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Mania e Melancolia

Camila Domiciano de Mattos


Celiani Lopes Machado
Daniela Aparecida Dias Vieira
Débora Gomes Victorino
Guilherme Ferreira Batista Callegari
Tabata Karin Barbosa da Silva

1
MANIA E MELANCOLIA

2
INTRODUÇÃO

Transtorno Bipolar X Mania e


melancolia

Transtorno Bipolar é um termo


utilizado na Psicopatologia, enquanto
Mania e melancolia é a nomenclatura
dada pela Psicanálise.

3
Panorama histórico
Origem do termo melancolia

Melancolia vem do grego Melan (negro) e Cholis (bílis),


ou seja, melancholia, que significa bile negra.

4
A mania e a melancolia ao longo do tempo
 300 a.C. (Hipócrates): falta de apetite, repulsa por comida,
desânimo, insônia, irritabilidade e inquietação, decorrentes do
excesso de bile negra no corpo
Hipócrates
(460-370 a.C.)
 Século I d.C. (Areteu): distinção entre melancolia (causas
biológicas) e depressão (fatores ambientais). Mania é o
agravamento da melancolia, na qual a tristeza é convertida em
alegria.

Areteu da Capadócia
Séc. I a. C.
 Ao longo dos séculos, outros estudiosos foram verificando que a
mania e a melancolia eram patologias distintas, crônicas e que
pioravam com o decorrer do tempo.
 Século XX (Kraepelin): conceito de “estados mistos maníaco-
depressivos” – a mania e a melancolia poderiam ocorrer
simultaneamente, o que foi de suma importância para
Emil Kraepelin
(1856-1926) compreensão do hoje chamado Transtorno Bipolar.

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A mania e a melancolia ao longo do tempo
 Breuler, Jaspers e Schneider discordaram desse
conceito de estados mistos, por considerarem que
nesses estados, o que ocorre é a alternância de um
estado para outro e não a ocorrência
Paul Eugen Bleuler Karl Theodor Jaspers concomitante deles.
(1857-1939) (1883-1969)  A partir da década de 1970, com o aumento da
importância dada ao diagnóstico, foi-se incluindo
os estados mistos como forma da doença.
 Adolf Meyer preocupava-se com as histórias dos
pacientes, dando ênfase não só aos fatores
biológicos, como também aos psicológicos e
sociais como determinantes da doença mental.
Kurt Schneider Adolf Meyer Suas ideias abriram caminho para aceitação da
(1887 – 1967) (1866-1950) Psicanálise de Freud.

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Conceito de mania e melancolia na
Psicopatologia
 O que é Psicopatologia?
 É o ramo da ciência que se preocupa com as causas da doença mental, suas
mudanças estruturais, bem como as formas de manifestação. O objetivo é
somente observar, identificar e compreender os componentes da doença
mental.
 A mania e a melancolia na Psicopatologia: o Transtorno Bipolar
 Antes: Psicose Maníaco-Depressiva (estimagtização dos termos psicose e
mania – relacionados à loucura)
 A partir de 1980: Transtorno Bipolar (desvinculação da depressão unipolar
para determinar formas específicas de tratamento para cada situação)
 Classificação no DSM-IV: Transtornos de humor
 Antes: Transtornos Afetivos Maiores
 Agora: Transtornos do Humor (mais adequada em razão de os estados
emocionais serem persistentes e não dizerem respeito somente a sua
expressão externa )
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Conceito de mania e melancolia na
Psicopatologia
 Características da mania:
 estado de extrema euforia injustificada, agitação motora e
mental, passagem brusca de um assunto para outro,
arrogância, sentimento de onipotência, desinibição social e
sexual e até delírios, porém não são tão intensos quanto na
esquizofrenia. Os episódios de mania podem durar de poucos
dias a meses, mas não costumam passar de algumas semanas.
 Características da melancolia:
 total apatia, sentimento de desvalia, pouca energia, fala lenta,
choro constante, perda do prazer em realizar atividades, perda
do desejo por comida e por sexo, sono agitado, dificuldades
para dormir

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PSICOPATOLOGIA
Critérios diagnósticos para Transtorno Bipolar segundo
o DSM-IV
Transtorno Bipolar I
Transtorno Bipolar II
Causas e fatores desencadeadores
Tratamento
Transtorno Bipolar na infância e na adolescência

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Critérios diagnósticos para Transtorno
Bipolar segundo o DSM-IV
O Transtorno Bipolar é dividido em dois subtipos: o tipo I e o tipo II.

 Transtorno Bipolar tipo I: episódios depressivos que variam de leves a graves


e que são intercalados por episódios maníacos bem delineados. Inclui seis
subtipos:
1. Episódio Maníaco Único
2. Episódio Mais Recente Hipomaníaco
3. Episódio Mais Recente Maníaco
4. Episódio Mais Recente Misto
5. Episódio Mais Recente Depressivo
6. Episódio Inespecificado

 Transtorno Bipolar tipo II: episódios depressivos de leves a graves e seguidos


fases hipomaníacas, em que há humor irritadiço, elevado ou expansivo, porém
não há sintomas psicóticos, como os delírios.
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1. Critérios Diagnósticos para Transtorno Bipolar I,
Episódio Maníaco Único
A. Presença de apenas um Episódio Maníaco e ausência de qualquer Episódio Depressivo Maior no
passado.
Nota: A recorrência é definida como uma mudança na polaridade a partir da depressão ou um intervalo de
pelo menos 2 meses sem sintomas maníacos.
B. O Episódio Maníaco não é mais bem explicado por Transtorno Esquizoafetivo nem está sobreposto a
Esquizofrenia, Transtorno Esquizofreniforme, Transtorno Delirante ou Transtorno Psicótico Sem
Outra Especificação.
Especificar se:
Misto: se os sintomas satisfazem os critérios para um Episódio Misto.
Se os critérios são atualmente satisfeitos para um Episódio Maníaco, Misto ou Depressivo Maior, especificar
sua condição clínica e/ou características:
Leve, moderado, grave sem características psicóticas/grave com características psicóticas.
Com Características Catatônicas.
Com Início no Pós-Parto
Se os critérios não são atualmente satisfeitos para um Episódio Maníaco, Misto ou Depressivo Maior,
especificar a condição clínica atual do Transtorno Bipolar I ou as características do episódio mais
recente:
Em remissão parcial, em remissão completa.
Com Características Catatônicas.
Com Início no Pós-Parto. 11
2. Critérios Diagnósticos para Transtorno Bipolar I,
Episódio Mais Recente Hipomaníaco
A. Atualmente (ou mais recentemente) em um Episódio Hipomaníaco.
B. Houve, anteriormente, pelo menos um Episódio Maníaco ou Episódio
Misto.
C. Os sintomas de humor causam sofrimento clinicamente significativo ou
prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas
importantes da vida do indivíduo.
D. Os episódios de humor nos Critérios A e B não são mais bem explicados
por Transtorno Esquizoafetivo nem estão sobrepostos a Esquizofrenia,
Transtorno Esquizofreniforme, Transtorno Delirante ou Transtorno Psicótico
Sem Outra Especificação.
Especificar:
Especificadores de Curso Longitudinal (Com ou Sem Recuperação Entre
Episódios).
Com Padrão Sazonal (aplica-se apenas ao padrão de Episódios Depressivos
Maiores).
Com Ciclagem Rápida 12
3. Critérios Diagnósticos para Transtorno Bipolar I,
Episódio Mais Recente Maníaco
A. Atualmente (ou mais recentemente) em Episódio Maníaco.
B. Houve, anteriormente, no mínimo um Episódio Depressivo Maior, Episódio Maníaco ou Episódio Misto.
C. Os episódios de humor nos Critérios A e B não são mais bem explicados por Transtorno Esquizoafetivo nem
estão sobrepostos a Esquizofrenia, Transtorno Esquizofreniforme, Transtorno Delirante ou Transtorno Psicótico
Sem Outra Especificação.
Se os critérios são atualmente satisfeitos para um Episódio Maníaco, especificar a condição e/ou características
clínicas:
Leve, moderado, grave sem características psicóticas/grave com características psicóticas.
Com Características Catatônicas.
Com Início no Pós-Parto.
Se os critérios não são atualmente satisfeitos para um Episódio Maníaco, Misto ou Depressivo Maior, especificar a
condição clínica atual do Transtorno Bipolar I e/ou as características do episódio mais recente:
Em remissão parcial, em remissão completa.
Com Características Catatônicas.
Com Início no Pós-Parto.
Especificar
Especificadores de curso longitudinal (com ou sem recuperação entre os episódios)
Com padrão sazonal
Com ciclagem rápida

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4. Critérios Diagnósticos para Transtorno Bipolar I,
Episódio Mais Recente Misto
A. Atualmente (ou mais recentemente) em um Episódio Misto.
B. Houve, anteriormente, pelo menos um Episódio Depressivo Maior, Episódio Maníaco ou Episódio
Misto.
C. Os episódios de humor nos Critérios A e B não são mais bem explicados por Transtorno
Esquizoafetivo nem estão sobrepostos a Esquizofrenia, Transtorno Esquizofreniforme, Transtorno
Delirante ou Transtorno Psicótico Sem Outra Especificação.
Se os critérios são atualmente satisfeitos para um Episódio Misto, especificar a condição e/ou
características clínicas:
Leve, moderado, grave sem características psicóticas/grave com características psicóticas.
Com Características Catatônicas.
Com Início no Pós-Parto.
Se os critérios não são atualmente satisfeitos para um Episódio Misto, especificar a condição clínica atual
do Transtorno Bipolar I e/ou as características do Episódio Misto mais recente:
Em remissão parcial, em remissão completa.
Com Características Catatônicas.
Com Início no Pós-Parto.
Especificar
Especificadores de curso longitudinal (com ou sem recuperação entre os episódios)
Com padrão sazonal
Com ciclagem rápida 14
5. Critérios Diagnósticos para Transtorno Bipolar I, Episódio
Mais Recente Depressivo
A. Atualmente (ou mais recentemente) em um Episódio Depressivo Maior.
B. Houve, anteriormente, pelo menos um Episódio Maníaco ou Episódio Misto.
C. Os episódios de humor nos Critérios A e B não são melhor explicados por Transtorno Esquizoafetivo nem estão
sobrepostos a Esquizofrenia, Transtorno Esquizofreniforme, Transtorno Delirante ou Transtorno Psicótico Sem Outra
Especificação.
Se os critérios são atualmente satisfeitos para um Episódio Depressivo Maior, especificar a condição e/ou
características clínicas:
Leve, moderado, grave sem características psicóticas/grave com características psicóticas.
Com Características Catatônicas.
Com características melancólicas.
Com características atípicas.
Com Início no Pós-Parto.
Se os critérios não são atualmente satisfeitos para um Episódio Depressivo Maior, especificar a condição clínica atual
do Transtorno Bipolar I e/ou as características do Episódio Depressivo Maior mais recente:
Em remissão parcial, em remissão completa.
Crônico
Com Características Catatônicas.
Com características melancólicas.
Com características atípicas.
Com Início no Pós-Parto.
Especificar
Especificadores de curso longitudinal (com ou sem recuperação entre os episódios)
Com padrão sazonal
Com ciclagem rápida

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6. Critérios Diagnósticos para Transtorno Bipolar I, Episódio
Inespecificado
A. Os critérios, exceto pela duração, são atualmente (ou foram mais recentemente)
satisfeitos para um Episódio Maníaco, Episódio Hipomaníaco, Episódio Misto ou Episódio
Depressivo Maior.
B. Houve, anteriormente, pelo menos um Episódio Maníaco ou Episódio Misto.
C. Os sintomas de humor causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no
funcionamento social ou ocupacional ou outras áreas importantes da vida do indivíduo.
D. Os sintomas de humor nos Critérios A e B não são mais bem explicados por um
Transtorno Esquizoafetivo nem estão sobrepostos a Esquizofrenia, Transtorno
Esquizofreniforme, Transtorno Delirante ou Transtorno Psicótico Sem Outra
Especificação.
E. Os sintomas de humor nos Critérios A e B não se devem aos efeitos fisiológicos diretos
de uma substância (por ex., droga de abuso, medicamento ou outro tratamento), ou de
uma condição médica geral (por ex., hipertiroidismo).
Especificar:
Especificadores de Curso Longitudinal (Com ou Sem Recuperação Entre Episódios).
Com Padrão Sazonal (aplica-se apenas ao padrão de Episódios Depressivos Maiores).
Com Ciclagem Rápida.

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Critérios Diagnósticos para Transtorno Bipolar II
A. Presença (ou histórico) de no mínimo um Episódio Depressivo Maior.
B. Presença (ou histórico) de um Episódio Hipomaníaco.
C. Jamais houve um Episódio Maníaco ou um Episódio Misto.
D. Os sintomas de humor nos Critérios A e B não são mais bem explicados por Transtorno Esquizoafetivo nem estão sobrepostos a Esquizofrenia,
Transtorno Esquizofreniforme, Transtorno Delirante ou Transtorno Psicótico Sem Outra Especificação.
E. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da
vida do indivíduo.
Especificar episódio atual ou mais recente:
Hipomaníaco: se atualmente (ou mais recentemente) em um Episódio Hipomaníaco.
Depressivo: se atualmente (ou mais recentemente) em um Episódio Depressivo Maior.
Se os critérios são atualmente satisfeitos para um Episódio Depressivo Maior, especificar a condição clínica atual e/ou as características:
Leve, moderado, grave sem características psicóticas/grave com características psicóticas.
Crônico.
Com Características Catatônicas.
Com características melancólicas.
Com características atípicas.
Com Início no Pós-Parto.
Se os critérios não são atualmente satisfeitos para um Episódio Hipomaníaco ou Depressivo Maior, especificar a condição clínica do Transtorno Bipolar
II e/ou as características do Episódio Depressivo Maior mais recente (somente se este for o tipo mais recente de episódio de humor):
Em remissão parcial, em remissão completa.
Crônico
Com Características Catatônicas.
Com características melancólicas.
Com características atípicas.
Com Início no Pós-Parto.
Especificar
Especificadores de curso longitudinal (com ou sem recuperação entre os episódios)
Com padrão sazonal
Com ciclagem rápida

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Causas e fatores desencadeadores
 Hereditariedade: dez vezes mais chances de ocorrer em pessoas com histórico
familiar de transtorno bipolar. Isso sugere que há uma base fisiológica para o
surgimento desses transtornos, porém ainda não há confirmação científica a
respeito.
 Vulnerabilidade biológica: alterações químicas e de funcionamento do
cérebro.
 Fatores ambientais e pessoais: eventos estressantes e interrupção do padrão
de sono.
 Tempo de sono: redução (mania) e aumento (depressão).
 Estimulação excessiva do ambiente
 Rupturas da rotina
 Relacionamentos pessoais conflituosos e estressantes
 Utilização de substâncias estimulantes (cafeína, nicotina, por exemplo) e abuso de
álcool, drogas ou substâncias entorpecentes.
 Ainda que esses fatores possam contribuir para o surgimento dos episódios do
transtorno bipolar, este pode se iniciar sem que haja nada ambiental que
justifique.
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Tratamento
 Medicamentoso:
 Estabilizadores de humor (lítio)
 Antipsicóticos atípicos (Risperidona e Clozapina): reduzem a ansiedade,
tratam a psicose e as perturbações do sono
 Antidepressivos (Fluoxetina, Sertralina, Bupropiona) associado ao
estabilizado de humor. Obs: o lítio não produz efeito na depressão unipolar, o
que sugere uma diferença substancial entre as duas doenças.
 Terapia eletroconvulsiva (ECT): geralmente é utilizada quando os outros
tratamentos não surtem efeito. O paciente é anestesiado e uma estimulação
elétrica é aplicada em uma área de seu cérebro. Como efeitos colaterais, podem
ocorrer confusão temporária ou perda de memória .
 Privação de sono: restringir o tempo de sono com base no período médio diário.
Geralmente não inferior a quatro ou cinco horas de sono.
 Tratamentos psicológicos, desde que associados ao tratamento
medicamentoso.

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Tratamentos Psicológicos
 Segundo o guia para cuidadores de pessoas com Transtorno Bipolar do Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Clínicas, os tratamentos que mais dão resultado são:
1. Psicoeducação: conhecer e discutir a patologia, seu tratamento e a forma de
gerenciar a doença.
2. Terapia cognitivo-comportamental: alterar os padrões disruptivos de
pensamento para que a pessoa mude e monitore seu humor, bem como crie
estratégias para lidar com a depressão.
3. Terapia focada na família: envolve o paciente e pelo menos um membro da
família, e tem como propósito promover a informação e discussão da doença,
tratamento e formas de lidar, bem como resolução de problemas e melhora da
comunicação familiar.
4. Terapia interpessoal de ritmo social: foca a regulagem dos padrões de sono e
das atividades diárias e sociais.
5. Programas de cuidados reforçados: trabalho multidisciplinar cujo objetivo é
ajudar a pessoa a monitorar seu humor e sua medicação.

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Transtorno Bipolar na infância e na
adolescência

21
Transtorno Bipolar na infância e na
adolescência
 Somente a partir de 1970 a psicopatologia da criança e do adolescente
legitimou os transtornos de humor como tema de pesquisas sistemáticas.
 Início: aos cinco ou seis anos até os 50 anos, com idade média de 30 anos.
 A manifestação raramente ocorre antes da adolescência e tende a se
exibir primeiramente por episódios maníacos de longa duração e
episódios mistos, passando de um estado depressivo imediatamente para
um estado normal.
 Somente na vida adulta tende a aparecer episódios maníacos distintos
que duram vários dias.
 A dificuldade de diagnosticar deve-se a comportamentos alterados de
síndromes comórbidas, como ocorre com o TDAH em crianças, o que
tem sido indicado como uma espécie de “anunciador” do transtorno
bipolar em adolescentes.

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Transtorno Bipolar na infância e na
adolescência
Sintomas em crianças:
Depressão: apego excessivo aos
pais e fobia escolar
Mania: agitação, irritabilidade,
mudança abrupta de humor,
crises de choro, sintomas
somáticos, e em casos mais graves
crises de raiva que põem em risco
a si mesmas e aos outros

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Transtorno Bipolar na infância e na
adolescência
 Sintomas em adolescentes:
 Depressão: mau desempenho escolar, abuso
de drogas, comportamento antissocial,
promiscuidade sexual, ociosidade e fuga de
casa.
 Mania: costuma ser confundida com
sintomas de personalidade antissocial e
esquizofrenia, e os sintomas podem incluir
psicose, abuso de substâncias psicoativas,
problemas escolares, irritabilidade,
comportamento antissocial, queixas
somáticas, ruminações filosóficas,
comportamento obsessivo-compulsivo e
tentativas de suicídio.

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A mania e melancolia na Psicanálise

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Conceito de mania e melancolia na
Psicanálise
Melancolia
 Freud: relação com o luto, porém com rebaixamento da autoestima
 Luto: reação diante de alguma perda, seja esta real ou simbólica, na qual a pessoa
volta-se para si mesma a fim de elaborar essa perda e ressignificar sua relação com o
mundo externo, que não mais conterá esse objeto amado.
 Melancolia: vivência muito intensa da perda, com utilização de mecanismos de
defesas bem primitivos, como a negação e a introjeção, que têm por objetivo
incorporar o objeto perdido dentro do ego.
 Klein associa a melancolia à posição depressiva infantil, na qual os objetos bons não
foram bem estabelecidos dentro do seu mundo interno, tornando-o inseguro e
ameaçador.

Mania
 Freud: a mania é o oposto da melancolia, com uma busca voraz por novos investimentos
libidinais a fim de fugir da tristeza
 Klein: a mania é um estado de onipotência utilizado para controlar e dominar os objetos,
negando assim a medo que se tem deles e impedindo-os de destruir a si mesmos ou aos
outros objetos, possibilitando assim, a reparação.
26
A mania e melancolia na teoria
Freudiana

Sigmund Freud (1856-1939)

27
A mania e melancolia para Freud
 Rascunho G (1895):
 Anestesia sexual (perda de sensibilidade): a melancolia é o luto que a pessoa
vivencia em decorrência da perda de sua libido.
 Aparece mais em mulheres do que homens em razão da educação
sexualmente repressora.
 Luto e melancolia (1917):
 Compara a melancolia ao luto
 Mesmos sintomas (desânimo profundamente penoso, a cessação de
interesse pelo mundo externo, a perda da capacidade de amar e a inibição
de toda e qualquer atividade), com exceção da autoestima, que na
melancolia fica rebaixada.
 Teste de realidade: oposição tão intensa a ela que a realidade se torne
desviada, e o apego ao objeto se estabelecer como uma “psicose alucinatória
carregada de desejo”
 Psicose alucinatória do desejo: anseios ocultos ou reprimidos vão para a
consciência e também os representa, fazendo com que o indivíduo acredite
ter esses desejos satisfeitos.
28
A mania e melancolia para Freud
 Precondições:
 Perda do objeto
 Ambivalência

 Regressão da libido ao ego

 Relação com a neurose obsessiva: a ambivalência presente na neurose


se manifesta quando da perda do objeto, tornando o luto patológico,
reforçando a autorrecriminação, inferindo que a própria pessoa é
culpada pela perda do objeto, em razão de seu desejo ambivalente.
 Sentimento de culpa normal e o sentimento de inferioridade: tensão
existente entre o ego e o ideal do ego. É a expressão da condenação do
ego pela superego, extremamente rígido.

29
A mania e melancolia para Freud
 Tendência suicida: sob a influência do componente destrutivo sádico do instinto de
morte, o superego obtém êxito em impulsionar o ego à morte. Através da autopunição,
o indivíduo consegue se vingar do objeto amado através de sua doença, que é um
disfarce para o desejo real de agressão a esse objeto. Assim, o ego trata a si mesmo
como o objeto perdido e dirige a agressão a si próprio.
 Mania: a melancolia tende a se transformar em mania, que é um estado caracterizado
pelos sintomas opostos, porém não são todos os casos. Seria também uma forma do
ego se afastar da tirania do superego, através da autossatisfação eufórica.
 Para Karl Abraham, a depressão seria composta de quatro pontos centrais:
 Problemas na relação mãe e bebê durante a fase oral, que acarretaria uma
vulnerabilidade ao transtorno;
 A depressão está ligada a perda real ou imaginária do objeto amado;
 Para lidar com a perda do objeto amado, o mecanismo de defesa acionado seria a
introjeção desse objeto;
 A relação ambivalente com o objeto perdido, que gera um direcionamento da
agressão para o próprio ego. Os estados maníacos refletiriam uma incapacidade do
ego de lidar com a perda do objeto.

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A mania e melancolia na teoria
Kleiniana

Melanie Klein (1882-1960 )

31
A mania e melancolia para Klein
 A flutuação entre a posição depressiva e a posição maníaca fazem parte do desenvolvimento
normal do indivíduo;
 A posição depressiva nunca é plenamente elaborada, a ansiedade relativa a ambivalência e a culpa
podem ser reavivadas em situações de perda;
 Posição Depressiva (por volta do 4º mês de vida)
 Integração do ego e do objeto;
 Objeto bom internalizado  Núcleo do ego e do mundo interno;
 Desamparo, dependência, ciúme e ambivalência;
 Angústia Depressiva;
 Defesa contra o “anseio” pelo objeto amado Defesas maníacas;
 Reparação.
 Posição Maníaca/Defesas Maníacas
 Negação parcial e temporária da realidade para que o ego possa suportar a ansiedade
depressiva;
 Visa controlar os objeto maus e perigosos e salvar e restaurar os objetos amados;
 Relação maníaca com o objeto:
 Controle (nega dependência);

 Triunfo (nega sentimentos depressivos);

 Desprezo (nega sentimentos de perda e culpa);

 Declina dando lugar aos processos reparadores.

32
A mania e melancolia para Klein
 Klein também faz uma conexão entre o processo de luto e os estados maníaco-
depressivos:
 O enlutado passa por um estado maníaco-depressivo transitório, porém é capaz
de reintrojetar o objeto perdido junto aos objetos bons primários (pais da
infância), reconstruindo seu mundo interno, superando o seu pesar e voltando a
ter confiança no amor.
 O indivíduo maníaco-depressivo não conseguiu estabelecer os objetos bons
internos durante a infância, portanto, não encontra segurança em seu próprio
mundo interno, não conseguindo ultrapassar a posição depressiva infantil.
 A incapacidade de manter uma identificação com os objetos amados reais e
internalizados pode desencadear as desordens psicóticas, tais como estados
depressivos, mania ou paranoia.
 Melancolia e Paranoia: ambos utilizam o processo de introjeção, porém dada a
ansiedade persecutória da paranoia não há identificação com o objeto
internalizado, o ódio o destrói e cada pedaço se torna um perseguidor; enquanto no
melancólico há uma identificação com o objeto internalizado, ficando pesaroso e
ansioso na tentativa de juntar os fragmentos deste objeto para torná-lo inteiro
novamente.
33
A mania e melancolia para Klein
 Mania
 Não só fugir do estado melancólico;
 Fuga da condição paranoica do ego, que se encontra perseguido pelos objetos
maus e pelo id;
 Uso da onipotência para controlar e dominar os objetos:
 Nega temor do ego;
 Impede que firam a si mesmos;
 Possibilita que a reparação seja feita.

 Busca voraz por catexias objetais: introjeção canibalesca que deprecia o objeto
internalizado, funcionando como defesa contra a ansiedade depressiva;
 Hiperatividade: indicador do esforço do ego para controlar e dominar seus
objetos.
 Suicídio
 Tentativa do ego de preservar os objetos bons e a parte do ego identificada com
eles, destruindo a parte do ego identificada com os objetos maus e o id;
 Impedir o triunfo sobre o objeto.

34
CONCLUSÕES

35
CONCLUSÕES
 Dificuldades no diagnóstico: variadas formas de manifestação, a
similaridade de seus sintomas com outros transtornos e a presença de
comorbidades associadas ao quadro
 Desenvolvimento: complexa rede de fatores biológicos, psicológicos e
ambientais, e traz perturbações não só na esfera do humor, mas também
afeta percepção, cognição, sensorial, afetividade, comunicação, pensamento
entre outros, prejudicando o funcionamento global do indivíduo que sofre
com este transtorno.
 Tratamento: imprescindível, pois as consequências podem ser devastadoras,
colocando em risco não só a vida e saúde mental do paciente, mas também
dos demais que o circundam. Necessária uma visão global do sujeito,
utilizando-se da psicopatologia, da psiquiatria e da psicologia e da
psicanálise
 Diferentes abordagens: só tem a contribuir para a compreensão não só da
patologia e dos sintomas, mas também o ser humano em sofrimento que a
carrega.
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TRECHOS DE VÍDEOS
Garoto, interrompido (2009)
Documentário que conta a história real de Evan Perry, que se
suicidou aos quinze anos de idade. Através de fotos, vídeos e
entrevistas, sua mãe, Danna Perry, conta sua história
dirigindo este documentário que investiga o complexo
transtorno bipolar de Evan e o impacto de sua morte.

Mr. Jones (1993)


O filme retrata a vida de Mr. Jones, que tem transtorno
bipolar. Apesar de bem caricato e hollywoodiano, é possível
verificar as fases depressivas e maníacas de formas bem
demarcadas.

37
FILMES QUE TRATAM DO ASSUNTO

Sede de Viver (1956) Amadeus (1998) Melancolia O Lado Bom da Vida


(Vincent Van Gogh) (Mozart) (2011) (2012)

38
BIBLIOGRAFIA
 BERK, L. Guia para cuidadores de pessoas com transtorno bipolar. São Paulo: Segmento Farma, 2011. Disponível em <http://ipqhc.org.br/>
 CARLSON, N. R. Fisiologia do comportamento. 7ª edição. São Paulo: Manole, 2002.
 DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2008.
 DEL PORTO, J. A. Evolução do conceito e controvérsias atuais sobre o transtorno bipolar do humor. Revista Brasileira de Psiquiatria, vol. 26. São
Paulo: 2004. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462004000700002> Acesso em 26/03/2013.
 DSM-IV-TR. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 4ª edição. Revisada. Porto Alegre: ArtMed, 2002. Reimpressão 2008.
 DUMAS, J. E. Psicopatologia da Infância e da Adolescência. Tradução: Fátima Murad, 3ª edição. Porto Alegre, Artmed, 2011.
 FILHO, V. G. Entrevista: Transtorno Bipolar. Entrevista concedida a Dráuzio Varella. Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/doencas-e-
sintomas-corpo-humano/transtorno-bipolar/> Acesso em 02/04/2013.
 FENICHEL, O. Teoria Psicanalítica das Neuroses – Fundamentos e Bases da Doutrina Psicanalítica. São Paulo: Ed. Atheneu, 1998, (p. 384-385).
 FREUD, S. (1895) Rascunho G) IN: Vol. I - Publicações pré-Psicanalíticas e esboços inéditos (1886~1899). I. Rio de Janeiro: Imago Editora, 2006
(Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, vol. I).
 _________. (1914) Introdução ao Narcisismo. IN: A História do Movimento Psicanalítico, Artigos sobre a Metapsicologia e outros trabalhos
(1914~1916). Rio de Janeiro: Imago Editora, 2006 (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, vol. XIV).
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