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Me chamo Jeniffer Camargo, sou Psicóloga e espero que este curso te ajude no seu
percurso profissional.
Vamos lá.
AULA 1
PROCESSO FORMATIVO
MERCADO DE TRABALHO
ABORDAGENS – PSICANÁLISE E TERAPIA COGNITIVA
COMPORTAMENTAL
A GRADUAÇÃO:
O curso de psicologia é um curso denso e longo. Suados 5 anos de estudos para
que possamos tem uma compreensão da mente e do comportamento humano.
Muitos profissionais, se perguntam se após a faculdade estarão preparados para
ingressar no mercado de trabalho.
E aí o que você acha?
A resposta é sim.
A graduação te prepara para o mercado de trabalho, no entanto o estudo para
qualquer área deve ser contínuo, pois estamos em constante transformação e
devemos nos atualizar constantemente.
Mas se você já se formou em Psicologia ou está próximo de se formar, você sabe
quais burocracias irá precisar providenciar logo após a conclusão do seu curso para
então conseguir começar a atuar na área?
Registro no Conselho Regional de Psicologia
Embora é algo trabalhoso, essas burocracias organizam e regularizam a nossa
profissão e fazem parte da profissionalização da psicologia, que luta para se manter
como uma ciência e uma profissão séria regida por leis.
Você só pode começar a atuar depois de ter o seu registro, o número do CRP, que
comprova que você fez a sua inscrição.
Eu não sei e todos os cadastros estão sendo feitos desta forma, mas no estado de
São Paulo, o requerimento de pessoa física está podendo ser realizado online. Vou
deixar aqui o site para que vocês busquem mais informações:
https://www.crpsp.org/
ATENDIMENTO ONLINE
Acompanhando a tendência tecnológica mundial, o Conselho Federal de Psicologia
(CFP), por meio da Resolução CPF 11/2018, regulamentou o atendimento
psicológico clínico online.
Mesmo antes da pandemia, esta modalidade já era bem aceita em nossa área, mas
durante a pandemia e atualmente é uma modalidade bem aceita tanto pelos
pacientes quanto pelos profissionais e percebemos que é tão eficaz quanto o
atendimento presencial.
Alguns benefícios:
Mantém o distanciamento: Em época de crise sanitária, o trabalho não
precisa ser suspenso;
Oferece flexibilidade: Dias e horários mais adequados a rotina;
Reduz custos: Diminuição das despesas de um consultório;
Favorece quem tem dificuldade de locomoção.
Para que possamos atender de forma online, precisamos:
Realizar o cadastro na plataforma e-psi.
Esse cadastro no CFP é obrigatório para quem vai atender online. Mesmo que essa
não seja sua ideia inicial, é importante fazer, já que o atendimento online tem sido
cada vez mais requisitado pelos pacientes.
E aí, agora que você já sabe o percurso para começar na carreira de psicólogo, o
que acha de conhecermos algumas áreas possíveis de atuação do psicólogo?
Para ser psicólogo, antes de iniciar os trabalhos você terá duas escolhas
importantíssimas para fazer. A primeira delas é a área de atuação que pretende
trabalhar (consultórios, escolas, empresas…) e a segunda é a abordagem que
pretende utilizar caso decida pela atuação clínica,
Vamos conversar um pouco sobre?
MERCADO DE TRABALHO EM PSICOLOGIA
Há uma enorme quantidade de áreas nas quais os profissionais de psicologia podem
se inserir, como a clínica, o rh, mediação de grupos, escolas, psicologia jurídica,
entre muitas outras. Tudo dependerá principalmente da sua abordagem e da área
específica em que pretende se inserir. Vamos conhecer algumas áreas:
Psicólogo Organizacional
O profissional que atua nesta área utiliza as técnicas da psicologia organizacional,
ou seja, de questões que envolvem o trabalho. Inclusive, é requisito nos processos
de recrutamento, seleção de novos colaboradores, treinamento e desenvolvimento
de equipes de alto nível, além de compor o setor de recursos humanos
ou departamento pessoal no geral.
Psicólogo Hospitalar
Pensando nesta questão, o profissional em psicologia é fundamental pois no
ambiente hospitalar se encontram pessoas muito fragilizadas. Não somente os
pacientes, mas os familiares, equipe técnica.
O psicólogo tem como objetivo: amenizar a despersonalização sofrida pelo paciente
que perde temporariamente sua identidade e passa a ser parte da instituição
Muitas vezes não há a continuidade dos atendimentos, sendo realizado um
atendimento pontual daquela demanda do paciente. Acolhimento Momentâneo.
Alivio dos sintomas.
O atendimento pode ocorrer em qualquer ambiente, este ambiente é aberto e
variável. Diferente do psicólogo clínico, que veremos mais a frente, que possui um
setting, neste caso, o setting do psicólogo hospitalar pode ser um elevador, UTI,
quarto, pronto socorro, ou seja, o ambiente em que o paciente estiver com a
demanda, podendo inclusive haver interrupções a qualquer momento.
Dentro da psicologia hospitalar, há também a terapia do luto — mais uma área em
psicologia que o profissional pode se especializar. O trabalho é bastante sensível e
sério. Pode ser realizado em clínicas ou em locais como os hospitais do câncer,
especialmente nos casos de tratamento do câncer infantil e hospitais infantis.
O profissional também pode coordenar grupos de apoio, dar treinamento para os
funcionários, realizar intervenções clínicas, atendimentos e atividades que
promovam o bem-estar e restabelecimento da saúde de pacientes e familiares.
Possibilidade de múltipla intervenção: Paciente x Família x Equipe
Paciente: Pensando em seu bem-estar, o psicólogo cuida do adoecimento e não da
doença. A preocupação é: Como a pessoa está vivenciando aquele processo
Família: Preocupada com o Prognóstico, ou seja, o Psicólogo vai acolher também a
demanda da família, encaminhar quando necessário para algum especialista. Mediar
com a equipe médica alguma questão pontual da família.
Equipe: Interessados no diagnóstico e o psicólogo vem para mediar do vínculo entre
paciente e demais profissionais que executam os procedimentos técnicos.
Portanto, nós psicólogos se escolhermos a área hospitalar teremos como objetivo
cuidar e mediar as relações pois além do foco individual, temos o foco das
interrelações.
Psicologia Educacional
Desta forma, a lei está aí, desde 2019, no entanto ainda não existe a atuação efetiva
de nós psicólogos nas escolas. Mas é importante ficarmos antenados no que nossos
conselhos estão fazendo frente esta lei.
Mas o que faz o Psicólogo Educacional? Não faz psicoterapia com os alunos,
familiares, professores e equipe da escola.
Em sua atuação, o psicólogo irá conhecer o ambiente escolar e a partir disto suas
intervenções serão respaldadas nas informações e necessidades encontradas.
Estas intervenções envolvem todos os atores da escola: direção, coordenação,
professores, alunos, família, comunidade, etc.
Com a equipe adm: colaborar com o projeto politico pedagógico, nas atividades
organizacionais e mediação de conflitos, elaborar projetos com a escola, propor
ações de desenvolvimento profissional para equipe e ações que priorizam o bem
estar.
Com a equipe docente: Auxilia nos objetivos educacionais, conteúdos, métodos,
material didático, formações da equipe de docente, orientações intervenções para
casos de inclusão, dificuldade acadêmica ou comportamental.
Com os alunos: No desenvolvimento e elaboração de projetos que visam trabalhar a
autoestima, organização, socialização, cidadania responsável, violência entre outros,
acompanhar reuniões com profissionais externos, psicopedagogos, psicólogos,
fonoaudiólogos, entre outros,, encaminhar para alunos para especialidades.
Com a comunidade/família: Fortalecimento do vínculo, desenvolver ações
preventivas sobre os mais diversos temas.
Além disso, esse profissional auxilia professores e demais membros de instituição a
solucionar os problemas de aprendizagem encontrados no dia a dia, orientando
essas pessoas e ajudando-as a compreender cada caso individualmente.
O psicólogo também está habilitado a aplicar testes relacionados à capacidade de
memória, atenção e concentração, além de conversar com os pais e responsáveis,
atender aos demais funcionários da escola e auxiliar no planejamento escolar para
portadores de alguma demanda em especial.
Psicólogo do Esporte
O psicólogo do esporte busca desenvolver um trabalho com equipe técnica, o
próprio técnico e os atletas, orientando em questões como rendimento, foco, medo
ou ansiedade, entre outras.
Além de promover a saúde mental, maior rendimento e performance para equipes
dos mais variados esportes
A Psicologia do Esporte tem por finalidade investigar e intervir em todas as variáveis
que estejam ligadas ao ser humano que pratica uma determinada modalidade
esportiva e também em seu desempenho (BECKER, 1999).
Psicologia Clínica
A especialidade mais popular de todas as áreas em Psicologia não poderia ficar de
fora da nossa lista. O psicólogo clínico, popularmente conhecido como
psicoterapeuta, é o profissional que ouve os pacientes para auxiliá-los nos
processos de compreensão, prevenção e alívio do sofrimento que tenha origem
psicológica.
O atendimento pode ser individual, mas também existe a modalidade familiar e de
casal, em que os envolvidos no processo são atendidos das duas formas:
individualmente e em conjunto, terapia em grupo.
A sua popularidade tem muito a ver com as próprias características dos seres
humanos, que apresentam dificuldades em lidar com suas emoções em particular. A
tendência é que evitem entrar em contato com situações que gerem uma carga
emocional muito forte ou traga um certo desconforto.
Por meio da escuta ativa do paciente, os psicólogos realizam um diagnóstico
clínico que serve como base para o atendimento que pode ter como objetivo:
Restabelecer a saúde psíquica dos pacientes;
Promover o autoconhecimento;
Aliviar o sofrimento mental;
Tratar transtornos mentais;
Contribuir para promover a adesão medicamentosa e ao autocuidado;
E aí, espero que tenham curtido estas áreas...mas vamos dar continuidade e para
concluir nesta aula vamos falar das abordagens da Psicologia. Aproveitando o
gancho né... como estávamos falando de psicologia clínica, achei bem interessante
discutirmos sobre duas grandes abordagens da psicologia e como é a atuação do
Psicólogo Clínico que atua nestas abordagens.
Já na faculdade você deve ter optado por uma abordagem para os atendimentos nos
estágios curriculares, correto. A abordagem é algo bem pessoal, cada aluno tem
suas particularidades para este momento da escolha.
Mas aqui vão algumas dicas
Estude e capacite-se
Existem várias vertentes de trabalho na psicologia e, durante a graduação, os
estudantes têm contato com as principais abordagens de forma resumida, como
a psicanálise, a Gestalt-terapia, cognitivo comportamental, o humanismo e outras
que variam de faculdade para faculdade.
Este processo de escolha, não tem certo ou errado.
Não tenha medo de mudar: Mesmo que você já tenha escolhido a abordagem, a
mudança pode ocorrer. Estamos em constante transição e, muitas vezes, algo que
foi adequado por um tempo pode não mais corresponder às nossas expectativas.
Portanto, cada abordagem foi construída, estudada por teóricos diferentes cada qual
com suas especificidades.
E aí você já escolheu uma abordagem para chamar de sua? Se você não escolheu,
aqui no curso iremos explanar duas abordagens bem conhecidas: A Psicanalise e a
Terapia Cognitivo Comportamental. Se você já escolheu, espero que esse conteúdo
te ajude nos seus estudos.
Vamos lá:
PSICANALISE
É considerada a mais antiga das abordagens da Psicologia, por isso, talvez seja
uma das suas primeiras matérias do curso. Seu grande precursor foi Freud, que
enfatiza processos mentais inconscientes. O objetivo é torná-los conscientes, para,
assim, o paciente trabalhar com suas emoções e seus comportamentos
desadaptativos e habitualmente recorrentes.
Para Freud, nada acontece por acaso: há uma causa para cada pensamento,
memória revivida e sentimento. Tais eventos mentais são influenciados pelo
consciente ou inconsciente.
Mas, para que ela serve? Em que casos é indicada? Ainda hoje, mais de 100 anos
depois do seu nascimento, existem muitas dúvidas em relação à metodologia.
Resumidamente, podemos dizer que a Psicanálise é o estudo do inconsciente. O
papel do psicólogo que atua com este tipo de método é, portanto, guiar o paciente
para que este encontre, dentro da própria mente, as respostas que precisa para
curar medos, angústias e outros sintomas. Tudo isso acontece através
da psicoterapia.
Para isso, o profissional ajuda o paciente a capturar o que está “escondido” no seu
inconsciente (como no exemplo do medo originado em uma lembrança da infância).
Isso pode ser feito de diversas formas, inclusive, por meio da interpretação de
sonhos – que, para Freud, é um momento em que o inconsciente consegue se
manifestar livremente.
Durante as sessões, a postura do psicanalista pode variar de acordo com o perfil e
as necessidades do paciente que está sendo tratado. Algumas vezes, o profissional
faz mais o papel de ouvinte. Em outras situações, ele exerce um papel mais ativo.
Mas não é só isso: a metodologia também pode ser eficiente em trazer à tona
desejos reprimidos e encontrar a razão de medos e crenças.
A psicanálise preocupa-se em entender como funciona a mente humana, partindo do
princípio de que muitos dos processos psíquicos são inconscientes. Na abordagem
psicanalítica, nossas emoções e atitudes são o resultado de fatores dos quais não
temos consciência.
Nas sessões de psicanálise nós incentivamos o paciente a falar livremente e
aprender a se escutar. Assim, o analista psicanalista escuta, sendo uma relação um
a um entre o analisante e o psicanalista.
Ou seja, o modo como os indivíduos percebem uma situação está relacionada mais
com suas reações, do que a situação propriamente dita.
“Não são os acontecimentos em si a causa de nossos sofrimentos, mas os
significados atribuídos a eles”.
Essas atribuições, principalmente quando feitas de forma automática e não reflexiva,
podem ser não realistas ou disfuncionais.
Como são as sessões de TCC?
As sessões da TCC possuem uma estrutura interna. A sessão começa com uma
recapitulação de eventos da semana anterior e das tarefas realizadas fora da
sessão. Essas tarefas ampliam o aprendizado nos intervalos entre as sessões e
estão relacionadas a um bom resultado.
Benefícios da Terapia Cognitivo Comportamental
A TCC apresenta eficácia equivalente ao tratamento medicamentoso para diversos
transtornos psiquiátricos. Mas, os estudos demonstraram uma nítida vantagem de
longo prazo para a TCC, a melhora dos pacientes é mais duradoura. Eles
apresentam números menores de recaídas nos segmentos de longo prazo.
Principalmente considerando os pacientes que interrompem o uso dos
medicamentos.
Os sujeitos aprendem novas habilidades e adquirem a condição de se tornarem
seus próprios terapeutas. Capazes de enfrentar as dificuldades de vida que ainda
não apareceram. Sem dúvida, uma grande mudança de paradigma entre as
intervenções em Saúde Mental.
Dessa forma, é possível destacar como alguns dos principais benefícios da TCC:
Comprovada cientificamente
Promove o autoconhecimento
Por meio da TCC, o paciente consegue ter maior controle sobre os seus
comportamentos e sentimentos, conseguindo administrá-los com mais confiança e
facilidade. Nesse contexto, o autoconhecimento é estimulado na identificação de
comportamentos e crenças disfuncionais. Logo, a pessoa consegue estar mais
preparada para lidar com ideias negativas e emoções adversas, bem como o
fortalecimento da autoestima.
Modifica o raciocínio e comportamento do paciente
Um dos principais objetivos da Terapia Cognitivo-Comportamental é devolver ao
paciente a flexibilidade cognitiva, ou seja, permitir mudanças nas emoções e
comportamentos emitidos pelo paciente. Para isso, o terapeuta irá atuar diretamente
no sistema de esquemas e crenças do paciente, de forma a reestruturá-lo.
Ajuda a encontrar motivação
Através da relação de confiança estabelecida entre paciente e terapeuta, é possível
entender quais seriam algumas das razões para a falta de motivação apresentada
pelo indivíduo. A Terapia Cognitivo-Comportamental também apresenta um
benefício nesse cenário, que é justamente as técnicas para identificação do que
pode estar ligado a essa motivação, desde comorbidades quanto crenças
disfuncionais que têm causado sofrimento mental àquele paciente.
É objetiva
Muitas pessoas gostam bastante da Terapia Cognitivo-Comportamental por ela ser
prática e conseguir apresentar resultados em um período relativamente mais curto
do que grande parte das abordagens.
O terapeuta faz uma análise inicial semelhante para a maior parte dos casos, que é
justamente entender quais são as crenças disfuncionais e os pensamentos
automáticos que fazem parte da vida do sujeito. A partir daí, a abordagem direciona
para uma análise objetiva de cada um deles.
Promove a Psicoeducação
A psicoeducação é uma das técnicas que fazem parte da abordagem terapêutica da
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). De maneira geral, e quando aplicada
adequadamente, gera resultados satisfatórios apesar de ser uma técnica simples.
A TCC se caracteriza pelo trabalho colaborativo entre paciente e terapeuta de forma
ativa, diretiva e breve.
Portanto, requer conhecimento do paciente sobre:
Metodologia da TCC: estrutura das sessões, modelos cognitivos, estratégias
cognitivas, entre outros.
Sobre tratamento como um todo: necessidades de encaminhamentos, uso de
medicamentos, adesão à outras modalidades terapêuticas, funcionamento do
serviço, entre outros.
Sobre sua queixa / Transtorno Mental / funcionamento mental.
Neste cenário, a psicoeducação potencializa o processo terapêutico, sendo uma
técnica recorrentemente utilizada em TCC. É muito comum grupos de
psicoeducação em contexto de saúde mental, em que pacientes e familiares são
orientados coletivamente.
Melhora os relacionamentos interpessoais
Outro ponto forte da TCC é a promoção do desenvolvimento de habilidades sociais,
com foco em aprimorar ou incentivar o início dos relacionamentos interpessoais. Por
meio da TCC, o paciente irá se ver diante dos comportamentos que emite,
conseguindo identificar e construir um repertório adequado, considerando as
habilidades sociais também incentivadas.
Como a psicoterapia pode colaborar com o as pessoas que estão na terceira idade?
O ”compartilhar”, o ”refletir” e o ”ser olhado” são fundamentais para qualquer pessoa,
em qualquer período da vida, mas olhando as características da Terceira Idade,
através dessa perspectiva, podemos validar a necessidade do processo de
psicoterapia nesse momento da vida do idoso, afinal, nunca é tarde para se viver,
principalmente quando renascemos para um novo ciclo de nossas vidas.
a adaptação do idoso às alterações decorrentes nesta etapa da vida;
auxiliar na compreensão da importância dos tratamentos médicos e uso de
medicamentos;
favorecer seu processo de autoconhecimento;
auxiliar no desenvolvimento da sua autonomia e independência, favorecer
também familiares e cuidadores;
aliviar ansiedades, depressão e insegurança;
favorecer a redução de comportamentos inadequados, bem como de crenças
irracionais.
Enfim, são tantos os benefícios da psicoterapia na terceira idade. E o principal
desafio do psicólogo no tratamento de idosos é desconstruir a ideia de que a pessoa
mais velha não aprende mais, não muda mais. O que é um mito, pois enquanto
houver funções cognitivas preservadas, qualquer pessoa é capaz de mudar e
aprender.
Importante ressaltar:
De acordo com as descrições Atribuições Profissionais do Psicólogo no Brasil
O Psicólogo, dentro de suas especificidades profissionais, atua no âmbito da
educação, saúde, lazer, trabalho, segurança, justiça, comunidades e comunicação
com o objetivo de promover, em seu trabalho, o respeito à dignidade e integridade
do ser humano.
Atribuições Profissionais do Psicólogo no Brasil Contribuição do Conselho Federal
de Psicologia ao Ministério do Trabalho para integrar o catálogo brasileiro de
ocupações – enviada em 17 de outubro de 1992.
Psicólogo Clínico Introdução Atua na área específica da saúde, colaborando para a
compreensão dos processos intra e interpessoais, utilizando enfoque preventivo ou
curativo, isoladamente ou em equipe multiprofissional em instituições formais e
informais. Realiza pesquisa, diagnóstico, acompanhamento psicológico, e
intervenção psicoterápica individual ou em grupo, através de diferentes abordagens
teóricas.
Desta forma:
Você que concluiu a graduação, está apto a atuar em qualquer área da Psicologia,
mas:
É importante lembrar que a graduação em Psicologia é uma formação generalista,
na medida em que capacita a(o/e) profissional Psicóloga(o/e) a atuar em qualquer
área da Psicologia, mas esse entendimento não a(o/e) exime de refletir sobre a sua
capacitação profissional para a oferta de um serviço.
A(O/E) psicóloga(o/e) poderá divulgar e fazer referência apenas a títulos que de fato
possua, ou seja, somente poderá se divulgar “especialista”, “mestre”, “doutor(a/e)”
caso de fato possua um diploma de especialização, mestrado ou doutorado, ou
possua o título de especialista.
Se isto fosse verdade, poucas pessoas poderiam ser psicólogos, não é mesmo?
Quem não tem lá seus conflitos que atire a primeira pedra.
Seria bom se não tivéssemos problemas, que pudéssemos ficar para sempre numa
redoma contemplando a vida, mas isto não acontece.
Quando o psicólogo está com muitos conflitos, sentindo-se incapacitado para ajudar
os outros, geralmente pede uma licença para resolver suas questões; outros usam
suas dores para compreender melhor a dor do outro.
Mas sempre estamos buscando melhorar, por isso estamos sempre em terapia e
supervisão.
Nem sempre. Existem casos que algumas sessões podem ajudar o paciente a se
ajustar ao seu meio.
Neste caso, o paciente viria para a terapia apenas para a "manutenção cognitiva".
Claro que em ALGUNS casos, a psicoterapia é necessária por longos períodos. se
as pessoas são diferentes, o tempo de terapia também é.
Quando houver decidido pela quebra de sigilo, o(a) psicólogo(a) deve tomar o
devido cuidado para dar a conhecer a outrem apenas aquilo que está sendo
demandado e para aquele fim específico, mantendo os demais aspectos não
requisitados sob sigilo.
64 - Se o(a) usuário(a) do serviço não estiver mais em atendimento, posso quebrar o
sigilo?
Me chamo Jeniffer Camargo, sou Psicóloga e espero que este curso te ajude no seu
percurso profissional.
Vamos lá.
AULA 3 e AULA 4
1. MEU PRIMEIRO PACIENTE CHEGOU:
2. COMO VINCULAR O PACIENTE
3. COMO CONSTRUIR UM BOM RAPPORT
4. CONTRATO COM O CLIENTE – TERMO DE CONSENTIMENTO
5. PRONTUÁRIO – REGISTROS DAS SESSÕES
6. A APARÊNCIA DO CONSULTÓRIO – ALUGAR OU SUBLOCAR
7. IMAGEM DO PROFISSIONAL
8. AMAMNESE X AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
9. COMO FALAR SOBRE VALORES COM O PACIENTE?
10. QUAL É A FUNÇÃO DO DIAGNÓSTICO PSICOLÓGICO?
11. COMO COMUNICAR AO PACIENTE O DIAGNÓSTICO
12. APRESENTAÇÃO DO MODELO DE PSICOTERAPIA
13. QUANDO O PROFISSIONAL PRECISA DE SUPERVISÃO
14. O DESLIGAMENTO.
Lembre-se que a primeira consulta tem como principal objetivo que psicólogo e
cliente/paciente se conheçam .
Não é hora de mostrar serviço, é hora de servir, de se colocar à disposição do outro.
Não é hora de parecer bom, mas de estar realmente presente.
Você também não precisa fazer pelo outro. Mas precisará dar o exemplo, você deve
assumir a responsabilidade pelo ambiente e pelo início da relação. Você precisa ser
guardião do campo, modular sua forma àquilo que o outro precisa. Construir um
caminho entre objetividade e subjetividade.
Por exemplo:
Se o paciente é muito emotivo, e tem dificuldade em trazer alguns pontos concretos
que você precisa saber, você deverá ser mais direto nas perguntas para avaliar
essas questões. Mas se o paciente é muito racional e fala pouco sobre o que sente,
você precisará fazer mais perguntas que o ajudem a perceber seu lado emocional.
Ou seja, é você quem vai ajudar a dar o tom para essas primeiras interações.
Seja respeitoso e acolhedor.
Lembre-se que não deve ter sido fácil para aquela pessoa chegar na sua frente.
Possivelmente também não vai estar sendo fácil para você. Afinal, é comum que o
primeiro atendimento gere ansiedade em nós. Já que não sabemos como será a
pessoa que iremos atender, nem qual será o tema da busca pela terapia, nem se
teremos condições de ajudá-la.
Você precisará suportar a ansiedade.
Lembre-se que não é a sua performance que importa aqui. Na hora do atendimento,
tente se desconectar dos seus “deverias” ou “tenho que”. E busque, ao máximo, se
conectar com a pessoa que está na sua frente. Se conectar com o encontro que
você está tendo com a pessoa que está ali na sua frente.
O principal, nesse primeiro momento, é a qualidade da relação que vai se
estabelecer entre vocês. Se a relação for boa, a chance da psicoterapia funcionar é
muito maior.
Antes de mais nada, é importante oferecer acolhimento, apoio e esperança. Você
precisará ajudar o paciente a se expressar e aumentar sua esperança de que o que
está vivendo pode ser uma oportunidade de crescimento.
Depois, vocês poderão ver juntos o que fazer para melhorar a situação. Mas
inicialmente a pessoa precisará encontrar uma outra pessoa, que esteja atenta e
disponível e esta pessoa é você.
Se apresente, explique o objetivo e como funcionará a sessão
O importante nesse ponto é dar o start para o diálogo, ver por onde o paciente quer
começar e acompanhá-lo, sem perder de vista os seus objetivos para essa primeira
consulta.
Por exemplo: Olá, <nome do paciente>. Boa tarde! Eu me chamo Jeniffer, sou a
psicóloga que vai te atender. Por favor, entre, sente-se e fique à vontade. Não sei se
você já fez psicoterapia antes, mas eu gosto de aproveitar essa primeira consulta
para nos conhecermos. Como posso te ajudar? Estou a disposição para esclarecer
as dúvidas que possam surgir sobre mim, sobre a psicoterapia, sobre a minha forma
de trabalho.
No decorrer do atendimento, você deve manter o foco em dois pontos:
Relação terapêutica
Cuidar da sua postura para que facilite a expressão emocional e o acolhimento do
outro.
Demonstre abertura para o que é dito e o que é expresso para além da fala:
especialmente como é dito e quais emoções o paciente está expressando. Lembrem
que as emoções são sinais de alerta sobre alguma coisa.
Escute, deixe-se levar pelo caminho e ritmo do paciente.
Tenha empatia e curiosidade.
Faça perguntas que indiquem sua disposição para conhecê-lo.
Trabalhe o diálogo, com reciprocidade. Escute, mas também fale, deixe-se
conhecer. Isso não significa ficar falando de você mesmo. Mas sim, de deixar o outro
acompanhar a forma como você pensa e como se sente.
É preciso mostrar ao cliente como o compreende e como está tentando entender o
que ele está vivendo e pedindo.
Como se faz isso? Pelo comportamento verbal e não verbal.
A terapia não é oferecer uma solução prática para o que ele está vivendo. Se
apresente e apresente a terapia como um outro ponto de suporte possível para
ajudá-lo a alcançar o que a mudança que deseja.
Eu costumo fazer uma analogia bem lúdica que a Psicoterapia é uma estrada e
quem dita o caminho é o paciente. Nós profissionais estaremos ali ao lado do
paciente, mas não iremos dizer a ele o caminho a seguir.
Alguns pacientes chegam na clinica com esta ideia de que teremos as respostas
para suas questões. Não temos e nunca teremos. E devemos deixar isso claro para
o paciente. Nós não temos as respostas para suas perguntas. Não temos as
respostas para a vida dos pacientes.
A função do psicólogo não é trazer respostas para o paciente/cliente. O paciente é a
única pessoa que conhece ele em sua totalidade. Portanto, ninguém sabe mais de
mim que eu mesma.
Claro que montar seu espaço te dará mais autonomia de horários, se você por
exemplo vai atender crianças, de deixar seu material montado. Mas tem alguns
passos burocráticos a serem feitos:
Sublocar um espaço te isenta de precisar lidar com estas questões burocráticas de
alvará. Hoje muitos locais sublocam salas prontas para atendimento que no início da
profissão são ideais e tem um melhor custo benefício.
Se optar em abrir um espaço, ainda terá que verificar na prefeitura de sua cidade:
Alvará para funcionamento do consultório*. O Alvará de Funcionamento é um
documento emitido pelo município que autoriza o Psicólogo a exercer seus serviços
no consultório. Além disso, é obrigatório, e sem esse documento o Psicólogo não
poderá trabalhar no local. Ou seja, a falta do Alvará de Funcionamento pode gerar
multas e até o fechamento do consultório. Por isso, antes de alugar ou comprar uma
sala, por exemplo, é necessário investigar se será possível emitir as licenças
necessárias para trabalhar legalmente.
Me chamo Jeniffer Camargo, sou Psicóloga e espero que este curso te ajude no seu
percurso profissional.
Vamos lá.
Imagem do profissional
10 passos para construir uma boa imagem profissional
1. Autoconhecimento
Esse ponto diz respeito a você se conhecer, saber quais são suas qualidades,
capacidades e como explorar cada um deles da melhor maneira.
Além disso, você também identifica quais pontos precisam ser melhorados e
aperfeiçoados. Ter autoconhecimento é trabalhar em constante evolução!
2. Organização
Um profissional organizado terá maior facilidade em lidar com prazos e entregas, até
mesmo as mais urgentes. Isso vai desde ter uma mesa arrumada até ter os
trabalhos em dia e com uma previsão de entrega.
3. Pontualidade
A organização, mencionada logo acima, anda de mãos dadas com a pontualidade.
Tem a ver com respeitar seu tempo e de seus colegas. Chegar no horário, cumprir
compromissos de agenda e entregar suas atividades no prazo fazem parte disso.
A gestão de tempo é uma característica de destaque em quem tem boa imagem
profissional.
4. Qualificação
Toda área de atuação está em constante atualização, por isso é necessário se
manter por dentro das principais tendências para não ficar para trás.
A qualificação com cursos, palestras e especializações deve fazer parte do
planejamento de um bom profissional, fazendo você se destacar da concorrência,
além de aumentar suas skills e seu conhecimento técnico.
5. Cumprimento de acordos
Cuide com as palavras. Sua fala tem valor e sua equipe precisa saber que pode
confiar em você e no que foi prometido/acordado. Isso reflete comprometimento e
profissionalismo diante do time.
6. Visibilidade
Esse passo não tem a ver com expor-se de maneira negativa. Para ter visibilidade,
seja alguém que expõe suas ideias dentro da empresa em prol de melhorias,
participando de projetos e reuniões.
7. Networking
Essencial para qualquer área, o networking fará com que mais oportunidades surjam
na sua trilha profissional.
Se aproxime e conheça mais pessoas da sua área de atuação, converse de maneira
genuína e transparente, sem agir como “bajulação”. Mostre que está disposto a criar
novos contatos e estabelecer troca de conhecimento.
8. Imagem pessoal
A sua aparência também faz parte do pacote para construir uma boa imagem
profissional.
A roupa precisa trazer sua identidade.
Agora, obviamente não existe uma regra sabe.
Por exemplo, o Psicólogo só deve usar roupas claras, roupas sem estampas.
Não existe um código, uma cartilha. Vai do que você quer passar para seu público,
cliente, paciente.
Não é porque somos psicólogos que precisamos só usar roupa social, que não
podemos usar tênis... Podemos sim... temos que nos sentir confortáveis.
Mas, precisa existir um bom senso.
Precisamos preservar nossa imagem.
9. Modo de falar
A linguagem falada também é de extrema importância.
Cuide com gírias, erros de português e palavras de baixo calão! Todas devem ser
evitadas, lembrando que é necessário manter o profissionalismo e uma linguagem
adequada ao ambiente de trabalho.
O modo de falar está diretamente ligado com usar palavras de educação: obrigado,
com licença, bom dia, boa tarde, boa noite, por favor. Por mais óbvio que pareça,
não se pode esquecer desses termos no dia a dia para aquecer sua imagem
profissional e mostrar que, acima de tudo, a boa educação prevalece.
Também cuide para não expor demais seus assuntos pessoais em momentos que
não são para isso. Você pode ter amigos e deve manter uma boa relação com os
colegas, mas saiba identificar quais momentos podem ter assuntos fora do ambiente
de trabalho.
10. Ética
Por último, mas não menos importante: ética.
Ser um profissional ético é o principal passo para conquistar a confiança de todos.
Respeite as regras e os valores da empresa e mantenha boa relação com as
pessoas que estão ao seu redor. Se preocupe em ter atitudes transparentes e que
estejam dentro do respeito e da colaboração.
O desligamento.
Este processo é algo bem complexo. Se entendemos que precisa existir o desejo do
paciente em estar no processo terapêutico, será que é decisão somente do
terapeuta em dar alta ao paciente? Quando pensamos no psicoterapeuta, tem se a
ideia que nós temos a resposta para tudo, no entanto não é por este caminho que
seguimos uma vez que a terapia trabalha a autonomia. Então não seremos nós eu
iremos bater o martelo: Olha agora é a hora de você seguir com as ferramentas que
você tem.
Portanto, se o paciente desejou estar ali, este momento de rompimento deve partir
do paciente. E ele vai ser responsável pelo que ele ou ela está passando naquele
momento seja um processo de cura e saúde e não mais um processo de
adoecimento que possivelmente foi o que o levou para terapia.
Mas e se o paciente não falar, ele vai ficar para sempre?
Não. O paciente vai desenvolvendo a autonomia, e em algum momento entendendo
este processo. Cada pessoa tem seu tempo.
Há pacientes que na primeira sessão nos perguntam. Quantas sessões serão,
podemos definir isso? Costumo dizer ao paciente que irá depender dele.
A decisão é em conjunto. Não é algo brusco. Ao invés das sessões serem uma vez
na semana, podem começar quinzenalmente e é importante observar como este
paciente se sente ao longo dos dias, quais demandas ele traz nas sessões.
Aula 5
Olá colegas, sejam bem-vindos ao curso: PRÁTICA CLÍNICA NA PSICOLOGIA
Me chamo Jeniffer Camargo, sou Psicóloga e espero que este curso te ajude no seu
percurso profissional.
Nas últimas aulas falamos de questões da nossa prática clínica. Nesta aula, para
explanar de forma ainda mais prática, gostaria de trazer situações e casos clínicos
para que vocês tenham uma visão melhor de tudo que foi visto até agora.
Vamos lá.
Primeiro gostaria de apresentar para vocês um capítulo de um livro: Cartas de um
Jovem Terapeuta - Contardo Calligaris
Imagino que você seja recém-formada (o que não significa apenas recém-saída dos
bancos de sua faculdade, mas disso falaremos outra vez), prestes a começar a
atender seu primeiro paciente. Você poderia perder coragem, perguntando-se: mas
quem me escolherá como
terapeuta, com tantos profissionais experientes e medalhões na praça? Um
kamikaze?
Pois é, deixe que lhe conte a história de meu primeiro paciente.
Resolvi me tornar psicanalista em 1974. Antes daquela data, eu ensinava (teoria
literária) na
Universidade de Genebra, onde havia terminado minhas graduações. Não tinha a
menor
ambição ou desejo de me tornar psicanalista. Mas, há anos, passava quatro dias por
semana em Paris , para me analisar. Da psicanálise eu esperava que curass e
minhas assíduas angústias e uma gastrite crônica que, desde a adolescência, fazi a
do Buscopan meu companheiro mais fiel.
As angústias se amenizaram, e a gastrite sumiu. Por isso mesmo a psicanálise
começou a me interessar seriamente; passei a frequentar, além do seminário de
Lacan (a missa semanal parisiense), cursos e grupos de estudo da École
Freudienne de Paris, que era a instituição à qual pertencia meu analista. Mesmo
assim, segui a pensando que meu futuro seria pesquisar, ensinar e escrever,
certamente não clinicar.
Em 74, então, recebi uma proposta que me acuou. Alguém tinha gostado de um livro
que eu
acabara de publicar e que era uma interpretação da grande mudança na pintura
francesa de
Courbet a Duchamps. Esse alguém (Yves Velan, um escritor e um homem fora do
comum, que infelizmente perdi de vista) ensinava numa universidade americana e
propôs que me
candidatasse a um posto que coincidia com minhas qualificações. As grandes
decisões da
minha vida sempre foram assim, na hora em que os ingredientes chegam na boca
do funil.
Aceitar a proposta americana significaria impulsionar de vez uma carreira acadêmica
que, de fato, eu já começara, mas significaria também deixar Paris, minha análise e
a École
Freudienne. Pois é, decidi, de repente, que a vida acadêmica não era mais o que eu
queria. A psicanálise me interessava mais.
Na École Freudienne de Paris, para que um membro começasse a atender, não era
prescrito nenhum exame ou entrevista específica. Mas era preciso que, quando se
considerasse pronto para receber seu primeiro paciente, ele anunciasse a decisão
ao seu analista. O dito analista não daria nenhuma autorização, oral ou escrita que
fosse; era apenas esperado que ele se opusesse, caso necessário.
O sistema parecia fácil demais, sem currículo para ser preenchido e sem entrevistas
de
seleção. Na realidade, era assustador, pois forçava cada um a encarar a
responsabilidade de sua decisão sem um carimbo que o autorizasse. A ideia do
consenso tácito do analista fazia a festa de alguns e o drama de outros . Os
candidatos histéricos eram sempre convencidos de que seu analista mal tinha
conseguido esconder o júbilo; os candidatos obsessivos nunca paravam de
perguntar- se: será que ficou calado porque acha que estou pronto, porque não
ouviu direito, porque considera apenas que não serei uma calamidade, porque acha
que serei,mas não quis me magoar ou porque não soube o que dizer?
O fato é que, quando lhe comuniquei que começaria a atender pacientes, Serge
Leclaire, meu analista, não disse nada. E lá fui eu.
Na época, com o salário de professor assistente da Universidade de Genebra
(magro, mas em francos suíços), pagava minhas viagens (trem de segunda classe),
minha análise e o aluguel de um apartamento de quarto e sala em que morava em
Paris. Em Genebra, me hospedava em casa de amigos.
A transformação de meu quarto e sala do 32, rue St Paul, deu nisto: a sala se tornou
sala de
espera e o pequeno quarto se tornou consultório. À noite, a sala de espera se
transformava em quarto, graças a um sofá-cama. Comprei minha poltrona numa
liquidação da Samaritaine; a poltroninha para os pacientes , achei no mercado das
pulgas; a base do divã, confesso que achei na rua; um amigo me deu um colchão
que lhe sobrava; e uma amiga costurou uma colcha de retalhos que dava ao
conjunto um aspecto tipo Freud dos pobres. A mesa (que ainda carrego comigo),
encontrei na demolição de um bar, perto de casa. Estava pronto, só faltavam os
pacientes.
Meu primeiro paciente foi indicado por uma amiga, Nicoil e SeIs , que era analista e
bibliotecária da École Freudienne e que confiava em mim como futuro analista pela
razão
seguinte: ela sabia que, por mais que a psicanálise me tivesse conquistado, eu
continuava
apaixonado por muitas outras coisas que me seduziam tanto quanto e sobre as
quais
conversávamos assiduamente, repetindo capucinos num bar da rue Gay-Lussac.
Falávamos
com o mesmo prazer dos romances de Barbara Cartland ou do último prêmio
Goncourt, das
personagens mais excêntricas do século XVII (que era meu século preferido), da
história da
psiquiatria, de crimes verídicos, romances policiais e por aí vai.
O critério que, aparentemente, valeu para que ela me encaminhasse um paciente
vale hoje
para mim; na hora de encaminhar um paciente, prefiro os analistas cuja curiosidade
para com o mundo, a vida e a cultura se estenda além das quatro paredes do
consultório.
Quando chegou o dia da primeira entrevista do primeiro paciente, eu tinha uma
preocupação
dupla: queria que o apartamento tivesse cara de consultório, mas também queria
que não
tivesse cara de consultório no dia de sua inauguração. Afinal, eu pensava, qual
paciente
gostaria de descobrir que o analista em que ele vem depositar uma esperança de
cura é um
novato absoluto? Cuidei dos detalhes: uma certa desordem de papéis e notas na
mesa, uma
pequena desarrumação do acolchoado do divã, para mostrar que alguém já deitara
ali, três ou quatro baganas no cinzeiro (na época não só eu, mas a França inteira
fumava), para mostrar que, naquela tarde, já me debruçara sobre outros destinos
cabeludos.
Esse primeiro paciente se analisou comigo durante sete anos. Era um jovem
psiquiatra, que
se tornou analista por sua vez. Alguns anos depois de ele terminar sua análise,
quando eu já era um analista reconhecido e estabelecido, nos encontramos, por
acaso, num congresso e conversamos um pouco. De repente, ele me perguntou: “Eu
fui seu primeiro paciente, não
fui?”.Hoje, responderia imediatamente a verdade. Na época, eu ainda me
preocupava em defender a aura de mistério atrás da qual os terapeutas gostam de
se esconder, sob pretexto de que o paciente precisa idealizar seu terapeuta.
Portanto, fiquei perplexo e calado, com aquela cara
de “Há!” que os analistas usam para fazer pensar que, primeiro, eles já estariam
vendo a
razão verdadeira da pergunta que está sendo feita e que, segundo essa razão
(desconhecida por quem pergunta) é infinitamente mais interessante do que a
resposta que eles deveriam dar. Mas meu ex-paciente (aparentemente sua análise
tinha funcionado) não deixou para menos e continuou:” Acho mesmo que fui seu
primeiro paciente; não sei se você sabe, mas é o que eu tinha pedido para Nicolle,
que me deu seu endereço na época. ‘Quero um analista’, eu lhe havia dito, ‘de quem
serei o primeiro paciente’. E acho que ela respeitou meu pedido.
Queria ser o primeiro paciente porque pensava que, como meus problemas eram
meio banais, só um analista debutante me escutaria com toda sua atenção”.
Gostaria de poder dizer que ele estava enganado, que, durante todos estes anos,
escutei meus pacientes com a mesma paixão, vontade de entender e de dizer a
coisa certa que eu sentia no começo daquela primeira análise. E é verdade que, até
agora, consigo quase sempre me surpreender com cada história. Afinal, se um
terapeuta não enxergasse (mais) a intensidade e a originalidade do drama e da
tragédia por trás da eventual banalidade de cada vida que lhe é contada, ele estaria
precisando de reciclagem urgente. Mas admito o seguinte: lembro-me do primeiro
sonho daquele paciente em cada detalhe; não posso dizer a mesma coisa de todos
os primeiros sonhos dos pacientes que seguiram.
Claro, nada garante que a voracidade da escuta e uma atenção exacerbada sejam
as melhores conselheiras para um terapeuta. Além disso, dificilmente o desejo de
ser o primeiro paciente de seu analista é apenas um jeito de garantir uma escuta
especial e atenta. Meu paciente escondia de seus pais algumas escolhas de vida,
que, se fossem conhecidas, lhe valeriam um repúdio. No mínimo, era o que ele
imaginava. Não estranha que ele quisesse ser, de uma certa forma, o legítimo
primogênito de alguém para quem ele poderia contar “tudo”. A escolha de um
terapeuta é sempre guiada por razões um pouco mais complexas e reveladoras do
que o próprio paciente imagina.
Essa história deixa alguns ensinamentos:
1) Nem sempre é verdade que os pacientes preferem terapeutas experientes.
2) Como os caminhos pelos quais um paciente coloca sua confiança num terapeuta
são
muitos, se não são inúmeros, o mais simples talvez seja que nos contentemos em
ser nós
mesmos (não é preciso desarrumar colchas e deixar baganas nos cinzeiros).
3) A experiência certamente ajuda na conduta das curas, mas, de qualquer forma,
seria bom que guardássemos sempre alguns elementos do espírito do debutante:
a curiosidade, a vontade de escutar e, por que não, o calor de quem, a cada vez,
acha
extraordinário que alguém lhe faça confiança.
Recebendo os pacientes:
E aí? Como vocês acham que devem atender o primeiro paciente? Devem
cumprimentar com um bom dia, boa tarde ou boa noite, perguntar se está tudo
bem? Devo falar com meu paciente fora da sala, fora do setting? E aí o que
acham?
Bom, iniciando pelo local que você atende. Cada local trará sua dinâmica. Se
você atende em uma clinica que tem secretária, o primeiro contato será com este
profissional, que irá atender e solicitar que o paciente aguarde na recepção.
Mas e se você mesma faz todos os papeis no local de seu atendimento. Você
pode pedir para o paciente aguardar na recepção?
No setting:
E dentro da sala, como você deverá direcionar o paciente?
É muito importante realizar este direcionamento. Informar em que local ele deve
se sentar. Se há um local em que ele ou ela poderá deixar suas coisas.
Há pacientes que no momento em que você se apresentar e dizer, como posso
te ajudar, ele irá facilmente trazer a demanda, já outros terão mais dificuldade em
iniciar o processo.
Desta forma, podemos colaborar com este processo:
Início da sessão:
Fazer perguntas gerais, de “quebra gelo” mesmo:
Por exemplo: Perguntas Sociodemográficas, Se o paciente já passou por algum
processo de psicoterapia.
Uma pergunta chave e disparadora pode ser: O que o fez ou a fez procurar ajuda
psicológica?
A partir daí o paciente começará trazer suas questões e demandas.
Parte intermediária da sessão
Faça perguntas com relação a demanda que o paciente está trazendo: O que,
quando , onde, desde quando;
Pedir exemplos da situação: Como isso ocorreu, a ultima vez, você pode me dar
um exemplo disto que você está me falando;
Fazer perguntas abertas acerca de si mesmo ou do problema: O que você
pensou a última vez que isso ocorreu?
Fazer perguntas abertas sobre os sentimentos apresentados: O que você sentiu
quando isso ocorreu? Você já havia experenciado este sentimento?
Fazer perguntas para acessar a percepção sobre a causas do problema: Na sua
opinião, por que isto ocorre com você?
Fazer perguntas para acessar o impacto do problema: o que este problema tem
causado na sua vida pessoal, familiar, afetiva?
Fazer perguntas para acessar enfrentamento: Como você tem feito para lidar
com esta situação?
Perguntar sobre expectativas e conhecimentos do paciente sobre a psicoterapia:
Você já fez psicoterapia? O que sabe sobre este processo? Foi encaminhado por
algum profissional? O que espera do processo? Quais são seus objetivos?
Fazer perguntas abertas para acessar recursos: Que coisas boas existem em
sua vida que pode te ajudar a mudar. Suas qualidades, pessoas amigas, lugares
que gosta, atividades que gosta.
Explicar os benefícios da psicoterapia: os recursos, a aliança terapêutica, as
técnicas.
Explicar que trata-se de um trabalho colaborativo, ou seja, nós psicólogos não
temos as respostas concretas para as perguntas dos pacientes.
Final da sessão: Contrato Terapêutico
Fazer contrato: dias de atendimento, procedimentos em caso de falta, pagamento,
sigilo
Sempre procuro deixar para o final da sessão alinhar questões mais burocráticas.
Como falamos anteriormente, no contrato terapêutico é importante alinhar a
frequência das sessões, a duração, os dias, horários, os honorários.
Lembrando que mesmo nos atendimentos com convênio, o único item que não entra
neste acordo são os honorários, uma vez que o paciente paga esta consulta através
do plano de saúde.
Pode acontecer, na primeira sessão do paciente estar extremamente fragilizado e ao
final da sessão, após se debruçar sobre sua demanda, estar emotivo e aí como
cortar aquele momento e falar de questões burocráticas.
Vocês não precisam falar tudo no primeiro dia. Falem do contrato terapêutico que
cabe naquele momento. Por exemplo: Podemos deixar a próxima sessão agendada
para segunda às 14h? Você que irá conduzir da melhor forma este momento.
Além de apresentar esta parte mais teórica para vocês, achei importante
exemplificar através de um exemplo com um estudo de caso. Vamos lá:
CASO CLÍNICO
Psi: Olá boa tarde, Sou a Jeniffer, Psicóloga – Como posso te ajudar?
Paciente: Recentemente fui parar no pronto socorro com dores no peito e a médica
me informou que estava com uma crise de ansiedade.
Psi: Já havia ocorrido alguma vez?
Paciente: Não, a primeira vez. Sempre fui uma pessoa ansiosa. Nunca senti nada
disso. No dia estava trabalhando normalmente, passei um dia aparentemente
normal. Cheguei no escritório conversei com alguns colegas. Fui ligar meu
computador para trabalhar e não ligava. Na verdade este computador não era o
meu, era emprestado. Comecei a me sentir tenso, esquisito. Quando percebi que o
computador não ia ligar, resolvi ir embora. No caminho, comecei a sentir uma falta
de ar, um mal-estar e resolvi ir ao pronto socorro. Chegando lá, fio atendido e o
médico me informou que se tratava uma crise de ansiedade.
Psi: E isto ocorreu a quanto tempo?
Paciente: Faz quatro semanas. O médico me encaminhou para terapia. Desde
daquele dia me sinto diferente. Sempre fui uma pessoa ansiosa, mas nunca havia
passado por isso. Depois daquele dia, não aconteceu da mesma forma, mas me
sinto estranho. Parece que virou uma chave na minha vida. Estou conseguindo
trabalhar normalmente, mas ás vezes fico com uma tensão.
Psi: E na sua opinião, por que acha que isso aconteceu?
Paciente: Estou fazendo muitas coisas diferentes. Algumas mudanças estão
ocorrendo em minha vida pessoal e profissional e me sinto tenso. Com medo de não
dar conta de tudo, de fracassa em algum aspecto.
Bom vimos um início de uma sessão. Obviamente, o andamento da psicoterapia é
algo que o psicólogo vai construindo através: da técnica, estudo e experiencia. Não
existe uma cartilha, ou uma resposta exata para cada situação que o paciente
trouxer. Além do mais, precisamos lembrar que cada pessoa é única.
Quero exemplificar agora o término de uma sessão, vamos lá?
Ps: Estamos chegando ao fim deste primeiro atendimento e gostaria de alinhar
alguns detalhes com você. Primeiramente gostaria de dizer sobre o sigilo dos
conteúdos que iremos tratar aqui ok. Sobre os dias, podemos manter os
atendimentos as segundas-feiras ás 14h?
Paciente: Podemos sim, este horário para mim está bom.
Psicóloga: As sessões têm duração de 50 minutos e são realizadas semanalmente.
Sobre as faltas, é importante que sejam avisadas com 48 horas de antecedência,
caso contrário o valor da sessão será cobrado da mesma forma. OK.. Alguma dúvida
até o momento?
Paciente: Caso eu precise desmarcar a sessão, teremos a possibilidade de
remarcar?
Psicóloga: Sim, naquela semana podemos verificar qual dia a horários teremos a
disponibilidade.
Paciente: Combinado
Confirmação da sessão
Uma ação bem personalizada é o envio de uma mensagem, um lembrete
sobre a psicoterapia. Hoje com as redes sociais, esta ação ficou bem simples e:
Sim. Mas não tem nenhum problema de falar com o paciente coisas aleatórias. Tipo
nossa que frio. Nossa está chovendo. Pensem vocês estão lá na sua sala atendendo
e aí está um sol e de repente entre um paciente e outro cai aquela chuva. E aí você
dispensa um paciente, vai chamar o outro e ele comenta: Nossa peguei uma chuva
e você, colega, como um robô pensa:
Nossa não posso falar nada. O que ele está querendo falar com isso?
Colegas, nem tudo que o paciente fala é conteúdo de análise.
As vezes o paciente dizer: Nossa acabei de tomar uma chuva, é só isso mesmo que
ele quer dizer e você pode responder tranquilamente.
Agora, o conteúdo da psicoterapia inicia no momento que perguntamos ao paciente:
Como foi sua semana? Ou Como está? Ou dependendo da sua abordagem você
terá uma estrutura se sessão.
As vezes acontece de encerrarmos a sessão e o paciente continuar trazendo aquele
assunto. Precisamos acolher da melhor maneira, mas de forma alguma abrir a porta
e acolher a demanda nos corredores.
Obviamente, isto não será ajustado em uma acordo terapêutico, por isso é
importante dentro do setting finalizar a sessão de terapia.
Normalmente a finalização da sessão é algo também que tem a ver bastante com a
abordagem do psicólogo. De qualquer forma, é importante e faz parte do nosso
trabalho sinalizar o paciente.
Bom, aqui foram algumas dicas básicas sobre os primeiros atendimentos na área
clínica. Colegas com o tempo vamos nos ajustando e iremos ter o nosso modo de
atender. Também somos pessoas únicas e cada um de nós teremos um modo de
trabalhar.