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PRÉ-CLÍNICA MULTIDISCIPLINAR II

PRINCÍPIOS GERAIS DO PREPARO CAVITÁRIO – AULA 2

É o tratamento biomecânico da cárie e de outras lesões do tecido duro do dente, de


forma que as estruturas remanescentes possam receber uma restauração que as proteja,
seja resistente e previna a reincidência de cárie, devolvendo a forma, função estética
(MONDELLI et al.,1997).
Finalidades do preparo cavitário: Forma, função e estética.
Black foi o primeiro a idealizar uma sequência lógica de procedimentos para a
realização de preparos cavitários.

Procedimentos no preparo de uma cavidade:


1- Forma de contorno;
2- Forma de resistência;
3- Forma de retenção;
4- Forma de conveniência;
5- Remoção da dentina cariada remanescente;
6- Acabamento das paredes e margens de esmalte;
7- Limpeza da cavidade.
* A finalidade dessa ordem é de servir de guia geral, possibilitando a racionalização
do preparo por etapas inter-relacionadas, conduzindo ao fim desejado. Porém, esse
conjunto de regras não é inflexível.
Forma de contorno: define a área da superfície do dente a ser incluída no preparo
cavitário.
- Engloba todo o tecido cariado e áreas suscetíveis à cárie;
Princípios básicos:

Todo o esmalte sem suporte dentinário deve ser removido;


* Ou, quando possível, apoiado sobre um material adesivo (resina ou cimento).

O ângulo cavossuperficial deve localizar-se em área de relativa resistência a cárie e que


possibilite um correto acabamento das bordas da restauração;
Devem ser observadas as diferenças de procedimentos para cavidade de cicatrículas e
fissuras e cavidade de superfície lisa.
Cavidades de cicatrículas e fissuras:
- Extensão da cárie.
- Extensão de conveniência: respeitar as estruturas de reforço. Quando duas cavidades
distintas se encontram separadas por uma estrutura sadia menor que 1mm, elas
devem ser unidas em uma única cavidade, a fim de eliminar essa estrutura dentária
enfraquecida. Caso contrário, essa estrutura deverá ser mantida, preparando-se duas
cavidades distintas. (2.1 A e 2.2 A e D).
- Idade do paciente: em pacientes idosos (abrasão e poucos sulcos), o contorno deve
limitar-se à remoção do tecido cariado.

Cavidades de superfície lisa:


* Propaga-se com mais extensão que profundidade.
- Extensão da cárie.
- Extensão para gengival: as margens cavitarias próximas poderão situar-se aquém,
no nível ou além da gengiva marginal livre. A parede gengival nos três casos
apresenta a mesma extensão.
- Extensão para vestibular e lingual: a extensão deve ser de 0,2 a 0,5 mm. Assegura o
acabamento da cavidade, restauração mais fácil de ser executada e favorece a
higienização da interface dente-restauração.
Forma de resistência: característica dada à cavidade para que as estruturas
remanescentes e a restauração sejam capazes de resistir às forças mastigatórias.
- Paredes circundantes convergentes para a oclusal;
- Parede pulpar e gengival planas, paralelas entre si e perpendiculares ao eixo
longitudinal do dente;
- As paredes vestibular e lingual da caixa proximal devem ser convergentes para a
oclusal (auto-retentiva e preserva tecido da crista marginal);
- Vista por oclusal, as paredes vestibular e lingual da caixa proximal devem formar
um ângulo de 90° com a superfície externa do dente (resistência à restauração);
- Cursa reversa de Hollemback; * Lingual desnecessária.
- Ângulo áxio-pulpar deve ser arredondado, para diminuir a concentração de esforços.
Forma de retenção: forma dada à cavidade para torná-la capaz de reter a restauração,
evitando seu deslocamento por:
- Ação das forças mastigatórias;
- Tração por alimentos pegajosos;
- Diferença do coeficiente de expansão térmica entre o material restaurador e a
estrutura dentária. * Especialmente nos casos das resinas restauradoras.
Tipos:
1) retenção por atrito do material restaurador;
2) retenção mecânica adicionais (cauda de andorinha, sulcos, canaletas, orifícios para
pinos, condicionamento ácido do esmalte e dentina.
*A conduta para obter as formas adequadas de retenção é diferente, depende do tipo
cavitário empregado.
Cavidade simples: “Quando a profundidade de uma cavidade for igual ou maior que
sua largura vestíbulo-lingual, ela será por si só, será retentiva”.
* Se a abertura vestíbulo-lingual for maior que a profundidade, deverão ser
providenciadas retenções mecânicas adicionais (2.16 B).
* Em dentina, na base das cúspides, ou como Markley, preparando as paredes
vestibular e lingual convergentes para oclusal e tornando a cavidade auto-retentiva
(2.16 C).
* No caso de cavidade estritamente de superfície lisa, essas retenções adicionais
deverão ser realizadas em dentina, nas paredes oclusal ou incisal e gengival (2.22B).
- Retenção mecânica adicional.
Cavidades compostas e complexas: além das retenções individuais de cada caixa,
existe interdependência entre elas. Procedimentos para conseguir a estabilidade da
restauração:
- Cauda de andorinha: auxilia a retenção de restaurações de cavidade próximo-oclusais.
- Sulcos proximais: recurso a custas das paredes vestibular e lingual da caixa
proximal. Tenta evitar o deslocamento lateral da restauração quando dá incidência de
uma carga oclusal (2.19). Brocas tronco-cônicas.
Pinos metálicos: uso de pinos ancorados em dentina. Recurso para aumentar a
retenção das restaurações feitas em cavidades muito extensas. Amálgama (2.20) como
incrustação fundida (2.21).
Forma de conveniência: Etapa que visa possibilitar a instrumentação adequada da
cavidade e a inserção do material restaurador.
- Afastamento temporário dos dentes;
- Isolamento absoluto do campo operatório;
- Proteção do dente vizinho.
Remoção da dentina cariada remanescente: procedimento para remover toda a
dentina cariada que permaneça após as fases prévias do preparo.
Depressão no assoalho cavitário: deve ser preenchida com uma base protetora, até
atingir o nível de parede de fundo.
A progressão da cárie em dentina é caracterizada por:
- Área da dentina afetada: desmineralizada, mas não afetada.
- Área da dentina infectada: invadida. Remover.
Acabamento das paredes e margens de esmalte: Consiste na remoção dos primas de
esmalte fragilizados, pelo alisamento das paredes internas de esmalte da cavidade, ou no
acabamento adequado do ângulo cavossuperficial.
Limpeza da cavidade: remoção de partículas remanescentes das paredes cavitárias,
possibilitando a colocação do material restaurador em uma cavidade completamente
limpa.
- Sangue, - Saliva, - Bactérias, - Smear Layer (dentritos).
- Agentes não desmineralizantes: clorexidina, água oxigenada 2%, produtos à base de
hidróxido de cálcio.
- Agentes demineralizantes: Ácido fosfórico 37%, EDTA 10%, Ácido poloacrílico 25%.

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