatório de
impactado torna-se próximo da cisto dentígero é aceitável.
superfície do osso, dando aparência de
erupção. A dentadura pode comprimir
o tecido mole contra o dente
impactado, que já não está muito
coberto com osso; o resultado é uma
ulceração do tecido mole de
recobrimento e o início de uma
infecção odontogênica.
Dentes impactados devem ser
removidos antes que uma prótese seja
confeccionada, porque se o dente
impactado for removido após a
confecção, o processo alveolar poderá
ser alterado pela extração e a prótese
tornar-se-á sem atrativos e menos
funcional.
7. Dor sem origem aparente Contraindicações para
Ocasionalmente, pacientes vêm ao remoção de dentes
dentista queixando-se de dor na região
retromolar da mandíbula sem nenhuma impactados
razão óbvia. Se condições como dor e 1. Extremos de idade
disfunção miofascial e outros distúrbios
de dores faciais forem excluídos e se o O germe dos terceiros molares pode
paciente tiver um dente não- ser visualizado radiograficamente na
erupcionado, a remoção do dente, às idade de 6 anos. O consenso é que a
vezes, resultará na resolução da dor. remoção muito precoce de terceiros
molares deve ser adiada até que um
8. Frevenção de fraturas correto diagnóstico de impacção possa
mandibulares ser feito. A contraindicação mais
Um terceiro molar impactado na comum para a remoção de dentes
mandíbula ocupa o espaço que impactados é a idade avançada. Como
usualmente seria ocupado por osso. a idade dos pacientes, o ossotorna-se
Essa redução da mandíbula confere altamente calcificado e, dessa forma,
maior susceptibilidade à fratura no menos flexível e menos provável de se
local do dente impactado. submeter a forças na extração do
dente. O resultado é que mais osso
deve ser removido cirurgicamente para
deslocar o dente do seu alvéolo.

9. Facilidade do tratamento
2. Condição médica comprometida
ortodôntico
Frequentemente, a condição médica
Quando pacientes necessitam de
comprometida e a idade avançada
retração do primeiro ou segundo molar
andam em conjunto. Se o dente
por técnicas ortodônticas, a presença
impactado é assintomático, a remoção
de terceiro molar impactado pode
cirúrgica deve ser vista como eletiva.
interferir no tratamento.
Caso a função cardiovascular ou
Consequentemente, recomenda-se a
respiratória do paciente ou a defesa do
remoção do terceiro molar antes que o
hospedeiro para combater infecção
tratamento ortodôntico seja iniciado.
estejam seriamente comprometidas ou,
caso o paciente tenha sérias
coagulopatias adquiridas ou
congênitas, o cirurgião deverá
considerar deixar o dente no processo
alveolar. Entretanto, se o dente se
torna sintomático, o cirurgião deve
pensar em trabalhar com o médico do
paciente para planejar a remoção do
dente com o mínimo de sequelas Quando o longo eixo do terceiro molar
médicas pós-operatórias. é perpendicular ao segundo molar, o
dente impactado é considerado
3. Danos à estruturas nobres horizontal.
Se o dente impactado encontra-se em
uma área onde sua remoção possa
arriscar seriamente nervos adjacentes,
dentes, ou pontes protéticas
previamente construídas, pode ser
prudente deixar o dente no seu local.

Classificação
Na impacção vertical, o longo eixo de
1. Angulação dentes impactados posiciona-se
O sistema de classifi cação mais paralelo ao longo eixo do segundo
comumente utilizado com relação ao molar.
plano de tratamento usa a
determinação da angulação do longo
eixo do terceiro molar impactado,
tendo como referência o longo eixo do
terceiro molar adjacente.

A impacção geralmente conhecida Finalmente, a impacção distoangular é


como a que possui mínima dificuldade aquela que possui o dente com
de impacção para remoção é a angulação mais difícil para remoção.
mesioangular, particularmente quando
parcialmente impactado. O dente
impactado de modo mesioangular é
inclinado em direção ao segundo
molar, numa direção mesial.
2. Relação com a margem anterior
do ramo
Outro método para classifi car terceiros
molares impactados está baseado na
quantidade de dente impactado que
está coberta com osso no ramo
mandibular. Essa classificação é
conhecida como a classificação de Pell
e Gregory e, algumas vezes, são
3. Relação com plano oclusal
atribuídas as classes 1, 2 e 3 de Pell e
Gregory. A profundidade do dente impactado,
comparada à altura do segundo molar
Se o diâmetro mesiodistal da coroa
adjacente, fornece o próximo sistema
estiver completamente anterior à
de classificação para determinar a difi
margem anterior do ramo mandibular,
culdade da remoção da impacção. Esse
essa será uma relação classe 1.
sistema de classifi cação também era
sugerido por Pell e Gregory e é
chamado de classifi cação de Pell e
Gregory A, B e C.
Uma impacção classe A é aquela na
qual a superfície oclusal do dente
impactado está à altura ou próxima do
nível do plano oclusal do segundo
molar (Fig. 9-23). Uma impacção classe
B é aquela onde há um dente
Se o dente estiver posicionado impactado com a superfície oclusal
posteriormente de maneira que entre o plano oclusal e a linha cervical
aproximadamente metade esteja do segundo molar (Fig.9-24).
coberta pelo ramo, a relação do dente Finalmente, a impacção classe C é
com o ramo será classe 2. aquela na qual a superfície oclusal do
dente impactado está abaixo da linha
cervical do segundo molar (Fig. 9-25).

A relação classe 3 entre o dente e o


ramo ocorre quando o primeiro é
completamente localizado dentro do
ramo mandibular.
de anestésico depende do anestésico
escolhido.
Em pacientes cardiopatas controlados,
é utilizado 40ug/sessão (4 ml ou 2
tubetes de Adrenalina 1:100.000).
Felipressina não é recomendada.
Soluções sem vasoconstritor só é
utilizada quando há contraindicação
médica ou pacientes portadores de
doenças sistêmicas graves.

Terapêutica
medicamentosa
1. Analgésicos e antiinflamatórios
 Pré-operatório:
Minimiza o edema pós cirúrgico e
diminui o trismo. Pode ser utilizado
Avaliação e conduta pré- Dexametasona 4/8mg, Dipirona 500mg
operatória e Ibuprofeno 400mg ou 600mg.

1. Anamnese  Pós-operatório

Histórico patológico pregresso: doenças Apenas nas primeiras 48hrs ou em


prévias existentes, cirurgias prévias, casos de dor aguda. Pode ser utilizado
internações hospitalares e tratamento Dipirona 500mg, Ibuprofeno 400mg ou
médico 600mg, Nimesulida 100mg e
Acetoaminofeno 750mg e Diclofenaco
2. Soluções anestésicas 50mg.
Solução anestésica e 2. Antimicrobianos
VASOCONSTRITORES. Os  Pré-operatório
vasoconstritores são responsáveis por:
Prevenção da endocardite bacteriana e
 Redução da toxicidade da pericoronarite moderada e grave.
 Prolongamento do efeito Pode ser utilizado Clorexidina a 0,12% e
anestésico Amoxicilina 500mg.
 Permissão de anestesia mais
profunda  Pós-operatório
 Minimização do efeito Antibióticos – não há necessidade
vasodilatador
Clorexidina – Limpeza e suavizar mau
Em pacientes saudáveis, a dose máxima hálito
recomendada de Adrenalisa é 200ug
(200ml ou 11 tubetes). A dose máxima 3. Sedativos
Localização radiográfica 2. Incisão relaxante
 Ao lado da papila ou parapapilar
1. Radiografias  Ângulos agudos
 Exposição correta  Limitado
 Bom contraste  Base maior em direção ao
 Penetração e angulação suprimento sangúineo
adequadas
 Bom contraste
 Disponível durante a cirurgia 3. Retalho envelope

2. Radiografia periapical
 Informações mais precisas
 Técnicas prática
 Econômica
 Execução incorreta
 Incômodo do filme 4. Retalho em L ou triangular

3. Radiografia panorâmica
 Quantidade de dentes inclusos
 Grau de impacção
 Patologias
 Estruturas nobres adjacentes Osteotomia
 Broca esférica n6
4. Tomografia computadorizada  Broca esférica n4
por cone-beam  3M inferiores horizontais
 3 dimensões  Impacções verticais e
 Mais detalhes horizontais
 Localização precisa
 Planejamento mais seguro
Odontosecção
 Condição radicular  Broca tronco cônica 702
 Broca Zekrya 28mm
 Minimizar a osteotomia
Acessos cirúrgicos
Cuidados pós-operatórios
1. Retalho
 Mucoperiósteo 1. Dieta
 Amplo  Primeiras 48horas: líquidos ou
 Respeitar estruturas nobres pastosos frios. Alimentar-se
várias vezes durante o dia e não
usar artifício que desloque o
colágeno
 Após 48horas: retomar a
alimentação regular
gradativamente

2. Higiene oral
 Escova de cerdas macias
 Pasta dental
 Anti-séptico bucal à base de
clorexidina
 Reforçar a higiene em local de
sutura

3. Controle do sangramento pós-


operatório
 Esponja de colágeno
 Cera pra osso

4. Edema e equimose
 Volume máximo: 48h
 Regressão: a partir do terceiro
dia
 Primeiras 24h: bolsa de gelo
 Antiinflamatórios esteróides
pré-operatórios
 Equimose: sangramento
submucoso ou subcutâneo

5. Trismo
 Particularidade na extração de
terceiros molares inferiores
 Múltiplas injeções anestésicas

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