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FRATURA

DENTÁRIA

Profª Camila Smith


Classificação
Classificação de Ellis

Classe I: Fratura do esmalte


Classe II: Fratura esmalte + dentina
Classe III: Fratura envolvendo a polpa
Classe IV: Fratura envolvendo a raiz

Miloro (2008)
Classificação de
Andreasen e Andreasen

Fratura incompleta de esmalte


Fratura coronária não complicada
Fratura coronária complicada
Fratura corono-radicular
Fratura radicular

Miloro (2008)
◦ Fraturas em esmalte: falhas visíveis em esmalte sem perda
significativa de tecido dental
◦ Coronárias: em esmalte e/ou dentina com/sem exposição da
polpa
◦ Coroa-raiz: fratura coronária que se estende para a raiz.
Exposição frequente da polpa, mas não obrigatória
◦ Fraturas radiculares: horizontal ou diagonal da raiz. Mobilidade
do fragmento coronário e possível luxação.

Glendor et al (2007); Krastl et al (2011); Veire et al (2012)


A direção e posicionamento
das linhas de fratura se dividem
em 4 categorias:

◦ Coronárias: horizontal e oblíquas


◦ Cervical
◦ Coroa-raiz: oblíquas
◦ Fraturas radiculares: Oblíquas e
horizontais

Glendor et al (2007); Krastl et al (2011); Veire et al (2012)


FRATURAS CORONÁRIAS
Trinca de esmalte

Fratura de Fratura de
Trinca de Fratura de esmalte e esmalte e
esmalte esmalte dentina sem dentina com
envolvimento envolvimento
Busato et al., 2006
pulpar pulpar
Fratura incompleta do esmalte

◦Trinca do esmalte
◦Rompimento dos
prismas do esmalte sem
perda de substância
dental.

Macena et al (2009)
Fratura incompleta do esmalte

◦ Mostra-se como uma rede de


microfissuras no esmalte bem visível com
a incidência do feixe de luz do refletor.
◦ Podem não ser vistas radiograficamente

◦ Tratamento: não é necessário

Macena et al (2009)
Fratura coronária não complicada

Envolve esmalte ou esmalte e


dentina; não expõe polpa

Teste de sensibilidade pode ser inicialmente


negativo, indicando trauma pulpar transitório

Macena et al (2009)
Fratura coronária não complicada

◦ Achados radiográficos:
◦ Avaliar deslocamento ou fratura radicular
◦ Avaliar a possibilidade de fragmentos nos
tecidos moles.

◦ Restaurar o fragmento dentário se o


mesmo for recuperado.

Macena et al (2009)
Esmalte

◦ Região incisal
◦ Superfície áspera e afiada
◦ Ausência de sintomas
clínicos
◦ Sem luxação conjunta
◦ Fácil reposicionamento de
fragmento

Krastl et al (2011); Veire et al (2012); Glendor et al (2007)


TRATAMENTO

(A) Desgaste e polimento


do dente traumatizado

(B) Restauração resina


composta
Esmalte & Dentina

◦ Região incisal
◦ Superfície áspera e afiada
◦ Sem luxação conjunta
◦ Fácil reposicionamento de
fragmento

Krastl et al (2011); Veire et al (2012); Glendor et al (2007)


Princípios biológicos

Exposição dos túbulos dentinários

Crescimento de bactérias
Difusão de toxinas
bacterianas

Inflamação pulpar

O tratamento:
(1)Proteger a polpa
(2)Restaurar função e estética
Tratamento

Sem envolvimento do tecido periodontal:


reabilitação imediata
Com envolvimento do tecido periodontal:
tratamento de urgência

Tratamento de urgência: cobrir a dentina


exposta com CIV ou restauração
permanente com sistema adesivo
✓(A) Colagem do ✓(B) Restauração com
fragmento resina composta
PROTOCOLO
CLÍNICO:
RESTAURAÇÃO COM
RESINA COMPOSTA
◦Seleção de cor
◦Isolamento asoluto
◦Preparo de bisel (2mm)
◦Capeamento dentinário
(Ca(OH)2; CIV; Biobase)
◦Ataque ácido
◦Sistema adesivo
◦Polimerização da resina composta
◦Acabamento e polimento
PROTOCOLO
CLÍNICO: COLAGEM
DE FRAGMENTOS
vantagens

◦Melhor resultado estético em relação à resina composta


◦Resultado estético mais duradouro
◦Melhor restabelecimento e manutenção da função do dente
◦Procedimento simples e rápido

◦Fatores emocionais e sociais

Mandarino, 2003; Baratieri et al., 2017


desvantagens
◦ Resultado estético insatisfatório quando o fragmento ou o
remanescente dental apresentam alteração de cor
◦ Possibilidade do fragmento desprender do remanescente dental
◦ Possibilidade do fragmento não readquirir a cor do remanescente
dental (Falha estética)
◦ Possibilidade de colagem do fragmento na posição inadequada
◦ Aparência da linha de união entre o remanescente dental e o
fragmento
Mandarino, 2003; Baratieri et al., 2017
Protocolo
clínico

◦ Anamnese
◦ Exame de tecidos moles
◦ Exame do elemento dentário
Protocolo
clínico

◦ Profilaxia
◦ Seleção de cor
◦ Antissepsia
◦ Anestesia
◦ Prova do fragmento
◦ Isolamento do campo operatório
◦ Tratamento da dentina com vitalidade
• Prova do fragmento

01/03/2023
• Isolamento absoluto
Armazenamento do fragmento coronário

Solução salina 0,9%


• Tratamento da dentina com vitalidade

Cobertura provisória
da dentina com
hidróxido de cálcio
ou CIV
• Imobilização do fragmento
• Procedimento adesivo: no remanescente

Ataque ácido fosfórico 35% por 30 segundos


Lavagem por 20 segundo
Secagem por 10 segundos
Sistema adesivo
• Procedimento adesivo: no fragmento

Ataque ácido fosfórico 35% por 30 segundos


Lavagem por 20 segundo
Secagem por 10 segundos (cuidado para são desidratar o fragmento)
Condicionamento da dentina com EDTA (20s) + Lavagem (20s) + Secagem (10s)
Sistema adesivo
• União do fragmento
• União do fragmento

Inserção de resina fluida ou semi-fluida com, no mínimo, 70% de carga


Posicionamento do fragmento
• União do fragmento

Remoção de excessos
Polimerização (60 segundos por vestibular + 60 segundos por palatina)
• Acabamento e polimento
E quando a linha de fratura
fica aparente?
Confecção de bisel!
1 – 2mm de largura
Seleção da cor
CASOS CLÍNICOS DE
COLAGEM DE FRAGMENTOS
01/03/2023
01/03/2023
01/03/2023
01/03/2023
01/03/2023
01/03/2023
01/03/2023
01/03/2023
Prioridades no tratamento tardio
Prognóstico

Controle em:
2 meses e 1 ano
Sensibilidade normal:
não há necessidade de
controle adicional
Mínimo risco de
complicações pulpares
Risco de necrose se
associado à luxação
Prognóstico

Complicações no tecido
periodontal são
extremamente raras e
consistem apenas em
reabsorção relacionada
ao reparo
Fratura coronária complicada

Envolve esmalte e dentina;


Com exposição da polpa

Macena et al (2009)
Fratura coronária complicada

Teste de sensibilidade não é indicado


Monitorar a sensibilidade nas visitas de acompanhamento

Dependendo a ausência ou
presença de luxação, a polpa pode
se apresentar vermelho brilhante,
cianótica ou isquêmica

Andreasen e Andreasen (1990); Macena et al (2009)


Fratura coronária complicada

Achados radiográficos:

Avaliar deslocamento ou
fratura radicular
Avaliar a possibilidade de
fragmentos dentários nos
tecidos moles.

Andreasen e Andreasen (1990); Macena et al (2009)


Princípios biológicos

A polpa possui ótima


capacidade regenerativa

Capacidade de formar
nova dentina se a proteção
pulpar for apropriada

Avaliar viabilidade da polpa


Tratamento

Proteção pulpar direta


Pulpotomia total ou parcial
Tratamento

Permanente em Capeamento ou pulpotomia parcial


desenvolvimento Ca(OH)2 e/ou MTA

Permanente com Capeamento ou pulpotomia parcial


a raiz formada Pulpectomia (se houver necrose)

Decíduo em Capeamento ou pulpotomia parcial


desenvolvimento Extração (se houver reabsorção)
Macena et al (2009)
Protocolo clínico: Capeamento pulpar
Isolamento absoluto
Limpeza da superfície da fratura com
clorexidina ou hipoclorito de sódio

Aplicação de pasta de Ca(OH)2 na polpa


exposta
Restauração com resina composta ou
colagem do fragmento

Acompanhamento radiográfico
Pode haver a necessidade de criação
de espaço no fragmento
Protocolo clínico: Capeamento pulpar
Fratura coronária
complicada tratada com
capeamento e restauração
com resina composta

Pasta de hidróxido Cimento de hidróxido de


de cálcio na polpa cálcio na dentina
Protocolo clínico: Pulpotomia parcial
Anestesia
Isolamento absoluto
Limpeza a superfície da fratura com clorexidina
Remoção de 2-3 mm do tecido pulpar
Hemostasia
Pasta de Ca(OH)2 ou MTA (compressão suave)
CIV modificado por resina
Restauração com resina composta ou colagem
de fragmento

Acompanhamento radiográfico
Protocolo clínico: Pulpotomia
Fratura coronária
complicada tratada com
pulpotomia e união dos
fragmentos

Hidróxido de cálcio e CIV


Protocolo clínico: Pulpotomia
Fratura coronária
complicada tratada com
Testando o encaixe pulpotomia e união dos
do fragmento fragmentos
Protocolo clínico: Pulpotomia
Fratura coronária
complicada tratada com
pulpotomia e
restauração com resina
composta

Separação dos
fragmentos
Protocolo clínico: Pulpotomia
Fratura coronária
complicada tratada com
Isolamento absoluto pulpotomia e
restauração com resina
composta

Pulpotomia em uma
profundidade até 2mm
Protocolo clínico: Pulpotomia
Fratura coronária
complicada tratada com
Preparo da cavidade em pulpotomia e
forma de “caixa”
restauração com resina
composta

Hemostasia
Pasta de Ca(OH)2
Protocolo clínico: Pulpotomia
Fratura coronária
complicada tratada com
Compressão do material e pulpotomia e
aplicação de cimento
restauração com resina
composta

Restauração
Prognóstico

Controle em:
3 meses, 1 ano e 5 anos

Altas chances de
recuperação se não houver
luxação
Prognóstico
PROGNÓSTICO GERAL: sobrevivência pulpar em
dentes com ápice aberto
PROGNÓSTICO GERAL: sobrevivência pulpar em
dentes com ápice fechado
FRATURA COROA-RAIZ
Fratura coronorradicular

Envolve esmalte, dentina e


cemento;
Com ou sem exposição da polpa

Macena et al (2009)
Fratura coronorradicular

Dentes superiores anteriores

Fragmento coronal móvel usualmente


fixo apenas à gengiva, podendo
haver perda de estrutura

Teste de sensibilidade
geralmente é positivo

Krastl et al (2011); Veire et al (2012); Glendor et al (2007)


Fratura coronorradicular

Linha de fratura típica: porção


mediana da face vestibular
Estende até o nível gengival no palato

O fragmento coronal é mais ou menos deslocado


para a direção incisal.
Em molares e pré-molares, a fratura está
usualmente confinada nas cúspide palatinas

Macena et al (2009)
Fratura coronorradicular

Achados radiográficos:

Mais de uma incidência é


necessária para detectar as
linhas de fratura, principalmente
de modo lateral.

Geralmente a fratura incisal é mais


facilmente identificada
Macena et al (2009)
Princípios biológicos

Eventos histológicos semelhantes


às fraturas coronárias complicadas
e não complicadas, dependendo
da localização da fratura

Mudanças inflamatórias no tecido


periodontal
Tratamento

Selamento dos túbulos dentinários


Proteção da polpa
Restauração

O principal objetivo é criar uma situação


onde o dente pode ser restaurado depois
de remoção do fragmento coronal
Tratamento

Com envolvimento pulpar: semelhante


Permanente
às fraturas complicadas
Sem envolvimento pulpar: restauração

Se não houver possibilidade de


Decíduo
restaurar: Exodontia

Gengivectomia, osteotomia ou extrusão prévia


Macena et al (2009)
(A) Remoção do fragmento e
reposicionamento gengival

Remoção do fragmento coronal

Reposicionamento da gengiva para a


dentina exposta (epitélio juncional longo)

Restauração após algumas semanas


01/03/2023
(B) Remoção do fragmento e
exposição cirúrgica da fratura

Se a fratura está abaixo da crista alveolar


Gengivectomia e/ou osteotomia depois da
remoção do fragmento

Acompanhar recuperação gengival

Restauração
(C) Remoção do fragmento e
extrusão ortodôntica

Remoção do fragmento
Terapia endodôntica
Se houver dificuldade de posicionar o grampo?
Extrusão ortodôntica (4 a 6 semanas)
Extruir além da linha oclusal (0,5mm)
Gengivectomia (1mm além no sentido apical)
Restauração
1 ano após extrusão
(D) Remoção do fragmento e
extrusão cirúrgica

Remoção do fragmento
Reposicionamento cirúrgico
Estabilização não rígida
Extirpação da polpa e selamento provisório
Após 4 semanas: tratamento endodôntico
Após + 4 semanas: restauração
FRATURA RADICULAR
Fratura radicular

Dentina, cemento e polpa

Krastl et al (2011); Veire et al (2012); Glendor et al (2007)


Fratura radicular

Dente clinicamente alongado

Luxação ou mobilidade

Dano à polpa. Possível necrose

Krastl et al (2011); Veire et al (2012); Glendor et al (2007)


Radicular

◦ Em muitos casos, somente RX para diagnóstico preciso


◦ Em muitos casos, somente RX para diagnóstico preciso
◦ Tomografias ou RX angulado
◦ Extensão da fratura, geralmente
◦ Palatina
◦ Luxação ou mobilidade
◦ Dano à polpa. Possível necrose

Krastl et al (2011); Veire et al (2012); Glendor et al (2007)


◦ Linha radiolúcida separa a raiz em dois ou mais
fragmentos
◦ Geralmente: Fragmento apical posicionado e
fragmento coronal deslocado

01/03/2023
◦ Radiografia
periapical
◦ Feixe de aplicação
angulado
◦ Tomografia
◦ Processamento
correto da imagem

01/03/2023
◦ Envolve dentina, cemento e polpa. O fragmento coronal apresenta-se móvel, seguro apenas pela gengiva.
Pode apresentar dor à percussão
◦ Teste de sensibilidade pode ser negativo em princípio, sendo necessário acompanhamento.

◦ Podem revelar 1 ou mais linhas radiolúcidas que separam os fragmentos radiculares. Fraturas no plano
horizontal podem ser observadas por incidências com anglo de 90° do filme com o feixe central passando
pelo dente.
◦ Fratura diagonal, uma radiografia oclusal poderá detectá-la.

01/03/2023
Princípios biológicos

Injúria do ligamento Periodontal,


polpa, dentina e cemento

Fragmento coronal luxado

Fragmento apical não traumatizado


Tratamento

Ótimo reposicionamento com


estabilização (4 semanas)

Controle (1 ano)
Tratamento

Reposicionar o fragmento
Permanente
Estabilizar com contenção rígida

Extrair o fragmento coronal se este


Decíduo sofrer deslocamento.
O fragmento apical sofrerá reabsorção

Macena et al (2009)
Fratura radicular apical Fratura radicular cervical

Mobilidade variável Muita mobilidade


Reposicionamento Reposicionamento
Contenção (4 semanas) Contenção (4 meses)

Pulpectomia (se houver necrose)


Acompanhar por 1 ano
Tratamento

Uma vez tratado, três eventos de


regeneração tecidual podem ocorrer:

(A) Regeneração do tecido duro após lesão pulpar

(B) Regeneração do tecido conjuntivo

(C) Interposição de tecido de granulação

Macena et al (2009)
(A) regeneração do tecido duro
dentina formada a partir dos odontoblastos;
cemento formado a partir da invasão do tecido
periodontal na fratura

Mobilidade dental habitual


Sensibilidade pulpar normal
Linha de fratura ligeiramente discernível
radiograficamente
(B) regeneração do tecido conjuntivo
células do ligamento periodontal invadem a
fratura entre ambos os fragmentos

Aumento da mobilidade do fragmento coronal


Linha de fratura marcadamente discernível
Obliteração do canal pulpar coronal
(C) interposição do tecido granulação
Infecção na região coronária necrótica da polpa
Tecido de granulação formado entre os dois
fragmentos

Aumento excessivo da mobilidade


Sensibilidade pulpar negativa
Aumento da distância radiográfica entre os
fragmentos
Reabsorção óssea
Prioridades no tratamento tardio: alívio da
interferência oclusal
Prognóstico
Prognóstico

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