Você está na página 1de 4

CARIOLOGIA APLICADA À CLÍNICA:

Resumo: Roberta Guimarães Camargo e Gabriela Andrade

→ Exame clínico para o diagnóstico da cárie dentária:


1. Exame visual: visualizar se há presença de manchas claras ou escuras e cavidades na superfície dental, para
isso é necessário:
• Iluminação apropriada
• Profilaxia
- As escovas robson simples são mais utilizadas nas faces oclusais (por serem mais rígidas) e as taxas de
borracha são utilizadas nas faces livres
• Isolamento relativo e secagem do campo
• Exame visual por câmera intra-oral: esse recurso proporciona a amplificação da área trabalhada e é mais fácil
identificar alguns problemas
• Uso da sonda exploradora
- Atualmente admite-se que o uso da sonda exploradora pode causar injúrias ao tecido dental desmineralizado,
podendo promover a cavitação ou ranhuras. Ou seja, a sonda pode auxiliar na verificação da profundidade
de uma cavidade ou em algum contorno de uma cavidade
• Transiluminação
- Diagnóstico por meio da passagem de luz no esmalte dentário (fotopolimerizador)

2. Exame radiográfico
• Exame radiográfico de eleição: interproximal
• Radiografia interproximal apresenta: presença de lesão cariosa em faces proximais, adaptação proximal de
restaurações e uma ideia da profundidade das restaurações em relação a polpa

→ Diagnóstico da cárie dental: sinais e sintomas da cárie


• 1° estágio da lesão → ocorre perda mineral visível por microscopia óptica (não é visível clinicamente nem
radiograficamente)
• 2° estágio da lesão → perda mineral passa a ser clinicamente visível; estágio reversível da doença; mancha
branca/lesão incipiente (tratamento de forma não invasiva)
• 3° estágio da lesão → perda mineral significativa + migração das bactérias para o interior dos túbulos
dentinários = cavidade; cavidade pode estar restrita ao esmalte, ou envolver dentina

→ Classificação da cárie dentária:


Quanto à localização:
• Cáries de fóssulas e fissuras
• Cáries de superfícies lisas ou livres

Quanto a recorrência:
• Cárie primária: acometem superfícies dentárias não restauradas
• Cárie recorrente ou secundária: localizada na interface dente/restauração (fratura, presença de placa, etc.)
• Cárie residual: tecido desmineralizado que não foi completamente removido antes da confecção de uma
restauração

Quanto a atividade: (cárie incipiente/cavidade)


1. Cárie ativa:
• Características clínicas: dentina muito amolecida, facilmente removida com instrumentos manuais; aspecto
brilhante e úmido
• Características clínicas de uma mancha branca ativa: superfície rugosa e porosa; opaca

2. Cárie inativa ou crônica:


• Características clínicas: dentina escurecida, brilhosa e de difícil remoção com instrumentos manuais (resultado
de uma reação boa do organismo em combate a doença cárie)

@OdontoUnivesitáriahh
• Características clínicas de uma mancha branca inativa: superficie lisa; brilhante
OBSERVAÇÃO: uma lesão ativa torna-se inativa quando o desequilíbrio é paralisado, como por exemplo: a
mudança nos hábitos higiênicos acaba com o desequilíbrio des-re, fornece tempo para o organismo se recuperar
e combater a doença cárie

3. Atividade de cárie:
• Trata-se a lesão de forma invasiva ou não invasiva de acordo com o envolvimento da dentina
• Se a lesão restringe-se ao esmalte, o tratamento é não invasivo
• Se a lesão envolve dentina, ocorre um estágio do processo carioso em que a intervenção operatória torna-se
necessária para que o progresso da lesão seja interrompido. Ou seja, só são restauradas cavidade em dentina.

4. Cárie em dentina
• Toda cárie em dentina, seja ela ativa ou inativa, deve ser tratada com procedimentos invasivos
• Quando a lesão de cárie atinge dentina ela pode seguir dois caminhos:
- Após as bactérias da cárie atingirem a dentina ocorre deposição mineral nos túbulos dentinários causando
esclerose dos túbulos. Essa reação é positiva, pois é uma resposta do organismo que impede que a doença
cárie se desenvolva
- As bactérias da cárie invadem o limite amelodentinário, desmineralizam a dentina através da ação de ácidos
e enzimas proteolíticas e, assim, invadem os túbulos dentinários para degradar as fibras colágenas
• A pequena quantidade de bactérias que possam estar presentes na zona afetada não conseguem sobreviver
após a remoção da zona infectada e adequado selamento cavitário

→ Tratamento da cárie dentária


Tratamento não invasivo:
• Instrução de higiene oral (IHO)
• Orientação quanto a dieta (consumo de doces e carboidratos; explicar o processo de des-re)
• Fluorterapia
Aplicação tópica de flúor - ATF
- Profilaxia
- ATF gel acidulado na lesão ou verniz fluoretado
- Aplicações semanais por 3 semanas
Bochechos fluoretados:
- Fluoreto de sódio a 0,05% (uso diário)
- Fluoreto de sódio a 0,2% (uso semanal)
• Selantes
Sequência operatória de selamento oclusal
- Isolamento do campo operatório
- Profilaxia
- Condicionamento ácido do esmalte (30 seg.) + lavagem abundante
- Aplicação do selante conforme instruções do fabricante
- ATF
- Ajuste oclusal
Selamento invasivo:
- Uso de ponta diamantada específica (1191F)

Tratamento invasivo:
• Adequação do meio bucal
Técnicas de remoção do tecido cariado:

@OdontoUnivesitáriahh
- As lesões de cárie em dentina apresentam duas camadas com diferentes características. A cárie dentinária
superficial é altamente amolecia pela desmineralização e invasão bacteriana deve ser totalmente removida.
Já a camada mais profunda da lesão pode ser mantida já que apresenta-se sem microorganismos e
potencialmente remineralizável
- Sequência clínica da remoção convencional do tecido cariado: acesso à lesão ou remoção de material
restaurador insatisfatório com brocas de alta rotação (definição do formato do preparo no esmalte); remoção
da dentina com brocas de baixa rotação e curetas de dentina

OBSERVAÇÃO: aquecimento e atrito necrosam a polpa, por isso é importante fazer movimentos intermitentes
e fazer uso de bastante irrigação durante o procedimento
- Sequência clínica da remoção alternativa do tecido cariado (odontologia minimamente invasiva): Começa
retirando dentina cariada das paredes circundantes, deixando-as completamente limpas. Na parede pulpar,
é necessário retirar apenas a dentina amolecida com curetas e realizar o tratamento expectante
- Formas de remoção alternativa do tecido cariado:
Técnicas Benefícios Prejuízo Função
↓ ruído; ↓ dor; ↑
precisão de corte;
Ineficiente para remoção
capazes de realizar
Ultrassom de tecido cariado
preparos altamente
amolecido
conservadores

↓ efeitos colaterais às
estruturas dentais e
adjacentes; ↓ vibração;
Laser de érbio Alto custo
precisão na remoção do
tecido cariado; ação
bactericida; ↓ dor
O esmalte e a dentina
são removidos por
↓ calor e pressão; ↓ ↓ efetividade na
desgaste, promovido por
Abrasão a ar vibração e ruído; ↓ dor; remoção de tecido
um jato de partículas de
↑ velocidade de corte amolecido
óxido de alumínio em
alta velocidade
Utilização de géis que
possuem uma enzima
proteolitica para
Ajuda a remover a
Remoção químico- Retira a dentina possível degradar as fibras
dentina infectada com
mecânica de remineralização colágenas e amolecer a
curetas
dentina infectada para
facilitar a remoção por
curetas

OBSERVAÇÃO: existem dois tipos de gel. Um gel à base de hipoclorito de sódio, enzimas proteolíticas e
aminoácidos (leucina, lisina, etc.) e outro gel à base de papaína (bacteriostática, bactericida e anti-inflamatório),
cloramina (degradação do colágeno da dentina cariada, bactericida e desinfetante) e azul de toluidina (corante)

Protocolo de remineralização de mancha branca ativa:


- Profilaxia
- ATF gel na lesão ou verniz fluoretado (período de retenção maior - 24h)

@OdontoUnivesitáriahh
- Tratamento para promover remineralização da lesão (protocolo clínico de aplicação tópica de flúor)
- Aplicações semanais por 3 semanas
- Com o passar do tratamento as características da mancha branca mudam de: rugosa, opaca → lisura, brilho

→ Filosofia atual
• máxima prevenção
• máxima preservação
• mínima intervenção
REFERÊNCIAS
− BARATIERI, Luiz Narciso et al. Estética: restaurações adesivas diretas em dentes anteriores fraturados. 2.
ed. São Paulo: Santos, 1998. 397 p. BARATIERI, Luiz Narciso et al. Odontologia restauradora: fundamentos
& técnicas. Rio de Janeiro: Santos, 2012. 2 v.
− BARATIERI, Luiz Narciso, et al. Odontologia restauradora: fundamentos e possibilidades. 2. ed. São Paulo:
Santos, 2017. 834 p. ISBN 9788541203173.

@OdontoUnivesitáriahh

Você também pode gostar