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WBA1045_v1.

Seminários Clínicos
Estudos de Casos Clínicos –
Infância e Adolescência
Transtorno Afetivo Bipolar (TAB): Etiologia e
Sintomas

Bloco 1
Autora: Gabriela Fabbro Spadari
Palestrante: Aline Monique Carniel
Transtorno Afetivo Bipolar – Aspectos Gerais

• O Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) é caracterizado


por oscilações importantes do humor entre
exaltação ou euforia e depressão, apresentando um
curso recorrente e crônico e implicando em elevado
grau de morbidade e incapacidade na vida do
indivíduo (JORGE; SANCHES, 2004)
• É considerado um dos transtornos mentais mais
potencialmente graves e prevalentes.
Transtorno Afetivo Bipolar – Aspectos Gerais

Tem como característica a ocorrência de


episódios depressivos e episódios maníacos ou
mistos no TAB Tipo I ou hipomaníacos no Tipo II,
sucedidos ou intercalados com períodos de
remissão, tendo um curso prolongado, de início
precoce (CLEMENTE, 2015).
Transtorno Afetivo Bipolar – Aspectos Gerais

• Atinge aproximadamente 30 milhões de pessoas no


mundo todo (WHO, 2008).
• É caracterizado pela ocorrência de dois ou mais
episódios graves de alterações do humor e do nível
de atividade do indivíduo.
• Tanto para elevação do humor e o aumento da
energia e da atividade (hipomania ou mania) quanto
para rebaixamento do humor, com redução de
energia e da atividade, ou seja, depressão
(WHO, 2008).
Transtorno Afetivo Bipolar: Aspectos Gerais

• Fase maníaca: duração mínima de uma semana.


• Fase de hipomania: período de pelo menos
quatro dias consecutivos.
• Episódio depressivo maior: os sintomas devem
estar presentes pelo período de duas semanas,
representando uma mudança em relação ao
funcionamento anterior (SADOCK; SADOCK,
2011).

• Os sintomas devem estar presentes na maior


parte do dia, por quase todos os dias (APA, 2014).
Estudos de Casos Clínicos –
Infância e Adolescência
Transtorno Afetivo Bipolar na infância

Bloco 2
Autora: Gabriela Fabbro Spadari
Palestrante: Aline Monique Carniel
Transtorno Afetivo Bipolar na infância

• Afeta tanto o desenvolvimento como o crescimento


emocional de crianças e adolescentes (RODHE;
TRAMONTINA, 2005).
• O diagnóstico de TAB na infância é controverso
(RODHE; TRAMONTINA, 2005).
• Pode se apresentar de forma contínua (alternância de
episódios maníacos e depressivos, conhecida como
ciclagem rápida), sendo a irritabilidade a alteração do
humor mais marcante (WAGNER, 2009).
• Os episódios de mania nessa idade são mais raros
(SANTOS; KRIEGER, 2014).
Transtorno Afetivo Bipolar na infância

Um dos desafios encontrados na identificação de


transtornos psiquiátricos na infância é decorrente da
fase de desenvolvimento em que a criança se
encontra, pois ela tende a expressar seus problemas e
seus desconfortos emocionais por meio de
comportamentos desadaptados (BIRD; DUARTE, 2002).
Transtorno Afetivo Bipolar na infância

Outro desafio ao realizar um diagnóstico


psiquiátrico na infância e na adolescência é a
coincidência entre fenômenos próprios do
desenvolvimento e sintomas de vários
transtornos mentais (BIRD; DUARTE, 2002).
Transtorno Afetivo Bipolar na infância

Nos episódios de mania podem ocorrer:


• Maior hiperatividade, excitação constante,
irritabilidade e labilidade emocional, podendo
apresentar também sintomas de euforia e
grandiosidade (TELES, 2016; WAGNER, 2009);
verborragia e hipersexualidade (SANTOS;
KRIEGER, 2014); e sintomas físicos, como dores de
cabeça, dores abdominais e cansaço (CLEMENTE,
2015).
Transtorno Afetivo Bipolar na infância

• Também são apresentados sintomas depressivos mistos


(MORAES; SILVA; ANDRADE, 2007), momentos de choro
isolados, auto e heteroagressão, fala mais rápida do que
de costume e diminuição da necessidade de sono (FU-I,
2007; BRAGA; KUNZLER; HUA, 2008), podendo durar
horas ou dias.
• Podem apresentar agitação, sono, apetite irregular,
sintomas psicóticos e ideação suicida (BRAGA;
KUNZLER; HUA, 2008; SADOCK; SADOCK, 2011).
Estudos de Casos Clínicos –
Infância e Adolescência
A Terapia Cognitivo-Comportamental no
Transtorno Afetivo Bipolar

Bloco 3
Autora: Gabriela Fabbro Spadari
Palestrante: Aline Monique Carniel
TCC no Transtorno Afetivo Bipolar

Os principais métodos e técnicas na TCC são:


• Psicoeducação.
• Conceitualização de caso individualizada.
• Questionamento socrático.
• Evocação e modificação de pensamentos automáticos.
• Ensaio para melhorar a aprendizagem.
• Métodos comportamentais para reverter padrões de
desamparo, comportamento autodestrutivo e evitação
(KNAPP; BECK, 2008; WRIGHT; BASCO; THASE, 2008).
TCC no Transtorno Afetivo Bipolar
• Educar os pacientes, seus familiares e amigos sobre o
transtorno bipolar, seu tratamento e dificuldades
associadas à doença.
• Auxiliar o paciente a ter um papel mais ativo no seu
tratamento.
• Ensinar métodos de monitoração de ocorrência, gravidade
e curso dos sintomas maníaco-depressivos.
• Facilitar a cooperação com o tratamento.
• Oferecer técnicas não farmacológicas para lidar com
pensamentos, emoções e comportamentos
problemáticos.
(NETO, 2004)
TCC no Transtorno Afetivo Bipolar
• Ajudar a controlar sintomas leves sem necessidade de
modificar medicação.
• Ajudar a enfrentar fatores de estresse que podem
interferir no tratamento ou precipitar episódios de
mania ou depressão.
• Estimular a aceitação da doença.
• Diminuir traumas e estigmas associados.
• Aumentar o efeito protetor da família.
• Ensinar habilidades para lidar com problemas, sintomas
e dificuldades.
(NETO, 2004)
TCC no Transtorno Afetivo Bipolar

• No atendimento de crianças e adolescentes, a TCC se


assemelha à abordagem com adultos, como o foco no
presente, o objetivo de mudança comportamental e
cognitiva, a utilização de sessões estruturadas, entre
outros.
• O que difere na intervenção é a forma utilizada para
acessar o funcionamento cognitivo da criança e do
adolescente, tendo como base a criação de linguagens
tanto verbais como não verbais (PUREZA et al., 2014).
Teoria em Prática
Bloco 4
Autora: Gabriela Fabbro Spadari
Palestrante: Aline Monique Carniel
Reflita sobre a seguinte situação
Mauricio (nome fictício), 11 anos, estudante do 7º ano do
Ensino Fundamental II. Mora com sua mãe. Foi adotado aos 27
dias de vida.
Começou a apresentar queixas de comportamentos com quase
5 anos de idade, iniciando acompanhamento com
psiquiatra. Iniciou a terapia no inicio de 2019, com queixas de
baixa tolerância à frustração, com episódios constantes de
nervosismo, gritos, choro e agressividade verbal e física. Por
duas vezes pegou a faca para ameaçar a mãe. Apresenta
compulsão alimentar, agitação, ansiedade elevada, uso de
mentiras e oscilação de humor constante.
Estava afastado da escola por tempo indeterminado.
Reflita sobre a seguinte situação
• Fazia uso das medicações: Aripiprazol 10 mg - 2
comprimidos; Ácido Valpróico 150 mg – 1 comprimido;
Haloperidol – 6 gotas (quando em crise); Olanzapina 5
mg – 1 comprimido; Clozapina 100 mg – 1 comprimido;
Ômega 3 – 2 comprimidos.
• Diagnóstico: Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) – CID-10:
F.31
Aponte os objetivos terapêuticos para o caso
apresentado.
Norte para a resolução
Objetivos Terapêuticos
• Expressar-se de uma forma mais assertiva, melhorar a empatia.
• Ter autocontrole.
• Compreender e identificar os “gatilhos internos” e as emoções
sentidas, podendo assim desenvolver um maior autocontrole de
sua impulsividade e diminuir os episódios de crises e explosões
de raiva e agressividade.
• Orientar a mãe, para compreensão diagnóstica, manejo
comportamental, expectativas relacionadas ao filho e relação
parental.
• Reduzir a ansiedade.
• Ampliar o repertório e criar novas estratégias para se relacionar
com pares e fazer amigos.
Norte para a resolução
• Diminuir/extinguir comportamentos disfuncionais.
• Possibilitar o retorno à escola com orientação à equipe
escolar.
• Entender sobre o processo de adoção: família biológica e
adotiva.
• Verificar atitudes constantes de mentir.
• Verificar compulsão alimentar.
• Valorizar os aspectos positivos do paciente.
Norte para a resolução

Estratégias
• Identificação de sentimentos, emoções e pensamentos.
• Psicoeducação relacionada ao diagnóstico.
• Psicoeducação com a mãe.
• Técnicas de relaxamento e respiração diafragmática.
• Treinamento de habilidades sociais.
• Utilização de jogos e materiais terapêuticos.
• Utilização de desenhos.
Dicas do(a) Professor(a)
Bloco 5
Autora: Gabriela Fabbro Spadari
Palestrante: Aline Monique Carniel
Leitura Fundamental
Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis
em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o login
por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites
acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.
Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de
autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que
você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.
Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da
nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!
Indicação de leitura 1

Este trabalho visa apresentar as principais


características clínicas do transtorno em crianças
e adolescentes, assim como as denominações e
as descrições de tipos clínicos e do padrão de
ciclagem mais comum da doença em jovens.

Referência
FU-I, Lee. Transtorno afetivo bipolar na infância e na
adolescência. Brazilian Journal of Psychiatry, [s.l.], v. 26, p. 22-26,
2004.
Indicação de leitura 2
Este estudo tem como foco elucidar aspectos
importantes da patologia do transtorno afetivo
bipolar na infância, seu diagnóstico e fatores
específicos na infância.

Referência
WENDT, Guilherme Welter; APPEL, Marli. Aspectos diagnósticos do
transtorno bipolar na infância: uma revisão abrangente. Encontro:
Revista de Psicologia, [s.l.], v. 13, n. 18, p. 183-193, 2010.
Dica do(a) Professor(a)
No vídeo indicado, o psiquiatra Fernando dos Santos
Fernandes (CRM-SP 113119) explica sobre o Transtorno
Bipolar na infância e na adolescência.
Título: Transtorno bipolar na infância e adolescência |
Psiquiatra Fernando Fernandes.
Canal: Psiquiatra Fernando Fernandes, no YouTube.
Ano: 2019.
Referências
ALVAREZ, A. C. O Transtorno Bipolar Afetivo na adolescência: aspectos
psicodinâmicos. Adolesc. Saúde, [s.l.], v. 7, n. 2, p. 50-53, 2010.
APA. American Psichiatric Association. Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais - DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
BIRD, H. R.; DUARTE, C. S. Dados epidemiológicos em psiquiatria infantil:
orientando políticas de saúde mental. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 24, n.
4, p. 162-163, 2002.
BOSAIPO, N. B.; BORGES, V. F.; JURUENA, M. F. Transtorno bipolar: uma revisão
dos aspectos conceituais e clínicos. Medicina Ribeirão Preto, [s.l.], v. 50, supl. 1,
p. 72-84, 2017.
BRAGA, A. R.; KUNZLER, L. S.; HUA, F. Y. Transtorno de humor bipolar: diversas
apresentações de uma mesma doença. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, v. 30, n. 1, 2008.
Referências
CLEMENTE, A. S. Concepções dos psiquiatras sobre o transtorno bipolar do
humor e sobre o estigma a ele associado. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva)
– Fundação Oswaldo Cruz, Belo Horizonte, 2015.
FU-I, L. Transtorno bipolar na infância e na adolescência. São Paulo: Segmento
Farma, 2007.
JORGE, M. R.; SANCHES, M. Transtorno afetivo bipolar: um enfoque
transcultural. Braz. J. Psychiatry, [s.l.], v. 26, supl. 3, 2004.
KNAPP, P.; BECK, A. T. Fundamentos, modelos conceituais, aplicações e pesquisa
da terapia cognitiva. Revista Brasileira de Psiquiatria, [s.l.], v. 30, supl. 2, p. 54-
64, 2008.
MORAES, C. D.; SILVA, F. M.; ANDRADE, Ê. R. Diagnóstico e tratamento de
transtorno bipolar e TDAH na infância: desafios na prática clínica. Jornal
Brasileiro de Psiquiatria, [on-line], v. 56, supl. 1, p. 19-24, 2007.
NETO, F. L. Terapia comportamental cognitiva para pessoas com transtorno
bipolar. Rev. Bras. Psiquiatr., [s.l.], v. 26, supl. 3, p. 44-46, 2004.
Referências
PETERSEN, C. S.; WAINER, R. Princípios e Conceitos Básicos. In: PETERSEN, C.
S.; WAINER, R. Terapias Cognitivo-Comportamentais para Crianças e
adolescentes. Porto Alegre: Artmed, 2011. p. 16-31.
PUREZA, J. D. et al. Fundamentos e aplicações da Terapia Cognitivo
Comportamental com crianças e adolescentes. Revista Brasileira de
Psicoterapia, [s.l.], v. 16, n. 1, p. 85-103, 2014.
RODHE, L. A.; TRAMONTINA, S. O tratamento farmacológico do transtorno
bipolar na infância e adolescência. Rev. Psiq. Clín., [s.l.], v. 32, supl. 1, p.
117-127, 2005.
RODRIGUES, P. M. Transtorno bipolar I e II: fatores sociodemográficos,
comorbidades psiquiátricas, risco de suicídio e qualidade de vida.
Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade Federal de Alagoas,
Maceió, 2017.
SADOCK, B. J.; SADOCK, V. A. Manual Conciso de Psiquiatria da Infância e
Adolescência. Porto Alegre: Artmed, 2011.
Referências
SANTOS, A.; KRIEGER, F. V. Transtornos de humor na infância e na
adolescência: uma atualização. Revista Brasileira de Psicoterapia, [s.l.], v.
16, n. 1, p. 104-114, 2014.
TELES, L. N. Transtorno do Humor. In: AMORIM, L. C. D.; ASSUMPÇÃO, T. M.
Psicopatologia e Desenvolvimento Infantil. Rio de Janeiro: Rubio, 2016. p.
85-98.
WAGNER, C. J. Transtorno do humor bipolar: a importância do diagnóstico
precoce na infância e na adolescência. Revista de Psicologia da IMED, [s.l.],
v. 1, n. 1, p. 28-38, 2009.
WHO. World Health Organization. The global burden of disease: 2004
update. Geneva: WHO, 2008.
WRIGHT, J. H.; BASCO, M. R.; THASE, M. E. Aprendendo a terapia cognitivo-
comportamental: um guia ilustrado. In: WRIGHT, J. H.; BASCO, M. R.; THASE,
M. E. Princípios básicos da terapia cognitivo-comportamental. Porto
Alegre: Artmed, 2008.
Bons estudos!

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