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URGÊNCIAS

ODONTOLÓGICAS
Conteúdos

Protocolos em urgências odontológicas

• Quadro de dor dentino pulpar (pág. 2)


• Quadro de dor periapical (pág. 3)
• Quadro de dor periodontal (pág. 3)
• Quadro de traumatismo bucal (pág. 4)
• Sangramento Bucal (pág. 4)
• Problemas com o aparelho estomatognático (pág. 5)
• Queixas de acometimento da mucosa bucal (pág. 5)
• Problema Pós-operatório e alveolite (pág. 6)

Procedimento em caso de traumas (pág. 7)

Traumatismo em tecido ósseo na dentição decídua (pág. 11)

Traumas em dentes permanentes (pág. 16)

Manejo de avulsões na dentição permanente (pág. 20)

Tratamento para dentes permanentes avulsionados com rizogênese incompleta (pág. 23)

Condutas clínicas perante urgências protéticas (pág. 27)

Urgências periodontais: doenças necrosantes (pág. 30)

Dores orofaciais (pág. 34)

Disfunções temporomandibulares (pág. 35)

Diagnostico de lesões em tecidos moles (pág. 36)

Referências (pág. 37)


PROTOCOLOS EM URGÊNCIAS ODONTOLÓGICAS

Urgências odontológicas: Caracteriza-se por um atendimento prestado a pacientes acometidos


por quadros agudos ou agudizações de patologias crônicas que são acolhidos nos
estabelecimentos de atenção primária, sem agendamento prévio, em que recebem atendimento e
têm sua necessidade assistencial atendida. Esse atendimento é realizado a qualquer hora do turno
de trabalho, deve ser organizado por meio da Classificação de Necessidades e destina-se a
qualquer pessoa. A maioria das urgências odontológicas envolve casos de infecções agudas com
origem endodôntica ou periodontal. Sabe-se que a dor de origem dental é um significativo preditor
de utilização dos serviços. Existem ainda as urgências decorrentes do comprometimento da função
mastigatória, de traumatismos dentários e afecções agudas da mucosa bucal. Faz-se necessária a
realização efetiva de procedimentos odontológicos, tais como acesso endodôntico, exodontias,
drenagens de abscessos, entre outros, e não apenas medicação e encaminhamento.
Emergências odontológicas: São as situações de dor ou sofrimento que implicam risco de vida,
como infecções orofaciais disseminadas (celulite), que, se não tratadas corretamente e a tempo,
podem evoluir para uma condição de risco de vida por obstrução das vias aéreas superiores ou por
septicemia – e hemorragias bucais espontâneas ou decorrentes de traumas, ou cirurgias.

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PROCEDIMENTO EM CASO DE TRAUMAS
Primeiramente: realizar a limpeza do rosto do paciente, seguida de uma cuidadosa anamnese
para observar a presença de hemorragias e possíveis complicações neurológicas. Preocupar-se
imediatamente com o reconhecimento de lesões mais graves, já que as lesões dentoalveolares
podem ocorrer simultaneamente com outras injúrias de cabeça e pescoço. Se as pupilas
permanecem dilatadas, mesmo quando aplicado estímulo luminoso, ou se uma das pupilas estiver
contraída e a outra dilatada (anisocóricas). Essas ocorrências podem ser indicativas de lesão
cerebral. Se há suspeita de injúrias na cabeça ou no pescoço. Nesses casos, você deverá
encaminhar o paciente para atendimento de emergência e postergar o atendimento odontológico.

Extra oral: Procurar por sinais extraorais de injúrias, tais como lacerações na cabeça e no
pescoço; desvios nos contornos dos ossos da face, alteração no padrão de abertura e
fechamento da boca (desvios podem indicar fraturas ósseas). Palpar o arco zigomático, o ângulo
e a borda inferior da mandíbula. Qualquer área de amolecimento, edema ou equimose na face,
bochecha, pescoço ou lábios devem ser registrados, pois podem ser sinais de possíveis fraturas
ósseas.

Intraoral: Procure por lacerações nos lábios, língua, mucosa jugal, palato e assoalho bucal. As
gengivas vestibulares e linguais e a mucosa oral devem ser palpadas. Áreas de sensibilidade,
edema ou equimose devem ser registradas. Em seguida, prossiga com a avaliação dos tecidos
duros. Cada dente e suas estruturas de suporte devem ser examinadas e submetidas aos testes
de palpação, percussão vertical e mobilidade.

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Teste pulpar: Os dentes que apresentam resposta positiva ao exame inicial podem não
responder nas próximas consultas. Assim como dentes que apresentam resposta negativa não
devem ser diagnosticados com necrose pulpar, uma vez que podem apresentar resposta positiva
nas próximas consultas. Isso acontece porque o retorno do fluxo sanguíneo normal à polpa
coronária de um dente traumatizado demanda um período de seis a nove meses.
Radiografia periapical: nos casos em que há dificuldade de se verificar estruturas sobrepostas,
devem ser realizadas mais duas radiografias periapicais, variando a incidência do ângulo
horizontal para mesial e para distal do dente interessado, e, por fim, uma radiografia oclusal. Na
avaliação radiográfica, também devem ser observadas a dimensão do espaço do canal radicular,
o grau de formação radicular, a proximidade das fraturas com a polpa e a relação das fraturas
radiculares com a crista alveolar.
Caso clínico: Luna tem três anos de idade e é aluna da creche José Serrão. Luna caiu. A
professora percebeu ferimentos leves na face e a avulsão do dente 61. Para identificação de quais
tecidos bucais foram lesionados, a primeira conduta a ser realizada é a limpeza do rosto do
paciente, seguida da anamnese para identificar possíveis hemorragias e complicações
neurológicas. Verificar dilatação das pupilas. Devem ser observados e registrados: náuseas;
histórico de vômitos em jatos; presença de sangue ou líquido de cor clara proveniente de ouvidos
ou nariz; alteração de diâmetro pupilar; confusão mental; dores de cabeça e sonolência excessiva
e resposta pupilar anormal. É importante identificar condições sistêmicas que possam interferir no
atendimento odontológico, como síndromes, condições hereditárias, discrasias sanguíneas e
alergias. Deve-se questionar: quando (indicará o fator tempo, o que poderá determinar a escolha
do tratamento); como (compreender como o acidente ocorreu pode ajudar a definir a gravidade do
trauma e localizar injúrias específicas); onde (saber o local onde o trauma ocorreu é importante
para se ter ideia da contaminação dos ferimentos e a necessidade de profilaxia para o tétano, além
de permitir a localização dos fragmentos dos dentes). O exame clínico inclui palpação, teste de
vitalidade, no entanto, esse último apresenta valor limitado ao ser realizado logo após o trauma.
Realizar exame radiográfico para avaliar se há comprometimento do germe do permanente,
extensão da lesão etc., podendo ser realizadas radiografias periapicais modificadas e técnica lateral
de Fazzi. Como conduta terapêutica, não é recomendável o reimplante do dente decíduo. É
importante realizar o acompanhamento do trauma até erupção do dente sucessor permanente.
Como a mãe guardou o dente da criança, uma possibilidade é usar a coroa desse dente para
construir o mantenedor de espaço a fim de devolver a estética, fonação e mastigação, preservando
o espaço para a erupção do dente permanente.

Subluxação: Ocorre rompimento de um número maior de fibras do ligamento periodontal,


aumentando as áreas de hemorragia e edema. Pode ser observado logo após o trauma
sangramento pelo sulco gengival. Não há deslocamento do dente, mas pode haver uma leve
mobilidade dental.
luxação lateral é um tipo comum de TD de alta intensidade, causando deslocamento do
elemento em uma direção diferente da axial. O ligamento periodontal é rompido e ocorre
contusão ou fratura do tecido ósseo alveolar de suporte.
Concussão dentária: quando há uma força intensa e súbita sobre as estruturas dentárias e
alveolares, mas não o suficiente para fraturar o dente ou o osso do processo alveolar.
Na concussão dentária, a força se concentra em uma região muito pequena, lesando-a
focalmente.

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Luxação intrusiva: é um tipo de traumatismo dentário em que o dente é deslocado para o
interior do osso alveolar, devido a forças axiais provenientes de um impacto.

TECIDOS MOLES
Contusão: ferimento causado por impacto com objeto sem corte, causando edema e hemorragia
sob a pele ou mucosa. Não acompanha rompimento da mucosa. Não necessita de tratamento, pois
o sangramento é reabsorvido localmente.
Abrasão: Caracterizada como uma escoriação ou remoção superficial de uma camada da pele
causada por atrito. Deve-se realizar a limpeza do local com Clorexedina 0,12%.
Laceração: corte raso ou profundo no tecido com solução de continuidade da pele ou mucosa
produzido por objeto pontiagudo. Caso a lesão esteja contaminada, é necessário averiguar o estado
vacinal e a necessidade de indicação de antibioticoterapia. Em seguida, deve ser realizada a
limpeza e o debridamento do ferimento com o objetivo de remover corpos estranhos e possíveis
microrganismos, com a utilização de solução fisiológica com seringa sob alta pressão ou embebida
em gaze. Se houver tecidos gravemente contundidos, isquêmicos ou necróticos, estes devem ser
retirados com o auxílio de lâminas de bisturi (no 11 ou 15) ou curetas, pois propiciam a instalação
de infecções. Estando devidamente limpo o local do ferimento, avalia-se a necessidade de sutura,
que precisa ser feita em tecidos intrabucais com fios de seda ou polivicril 4,0 ou 5,0, devendo
permanecer no local por três a quatro dias.
TECIDOS DUROS
Trinca de Esmalte: Características clínicas: Fratura incompleta do esmalte, sem perda de estrutura
dentária. Pode-se utilizar dispositivo luminoso para auxiliar no diagnóstico (ex.: fotopolimerizador).
Características radiográficas: ausentes. Todo dente com relato de traumatismo deve receber
acompanhamento clínico e radiográfico, que, nesse caso, pode ser feito nas consultas de rotina do
paciente. Aplicações de flúor podem ser necessárias para evitar quadros de sensibilidade.
Prognóstico: favorável.
Fratura de esmalte (Fratura não complicada da coroa): Geralmente atinge os ângulos, não
apresenta exposição da dentina. O exame radiográfico deve ser feito para avaliar a extensão da
fratura e servir de parâmetro para os demais exames de controle. Caso haja pouco
comprometimento, pode-se realizar apenas o arredondamento das bordas com brocas de
acabamento em alta rotação e aplicação de flúor; caso haja um comprometimento maior, deve-se
realizar a restauração com resina composta.
Fratura de esmalte e dentina sem exposição pulpar (Fratura não complicada da coroa): Perda
de estrutura dentária restrita ao esmalte e à dentina, sem exposição pulpar. É necessário avaliar a
proximidade com o complexo dentinopulpar:
a) Nos casos em que há uma quantidade maior de dentina, orienta-se que seja feita a inserção do
ionômero de vidro e sobreposta a essa seja incluída a resina composta;
b) Em casos em que há pouco tecido dentinário remanescente entre a fratura e a câmara pulpar,
indica-se o forramento da cavidade com cimento de hidróxido de cálcio, após isso, deve ser
aplicado ionômero de vidro e, por fim, a resina composta, que devolve a estética e a função.

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Acompanhamento clínico após sete dias, e o acompanhamento clínico-radiográfico depois de 30 e
90 dias, e todos os anos, até a esfoliação do elemento dental.
Fratura coronária com exposição pulpar (Fratura complicada da coroa): Fratura envolvendo
esmalte e dentina, com exposição pulpar. O exame radiográfico deve ser realizado para avaliar a
câmara pulpar e o estágio de rizogênese ou rizólise do dente afetado. A depender de uma série de
fatores, tais como: extensão da fratura, grau de desenvolvimento dental (grau de rizogênese ou
rizólise), momento em que ocorreu o trauma (se a busca pelo tratamento foi imediata ou tardia) e
grau de colaboração da criança.
Sempre que possível, deve-se
preservar a vitalidade pulpar,
optando por tratamentos menos
invasivos. As avaliações de
características da vitalidade pulpar
(em relação à coloração,
consistência e tempo de
sangramento), assim como
demonstrado no, também irão
direcionar a escolha do
tratamento.
Ø Caso tais características indiquem vitalidade pulpar, pode-se optar por tratamentos
conservadores, como capeamento pulpar direto, ou realizar a pulpotomia parcial. O material que
pode ser usado como opção para ser inserido acima da polpa é o hidróxido de cálcio P.A.,
quando bem condensada pode ser aplicada sobre a polpa, recoberta com cimento de hidróxido
de cálcio, e, em seguida, deve-se inserir um material de revestimento, como ionômero de vidro
ou a resina composta. Outra opção de material que pode ser utilizada caso esteja disponível na
sua USF é o MTA (agregado trióxido mineral).
Ø Fatores como tempo de exposição superior a 24h do tecido pulpar após o trauma, que são
características de ausência da vitalidade pulpar, podem conduzir à pulpectomia ou exodontia,
quando o remanescente dental inviabilize a sua restauração, ou se o dente decíduo tiver com
rizólise acentuada, superior a 2/3 da raiz6, 9. Uma semana de acompanhamento clínico; após
6-8 semanas, acompanhamento clínico, após; 1 ano, acompanhamento clínico e radiográfico.

Fratura coronorradicular: Fratura envolvendo esmalte, dentina e estrutura radicular. A polpa pode
ou não estar exposta. Deve-se averiguar a extensão subgengival da fratura. É comum o fragmento
estar preso pelas fibras do ligamento periodontal, portanto, deve ser observada a presença de
mobilidade do fragmento fraturado. Achados adicionais podem incluir desprendimento de fragmento
dentário, ainda em posição. E nem sempre haverá exposição pulpar. Dependendo dos achados
clínicos, dois tipos de tratamento podem ser considerados: quando a fratura se estende 2 mm além
do limite gengival, a exodontia é o tratamento de escolha. Porém, se a criança colabora e a fratura
está aquém do limite gengival, é possível optar por restauração com resina composta, e, se nesse
mesmo caso (fratura com menos de 2 mm abaixo do limite gengival) houver exposição pulpar,
pode-se optar pelos tratamentos descritos na fratura complicada da coroa. Acompanhamento: 1
semana clinicamente; após 6-8 semanas, acompanhamento clínico; após 1 ano de
acompanhamento clínico e radiográfico. E acompanhar anualmente até a esfoliação. Prognóstico:
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O elemento dental pode apresentar-se assintomático, com continuidade do desenvolvimento
radicular de dentes com rizogênese incompleta. Porém, pode apresentar-se sintomático com sinais
de lesão periapical, e com interrupção do desenvolvimento radicular de dentes com rizogênese
incompleta.
Fratura radicular: O fragmento coronário pode estar com mobilidade ou deslocado. A fratura
geralmente é localizada no terço médio ou apical da raiz. Se o fragmento coronário não está
deslocado, nenhum tratamento é necessário. Se há deslocamento do fragmento coronário, pode
ser considerado o reposicionamento com posterior contenção. Caso contrário, extrair somente o
fragmento coronário. O fragmento apical deve ser deixado para ser reabsorvido. Sem deslocamento
radicular: 1 semana clinicamente; após 6-8 semanas, acompanhamento clínico e radiográfico; após
1 ano, acompanhamento clínico e radiográfico. E acompanhar anualmente até a esfoliação. Caso
tenha realizado a extração, faça o acompanhamento de 1 ano clinicamente e radiograficamente e
acompanhar anualmente até a esfoliação.

TRAUMATISMO EM TECIDOS ÓSSEOS NA DENTIÇÃO DECÍDUA


Fratura alveolar: Esse tipo de fratura envolve o osso alveolar e pode se estender ao osso
adjacente, pôde-se notar diferença oclusal do elemento. Tratamento: Reposicionar qualquer
segmento deslocado e realizar contenção semirrígida com fios ortodônticos 0,2 ou 0,4 mm por
quatro semanas e acompanhar.

Concussão: Sensibilidade à percussão, mobilidade normal e ausência de sangramento via sulco


gengival. Características radiográficas normais. Realiza-se orientação dietética, com a
recomendação de uma dieta mais pastosa e líquida, sobretudo nas primeiras 48 horas, e restringe-
se o uso de chupetas e mamadeiras. Os pais deverão ser orientados a levar a criança ao consultório
novamente caso observem algo que lhes cause estranhamento, como edema local ou presença de
fístula. Acompanhamento: Clinicamente, por uma semana; após 6 a 8 semanas.

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Subluxação: Há aumento da mobilidade dentária, mas não há deslocamento do alvéolo, podendo
ter sangramento pelo sulco. Também não há alteração radiográfica. Recomendar escovação com
escova macia e uso tópico de clorexidina 0,12% sem álcool na área afetada, que deve ser aplicada
com cotonete 2 vezes ao dia, por 7 dias. Orientação dietética (alimentação mais pastosa) e restrição
do uso de chupetas e mamadeiras. Caso a mobilidade seja acentuada colocar uma contenção
semirrígida por 10 a 14 dias. Pode ocorrer alteração da cor da coroa devido ao extravasamento de
sangue, causando a alteração da cor. Esse escurecimento do dente deve ser acompanhado
cuidadosamente para detecção de sinais de infecção o mais precocemente possível. Nenhum
tratamento invasivo é necessário.

Luxação intrusiva: O dente está geralmente deslocado para o interior do alvéolo, através da tábua
óssea vestibular, ou colidindo com o dente permanente sucessor. Quando o ápice está deslocado

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em direção ou sobre a tábua óssea vestibular, a extremidade apical pode ser visualizada e o dente

pode parecer mais curto em relação ao contralateral. Quando o ápice está deslocado em direção
ao germe do dente permanente, a extremidade apical não pode ser visualizada e o dente parede
alongado. O Tratamento Dependerá da direção de intrusão e da associação ou não com fratura da
tábua óssea. Clinicamente, deve ser acompanhado por uma semana; após quatro semanas,
acompanhamento por 6 – 8 semanas.
• Para dentes intruídos em direção ao sucessor permanente, a extração é o tratamento de
escolha.
• Para dentes intruídos em direção à face vestibular e sem ocasionar fratura da tábua óssea,
deve-se aguardar o período de 30 (trinta) dias para que o dente reerupcione espontaneamente.
• Para dentes instruídos com tabula óssea destruída, exodontia.

Luxação lateral: Ocorre deslocamento dentário do seu alvéolo para um eixo distinto do axial. Pode
apresentar: mobilidade, sangramento e laceração gengival, e/ ou mesmo fratura óssea com o dente
preso na tábua óssea vestibular. Por isso, a Palpação deve ser feita. Contatos prematuros podem
existir em virtude da nova posição assumida pelo dente na arcada. O aumento do espaço do
ligamento periodontal é visto. Acompanhamento: Clinicamente, após uma semana; e
acompanhamento clínico e radiográfica após duas ou três semanas, seja a oito e 1 ano.

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Luxação extrusiva: Deslocamento parcial do dente para fora de seu alvéolo. O dente parece
alongado, frequentemente com mobilidade excessiva. Aumento do espaço do ligamento periodontal
apical.

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O prognóstico favorável ocorre em casos de dentes que tenham rizogênese incompleta. Existe a
possibilidade da continuidade do desenvolvimento radicular de dentes, acompanhados ou não de
descoloração vermelha/cinza transitória (ocasionada pelo extravasamento de sangue proveniente
da polpa).
Como prognóstico desfavorável, pode acontecer a interrupção do desenvolvimento radicular de
dentes com rizogênese incompleta, seguido do escurecimento da coroa com alterações pulpares e
periapicais. Nesses casos, haverá necessidade de intervenções ao complexo dentino pulpar
(pulpectomia), devendo o paciente ser encaminhado para o Centro de Especialidades
Odontológicas (CEO).
Avulsão: Quadro constatado a partir da ausência do dente que sofreu o trauma e, com frequência,
apresentando lesões nos tecidos moles ao redor. A tomada radiográfica deve ver se não há corpo
estranho no local. Não é recomendado o reimplante de dente decíduo avulsionado.

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TRAUMAS EM DENTES PERMANENTES
Trinca: fratura incompleta (crack) de esmalte, sem perda de
estrutura dentária e ausência de sensibilidade à percussão.
A ocorrência simultânea de lesão de luxação ou fratura
radicular deverá ser avaliada se o dente apresentar
sensibilidade (se o paciente relatar sensibilidade à
mastigação, lesões de luxação ou fratura radicular podem
estar presentes). Não são observadas alterações nas
radiografias periapicais. O tratamento será necessário
apenas em situações de trincas visíveis. Nestes casos, você
deverá realizar a aplicação de ácido/adesivo e o selamento
com resina composta para prevenir a descoloração das linhas
das trincas.

Fratura de esmalte: Será observada fratura de esmalte sem


dentina exposta. O teste de percussão será negativo. Se
apresentar sensibilidade à mastigação, avaliar a possível
ocorrência simultânea de lesão de luxação ou fratura
radicular. Teste de mobilidade normal. Teste de sensibilidade
pulpar geralmente é positivo. As radiografias recomendadas
para esse tipo de trauma são: periapical, com exposições em
diferentes angulações; e uma oclusal, a fim de verificar a
presença de fratura radicular ou de lesões de luxação. Se o
fragmento dentário estiver presente, o mesmo pode ser
reposicionado (colagem do fragmento). Recontorno ou
restauração com resina composta, de acordo com a extensão e a localização da fratura.

Fratura de esmalte e dentina: Será observada fratura


envolvendo esmalte e dentina com perda de estrutura
dentária, mas sem exposição pulpar. Ausência de
sensibilidade à percussão. Se apresentar sensibilidade à
mastigação, avaliar a possível ocorrência simultânea de
lesão de luxação ou fratura radicular. Mobilidade normal.
Teste de sensibilidade pulpar normalmente positivo. As
radiografias recomendadas para este tipo de trauma são:
periapical, com exposições em diferentes angulações; e uma
oclusal, a fim de verificar a presença de deslocamento ou de
fratura radicular. Se o fragmento dentário estiver presente, o
mesmo pode ser reposicionado (colagem do fragmento). Se
não, realizar um tratamento provisório, recobrindo a dentina
exposta com ionômero de vidro ou fazer uma restauração
com maior durabilidade, utilizando um agente de união e resina composta ou outro material
restaurador. Se a exposição dentinária for de até 0.5 mm de distância da polpa (rosa, sem
sangramento), você deve colocar uma base de hidróxido de cálcio. Caso haja possibilidade, pode
incluir ionômero de vidro antes de finalizar a restauração com resina composta.

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Fratura de esmalte, dentina e polpa: Será observada fratura
envolvendo esmalte e dentina com perda de estrutura
dentária e exposição pulpar. Ausência de sensibilidade à
percussão. Se apresentar sensibilidade à mastigação, avaliar
a possível ocorrência simultânea de lesão de luxação ou
fratura radicular. Teste de mobilidade normal. Polpa exposta
sensível a estímulos. As radiografias recomendadas para
este tipo de trauma são: periapical, com exposições em
diferentes angulações; e uma oclusal, a fim de verificar a
presença de deslocamentos ou de fratura radicular. Em
dentes com rizogênese completa, geralmente a pulpectomia
é o tratamento de escolha, embora o capeamento pulpar ou
a pulpotomia parcial também possam ser realizados (se for
observado tecido pulpar firme e resistente ao corte, sangramento com coloração vermelho-
rutilante e tempo de coagulação de até 5 minutos). Se o fragmento dentário estiver presente, o
mesmo pode ser reposicionado (colagem do fragmento). O tratamento para a coroa fraturada
pode ser a restauração com outros materiais restauradores, de forma similar ao descrito para
fratura de esmalte-dentina sem exposição pulpar.

Fratura corono-radicular sem exposição pulpar: Será


observada fratura envolvendo esmalte, dentina e cemento
com perda de estrutura dentária, mas sem exposição pulpar.
Fratura coronária estendendo-se abaixo da margem
gengival. Dor à percussão. Mobilidade do fragmento
coronário. Teste de sensibilidade pulpar geralmente é
positivo para o fragmento apical. As radiografias
recomendadas para este tipo de trauma são: periapical, com
exposições em diferentes angulações; e uma oclusal, a fim
de verificar a presença de linhas de fratura na porção
radicular.

Tratamento de Urgência:
Como tratamento de urgência, uma estabilização temporária
do fragmento coronário com mobilidade pode ser realizada
até que um plano de tratamento definitivo seja elaborado;

Alternativas de planejamento para tratamento posterior:

• Remoção do fragmento: Remoção do fragmento coronário e restauração subsequente do


remanescente apical, o qual deve estar visualmente exposto acima do nível gengival;
• Remoção do fragmento e gengivectomia (às vezes, osteotomia): Remoção do fragmento
coronário, tratamento endodôntico e restauração com pino e coroa. Esse procedimento deve
ser precedido por gengivectomia e, às vezes, por osteotomia com osteoplastia;
• Extrusão ortodôntica do fragmento apical: Remoção do fragmento coronário com subsequente
tratamento endodôntico e extrusão ortodôntica do remanescente radicular, com tamanho
suficiente para suportar posterior restauração com pino e coroa;
• Sepultamento radicular: A colocação de implante pode ser planejada;
• Extração: Extração com implante imediato ou planejado ou prótese fixa convencional. A
extração é inevitável em casos de fraturas graves

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Fratura corono-radicular com exposição
pulpar: Será observada fratura envolvendo
esmalte, dentina e cemento com perda de
estrutura dentária e exposição pulpar.
Mobilidade do fragmento coronário. Dor à
percussão. As radiografias recomendadas
para este tipo de trauma são: periapical e
oclusal.

Tratamento de Urgência: Como tratamento


de urgência, pode ser realizada uma
estabilização temporária do fragmento com
mobilidade nos dentes adjacentes até que um
plano de tratamento definitivo seja elaborado. Em dentes com rizogênese incompleta, deve-se
preservar a vitalidade pulpar por meio da realização de capeamento pulpar ou pulpotomia parcial.
Esse tratamento também é indicado em dentes com rizogênese completa de pacientes jovens.
Nesses casos, o tratamento endodôntico também pode ser realizado.

Alternativas de planejamento para tratamento posterior: Remoção do fragmento e


gengivectomia (às vezes, osteotomia): Remoção do fragmento coronário, tratamento endodôntico
e restauração com pino e coroa. Esse procedimento deve ser precedido por gengivectomia e, às
vezes, por osteotomia com osteoplastia. Essa opção de tratamento é indicada somente em casos
de fraturas corono-radiculares com extensão subgengival para região palatina;

• Extrusão ortodôntica do fragmento apical: Remoção do fragmento coronário com subsequente


tratamento endodôntico, e extrusão ortodôntica do remanescente radicular suficiente para
suportar posterior restauração com pino e coroa;
• Extrusão cirúrgica: Remoção do fragmento coronário com mobilidade e reposicionamento
cirúrgico da porção radicular em uma porção mais coronal;
• Sepultamento radicular: Durante o planejamento de um implante, o fragmento radicular deverá
permanecer in situ;
• Extração: Extração com implante imediato ou planejado, ou prótese fixa convencional. A
extração é inevitável em casos de fraturas corono-radiculares com severa extensão apical.

Fratura radicular: O fragmento coronário pode estar


com mobilidade ou deslocado. O dente pode estar
sensível à percussão. Pode ser observado
sangramento via sulco gengival. Teste de sensibilidade
pulpar pode ser negativo inicialmente, indicando dano
neural transitório ou permanente. Pode ocorrer
descoloração coronária transitória (avermelhada ou
acinzentada).
A fratura envolve a porção radicular e pode estar em
um plano horizontal ou oblíquo;
• Fraturas horizontais podem ser detectadas por meio
de radiografia periapical com o centro do feixe de
raios-X incidindo na angulação horizontal
perpendicular ao dente em questão. Isso comumente ocorre em casos de fraturas radiculares
no terço cervical;
• Quando o plano de fratura é oblíquo, o que é mais comum no terço apical, uma radiografia
oclusal ou radiografias periapicais com variações na angulação horizontal são mais indicadas
para mostrar a fratura, incluindo as localizadas no terço médio.

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Reposicionar o fragmento coronário, nos casos em que há deslocamento. Checar a posição
radiograficamente. Estabilizar o elemento com contenção flexível por quatro semanas. A
contenção flexível, ao permitir um leve movimento do dente, promove uma reorganização e
reinserção periodontal mais rápida. Se a fratura for próxima da região cervical, a contenção pode
ser mantida por um período maior (até 4 meses). Inicialmente, não requer tratamento
endodôntico. Contudo, é recomendado monitorar a vitalidade pulpar por pelo menos 1 ano. Se
ocorrer necrose pulpar, o tratamento endodôntico do fragmento coronário até a linha de fratura
está indicado para preservar o dente. Resposta pulpar positiva aos testes de sensibilidade (falso
negativo é possível até 3 meses).

• Em 4 semanas: remoção de contenção, exame clínico e radiográfico;


• Em 6-8 semanas: exame clínico e radiográfico;
• Em 4 meses: remoção de contenção nas fraturas do terço cervical, exame clínico e
radiográfico;
Em 6 meses: exame clínico e radiográfico;

Fratura alveolar: Fratura envolvendo o osso alveolar,


podendo se estender ao osso adjacente. Observa-se
mobilidade e deslocamento do segmento com vários dentes
em movimento ao mesmo tempo. Alteração oclusal em
decorrência do desalinhamento do alvéolo fraturado é
comumente observada. Testes de sensibilidade podem ou
não ser positivos. Linhas de fratura podem ser localizadas em
qualquer nível, desde o osso marginal até o ápice radicular.
Além de radiografias periapicais nas três diferentes
angulações e de radiografia oclusal, as radiografias
panorâmicas podem ser úteis para determinar o trajeto e a
posição das linhas de fratura. Reposicionamento de qualquer
segmento deslocado seguido de contenção.

• Estabilização do segmento por 4 semanas;


• Sutura de laceração gengival, quando presente.
• Em 4 semanas: remoção de contenção, exame clínico
e radiográfico;
Em 6-8 semanas: exame clínico e radiográfico;
• Em 4 meses: exame clínico e radiográfico;
• Em 6 meses: exame clínico e radiográfico;

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Manejo de avulsões na dentição permanente

A solução de Hanks é a solução recomendada como meio de armazenamento de escolha para


dentes avulsionados, porém é comercializada apenas em alguns países. Recentemente, uma
revisão sistemática da literatura concluiu que o meio mais apropriado para armazenar e transportar
o dente avulsionado é o leite. O leite possui uma combinação única de nutrientes, capaz de manter
a viabilidade das células do ligamento periodontal e, devido ao seu pH fisiológico (6.5 a 7.2)

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Na Tabela, observe as condutas para o manejo das avulsões dentárias em dentes com rizogênese
completa segundo a diretriz desenvolvida pela Associação Internacional de Traumatologia
Dentária:

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Diretrizes de tratamento para dentes permanentes avulsionados com rizogênese incompleta:

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Contenção flexível e de curta duração em dentes reimplantados: A contenção deve ser
colocada na superfície vestibular do dente para permitir a higiene bucal adequada e o acesso
endodôntico. A contenção semirrígida ou flexível é recomendada porque permite o movimento
fisiológico dos dentes, já que os estímulos funcionais auxiliam na cicatrização. Além disso, tem sido
mostrado que os dentes reimplantados estavam clinicamente firmes após uma semana de
contenção, o que indicou uma necessidade de menor tempo de imobilização. O tipo de contenção
flexível ideal é aquele feito com resina composta e fio ortodôntico (diâmetro não superior a 0,3-0,4
mm), ou resina composta e fio de nylon. O comprimento do fio influencia a rigidez. Assim, tem sido
recomendada a imobilização de apenas um dente não lesado bilateralmente

Tratamento endodôntico: Em casos em que há indicação de tratamento endodôntico em dentes


com ápice fechado e ligamento periodontal viável, este deve ser iniciado dentro de 7 a 10 dias após
o reimplante. O uso do hidróxido de cálcio como medicamento intracanal por até um mês é
recomendado com a finalidade de evitar a reabsorção inflamatória externa, seguido pela obturação
do canal radicular. Mas, se o dente ficou fora do alvéolo em meio seco por mais de 60 minutos
(ligamento periodontal considerado inviável), o tratamento endodôntico pode ser feito extraoral,

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antes do reimplante. Nos dentes com ápices abertos, que foram reimplantados imediatamente ou
mantidos em meio de armazenamento apropriado por um tempo extra-alveolar inferior a 60
minutos, é possível que ocorra a revascularização pulpar

Prescrição de antibióticos após o reimplante dentário: Estudos experimentais mostram um


efeito benéfico da utilização de antibióticos sobre o reparo periodontal e pulpar, possivelmente
reduzindo a ocorrência de reabsorção radicular. Por esta razão, antibióticos são recomendados na
maioria das situações após o reimplante. Para administração sistêmica, a tetraciclina é a primeira
escolha. No entanto, este medicamento é contraindicado para pacientes que estão em fase de
mineralização dentária. Como alternativa à tetraciclina, a penicilina V ou a amoxicilina podem ser
prescritas em doses apropriadas para a idade e o peso do paciente durante a primeira semana
após o acidente

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CONDUTAS CLÍNICAS PERANTE URGÊNCIAS PROTÉTICAS

Próteses novas: Normalmente, próteses novas requerem sessões de ajuste e frequentemente


são causadoras de dor e desconforto, podendo provocar até mesmo o surgimento de úlceras
traumáticas no rebordo edêntulo. Nestes casos, inicia-se com o ajuste oclusal para garantir a
estabilidade funcional da prótese total e reduzir seu deslocamento e, posteriormente fazem-se
pequenos ajustes na extensão na prótese na região do freio labial, assim como nos locais onde
houver a presença de ulcerações traumáticas.

Oclusão: A análise inicial pela checagem da oclusão corrige contatos oclusais desequilibrados
que podem gerar o deslocamento horizontal da prótese total, provocando lesões teciduais.
Lembre-se que a extensão de rebordo das próteses totais garante o correto selamento periférico,
e o excesso de desgaste pode prejudicar mais que ajudar. Podem ser necessárias mais
consultas até que seja observada a melhora na condição clínica das ulcerações como também
da estabilidade de sua nova prótese.

Anti-inflamatórios: Podemos associar a conduta


clínica à administração tópica de anti-inflamatórios. O
acetato de triancinolona, pomada anti-inflamatória, pode
estar associado a outros agentes antimicrobianos e
apresenta bons resultados no alívio da dor e auxílio no
reparo tecidual.

Reparos em PT e PPR: Os reparos em próteses com


base em resina acrílica e dentes artificiais de estoque
podem envolver apenas os dentes ou comprometer a
base da área chapeável. O importante nos reparos é garantir o correto posicionamento dos
fragmentos durante o conserto. Muitas vezes é necessário o uso de cola, tipo metacrilato
(comercialmente conhecido como super bonder), para estabelecer esta união.

Utilizar o material de moldagem para fazer uma


base por baixo da prótese simulando o rebordo
alveolar.

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Com os fragmentos estabilizados nesta base,
realiza-se o aumento do traço de fratura com fresas
ou brocas de baixa rotação. Este procedimento
proporcionará espaço para inserção da nova resina.

Acrescentar resina acrílica de ativação química (pó


e líquido) com a técnica do pincel.

Deixar polimerizar submerso em água para diminuir


a porosidade e melhorar a textura.

Após a polimerização, fazer o acabamento e


polimento.

As próteses sobre implantes do tipo cimentadas impossibilitam o acesso aos parafusos que
prendem os componentes protéticos soltos, dificultando o tratamento de urgência. As próteses
tipo parafusadas facilitam o reparo por permitir o fácil acesso aos parafusos que prendem estas
estruturas ou coroas.
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Região e prótese sobre implante com acúmulo de biofilme: A
prótese deslocada pode apresentar grandes quantidades de
biofilme e restos alimentares, e a sua dificuldade de higienização
pode provocar o edema. A remoção do biofilme e dos restos,
limpeza e polimento da prótese e fixação temporária pelos
parafusos normalmente resolvem a maior parte dos problemas
clínicos.
Reparo prótese sobre implante: no caso de fratura do
revestimento estético pode-se melhorar a queixa estética com uma
restauração em resina composta. Para isso, deve-se preparar a superfície cerâmica com ácido
fluorídrico e silano e aplicar técnicas convencionais restauradoras, com adesivo e resina
composta.
Urgências físicas: podem ter como consequência imediata a fratura do material restaurador, seja
ele a resina das próteses totais e das próteses parciais removíveis, porcelanas das próteses fixas
ou próteses sobre implantes, ou até mesmo a porção metálica das armações de próteses
removíveis.

Urgências teciduais: se referem às injúrias e ao traumatismo dos tecidos moles orais decorrentes
das urgências físicas, bem como nos dentes e tecido ósseo, e prováveis infecções que podem
complicar todo o processo.

Urgências em PT

Urgências em PP fixas

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Urgências em PPR

Sondagem periodontal: pode ser muito importante na tomada de decisões clínicas, com alta
relevância no diagnóstico diferencial de fratura radicular. A saúde periodontal é relevante em sítios
com profundidade clínica de sondagem menor ou igual a 4 mm que não têm presença de
sangramento espontâneo e/ou a sondagem e presença de pus. Para concluir o diagnóstico,
devemos associar esta informação a outras informações relevantes como: presença de dor,
intensidade da dor, mobilidade, exame radiográfico, análise da oclusão, presença de hábitos
parafuncionais, entre outros.

Urgências periodontais: doenças necrosantes

Gengivite necrosante: A Gengivite ulcerativa necrosante ou “boca de trincheira” é uma infecção


da gengiva que possui sinais e sintomas peculiares, como sangramento, halitose, dor, necrose, e
até mesmo hipertermia, gânglios infartados e náusea. É mais comum em pacientes jovens, com
má higiene bucal, sob efeito de estresse, ou tabagistas, etilistas, e portadores de HIV. Diferente
das doenças periodontais, a GUN é de forma caracterizada rápida resolução após remoção das
bactérias etiológicas. A região afetada é cuidada
com raspagem, curetagem, sendo quase sempre
preciso o uso de anestésicos tópicos. Bochechos
com digluconato de clorexidina, água salina
morna ou peróxido de hidrogênio diluído são
benéficos no aumento a resposta ao tratamento.
Antibióticos como tetraciclina, metronidazol,
penicilina e eritromicina são usados
principalmente quando se tem hipertermia e
linfadenopatia. Deve também durante o
tratamento, realizar uma orientação e incentivo
de higienização bucal e resolução de qualquer
fator predisponente. Repouso adequado, dieta
consistente e farta em nutrientes ajudam na
resposta de tratamento

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Periodontite ulcerativa necrosante: A PUN é definida como uma doença periodontal severa, de
rápida progressão, que cursa com áreas de eritema na gengiva livre e gengiva inserida. Extensas
áreas de necrose de tecido mole podem ser evidenciadas, além de severa perda do periodonto de
inserção, muitas vezes sem formação de bolsa periodontal. Caracteriza-se por um começo
relativamente rápido (entre 2 e 3 meses) e radiograficamente exibe áreas de extensa perda óssea.
Com relação ao tratamento, já foi possível
observar a resolução espontânea da lesão
necrosante, deixando como sequelas
crateras profundas e indolores de difícil
higienização as quais, por sua vez,
contribuem para a ocorrência de uma
periodontite convencional, de modo que tal
achado respalda a necessidade de
remoção da placa bacteriana e do cálculo.
Outros trabalhos apontam para o fato de
que o controle da doença parece estar
atrelado a uma efetiva higiene oral e
tratamento periodontal associados ao uso
de antibióticos sistêmicos para combater a
microbiota infecciosa.

Estomatite necrosante: Consiste em caso clínico mais grave, caracterizado por extensa necrose
dos tecidos periodontais e que se estende até a linha mucogengival com grande destruição tecidual,
há presença de sequestros ósseos, fístulas buco-sinusais e disseminação sistêmica.

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Abscesso do periodonto: é definido como um processo infecto-inflamatório agudo nos tecidos
periodontais, que resulta em acúmulo de coleção purulenta (pus) localizado na parede do sulco
gengival ou bolsa periodontal. Ele pode se desenvolver como uma evolução aguda da
periodontite, causada pelo aumento da virulência das bactérias presentes na bolsa periodontal,
comprometimento do sistema de defesa do hospedeiro e/ou obstrução de uma bolsa periodontal
preexistente, ou ainda, em decorrência da impacção de objetos estranhos nos tecidos
periodontais. O abcesso pode ser aguado ou crônico, dependendo da dor e se tem via de
drenagem. O abscesso periodontal em paciente sem periodontite (antigo abscesso gengival)
afeta a gengiva marginal e/ou a papila interdental de áreas livres de doença periodontal prévia.
Sua etiologia está associada à impacção de objetos (orgânicos ou inorgânicos) estranhos no
sulco gengival.

Diagnóstico: do abscesso periodontal em paciente sem periodontite é baseado na


sintomatologia do paciente e nas alterações clínicas, ele afeta a gengiva marginal e/ou a papila
interdental por causa de objetos orgânicos ou não no sulco. O abscesso periodontal em pacientes
com periodontite é relacionado a exacerbação do caso. A presença de uma elevação ovoide, de
superfície lisa e brilhante, na gengiva marginal (não inserida) de um dente sem envolvimento
periodontal. Quando presente, esta elevação contém uma coleção purulenta no seu interior e
apresenta consistência à palpação que varia de firme à flutuante. Supuração via fístula ou
margem do sulco gengival também é um achado frequente. A supuração pode ser tanto
espontânea como em resposta à aplicação de pressão sobre a lesão.

A maioria dos abscessos periodontais em paciente sem periodontite podem ser tratados pela
drenagem da coleção purulenta via sulco gengival. A drenagem é alcançada pelo estabelecimento
de uma via de drenagem pelo lúmen do sulco gengival, por meio da introdução de uma sonda
milimetrada e realização de movimentos pendulares para permitir a drenagem do pus, seguida
de raspagem e alisamento radicular com curetas periodontais, sob anestesia. A irrigação
subgengival com soro fisiológico estéril pode ser empregada como um recurso adjunto para
auxiliar na drenagem e limpeza do sulco gengival. O prognóstico é favorável após a
descontaminação da área subgengival.

A maioria dos abcessos periodontais em paciente com periodontite pode ser tratada pela
drenagem da coleção purulenta via bolsa periodontal. A drenagem deve ser alcançada pelo
estabelecimento de uma via de drenagem pelo lúmen da bolsa periodontal, por meio da
introdução de uma sonda milimetrada e realização de movimentos pendulares para permitir a
drenagem do pus, seguida de raspagem e alisamento radicular com curetas periodontais, sob
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anestesia. A irrigação subgengival com soro fisiológico pode ser empregada como um recurso
adjunto para auxiliar na drenagem e limpeza da bolsa periodontal.

Abcesso periodontal Abcesso endodôntico


Localizada, pulsátil, menos
Dor Difusa, continua e intensa
intensa
Teste de vitalidade pulpar Polpa vital normal Polpa vital normal
Percussão horizontal Dor a Palpação Sensibilidade
Percussão vertical Presente e discreta Presente e intensa
Trajeto fistuloso Fundo do defeito ósseo Ápice ou força dental
Abre através da mucosa
Abertura do trajeto fistuloso Abre através da gengiva
alveolar
Perda óssea Perda vertical ou horizontal Perda na região apical
Bolsa periodontal Presente Ausente
Cáries Ausente Presente

Pericoronarite: é definida como a inflamação dos tecidos moles que circundam a coroa de um
dente em erupção ou parcialmente irrompido, normalmente um terceiro molar inferior. Essa
inflamação é causada pelo acúmulo de restos alimentares e de placa dentária no espaço
pericoronário compreendido entre a coroa do dente parcialmente irrompido e os tecidos moles que
a recobrem (denominado opérculo gengival ou aba pericoronal).

Ø Pericoronarite aguda: é caracterizada por início abrupto, curta duração e dor intensa.
Clinicamente, manifesta-se como uma lesão eritematosa, edemaciada e supurativa que
recobre parcialmente a coroa de um dente parcialmente erupcionado. Sinais de trauma
tecidual, como entalhes das cúspides dos dentes superiores ou ulceração, podem ser
observados na superfície da lesão, visto que o edema tecidual precede o trauma produzido
pelo dente antagonista. A sintomatologia pode variar desde dor leve à dor intensa que reflete
para o ouvido, garganta, assoalho de boca, articulação temporomandibular e região
submandibular, edema local, dificuldade em falar, mastigar e engolir, edema na região do
ângulo da mandíbula, trismo e sensação de gosto desagradável.
Ø Pericoronarite crônica: é caracterizada por desconforto leve ou dor de baixa intensidade
que dura de 24 a 48h, e que é interrompida por períodos de remissão. Linfadenopatia indolor
e supuração podem estar presentes.

Tratamento: Em pacientes com dor e edema localizados, e na ausência de sinais e/ou sintomas
de disseminação sistêmica, deve ser realizado o debridamento mecânico e a irrigação do espaço
pericoronário com solução salina estéril para que os restos alimentares e o exsudato purulento (se
presente) possam ser removidos. Em pacientes com dor e edema localizados, e na ausência de
sinais e/ou sintomas de disseminação sistêmica, deve ser realizado o debridamento mecânico e a
irrigação do espaço pericoronário com solução salina estéril para que os restos alimentares e o
exsudato purulento (se presente) possam ser removidos. Na presença de um abscesso
pericoronário flutuante, a drenagem poderá ser realizada por meio de uma incisão ântero-posterior
profunda no ponto de flutuação do abscesso.
O uso de antibióticos sistêmicos é mandatório para pacientes que apresentem sinais clínicos e
sintomas de disseminação regional ou sistêmica:

• Amoxicilina 500 mg + Metronidazol 250 mg de 8/8 horas, por 7 dias.


• Amoxicilina 500 mg + Clavulanato de postássio 125 mg de 8/8 horas, por 7 dias.

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Pacientes com histórico de alergia aos derivados da penicilina:

• Clindamicina 300 mg de 6/6 horas, por 7 dias.


• Metronidazol 250 mg de 8/8 horas, por 7 dias.
• Metronidazol 400 mg de 12/12 horas, por 7 dias.
• Azitromicina 500 mg 1 por dia, por 3 dias.

Indicado:

• A administração de analgésicos (dipirona ou paracetamol) está indicada para o alívio temporário


da dor nas primeiras 24 h, podendo prolongar-se em caso de dor;

• A administração de miorrelaxantes está́ indicada na presença de trismo;

• A descontaminação oral com clorexidina 0,12% duas vezes ao dia está indicada para o controle
do biofilme durante a fase aguda da doença;

• O paciente deverá retornar em 48 horas para a avaliação dos sintomas e sinais clínicos e nova
abordagem, se necessária. O acompanhamento deverá ser mantido até a resolução dos sintomas;

• Em caso de dor persistente, o uso de um anti-inflamatório não esteroide, via oral ou intramuscular,
está indicado;

• Após a resolução da fase aguda, a extração dentária ou a operculectomia (remoção cirúrgica dos
tecidos moles que circundam a coroa de dente parcialmente irrompido).

Dores orofaciais: compõem um grande grupo de patologias de difícil diagnóstico para o cirurgião-
dentista, sendo que na grande maioria dos casos a dor é de origem.

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Disfunções Temporomandibulares: Trata-se de um grupo heterogêneo de problemas clínicos
que acometem os músculos mastigatórios, as Articulações Temporomandibulares (ATM) ou uma
combinação entre elas. Seus sintomas mais comuns são: limitação do movimento mandibular
(abertura ou fechamento mandibular), limitação ou desvio da abertura bucal, ruídos ou estalidos.
As DTM musculares podem ser ocasionadas por hábitos parafuncionais (onicofagia, morder tampa
de caneta, mascar chicletes etc.), bruxismo do sono e da vigília, má postura cervical, sono
inadequado, ansiedade, estresse, podendo ainda ser secundárias a quadros de fibromialgia. Os
possíveis fatores causais devem ser identificados na anamnese para diagnóstico e adequação do
melhor tipo de tratamento para o paciente.

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Diagnóstico de lesões em tecidos moles: As urgências em mucosa oral que mais precocemente,
e frequentemente, levam os pacientes a procurar por ajuda profissional são aquelas representadas
por úlceras e ulcerações orais, em função da dor e do desconforto que geralmente provocam.
Variações de normalidade, como por exemplo, os grânulos de Fordyce, língua fissurada, glossite
migratória benigna (língua geográfica), pigmentação melânica fisiológica, linha alba, entre outros,
eventualmente levam pacientes a procurar auxílio, exigindo orientação por parte do dentista.

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REFERÊNCIAS
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