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Técnica de preparo e restauração em dentes anteriores classe III

Lesões classe III: lesões que localizam-se nas superfícies proximais de dentes anteriores, sem
envolvimento de ângulo incisal.
Desafios:
1. Difícil acesso
2. Envolvimento estético (devolver forma anatômica ao dente)
Lesões de mancha branca (mais porosas) evoluem para pigmentação (sobretudo devido à dieta
do paciente).
Para correto diagnostico – anamnese, exame clinico (dentes limpos, secos e iluminados) e
exame radiográfico. Métodos auxiliares no diagnostico de lesões classe III: separação dental
(previamente/24 a 48hrs antes ou durante a sessão do exame - mediata ou imediata,
respectivamente) e transluminação.
A técnica de afastamento ou separação dental mediata é realizada com o uso de borrachas
ortodônticas posicionadas entre os elementos dentários que deseja-se afastar, por um período
de 24 a 48 horas previamente ao exame.
Já a técnica de afastamento imediato pode ser realizada com uso de cunhas de madeira
(personalizadas com discos de lixa ou laminas de bisturi) ou ainda com afastadores mecânicos
(de forma lenta e gradativa, para que a movimentação do dente ocorra sem gerar grande estresse
periodontal). Como trata-se de um recurso incômodo ao paciente (eventualmente, doloroso),
usa-se anestesia antes de realiza-lo.
Transluminação: reflexão de uma fonte luminosa por palatina, o que permite visualizar por
vestibular áreas de descalcificação ou sombreamento entre os dentes, que podem corresponder
a uma simples desmineralização superficial ou áreas de cavitação pronunciadas.
PREPARO DE LESOES CLASSE III
Considerar:
• Situação inicial (carie ou restauração?)
• Extensão comprometida
• Estética envolvida
• Via de acesso no preparo (direta, vestibular ou palatina?). O acesso irá depender de cada
caso (prezar por estética e intervenção conservadora).
Quanto menor a cavidade, maior a dificuldade (devido ao difícil acesso).
Presença de dente adjacente.
Instrumentos delicados para facilitar o acesso, compatíveis com o tamanho da lesão.
Lesões crônicas – halo escuro LAD (ponta esférica minúscula contornando o limite amelo-
dentinario).
*Desafios em
Desafio estético – disfarçar interface dente/restauração. restaurações classe
III*
VIAS DE ACESSO DE LESÕES CLASSE III
Acesso direto: estritamente proximal. Preferencial. Máxima conservação da estrutura dental.
Mantem o esmalte vestibular. Elimina a necessidade de bisel (usado para disfarçar a interface
dente/restauração).
Acesso lingual/palatino: lesão cariosa envolvendo somente a palatina/lingual. Acesso palatino
apresenta menor desgaste. Estética menos critica (pois preserva-se o esmalte vestibular).
Acesso vestibular: lesão cariosa envolvendo a superfície vestibular. Substituição de restauração
executada com acesso vestibular. Dente mal posicionado (o acesso vestibular implica na
preservação da estrutura dental).
PROTOCOLO CLINICO (ACESSO DIRETO)
1. Diagnostico
Necessidade de afastamento dentário e/ou transluminação para auxiliar no diagnóstico.
Usar adequadamente as radiografias.
2. Planejamento (pós diagnóstico correto)
Considerar extensão da lesão. Necessidade de afastamento dentário (o elástico deve
abraçar o ponto de contato do dente) e/ou transluminação.
3. Profilaxia
4. Seleção de cor – dentes limpos e hidratados. Uso de escala de cores.
5. Seleção da resina - qual sistema usar? Dentinas microhibridas, nanohibridas ou
nanoparticuladas. Reparação estratificada dos tecidos comprometidos (resinas próprias
para dentina, corpo e esmalte), conferindo naturalidade (biomimetismo).
6. Anestesia
7. Isolamento – preferencialmente, IA, sobretudo quando a lesão for próxima do tecido
gengival (devido ao FCG ou sangramento).
8. Preparo
8.1 Acesso e formato – com pontas diamantadas esféricas em alta rotação, adequadas
ao tamanho da cavidade. Acesso e formato.
Acessar por onde desgasta menos e fornece menos comprometimento estético.
Usar brocas ou pontas diamantadas ESFÉRICAS, com tamanho compatível com a
cavidade, em baixa para remover tecido cariado e em alta rotação para o preparo do
dente, fornecendo formato à cavidade e permitindo o acesso à dentina. Obs: não se usa
ponta diamantada em dentina.

8.2 Colheres de dentina + brocas esféricas em baixa rotação – remoção do tecido


cariado e pigmentações internas.
8.3 Pontas afiladas se for feito bisel.
Quando as lesões ficarem com bordas irregulares ou pigmentadas. Trata-se de um
refinamento das bordas da cavidade.
Bolinha de algodão levemente úmida dentro da cavidade (simulando a resina), para
verificar se há halo escuro no entorno da cavidade. Se houver, fazer bisel (melhora a
estética, apenas, mascarando o efeito de meia lua no entorno da restauração).

Presença de carie bisel interno. O acesso da maior cavidade eu uso para preparar a menor
cavidade. Para restaurar, eu começo pela menor cavidade (pois há maior referência
anatômica).
Presença de carie, bisel interno.
Por que não fazer? Técnica do condicionamento acido. Desgaste de porcao dental sadia.
Manter o afastamento dentário (com cunhas de madeira personalizadas), para que seja
possível preparar a cavidade (removendo tecido cariado) e, posteriormente, realizar a
técnica restauradora adesiva. A cunha não deve interferir no preparo ou na técnica
restauradora (não deve entrar na cavidade).
9. Condicionamento acido
Proteger elemento vizinho.
Condicionamento seletivo. Lavagem e secagem.
10. Sistema adesivo
Microbrush.
11. Restauração em resina
Técnica incremental estratificada. Preencher adequadamente a cavidade, afim de
alcançar o biomimetismo.
Analisar a junção amelo-dentinária.
Uso de instrumentos adequados (finos e flexíveis).
12. Fotopolimerização
Em incrementos de aproximadamente 2mm.
No mínimo, 20 segundos.
Pela dificuldade de aproximar a ponta do fotopolimerizador com a RC interporximal,
utilizar o dobro de tempo de exposição (30s).
13. Remover matriz, cunha e isolamento.
14. Teste de oclusão – movimentos de máxima intercuspidacao habitual (abrir e fechar a
boca) e lateralidade.
15. Acabamento e polimento (em outra sessão).

PROTOCOLO CLÍNICO (ACESSO PALATINO)


Cavidade em formato de meia lua. Acesso com instrumento rotatório (PD esférica)
perpendicular a superfície dentaria.
Afastamento dentário.
Abrir a cavidade maior e somente depois a cavidade menor (atitude mais conservadora).
Para restauração, utilizar tira de poliéster e cunha de madeira entre os dentes.
Técnica da matriz ativa – deslizar levemente a matriz de poliéster para vestibular (a resina
inserida por palatina/lingual vai ajustar-se às paredes vestibulares da cavidade).

A restauração deve ser iniciada pela cavidade MENOR, para manter o referencial do tamanho
natural e das características do elemento dentário.
Acabamento – remove interferências grosseiras.
Polimento – fornece textura próxima ao natural (conforto aos tecidos moles do paciente).
Uso de tiras de lixa (em S) para acabar as proximais, preservando o contato interproximal. Não
deixando excessos e permitindo o uso do fio dental sem que o mesmo desfie.

Objetivo: devolver forma, função e estetica, com máxima conservação da estrutura dental e
biomimetismo.

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