Você está na página 1de 3

TRAUMATISMOS CORONÁRIO E RADICULAR EM DENTES DECÍDUOS E

PERMANENTES JOVENS

Assim como nos traumatismos de tecido de suporte os traumatismos coronários e radiculares


obedecem aos mesmos princípios de Exame e Diagnóstico e Anamnese, para podermos obter
os dados de identificação do paciente, idade, a história do trauma, quanto ao onde? Como? e
quando?

Aqui trataremos das fraturas coronárias e radiculares em dentes decíduos e permanentes


jovens, nas suas diversas classificações.

Fraturas Coronárias

Fraturas de Esmalte

No esmalte podem ocorrer trincas ou a fratura propriamente dita. O tratamento para dentes
decíduos e permanentes será a mesma :Para as trincas no esmalte, a conduta é, aplicação
tópica de flúor, uso de dentifrícios fluoretados e bochechos com flúor.

Para as fraturas, se forem de pequeno porte, pode-se realizar o desgaste das bordas,
eliminando as arestas cortantes, melhorando a estética. Em fraturas maiores realiza-se a
restauração com resina fotopolimerizável.

As fraturas de esmalte e dentina sem exposição pulpar, tanto em dentes decíduos como
permanentes, o tratamento proposto é a reconstrução do dente com resina fotopolimerizável, ou
quando possível, a colagem do fragmento dentário. É importante, realizar a proteção do
complexo dentina-polpa com Hidróxido de Cálcio principalmente em fraturas maiores em que há
proximidade com a câmara pulpar.

Fraturas de esmalte e dentina, com exposição pulpar.

Os dentes devem ser restaurados com resina fotopolimerizável, ou por meio da colagem do
fragmento, de acordo com o tamanho da fratura.

O tratamento da exposição pulpar vai depender do dente em questão, do tempo decorrido do


trauma e das condições da polpa.

Dentes permanentes jovens – quando ocorrem microexposições, e até 24 horas do trauma,


pode-se realizar o capeamento direto. Após esse período devemos optar pela pulpotomia,
mantendo parte vital da polpa visando o fechamento do ápice.

Assim, em exposições pulpares maiores ou depois de decorrido um tempo maior do trauma,


pode-se optar pela pulpotomia parcial, em que o corte da polpa é feito a 2 mm de profundidade,
mantendo uma parte da polpa coronária, ou mesmo a remoção de toda a polpa coronária e
cobre-se o remanescente pulpar com hidróxido de cálcio PA, cimento de hidróxido de cálcio e
restauração do dente. Após os procedimentos é importante o controle radiográfico, e verificado o
fechamento do ápice, realizar o tratamento endodôntico convencional.

Em dentes permanentes jovens com necrose pulpar realizar o tratamento com hidróxido de
cálcio objetivando a apicificação.
Em dentes permanentes com ápice completo realizar o tratamento endodôntico de acordo
com o estado da polpa.

Dentes decíduos – as fraturas coronárias com exposição pulpar são raras na dentição
decídua, porem quando ocorre o tratamento proposto e a pulpotomia ou tratamento endodôntico
radical, dependendo da condição pulpar, na fase formativa, optamos pela pulpotomia com a
técnica do Formocresol, e na fase degenerativa optamos pelo tratamento radicular com a Pasta
Guedes-Pinto, colagem do fragmento ou restauração com resina composta e acompanhamento.

Fraturas Radiculares

As fraturas radiculares ocorrem com menor frequência, são normalmente resultantes de um


impacto horizontal no dente, e podem localizar-se na região cervical, no terço médio, e no terço
apical da raiz. Podem ainda ser horizontais ou obliquas.

Em caso de fratura radicular, o dente pode apresentar-se clinicamente extruído, com a coroa
ligeiramente para palatino. De acordo com Andreazem e Andreazem (1991), a cicatrização das
fraturas radiculares dependem do dano ocorrido na polpa e da possível invasão bacteriana na
linha de fratura. Interfere também no tipo de reparação, o tempo decorrido do acidente, o espaço
entre os fragmentos e a vitalidade pulpar.

A reparação pode ocorrer por deposição de tecido calcificado, em que se forma uma dentina
osteóide para o lado da polpa e cemento para o lado do periodonto. Isso acontece quando o
dente apresenta pouca extrusão, ausência de sangramento pelo sulco gengival e com pouco
tempo após o trauma é realizada a redução e contenção da fratura.

Quando ocorre uma separação maior entre os fragmentos, e o tratamento realizado entre 24
a 48 horas do trauma, o processo de reparação já teve início, assim, pode ocorrer a reparação
por deposição de tecido conjuntivo fibroso, ou interposição de tecido ósseo entre os fragmentos.
Em caso de grande extrusão do fragmento, inflamação ou mortificação pulpar, poderá ocorrer a
deposição de tecido de granulação entre os fragmentos, não havendo cicatrização da fratura.

O maior grau de sucesso com relação à reparação de fraturas radiculares ocorre no terço
apical, seguido do terço médio, sendo as fraturas do terço cervical de prognóstico ruim.

Dentes decíduos – O tratamento para fraturas radiculares em dentes decíduos será a redução
e contenção rígida por 90 dias, período em que deverá haver a cicatrização. Havendo infecção
pulpar e necrose, deve ser realizada a exodontia, entretanto, somente o fragmento coronário
deve ser removido, e o fragmento apical na maioria das vezes é reabsorvido fisiologicamente.

Dentes Permanentes – Deve ser realizada a redução da fratura, e contenção rígida por 90
dias, permitindo a estabilidade do tecido cicatricial.

Nas fraturas do terço cervical, que apresentam prognóstico ruim, se houver insucesso, pode-
se realizar o tratamento endodôntico, e fixar o fragmento coronário por meio de pinos intra
radiculares.

O exame radiográfico deve ser realizado periodicamente a fim de observar o processo de


cicatrização, ou possíveis sequelas, como reabsorção interna ou reabsorção óssea.

Quando ocorrer a necrose pulpar, deve-se indicar o tratamento endodôntico. Em casos de


fratura na região apical, trata-se a porção cervical e remove-se o fragmento apical.
Nas fraturas radiculares obliquas ou verticais, com extrusão do fragmento, indica-se a
exodontia.

Referências:

Andreazen J.O., Andreazen F.M. Traumatismo dentário: soluções clínicas. São Paulo:
Panamericana, 1991,168p.

Fernandes, K.P.S. et al. Traumatismo dento alveolar. São Paulo: Santos, 2009. 230 p.

Paiva JG, Antoniazzi JH. Endodontia: bases para a prática clínica. 1ª ed. São Paulo:
Artes Médicas, 1984. 523p.

Paiva JG, Antoniazzi JH. Endodontia: bases para a prática clínica. 2ª ed. São Paulo:
Artes Médicas, 1988. 745p.

Lage Marques JL, Conti R, Antoniazzi JH. Conduta clínica frente ao traumatismo
dental. Rev. Assoc Paul Cirurg Dent, 48(6)1527-33, 1994.

Guedes-Pinto AC, Odontopediatria. 8 ed. São Paulo:Santos, 2010, 799-805.

Você também pode gostar