Informações: Introdução:

Aula 02 – Princípios gerais dos
preparos cavitários.
Data: 23/02/22
Referências - Fundamentos de
Dentística Operatória. Cap- 02
A dentística é o ramo da odontologia que estuda e aplica de forma
integrada o conjunto de procedimentos semiológicos, operatórios,
preventivos, terapêuticos e educacionais para manter e devolver ao
dente sua integridade funcional, estética e estrutural.
Nesse sentido, o preparo cavitário é o tratamento biomecânico da
cárie e outras lesões dos tecidos duros do dente de maneira que as
estruturas que permaneceram possam receber uma restauração
que as proteja da reincidência de cárie.

Servir de molde – Guia geral.

Tratamento biomecânico das lesões da cárie e outros
tecidos duros, em outras palavras ela busca adequar
as estruturas remanescentes para posterior
recebimento do material restaurador.
Objetivos do preparo cavitário:
1. Retenção da restauração.
2. Integridade marginal.
3. Resistência estrutural.
Historicamente, Black foi o primeiro a idealizar uma
sequência lógica de procedimentos para o preparo de
cavidades. De acordo com o autor, a cárie era uma
doença de evolução rápida e o amálgama era o único
material restaurador possível.
Ainda segundo Black, era necessário um extenso
preparo para prevenir.
Porém, com os avanços nos estudos e a evolução
técnico-científica, os princípios de Black tiveram que
ser adaptados às condições atuais. Todavia, alguns
princípios foram mantidos.
Antes de 1970 era preconizado preparos extensos
para prevenir, após a década, se previne a extensão.
Assim, estudaremos os sete princípios básicos de
preparo de Black.
Como dito, alguns princípios de Black foram
mantidos, já outros tiveram que sofrer adequações.
Finalidades dos princípios:
Racionalizar os preparos: Etapas inter-relacionadas
que conduzem ao fim desejado.
Atender ao requisito do material restaurador.
Atender a filosofia da extensão para prevenção.
Assim, a ordem geral estabelecida por Black em 1908
para os preparos foi a seguinte:
1. Forma de contorno: Define a área de superfície do
dente a ser incluída no preparo, levando em conta
tecido cariado e material restaurador deficiente.
Para realizar a forma correta do contorno de uma
cavidade, era necessária: Todo esmalte sem suporte
dentinário friável deve ser removido, o ângulo carvo-
superior deve se manter em uma área resistente a
cárie e que possibilite acabamento correto. Além
disso, devem ser observadas as diferenças de
procedimentos para áreas de cicatrículas e fissuras.
a) Área de cicatrículas e fissuras: Se deve avaliar a
propagação da cárie e preservar estruturas de
reforço. Para o correto planejamento se deve levar
em consideração:
Extensão da cárie: O padrão de desenvolvimento da
cárie é dois triângulos de base justa postos pois segue
os túbulos dentinários.
Possível união de cavidades: A forma de contorno
deve englobar todas as cicatrículas, fissuras e sulco
muito profundos em relação à cárie. No entanto,
estruturas como cristas marginais, ponte de esmalte,
arestas e vertentes de cúspides devem ser
preservadas.
Outrossim, cavidades distintas separadas por menos
de 1 mm devem se tornar uma única cavidade.
Idade do paciente: Em idosos as faces triturantes dos
dentes apresentam desgastes na oclusal funcional
acentuado e sulcos têm praticamente sumido, a
forma de contorno deve se limitar à remoção do
tecido cariado.
Então, o que acontece quando uma lesão cariosa é
subgengival, ou seja, fica abaixo do nível da gengiva?
Normalmente quando alguma lesão ultrapassa o
limite do sulco gengival e fica inferior ao nível da
gengiva, podemos invadir o espaço gengival em até
0,5 mm. (Não é ideal, mas pode).
Abaixo do sulco gengival temos um espaço chamado
de tecidos de inserção supra crestais ou espaço
biológicos – formado por todos os tecidos
periodontais que estão acima da crista óssea alveolar,
ou seja, é uma área inviolável.

Demonstração da união de cavidades quando as

lesões tem tamanho entre elas inferior a 1 mm.

b) Áreas lisas: O processo carioso se propaga mais em

extensão do que em profundidade. Alguns fatores já Parâmetros do espaço biológico:
citados em contornos de superfícies de cicatrículas e
fissuras devem também ser levados em considerações
em superfícies lisas.
O padrão de propagação da cárie em superfícies lisas
é dois triângulos, ápice contra ápice.
Ângulo cavossuperficial: Deve ser estendido até que
seja encontrada uma estrutura dental sadia e o
preparo possibilita o bom acabamento da margem.

No entanto, outros fatores influenciam na

determinação da forma de contorno dessas
superfícies, como por exemplo, a extensão gengival.
Extensão gengival: Em um cenário ideal, quanto mais
distante a gengiva da cavidade, melhor seria para se
trabalhar. Todavia, não é com essa realidade que nos
deparamos em todos os casos, e por vezes é necessário
ultrapassar o limite do sulco gengival.
0,5 a 1,0 mm – Sulco gengival.
0,7 a 1,3 mm – Epitélio juncional
0, 7 a 1,5 mm – Tec. Conjuntivo de inserção supre-
alveolar.
1,9 a 3,8 mm – Ep. Juncional + Tec. Conj. De
inserção supra-alveolar= Espaço biológico
Nesse sentido, caso o paciente tenha lesão cariosa
extensa que ultrapassa o sulco gengival e se distancia
apenas 2 mm do osso alveolar, o espaço biológico está
sendo invadido.
Lembrando que caso o espaço seja invadido irá
ocorrer uma inflamação crônica, perda óssea,
recessão gengival e formação de bolsa periodontal.
Então, como distanciar a parede gengival da crista
óssea para realizar a restauração e não invadir o
espaço biológico (Tec. De inserção supra crestais)?
Osteotomia (Retirada de osso) ou osteoplastia
(Desgaste de osso).
2. Remoção da dentina cariada:
Remoção seletiva do tecido cariado. Remoção de
todo o tecido desorganizado e amolecido (Zona da
cárie superficial).
Preservo o tecido cariado na parede de fundo (Zona
de cárie profunda) – Não remove.
Paredes circundantes completamente limpas e livre
de cárie.
3. Forma de resistência:
São características/conformações que são dadas à
cavidade para que as estruturas remanescentes sejam
capazes de resistir as forças mastigatórias.
Não se pode tirar paredes circundantes, se deve
deixar paralelas e convergentes para oclusal.
Ângulo cavo não pode ficar sem suporte, sempre se
deve deixar em 90° para amálgama.
Ângulos internos arredondados.
Curva reversa de Hollenback – desgaste feito no
ângulo carvo quando o material utilizado é
amálgama. – transformar em ângulos retos.
4. Forma de retenção:
Toda projeção dada a cavidade com o intuito de
evitar o deslocamento da restauração por tensões
mastigatórias, força de tração e diferenças de CETL
(coeficiente de expansão térmica linear).
a) Retenção mecânica - conformação das paredes:
Em cavidades simples –
Cavidade auto retentiva - Profundidade maior igual
à largura VL.
Retenções adicionais ou paredes convergentes -
Profundidade menor igual à largura VL.
b) Mecânica adicional:
Em cavidades compostas e complexas – Realiza
adição de retenções como a cauda de andorinha
(entrada na oclusa), realizar canaletas no nível dos
ângulos diedros.
c) Micromecânica (Adesão):
d) Por atrito do material restaurador:
5. Forma de conveniência: Tudo que vem a ajudar
durante a preparação da cavidade (isolamento
absoluto, separação dental).
6. Acabamento das paredes e margens de esmalte:
Promove a remoção das irregularidades e prismas
de esmalte sem suporte, fragilizados pela
instrumentação. Objetiva oferecer uma interface
mecanicamente forte entre o dente e a restauração,
obter melhor selamento e definir a linha de término
do material.
7. Limpeza da cavidade: Remoção de detritos, como
raspas de dentina, bactérias, óleos, fragmentos
abrasivos, a fim de obter uma cavidade limpa e seca.
Os mecanismos de limpezas utilizados podem ser:
a) Não desmineralizastes –
Soluções germicidas: água oxigenada, hipoclorito de
sódio, Milton 1%, solução fluoretada NaF,
clorexidina 2% e hidróxido de cálcio.
b) Desmineralizantes: Soluções ácidas, como: ácido
fosfórico, EDTA, ácido poliacrílico e ácido bórico.