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Isso deixa claro o desafio que o psiquiatra enfrenta ao tentar diagnosticar essa condição, dado
ao fato de que o médico em questão tem a tarefa de definir baseado em uma conversa (com
múltiplas possibilidades), não é como um diagnóstico simples que pode ser confirmado por um
exame de sangue, ser baseado em uma escala ou através de biomarcadores. Tudo que o
psiquiatra tem em mãos para determinar o diagnóstico são palavras expelidas pelo paciente,
uma conversa em sua clínica com alguém que, dadas as variáveis, pode ser muito difícil de
decifrar se está sofrendo, ou já sofreu um episódio de mania.
Todas estas variáveis comprovam escancaradamente a inutilidade do uso do DSM-5 como base
diagnóstica, dado a sua desatualização quanto aos quadros, ignorando variações de pacientes,
fatores genéticos específicos, fator neurotrófico BDNS Val66Met, polimorfismo e morfologia
cerebral, quantidade de líquor cerebral e medular, volume cerebral maior em regiões de
massa cinzenta, menor quantidade de massa branca, volume do putamen, inflamação
corporal, hábitos alimentares, histórico de obesidade, comportamentos de infância, fatores
ambientais e estressores, nível de produção de serotonina no intestino, alteração morfológica
em diversas áreas do cérebro, em destaque a amigdala, córtex frontal e suas conexões axonais
(que, comparado a uma pessoa saudável apresentam menor diâmetro e menor quantidade de
bainhas de mielina nos neurônios) diminuindo a interação destas duas, explicando o fato do
descontrole emocional nas situações de mania e depressão maior (termos inadequados dado
ao fato do cérebro estar se comportando normalmente pois é morfologicamente diferente de
um neurotipico), nível basal de lítio, estado vitamínico (principalmente vitamina D, obviamente
em declínio em episódios de depressão maior por conta de comportamentos comuns como
não sair da cama e não se expor a luz solar.
É caracterizado por um episódio de mania, que deve durar por pelo menos 7 dias (podendo
durar mais). Período estendido de comportamento anormal e persistentemente elevado,
expansivo, irritabilidade elevada e aumente constante a atividades com objetivos (sejam estes
cabíveis ou não), aumento de energia, normalmente tendo duração de uma semana, sendo
este presente na maior parte do dia, todos os dias, até que o episódio cesse.
Durante este período de distúrbio de humor e aumente de energia ou atividade, três (ou mais)
Dos sintomas a seguir (quatro se apresentar apenas irritabilidade) estão presentes para
considerar um grau significante e representar uma mudança notável do comportamento usual.
Para que estes sejam considerados, os sintomas devem ter capacidade suficientemente
severas para causar mal adaptações sociais ou função ocupacional (trabalho, faculdade).
O episódio não pode ser atribuído a nenhum outro efeito psicológico de substancia (droga de
abuso, medicamento ou outro tratamento) ou a outra condição médica (dano cerebral).
Casos singulares de bipolaridade tipo I: comumente, após o episódio de mania, a pessoa que
sofre desta condição pode não experienciar um episódio de depressão, que é o que acontece
na maior parte dos casos. Isso é uma desinformação comum sobre a patologia, mas existem
pessoas nesta condição que enfrentam o episódio de mania e então retornam ao que
chamaremos aqui de nível basal. Deter este conhecimento é de suma importância.
1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por
relato subjetivo (p. ex., sente-se triste, vazio ou sem esperança) ou por observação
feita por outra pessoa (p. ex., parece choroso). (Nota 1: Em crianças e adolescentes,
pode ser humor irritável.)
2. Acentuada diminuição de interesse ou prazer em todas, ou quase todas, as atividades
na maior parte do dia, quase todos os dias (conforme indicado por relato subjetivo ou
observação).
3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., mudança de mais
de 5% do peso corporal em um mês) ou redução ou aumento no apetite quase todos
os dias. (Nota 2: Em crianças, considerar o insucesso em obter o peso esperado.)
4. Insônia ou hipersonia quase diária.
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observável por outras pessoas;
não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento).
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.
7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser
delirantes) quase todos os dias (não meramente auto recriminação ou culpa por estar
doente).
8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão quase todos os dias
(por relato subjetivo ou observação feita por outra pessoa).
9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida
recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para
cometer suicídio.
Para serem considerados, os sintomas devem causar sofrimento clinicamente significativo ou
prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo.
O episódio não pode ser atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou outra
condição médica.
Peço antecipadamente ao leitor minhas sinceras desculpas caso tenha lido as páginas
anteriores, pois todos os critérios e definições são embasados no DSM-5, e com toda certeza,
qualquer um que minimamente tenha raciocínio lógico, mesmo que a nível de uma criança de
5 anos, pôde perceber a subjetividade dos critérios, fazendo-se fácil o erro de diagnóstico, e se
posso ser um pouco ousado, diria que qualquer pessoa que sentar-se em frente a um
psiquiatra se enquadraria em pelo menos 3 dos “sintomas comportamentais” e, portanto,
considerados bipolares, sofrendo as consequências de tratamentos inadequados para a
patologia em questão e muitas vezes uso demasiado de medicamentos extremamente nocivos
se usados em pessoas que não possuem o transtorno.
Fatores singulares de pessoa para pessoa: Dentro do espectro da bipolaridade, as pessoas que
sofrem desta condição podem apresentar variação na intensidade e duração dos episódios,
sendo estes por vezes mais longos ou rápidos, este citado por último denominado “rapid
cycling”, também comumente relatado por psiquiatras que a variação entre pacientes pode
ser significativamente grande, onde alguns passam por períodos muito mais longos ou curtos
do que os critérios do DSM-5 sugere, provando assim a falta de acurácia do diagnóstico se
usado tempo de ciclo como base para fecha-lo.
Em artigo publicado por Judd et al. Publicado no Journal American Associations Psychiatry há
20 anos atrás e apesar do tempo, as evidencias mantem os dados relevantes.
O estudo sugere que pessoas que sofrem de bipolaridade tipo I geralmente se mantem sem
sintomas por 53% do tempo, cerca de 28% do tempo em episódio de depressão maior e 15%
do tempo em condição chamada de mania mista.
Em contraste, pessoas que sofrem de bipolaridade tipo II tendem a passar 50% do tempo em
estado de depressão maior, mesmo tendo ciclos de mania e hipomania, tendem a passar mais
tempo deprimidos. Está é uma das características chave para distinguir o estado da pessoa em
estado de depressão maior, onde não são capazes de ver um futuro, por exemplo, quando
questionado sobre como está o trabalho ou relacionamento, eles não veem como algum
problema a ser corrigido, mas como se não houvesse nenhuma oportunidade de melhora.
Geralmente pessoas que sofrem de bipolaridade tipo II tendem a estar livres de sintomas cerca
de 45% do seu tempo e em estados de hipomania por apenas 4 a 5% do tempo, o que explica o
erro comum de diagnostico onde o psiquiatra confunde bipolaridade tipo II com transtorno de
depressão maior. Este erro é extremamente perigoso dado ao fato de medicamentos
antidepressivos poderem ter efeito de piora se não estiverem acompanhados de um regulador
de humor, como por exemplo lítio ou lamotrigina, e por vezes, desencadear um ciclo de mania.
Desenvolvimento da bipolaridade:
Fatores biológicos
Abuso de substância: Uso crônico de cannabis, alcool, cocaína, NbOH e uso de psilocibina
(princípio ativo do cogumelo psicolobis cubensis) contribuem para primeiro ciclo de
hipomania.
Instabilidade afetiva: coexistente com episódio de depressão maior, ter “altos e baixos”.
Histórico de TDAH: Mudanças foram previstas pela presença de distúrbios de humor dos pais,
anormalidades no comportamento escolar, sugerindo que seja uma comorbidade ou sinal para
desenvolvimento de bipolaridade.
Fatores clínicos
Suicídios: Dois artigos ofereceram evidencias para associação entre ideação suicida e transição
para bipolaridade (de Cardoso, Mondin, Azevedo, Toralles, & de Mattos Souza, 2018; Ratheesh
et al., 2017). Ambos reportaram resultados inconsistentes para a associação de suicídio e
então bipolaridade; de 7 individuos inclusos, somente quatro apresentaram associação
significante de ideação suicida e então desenvolvimento de bipolaridade.
Depressão: Três artigos estudaram a relação entre depressão e bipolaridade (Faedda et al.,
2015; Keramatian et al., 2021; Ratheesh et al., 2017). Encontraram que episódios de depressão
maior, depressão unipolar, depressão leve, depressão na infância/adolescência, duração e
quantidades dos episódios, agravamento de sintomas depressivos, aumento de recorrência,
severidade do quadro, retardo psicomotor, culpa, comorbidade de instabilidade afetiva com
episódio de depressão maior predizem desenvolvimento de bipolaridade. Também foi
encontrado uma associação relevante entre a idade do início da depressão e desenvolvimento
do quadro. Associação de depressão maior, depressão crônica e conversão para bipolaridade
se mostrou inconsistente.
Ciclotimia e bipolaridade NOS (not otherwise specified): Faedda et al. (2015) and Keramatian
et al. (2021) indicam que na presença de bipolaridade NOS, é indicador significativo para
conversão posterior de bipolaridade. Similarmente, o mesmo se aplica a distúrbio ciclotimico e
hipertimico.
Psicose e sintomas psicóticos: Dois estudos revisaram as associações entre sintomas psicóticos
e posteriormente bipolaridade (Faedda et al., 2015; Ratheesh et al., 2017). Eles demonstraram
que os sintomas psicóticos são fatores significantes para o desenvolvimento e conversão
futura para bipolaridade. Maiores taxas de conversão para bipolaridade foram encontradas em
pessoas com psicose NOS, sintomas esquizotipicos e sintomas de esquizofrenia nuclear,
embora os resultados foram inconsistentes.
Fontes - https://med.stanford.edu/bipolar/bipolar.html Stanford University of Medicine
https://www.health.harvard.edu/a_to_z/bipolar-disorder-manic-depressive-illness-or-manic-
depression-a-to-z#:~:text=Since%20bipolar%20disorder%20can%20come,estimate%20can
%20be%20even%20higher. Harvard Medical School
https://www.psychiatry.org/search-results?searchText=bipolar%20disorder%202