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AULA 1

TRANSTONO AFETIVO BIPOLAR

Tratando casos difíceis com TCC e Esquemas

Julio Rafael
vosscontato@gmail.com
(11)97316-8201
O que é Transtorno Afetivo Bipolar?

 Antigamente chamada de Doença Maníaco- Depressiva

 Condição complexa, multifatorial e poligênica, caracterizada

por episódios de mania/hipomania e depressão.


Gráfico de Humor
Bases Neurobiológicas da Bipolaridade
Estudos que avaliaram a performance de pacientes bipolares em tarefas

cognitivas demonstram:

 Prejuízo nos Testes de Atenção e Memória de Trabalho

 Dificuldade de reconhecimento de expressões faciais de medo,

tristeza e alegria.

 Tendência a perceber estímulos neutros como particularmente

negativos.

 79 genes associados ao TAB


 Prevalência de 4% na população do Brasil segundo a

ABTB(Associação Brasileira de Transtorno Bipolar).

 Equivalente a mais ou menos 6 milhões de pessoas.

 Diagnóstico : Início dos sintomas em geral entre 18-25 anos.

 Na infância e na adolescência são comuns outros diagnósticos

como TDAH e outros transtornos de ansiedade.


CLASSIFICAÇÃO DSM V – Tipos de Bipolaridade
 Tipo 1: Distúrbio de humor em que se verifica a ocorrência de
pelo menos um episódio maníaco, que pode ou não ter sido
precedido ou sucedido de episódios hipomaníacos ou depressivos.

 Tipo 2: Distúrbio de humor recorrente, constituído por um ou


mais episódios depressivos maiores e pelo menos um episódio
hipomaníaco.

 Ciclotímico: Distúrbio de humor flutuante, envolvendo períodos


com sintomas hipomaníacos que não preenchem os critérios para
um episódio hipomaníaco; e períodos com sintomas depressivos
que não satisfazem os critérios para um episódio depressivo
maior.
CLASSIFICAÇÃO DSM V – Tipos de Bipolaridade

 Induzido por substâncias

 Devido a outras condições médicas

 Não especificação
Episódio Depressivo Maior
 1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os
dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex., sente-se
triste, vazio ou sem esperança) ou por observação feita por
outra pessoa (p. ex., parece choroso).

 2. Acentuada diminuição de interesse ou prazer em todas,


ou quase todas, as atividades na maior parte do dia, quase
todos os dias (conforme indicado por relato subjetivo ou
observação).
Episódio Depressivo Maior
 3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta
(p. ex., mudança de mais de 5% do peso corporal em um mês)
ou redução ou aumento no apetite quase todos os dias. (Nota:
Em crianças, considerar o insucesso em obter o peso esperado.)

 4. Insônia ou hipersonia quase diária.

 5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias


(observável por outras pessoas; não meramente sensações de
inquietação ou de estar mais lento).

 6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.


Episódio Depressivo Maior
 7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou
inapropriada quase todos os dias (não meramente
autorrecriminação ou culpa por estar doente).
 8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou
indecisão quase todos os dias (por relato subjetivo ou
observação feita por outra pessoa)
 9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo
de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano
específico, tentativa de suicídio ou plano específico para
cometer suicídio.
Episódio Maníaco
 1. Autoestima inflada ou grandiosidade.

 2. Redução da necessidade de sono (p. ex., sente-se


descansado com apenas três horas de sono).

 3. Mais falante que o habitual ou pressão para continuar


falando.

 4. Fuga de ideias ou impressão de que os pensamentos estão


acelerados
Episódio Maníaco

 5. Alto nível de distração


 6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja
socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente) ou
agitação psicomotora (i.e., atividade sem propósito não
dirigida a objetivos).
 7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado
potencial para consequências dolorosas (p. ex.,
envolvimento em surtos desenfreados de compras,
indiscrições sexuais ou investimentos financeiros
insensatos).
Episódio Hipomaníaco
 1. Autoestima inflada ou grandiosidade.

 2. Redução da necessidade de sono (p. ex., sente-se


descansado com apenas três horas de sono).

 3. Mais falante que o habitual ou pressão para continuar


falando.

 4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os


pensamentos estão acelerados.
Episódio Hipomaníaco
 5. A atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos
insignificantes ou irrelevantes)

 6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no


trabalho ou escola, seja sexualmente) ou agitação psicomotora.

 7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para


consequências dolorosas (p. ex., envolvimento em surtos
desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos
financeiros insensatos).
TRATAMENTOS

 Farmacoterapia

 Terapia Cognitivo-Comportamental
Farmacoterapia
Lítio
 Poderoso protetor contra a ameaça de suicídio

 Agente de 1ª linha no tratamento da mania, tanto nos


episódios agudos como para prevenir futuras ocorrências

 Aumento do lítio provoca insuficiência renal, tireoide e


cardíaca

 Fazer controle com exame de função renal (ureia,


creatinina, t3, t4, TSH)mensal e trimestral.
Farmacoterapia

Ácido valpróico (Depakote)


(estabilizador de humor)

 Pode ser muito útil no tratamento de


mania mista e de ciclagem rápida

 Muitas vezes são usados em combinação


com o lítio
Farmacoterapia

 Anticonvulsivantes:
Carbamazepina (Tegretol)
Lamotrigina (Lamictal)
Topiramato (Topamax)

 Medicações antidepressivas
Escitalopram (Reconter)

 Medicações antipsicóticas
Quetiapina (Seroquel), Lurasidona (Latuda)
Farmacoterapia

Perigos

 Os autores são consensuais ao afirmar que a aderência do

paciente bipolar ao tratamento medicamentoso é essencial

para o sucesso ou insucesso do tratamento.

 Existe pouca aderência a medicação.


Principais crenças que dificultam a aderência
ao tratamento
 TAB é um problema apenas psicológico ou emocional e não tem

aspectos biológicos envolvidos.

 A medicação pode comprometer mais do que melhorar.

 A família tem um papel prejudicial

 A cura é possível
a) Esclarecer sobre os aspectos biológicos e separar
gatilhos sociais.

b) Esclarecer sobre a função e a importância da


medicação.

c) Incluir a família e orientá-la auxilia na qualidade de vida


do paciente.

d) Cura x Controle ( ex. hipertensão, diabetes...)


Importância da Psicoterapia
I. Ajuda na aderência ao tratamento

II. Redução dos sintomas residuais

III. Identificação dos gatilhos

IV. Prevenção de recaída

V. Diminuição dos períodos de hospitalização

VI. Melhora da qualidade de vida dos pacientes e familiares

VII. Favorece o funcionamento social e ocupacional dos pacientes

VIII.Aumento da capacidade de manejo de situações estressantes da


vida.
Atendendo pessoas com TAB
Objetivos

 Psicoeducar pacientes, familiares e amigos sobre o transtorno e seu


tratamento

 Ajudar o paciente a ter um papel mais ativo no seu tratamento;

 Ensinar métodos de monitoramento da ocorrência, gravidade e curso dos


sintomas maníacos e depressivos;

 Facilitar a cooperação com o tratamento

 Ajudar a modificar sintomas leves sem a necessidade de modificar a


medicação.

 Oferecer técnicas não farmacológicas para lidar com pensamentos, emoções e


comportamentos problemáticos.
Atendendo pessoas com TAB
Objetivos

 Ajudar a enfrentar fatores de estresse que podem


interferir no tratamento ou precipitar episódios de mania
ou depressão

 Estimular a aceitar o transtorno;

 Diminuir trauma ou estigma associado a ele.

 Aumentar o efeito protetor da família

 Ensinar habilidades para lidar com problemas sintomas e


dificuldades.
1º Psicoeducação
TAB

 Informar paciente, familiares e amigos sobre o


transtorno, o que ele é, como se manifesta, os
tratamentos disponíveis ( farmacológicos e
psicoterapia e a importância de seguir o dois para
estabilização do transtorno

 Biologicismo e Psicologismo = Insucesso no Tratamento


1º Psicoeducação
Modelo Cognitivo
 Como pensamentos determinam sentimentos, reações físicas e
comportamentos

 Estrutura do Modelo Cognitivo : distorções e crenças intermediárias e


centrais.

 A psicoeducação dentro do modelo cognitivo comportamental é dinâmica


e colaborativa.

 O terapeuta se utiliza do conteúdo trazido pelo paciente para ensiná-los


sobre os diferentes conceitos da TCC já afim de promover a
REESTRUTURAÇÃO COGNITIVA.
2º Monitoramento de Sintomas

 Linha da vida, lista de sintomas, gráfico de humor,


afetivograma.

 O que muda na minha forma de perceber a mim mesmo, os


outros e o futuro?

 Os outros notam? O que as pessoas comentam? ( Pede-se ajuda a


família)

 Cartões com sinais típicos de cada fase pode auxiliar no


monitoramento
2º Monitoramento de Sintomas
Sinais típicos de humor saudável:

 Sentar e ler um livrou jornal por um bom período de tempo sem

sentir-se entediado.

 Capacidade de ouvir em uma conversa social.

 Não querer atingir os limites ou fazer algo arriscado

 Conseguir terminar as tarefas com poucas distrações


2º Monitoramento de Sintomas
Sinais típicos de humor saudável:

 Sentir um pouco de ansiedade e preocupação sobre as exigências


do dia-a-dia ( responsabilidades, obrigações, finanças)

 Experimentar e ter prazer em momentos de quietude e


serenidade;

 Ser capaz de dormir bem a noite

 Ser capaz de aceitar críticas bem intencionadas e pequenas


frustrações sem se irritar muito.
2º Monitoramento de Sintomas
Sinais típicos de mania:

 Diminuição da necessidade de sono

 Diminuição acentuada da ansiedade

 Níveis elevados de otimismo com pouco planejamento

 Grande vontade de se relacionar com as pessoas mas com pouca


capacidade de ouvir.

 Concentração diminuída

 Aumento da libido com diminuição da crítica e vergonha

 Aumento dos objetivos mas com pouca sistematização das tarefas.

 Impaciência com as pessoas.


2º Monitoramento de Sintomas
Sinais da fase depressiva:

 Falta de energia para atividades rotineiras

 Humor rebaixado e apatia

 Ideias negativas para atividades rotineiras

 Ausência de prazer em atividades anteriormente prazerosas

 Desejo de isolar-se

 Diminuição da libido

 Dificuldade de se concentrar e tomar decisões

 Hipersensibilidade a críticas e rejeições.


Treino de Habilidades de Enfrentamento
Estratégias para diminuir riscos da fase de mania:

a) Identificar seu início antes que saia do controle;

b) Limitar as atividades e escolher aquelas que tem mais chance de sucesso

c) Incluir sono e alimentação ( agendar horários)

d) Ideias comuns:

“Minhas ideias são melhores que a dos outros”

“Se não aceitam que digo é porque eles são burros”

“Estou bem não preciso de remédio”

“Viva o presente que o amanhã será ainda melhor”


Treino de Habilidades de Enfrentamento
Estabelecer exercícios de vantagem e desvantagem sobre estas ideias
e as de cada paciente de forma preventiva.

e) Uso de cartões lembrete. “ Não há nada que eu queira dizer agora


que não possa dizer depois de ter pensado a respeito e se achar que
devo.”

f) TCCR – Ensinar as técnicas de controle de raiva( respiração e


timeout)

g) Problemas de Comunicação – Role-plays: Ensinar a ouvir, repetir o


que entendeu, pedir confirmação, falar clara e pausadamente.
Treino de Habilidades de Enfrentamento
Estratégias para diminuir riscos da fase depressiva:

a) Trabalhar a culpa associada a inércia – É um sintoma e não falha de


caráter.

b) Listar o que é POSSÍVEL e o que é PRIORITÁRIO

c) Diário de atividades com foco no que é essencial

d) Dividir tarefas em pequenos passos

e) Prescrever atividades prazerosas e divertimento.

f) Auxiliar e administrar experiências de rejeição fracasso


(reestruturação), distração e apoio social.
Treino de Habilidades de Enfrentamento
Estratégias para diminuir riscos da fase depressiva:

g) Avaliar risco de suicídio (prioridade no tratamento)

Pensamentos comuns:

“ Meus problemas são enormes, o jeito de resolvê-los é acabar com a


minha vida”

“Sou um peso para todos é melhor que eu me vá”

“Me odeio, mereço morrer”

“Só a morte pode aliviar minha dor”

“Tenho tanta raiva de todos que vou me matar para ensiná-los uma lição”
Treino de Habilidades de Enfrentamento
Estratégias para diminuir riscos da fase depressiva:

 Contato com psiquiatra e familiar (intensidade dos sintomas


acompanhado de planejamento e tentativas)

 Caixa S.O.S

 Cartão minhas razões para viver

 Contrato antisuicídio – passo a passo

 Na fase eutímica é possível tratar as dimensões das ORIGENS


FAMILIARES, e as técnicas vivenciais. ( Quando há episódio
psicótico as técnicas de imagem não são recomendadas)
Prevenção de Recaídas

 Aprendendo com as minhas experiências

 Gratificando-me pelos meus acertos

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