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JULIA BERNARDES E YAHSMIN LOMBARDI

TRAUMA DENTO ALVEOLAR


GUIA EDUCATIVO
TRAUMA DENTO ALVEOLAR
As lesões dentárias traumáticas (LDTs) ocorrem frequentemente em
crianças e
adolescentes e correspondem a 5% de todas as lesões.

As lesões traumáticas dentárias podem variar desde simples fraturas em


esmalte até a perda definitiva do elemento dentário. Há uma predominância em
indivíduos do sexo masculino, especialmente em idade escolar e em fase de
crescimento, como consequência de quedas, brigas ou lutas, acidentes esportivos,
automobilísticos, traumatismos com objetos e maus tratos

MANTER A CALMA!
Transmita tranquilidade e segurança aos pais e à criança!

TEMPO DECORRIDO ENTRE O TRAUMATISMO


E O ATENDIMENTO
O atendimento imediato até 3h pós evento traumático apresenta os
melhores prognósticos
O ideal é que o primeiro atendimento seja realizado de forma
imediata por um cirurgião dentista

ORIENTAÇÕES AOS PAIS/CUIDADORES


A higiene bucal deve ser realizada especialmente em casos de
luxações e de lesões de tecidos moles
Demonstrar aos pais/cuidadores como realizar a higiene bucal
das áreas lesadas, esclarecendo possíveis dúvidas;
Manter uma higiene bucal cuidadosa utilizando um agente
antibacteriano como o gluconato de clorexidina a 0,12% sem
álcool por 1 a 2 semanas. Em crianças pequenas é preferível
aplicar a clorexidina na área afetada com um cotonete.

PRESCRIÇÃO MEDICAMENTOSA

Analgésicos em caso de dor, anti-inflamatórios e antibióticos, se


necessário, em crianças sistemicamente comprometidas;

A vacina antitetânica deve ser checada pelo médico dentro de 48 horas


para eventual
reforço.
ACOMPANHAMENTO: CONTROLE CLÍNICO E
RADIOGRÁFICO
Acompanhamentos devem ser realizados até a erupção do dente
sucessor permanente com avaliação clínica em 7 dias após o trauma,
avaliações clínico radiográficas em 3 e 6 meses e,então, anualmente;
Em algumas situações específicas, a exemplo de luxações laterais e
intrusivas,o acompanhamento deve ser realizado em um intervalo
reduzido para monitorar oreposicionamento espontâneo do dente

Em casos de traumatismos envolvendo tecidos moles, acompanhamento


clínico até remissão da lesão

LESÕES AOS TECIDOS DUROS

TRINCA DE ESMALTE
CONCEITO TRATAMENTO/PROGNÓSTICO
Fratura incompleta do Observação e controle clínico
esmalte, sem perda de e radiográfico
estrutura

PROGNÓSTICO FAVORÁVEL PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL


Ausência de sintomatologia Presença de sintomatologia

FRATURA DE ESMALTE
CONCEITO TRATAMENTO/PROGNÓSTICO
Perda de estrutura Se o fragmento dentário estiver
dentária limitada ao presente, o mesmo pode ser colado ao
esmalte dente
Restauração com resina composta (se
necessário)
PROGNÓSTICO FAVORÁVEL PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL
Ausência de sintomatologia Presença de sintomatologia

FRATURA DE ESMALTE E DENTINA


CONCEITO TRATAMENTO/PROGNÓSTICO
Perda de estrutura Colagem do fragmento quando possível
dentária limitada ao - Restauração com ionômero de vidro
esmalte e à dentina, sem ou resina composta (avaliar a
exposição pulpar necessidade de proteção pulpar)

PROGNÓSTICO FAVORÁVEL PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL


Ausência de sintomatologia Presença de sintomatologia

LESÕES AOS TECIDOS DUROS


FRATURA DE ESMALTE E DENTINA COM
EXPOSIÇÃO PULPAR
CONCEITO TRATAMENTO/PROGNÓSTICO
Perda de estrutura Observar: vitalidade pulpar, extensão
dentária que envolve o da exposição, tempo decorrido até o
esmalte, dentina e expõe atendimento, grau de rizólise (mais de
a polpa 1/3 de raiz remanescente).
Pulpotomia ou tratamento endodôntico
radical e posterior restauração com
ionômero de vidro ou resina composta
Exodontia e mantenedor de espaço (se
necessário)

PROGNÓSTICO FAVORÁVEL PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL


Ausência de sintomatologia Presença de sintomatologia

FRATURA CORONORRADICULAR SEM


EXPOSIÇÃO PULPAR
CONCEITO TRATAMENTO/PROGNÓSTICO
Solução de continuidade - Colagem de fragmento. Restauração
que envolve o esmalte, com resina composta. Exodontia, se a
dentina e cemento, sem fratura envolver mais que 2mm de
exposição pulpar cemento, e mantenedor de espaço (se
necessário
PROGNÓSTICO FAVORÁVEL PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL
Ausência de sintomatologia Presença de sintomatologia

(NOTA: FRATURAS CORONO-RADICULARES NORMALMENTE SE ESTENDEM


ABAIXO DA MARGEM GENGIVAL)

FRATURA CORONORRADICULAR SEM


EXPOSIÇÃO PULPAR
CONCEITO TRATAMENTO/PROGNÓSTICO
Solução de continuidade - Observar: vitalidade pulpar, extensão
que envolve o esmalte, da exposição, tempo decorrido,
dentina, cemento e expõe gravidade das lesões associadas ao
a polpa periodonto (até 2mm aquém da margem
gengival) e idade do paciente -
Pulpotomia ou tratamento endodôntico
radical - Colagem de fragmento -
Restauração com resina composta -
Exodontia, se a fratura envolver mais
que 2mm de cemento, e mantenedor de
espaço (se necessário)
PROGNÓSTICO FAVORÁVEL PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL
Ausência de sintomatologia Presença de sintomatologia

FRATURA RADICULAR
CONCEITO TRATAMENTO/PROGNÓSTICO
Solução de continuidade Transversal Terço apical - Observação e
que envolve dentina, controle clínico e radiográfico Terço
cemento e polpa, além de médio - Condições a serem observadas:
estruturas de suporte do mobilidade, afastamento dos
dente (ligamento fragmentos (até 2mm) e tempo
periodontal e superfície decorrido - Anestesia,
radicular reposicionamento e imobilização
semirrígida (fio ortodôntico 0,5 mm)
PROGNÓSTICO FAVORÁVEL por 15-21 dias e alívio oclusal (se
necessário) - Exodontia e mantenedor
Resposta positiva ao teste de
de espaço (se necessário) Terço cervical
sensibilidade pulpar. Porém, uma
- Exodontia e mantenedor de espaço (se
resposta falso negativa é possível
necessário) Oblíqua e Longitudinal -
por vários meses. O tratamento
Exodontia e mantenedor de espaço (se
endodôntico não deve ser iniciado
necessário)
se baseando somente na resposta
ao teste de sensibilidade pulpar PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL
Presença de sintomatologia

FRATURA ALVEOLAR
CONCEITO TRATAMENTO/PROGNÓSTICO
A fratura envolve o osso • Reposicionamento de qualquer
alveolar e pode se segmento deslocado • Estabilização do
estender para ossos segmento com contenção flexível por 4
adjacentes semanas • Sutura de laceração gengival,
quando presente

PROGNÓSTICO FAVORÁVEL PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL


Resposta positiva ao teste de Não cicatrização da fratura óssea
sensibilidade pulpar (uma Reabsorção inflamatória externa
resposta falso negativa é possível
por vários meses) • Sem sinais de
necrose pulpar ou infecção
LESÕES AOS TECIDOS DE SUSTENTAÇÃO

CONCUSSÃO
CONCEITO TRATAMENTO/PROGNÓSTICO
Traumatismo de pequena - Observação e controle clínico e
intensidade sobre os radiográfico - Orientações aos
tecidos de sustentação, pais/cuidadores quanto à higiene bucal
sem determinar mudança e à alimentação
de posição ou mobilidade
à e s t r u t u r a d e n t á r i a

PROGNÓSTICO FAVORÁVEL PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL


Integridade da lâmina dura Presença de sintomatologia

SUBLUXAÇÃO
CONCEITO TRATAMENTO/PROGNÓSTICO
Traumatismo de - Mobilidade leve: observação e
i n t e n s i d a d e b a i x a à controle clínico e radiográfico -
moderada nos tecidos de Mobilidade moderada e atendimento
sustentação imediato: imobilização semirrígida

que determina mobilidade (fio ortodôntico 0,5 mm) por 15-21


dentária sem haver dias - Orientações aos
mudança de posição pais/cuidadores quanto à higiene
bucal e à alimentação

PROGNÓSTICO FAVORÁVEL PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL


Sem perda óssea marginal Colapso do osso marginal

LUXAÇÃO LATERAL

CONCEITO TRATAMENTO/PROGNÓSTICO
Deslocamento do dente
- Observar: grau de rizólise (mais de 1/3
para palatino, vestibular,
de raiz remanescente), tempo decorrido
mesial ou distal
até o atendimento, magnitude de
deslocamento, ocorrência de fratura de
parede alveolar e interferência oclusal -
Deslocamento leves ou moderados da
coroa em direção palatina: aguardar o
reposicionamento espontâneo ou
anestesia, reposicionamento bidigital e
imobilização semirrígida (fio
ortodôntico 0,5 mm) por 15-21 dias (se
houver interferência oclusal e em
atendimento imediato);
alívio oclusal (se necessário) - Casos
que ultrapassam a tábua óssea
vestibular ou de grande
deslocamento/mobilidade: exodontia e
mantenedor de espaço (se necessário) -
Identificação de lesões periapicais/
ósseas, reabsorções internas e externas
durante as consultas de
acompanhamento: avaliar a
necessidade de tratamento
endodôntico radical ou exodontia

PROGNÓSTICO FAVORÁVEL PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL


Sinais clínicos e radiográficos de Colapso do osso marginal
um periodonto normal ou
cicatrizado

LUXAÇÃO INTRUSIVA

CONCEITO TRATAMENTO/PROGNÓSTICO
Deslocamento do dente
- Observar: ocorrência de fratura
para o interior do seu
de parede alveolar - Aguardar a re-
alvéolo, seguindo
erupção espontânea até 6 meses,
orientação axial
independente da proximidade ao
germe permanente sucessor -
Identificação de lesões
periapicais/ ósseas, reabsorções
internas e externas durante as
consultas de acompanhamento:

avaliar a necessidade de
tratamento endodôntico radical ou
exodontia e mantenedor de espaço
(se necessário)

PROGNÓSTICO FAVORÁVEL PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL


Ausência de sintomatologia Presença de sintomatologia •
Dente em posição ou re- Dente travado no mesmo lugar/
erupcionando som de anquilose à percussão
Lâmina dura intacta

LUXAÇÃO EXTRUSIVA
CONCEITO TRATAMENTO/PROGNÓSTICO
Deslocamento parcial do
- Observar: grau de rizólise (mais
dente para fora de seu
de 1/3 de raiz remanescente),
alvéolo
tempo decorrido até o
atendimento, magnitude de
deslocamento (até 3mm) e
presença de interferência oclusal -
Pequeno deslocamento da coroa
dentária sem interferência oclusal
e atendimento tardio: observação e
controle clínico e radiográfico -
Deslocamentos de até 2mm e em
atendimento imediato: anestesia,
reposicionamento bidigital,
imobilização semirrígida (fio
ortodôntico 0,5 mm) por 15-21 dias
e alívio oclusal (se necessário) -
Exodontia e mantenedor de espaço
(se necessário)

PROGNÓSTICO FAVORÁVEL PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL


• Ausência de sintomatologia • Presença de sintomatologia •
Sinais clínicos e radiográficos de Necrose pulpar e infecção • Lesão
um periodonto normal ou periapical • Colapso do osso
cicatrizado marginal

SE UM DENTE FOR AVULSIONADO, CERTIFIQUE-SE DE QUE É UM DENTE


PERMANENTE (DENTES DECÍDUOS NÃO DEVEM SER REIMPLANTADOS) E
SIGA AS SEGUINTES RECOMENDAÇÕES:

AVULSÃO
1- MANTENHA O PACIENTE CALMO
2- ENCONTRE O DENTE E SEGURE-O PELA COROA (A PARTE BRANCA).
EVITE TOCAR A PORÇÃO RADICULAR. TENTE RECOLOCÁ-LO
IMEDIATAMENTE NA ARCADA DENTÁRIA.
3- SE O DENTE ESTIVER SUJO, LAVE-O CUIDADOSAMENTE COM LEITE,
SORO OU COM A SALIVA DO PACIENTE E REIMPLANTE-O RECOLOCANDO
EM SUA POSIÇÃO ORIGINAL NA ARCADA DENTÁRIA

CONCEITO TRATAMENTO/PROGNÓSTICO
Deslocamento total do Reimplante imediato o mais cedo
dente para fora de seu possível
alvéolo Dentes decíduos não devem ser
reimplantados
Meios para armazenamento
dentário:
PROGNÓSTICO FAVORÁVEL
Leite, solução
Sem sinais de distúrbios no
de Hanks, saliva, soro fisiológico
desenvolvimento e/ou erupção do
Meios de armazenamento que
dente permanente sucessor
devem ser evitados:
água e álcool
Tratamento: reimplante imediato,
contenção
flexível por 2 semanas, tratamento
endodôntico
Prescrição medicamentosa: uso de
antibióticos
(amoxicilina e penicilina) para
minimizar o risco de
infecção e reduzir a ocorrência de
reabsorção
radicular inflamatória
Vacina contra o tétano

PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL
Impacto negativo no
desenvolvimento e/ou erupção do
dente permanente sucessor

LESÕES AOS TECIDOS MOLES

CONTUSÃO
INJÚRIA MECÂNICA
GERALMENTE CAUSADA POR
IMPACTO QUE RESULTA EM
HEMORRAGIA E EDEMA SOB A
PELE OU MUCOSA NÃO
LACERADA

- OBSERVAÇÃO E CONTROLE -
ORIENTAÇÃO AOS PAIS/CUIDADORES
QUANTO À HIGIENIZAÇÃO E AO
MANEJO DA REGIÃO AFETADA COM
SOLUÇÃO DE DIGLUCONATO DE
CLOREXIDINA A 0,12%, DUAS VEZES
AO DIA POR UMA SEMANA

ABRASÃO
ESCORIAÇÃO OU REMOÇÃO CIRCUNSCRITA
DE UMA CAMADA SUPERFICIAL DA PELE
OU MUCOSA (NESTE CASO DENOMINADA
ULCERAÇÃO), PROVOCADA POR GRANDE
ATRIÇÃO TECIDUAL

- REMOÇÃO DE CORPOS ESTRANHOS -


HIGIENIZAÇÃO DA REGIÃO AFETADA COM
SOLUÇÃO DE DIGLUCONATO DE CLOREXIDINA
A 0,12%, DUAS VEZES AO DIA POR UMA
SEMANA - ACOMPANHAMENTO CLÍNICO ATÉ
REMISSÃO DA LESÃO
LACERAÇÃO
CORTE NO TECIDO EM QUE SE VERIFICA
SOLUÇÃO DE CONTINUIDADE
- HIGIENIZAÇÃO DA REGIÃO AFETADA COM
SOLUÇÃO DE DIGLUCONATO DE CLOREXIDINA
A 0,12% - DEBRIDAMENTO, HEMOSTASIA E
SUTURA - ACOMPANHAMENTO CLÍNICO ATÉ
REMISSÃO DA LESÃO - ORIENTAÇÃO AOS
PAIS/CUIDADORES QUANTO À HIGIENIZAÇÃO
DA REGIÃO AFETADA COM SABONETE
ANTISSÉPTICO (EXTRAORAL) MAIS SOLUÇÃO
DE DIGLUCONATO DE CLOREXIDINA A 0,12%
(INTRAORAL), DUAS VEZES AO DIA POR UMA
SEMANA

REFERÊNCIAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG). "GUIA DE TRAUMATISMO NA


DENTIÇÃO DECÍDUA." DISPONÍVEL EM: [HTTPS://WWW.ODONTO.UFMG.BR/SCA/WP-
CONTENT/UPLOADS/SITES/6/2022/08/GUIA-DE-TRAUMATISMO-NA-DENTICAO-
DECIDUA.PDF](HTTPS://WWW.ODONTO.UFMG.BR/SCA/WP-
CONTENT/UPLOADS/SITES/6/2022/08/GUIA-DE-TRAUMATISMO-NA-DENTICAO-
DECIDUA.PDF)

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA (UCB). "DIRETRIZES DA IADT EM PORTUGUÊS -


ODONTOPEDIATRIA." DISPONÍVEL EM:
[HTTPS://VA.CATOLICA.EDU.BR/CONTENT/ENFORCED/70788-
GPS08_GPS08HB34T_GPS08I000505_2024/1/PORTUGUESE_IADT_GUIDELINES_FULL2020_O
DONTOPEDIATRIA_UCB.PDF?OU=70788]
(HTTPS://VA.CATOLICA.EDU.BR/CONTENT/ENFORCED/70788-
GPS08_GPS08HB34T_GPS08I000505_2024/1/PORTUGUESE_IADT_GUIDELINES_FULL2020_O
DONTOPEDIATRIA_UCB.PDF?OU=70788)

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