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Informações importantes – Unidade 02:

Aula 02: Reabsorções dentárias radiculares: Quando ocorre uma injúria os cementoblastos são
expostos e por isso ativam os monócitos e
Data: 01/12/2023.
macrófagos, que por sua vez, ativam as células
Referências: Lopes & Siqueira – Capítulo 24. clásticas que são as células responsáveis por
reabsorção.
Dente sofre injúria

A dentina, o cemento e o osso são tecidos


mineralizados de origem mesenquimal, no qual o
colágeno e a hidroxiapatita são os seus
componentes principais.
O ligamento periodontal separa os tecidos
mineralizados dentários do osso alveolar o que
possibilita suscetibilidades diferentes desses Dente sofre injúria → Cementoblastos expostos →
tecidos a reabsorção.
Ativação dos monócitos e macrófagos → Ativação
Assim, os tecidos mineralizados normalmente não das células clásticas → Reabsorção.
são reabsorvidos, enquanto o osso é
continuamente remodelado.
As reabsorções dentárias são um fenômeno Os tecidos mineralizados dos dentes são
estritamente local que pode ser induzida por protegidos pelo pré-cemento e por
fatores traumáticos e/ou infecciosos. cementoblastos.
Assim, a perda desses odontoblastos e
cementoblastos, seja por causa mecânica ou
química, permite o acesso de células clásticas ao
A reabsorção dentária pode ser definida como um tecido que predispõe à reabsorção.
evento fisiológico ou patológico decorrente Lembrando que as células ``blastos´´
principalmente da ação de traumas ou infecções. (odontoblastos, cementoblastos) depositam
É caracterizada pela perda progressiva ou cemento. Já as células ``clastos´´ (cementoclastos,
transitória de cemente ou cemente e dentina. odontoclastos, osteoclatos) causam reabsorção.

O trauma representa o fator desencadeante e a


infecção pulpar o fator de manutenção.
1. Reabsorção fisiológica: Ocorre em dentes
decíduos, no qual os mesmos sofrem uma
reabsorção programada que leva o nome de
rizólise.
Devido à complexidade etiológica a classificação
2. Reabsorção patológica: Correspondem a das reabsorções pode ser bem difícil. A
reabsorções internas, externas e por substituição. classificação irá ajudar a selecionar as melhores
medidas terapêuticas.
1. Externa:

São definidos com os fatores causadores, sendo Tem início na superfície radicular externa,
assim eles são representados por: podendo ser classificada de três modos.

a) Necrose pulpar associada a lesão Aspecto radiográfico: Contorno pulpar mantido,


perirradicular. superposição do canal radicular sobre a área
irregular da reabsorção.
b) Movimentos ortodônticos intempestivos.
a) Reabsorção externa substitutiva:
c) Dentes impactados.
É a reabsorção de mais difícil controle, sendo mais
d) Trauma oclusal. comum em reimplantes transplantes e luxações,
e) Tecido patológico – Cistos e tumores. pois ocorreu o rompimento de todo ou parte do
ligamento periodontal.
Assim, qualquer trauma pode provocar um dano MO promovem inflamação crônica nos tecidos
irreversível ao ligamento periodontal. perirradiculares que promovem reabsorção.
A ausência do ligamento periodontal permite que Assintomático
tecido ósseo fique intimamente justaposto a
superfície radicular, assim ocorrendo uma Tratamento: Deve visar o combate da infecção
anquilose dentoalveolar. endodôntica.
Essa união de osso e raiz favorece a ação de células Devido ao encurtamento da raiz é necessário um
clásticas que podem ser vistas em conjugação com cuidado maior na hora da instrumentação e o preparo
a aposição do osso normal realizada pelos deve ser feito aquém do ápice.
odontoblastos.
Deve-se remover toda a contaminação e formar um
Desse modo, o dente anquilosado (sem ligamento
batente aquém da margem mais reabsorvida.
periodontal) se converte em parte integrante do
osso e a raiz é substituída por gradualmente por A limpeza deve ser feita com o hidróxido de cálcio que
osso. também irá potencializar o início do reparo.
Na maior parte dos casos, reabsorve toda a raiz, A obturação é feita com o tampão apical que pode ser
mas a polpa não está envolvida. feito com: Solução de soro fisiológico + pasta de
Diagnóstico e tratamento: hidróxido de cálcio ou MTA e aplica no local da
reabsorção.
Assintomática e apresenta som metálico a
percussão. Em casos de tratamento endodôntico deve ser feito o
retratamento, como ultima opção a cirurgia
Radiograficamente há substituição contínua da
paraendodônticas.
raiz por osso.
Indicada para exodontia quando restar apenas ▪ Lateral:
coroa.
Ocorre de modo progressivo e envolve segmentos
médios e/ou apical, podendo ocorrer em qualquer
b) Reabsorção externa por pressão: face da raiz.
Ocorre devido a pressão, normalmente é provada Pode ser causada por injúrias traumáticas
por tratamento ortodôntico, dentes impactados, associadas a necrose pulpar, e normalmente não
erupção dentárias, cistos, neoplasias e trauma atinge a cavidade pulpar, mas pode ocorrer
oclusal. comunicação.
Pode ocorrer como uma reabsorção natural de um
dente decíduo pela erupção do permanente. Tratamento: O canal radicular deve ser limpo e
preenchido com pasta de hidróxido de cálcio, após
Se remover o fator causador e a polpa estiver a eliminação da infecção podemos obturar.
hígida a reabsorção cessa. Todavia, em algumas
situações onde a remoção cirúrgica causa Caso haja comunicação é necessário o selamento
comprometimento do feixe vasculonervoso pulpar com pasta de hidróxido de cálcio espessa para
o mais indicado é o tratamento endodôntico. depois obturar.
Caso não se obtenha sucesso com a endodontia, é
c) Reabsorção externa por infecção pulpar: necessário recorrer a cirurgia paraendodônticas
Progride continuamente e sua paralização exige a em último caso a exodontia.
intervenção do profissional para eliminar o fator
▪ Cervical:
de manutenção.
Podem ser: Ocorre de modo progressivo, localizado e no
segmento coronário.
▪ Apical:
Progressiva e se localiza no ápice do dente. Reação inflamatória no ligamento periodontal
Acomete portadores de necrose pulpar e lesão advindo de um estimulo microbiano do sulco
perirradicular crônica (até dentes que já foram gengival ou canal radicular.
tratados). Comum em dentes reimplantados e anquilosados
Pode causar destruição que venha a comprometer o que passaram por traumas.
tratamento endodôntico.
Pode ocorrer em dentes vitais sendo assintomática.
Se atingir polpa é esperada sensibilidade anormal Porém, em alguns casos o dente pode apresentar
e coroa pode apresentar coloração rósea, podendo clinicamente uma coloração rosada ou
ser confundida com lesão cariosa. acinzentada, e baseado nisso podemos pedir um
raio-x.
Se a polpa não foi afetada o tratamento consiste na
Desse modo, só é possível classificar mediante
abertura cirúrgica, remoção do tecido de uma radiografia.
granulação e restauração da área absorvida.
Caso necessário o tratamento endodôntico é
indicado o hidróxido de cálcio.
Dependendo do caso a exodontia é indicada. A rizogênese incompleta corresponde aos dentes
que não possuem a total formação do ápice. Assim
um dos grandes problemas encontrados pelo
2. Interna: endodontista é justamente esse.
Inicia-se nas paredes da cavidade pulpar em Os princípios que norteiam a terapêutica
qualquer ponto. endodôntica de dentes completamento formados
se aplica a dentes com rizogênese incompleta,
a) Reabsorção interna inflamatória: porém o objetivo é outro.
Inicia-se em qualquer ponto da cavidade pulpar, Dessa maneira, o tratamento em casos de
pode ser transitória ou progressiva. rizogênese incompleta busca o completo
Decorre da inflamação crônica pulpar, sendo desenvolvimento radicular nos casos de polpa viva
relaciona a traumas e infecções. e o fechamento do forame apical por tecido
calcificado nos casos de necrose pulpar.
Assintomática.
Parte da polpa pode estar necrosada ou
totalmente.
Radiografia: Área radiotransparente de aspecto Diz respeito ao processo de formação e erupção
ovalado. dos dentes, sendo dividido em 11 estágios.
Tratamento:
Em casos de não perfurações o tratamento é
realizado com o intuito de paralisar o processo
removendo a polpa.
A extensão da lesão pode dificultar a remoção de
todo tecido patológico.
Uso de pasta de hidróxido de cálcio como curativo
de ora.
Obturação do conduto deve ser preenchido com
toda a região de reabsorção.
Em casos perfurante (Comunicação com meio
externo - Furca): O tratamento pode ser cirúrgico
ou não cirúrgico.
O não cirúrgico consiste no fechamento da
perfuração com pasta de hidróxido de cálcio
espessa.
Cirúrgico: Limpar a cavidade e fazer o selamento
com material restaurador.
Se estiver na região apical é indicado a remoção
cirúrgica da região, e exodontia se precisar.
Após erupcionar o dente leva de dois a três anos
para fechar completamente o ápice.
Clinicamente não é possível diferenciar uma
reabsorção interna de externa, assim um achado 1. Incisivos superiores e inferiores:
radiográfico é essencial para o diagnóstico. a) Erupção aos 7 anos.
b) Formação completa da raiz 10 anos. 2. Apicificação: Indução do fechamento do forame
2. Caninos e pré-molar: apical em dentes com necrose pulpar.
a) Erupção: 10 anos
b) Rizogênese completa: 12 anos
3. 1° molar superior e inferior: Quando nos deparamos com caso de rizogênese
incompleta é necessário avaliar o estágio de
a) Erupção: 7 anos.
desenvolvimento da raiz juntamente com suas
b) Rizogênese completa: 9 anos. divergências – paralelismo – convergências.
4. 2° molar superior e inferior: Além disso, a condição da polpa e se existe a
a) Erupção: 10 - 12 anos presença de lesão perirradicular, mas
principalmente qual substância será empregada
b) Rizogênese completa: 14 anos no tratamento.
5. 3°molar: 1. Substâncias empregadas:
a) Hidróxido de cálcio – Potencializa a formação
Radiograficamente é possível ver a rizogênese de dentina e cemento.
incompleta quando não se tem o estágio 10 de Antibacteriano e anti-inflamatório.
Nolla.
Biocompatível.
*Porém, é muito solúvel e para ser usado necessita
de veículos. Além de não ser radiopaco.
Paredes radiculares finas e frágeis.
Abertura apical de diâmetro maior do que o canal b) MTA: Baixa solubilidade.
dentinário.
Biocompatível.
Diâmetro do forame apical geralmente maior que
o da imagem radiográfica devido à morfologia Atividade antimicrobiana melhor em relação ao
elíptica vestibulolingual. hidróxido de cálcio.
Radiopaco.
Neoformação de dentina.
Cárie – trauma – fratura coronária – restaurações
inadequadas. Como falado anteriormente, em casos de
rizogênese incompleta o tratamento de escolha irá
depender da vitalidade do elemento e estágio de
desenvolvimento da raiz.
Em casos de rizogênese incompleta o tratamento é Assim, se o dente estiver vital a escolha é
o mesmo, porém o objetivo é diferente e mais apicigênese que pode ser feita por meio de
complexo. pulpotomia total ou parcial.
 Objetivo: Em casos de necrose será realizada a apicificação
que pode ser através do tampão apical e
Polpa vital - Completo desenvolvimento revascularização.
radicular.
Necrose pulpar - Fechamento do forame por
tecido mineralizado.
 Exames complementares: Tomografia 1. Apicigênese – Pulpotomia parcial:
computadorizada. Remoção do tecido pulpar coronário (2mm)
 Tratamento: Dentro do processo de tratamento ∙ Anestesia, isolamento absoluto e desinfecção
existem duas opções: Apicigênese e Apicificação. superficial.
∙ Cavidade de 1 a 2mm de profundidade com
1. Apicigênese: Complementação radicular broca diamantada estéril ou cureta de
fisiológica em dentes com vitalidade pelo menos pulpotomia.
na porção apical do canal. ∙ Controla o sangramento com soro fisiológico.
∙ Secagem com algodão estéril.
∙ Aplicação de Otosporin (5min) 2. Dentes com necrose total – Técnica tampão
∙ Hidróxido de cálcio P.A + CIV + Resina apical:
composta. Indicado para raízes com maior estágio de
∙ Acompanhamento com testes de sensibilidade e desenvolvimento.
radiografias.
Os primeiros passos são bem semelhantes ao da
apicificação, após constatar a eliminação do foco
2. Apicigênese – Pulpotomia total: infecioso deve se realizar a obturação com o
tampão apical de MTA ou hidróxido de cálcio.
∙ Anestesia, isolamento absoluto e desinfecção
superficial. Aplicação de 3mm de MTA na região apical.
∙ Cavidade profunda a nível cervical com broca Em seguida realiza a obturação do canal.
diamantada estéril (Evitar curetas ou colheres).
Acompanhamento radiográfico por 30 dias e
∙ Controla o sangramento com soro fisiológico. depois a cada 3 meses.
∙ Secagem com algodão estéril.
∙ Aplicação de Otosporin (5min) 3. Dentes com necrose total – Revascularização
∙ Hidróxido de cálcio P.A + Dical + CIV + Resina pulpar:
composta. Em alguns locais do nosso corpo existe a presença
de células-tronco, ou seja, células que ainda não
se diferenciaram e podem se transformar em
qualquer célula.
Nesse sentido, a região periapical é rica em células
O tratamento em casos de necrose irá depender do troncos, e por assim por meio da técnica de
estágio de formação da raiz. revascularização pulpar ela torna o dente vital
Em dentes com menor abertura pode ser feito novamente.
apicificação ou tampão apical. a) Princípio da técnica:
Em dentes com maior abertura revascularização Indução da formação de um coágulo de sangue
pulpar. para irrigar o local por meio de uma lima fina que
1. Dentes com necrose total – Apicificação: deve ser inserida de 3-4mm, assim formando o
coágulo..
∙ Anestesia – Antissepsia – Isolamento absoluto –
Abertura coronária. Para potencializar a ação das células troncos é
necessário irrigar com hipoclorito de sódio 2,5%
∙ Breve instrumentação - Instrumentação com ou 1% e soro fisiológico, e posteriormente usar
limas tipo K realizando os movimentos de MTA.
limagem e prestando muita atenção no
comprimento de trabalho delimitado. Irriga de 3-4mm aquém do ápice.
∙ Não se deve raspar muito as paredes para não Uso uma pasta triantibiótica: Metronidazol,
fragilizar ainda mais o elemento. ciprofloxacino e minociclina (1-1-1) mistura com
∙ Irrigação cuidadosa com hipoclorito de sódio eugenol.
2,5% ou 1%. b) Indicações: Necessidade de desinfecção eficaz,
∙ Em risco de extravasamento, em alguns casos dentes com ápices abertos, paciente jovens e
pode ser usado o digluconato de clorexidina 2%. menor complexidade da infecção.
∙ Aplicação de pasta de hidróxido de cálcio. c) Pasta triantibiótica – Metronidazol,
∙ Caso a infecção persista é necessário ciprofloxacina e minociclina (1:1:1)
instrumentar um pouco mais e renova a pasta. Metronidazol – Amplo aspecto (bactérias gram –
∙ Constatada a eliminação do foco infeccioso, e +).
aplica-se uma pasta espessa de hidróxido de Ciprofloxacina – Estagna a síntese de DNA das
cálcio com veículo viscoso – Ultracal. bactérias.
Minociclina – Mancha a coroa do dente, por isso
Acompanhamento clínico radiográfico por até 18 é importante atenção nessa etapa.
meses com intervalos de 30 dias – 3 meses – 6
meses – 9 meses até os 18 meses. d) Protocolo:
Caso a medicação suma deve-se aplicar Primeira consulta:
novamente até que se constate a formação de uma 1. Anestesia local – Isolamento e acesso a
barreira mineralizadora e assim obturar. cavidade.
2. Irrigação abundante e cuidadosa com 20mL de
hipoclorito de sódio (NaOCl) em baixas
concentrações, irriga também com solução salina
para neutralizar cerca de 1 mm da raiz por 5
minutos.
3. Secagem dos canais com cones de papel.
4. Colocação da pasta de hidróxido de cálcio +
clorexidina ou fazer logo a pasta triantibiótica.
5. Restauração provisória 3-4 mm.

Segunda consulta – 1 a 4 semanas após 1° visita.


1. Anestesia com mepivacaína sem vasoconstritor
e isolamento.
2. Irriga em abundância com cuidado com 20mL
de EDTA 17%.
3. Secagem dos canais com cone de papel.
4. Cria sangramento no interior dos canais por
meio da sobreinstrumentação.
5. Parar o sangramento a um nível que permita a
inserção de 3-4mm de material restaurador.
6.Coloca uma matriz sobre o coágulo se
necessário, MTA ou hidróxido de cálcio com
material de capeamento.
7. Coloca uma camada de 3-4 mm de ionômero de
vidro.
8. Restauração definitiva.

Consulta controle:
Avaliar ausência de dor, edema ou fístula.
Resposta positiva ao teste de vitalidade.
Radiograficamente: Avaliar se ocorreu a resolução
da radiotransparência apical, aumento da
espessura das paredes da raiz e aumento do
comprimento da raiz.

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