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CURSO DE PSICOLOGIA TURMA 2017.

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DISCIPLINA: Terapia Cognitiva 7º SEMESTRE
Comportamental
PROFª.: Adriana Rey
DATA: 01/07/2020
ALUNOS: Caroline Rocha, Gean Ângela Rocha,
Jocastra Nunes, Mariagnes Santiago, Simone
Pereira Leite, Zoraide Batista de Oliveira.

FOLHA DE RESPOSTA – PROREM 4

RELATO DO CASO

Ana Paula, 33 anos, sexo feminino, solteira, professora de ensino


fundamental, mora com os pais e reside na cidade de Irecê.
Queixa principal: Sente-se insegura em seus relacionamentos interpessoais,
perdeu o interesse por atividades que antes lhe causavam prazer, preferindo ficar
sozinha na maior parte do tempo, chora sem um motivo específico e está quase
sempre com humor deprimido.
Ana Pula buscou atendimento por se sentir insegura em seus
relacionamentos interpessoais, fato que passou a intervir em vários aspectos de sua
vida. Como mora com os seus pais, estes a questionam sobre não estar em um
relacionamento sério ou casada, pois, seus outros irmãos já estão todos casados.
A paciente diz estar se sentindo pressionada e isso a faz não se sentir bem.
Relata que o fato de não confiar nas pessoas, a obrigava a ficar sozinha,
preferindo ficar assim na maior parte do tempo. Afirma ter sido uma criança tímida,
sempre ficava quieta sem falar com seus colegas, tendo vergonha de conversar. No
colégio tinha poucos amigos e se sentia muito sozinha, além disso, sofria bullying
(Chamavam-na de gorda, baleia), fato que a deixava muito triste.
O pai não a deixava sair, com isso, ela ficava sozinha, pois tinha vergonha de
não poder fazer, se quer, atividades fora do colégio com seus amigos. A partir dos
14 anos, ela passou a ter mais contato interpessoal e afirmou que sua adolescência
foi bem melhor que a infância. Descrevendo esse período, como sendo o que tinha
mais amigos, que quando estava com eles, era espontânea e brincava com todos.
Foi nessa época que conheceu seu primeiro namorado, eles namoraram durante
três anos, e o mesmo foi infiel. Após esse fato, ela não estabeleceu outros
relacionamentos sérios. Que a partir desse tempo passou a sentir culpa por ter sido
traída, tendo dificuldades em se concentrar nas tarefas e estudos, chegando a
pensar diversas vezes em suicídio. Diz desconhecer algum caso de depressão na
família.
A paciente descreve seu pai como sendo autoritário, que impõe regras em
casa, tentando controlar o que cada um faz. Em alguns momentos, ele fala em forma
de brincadeiras e deboche sobre ela não ter casado. Fazendo-a se sentir sem
espaço em casa. Ana Paula tem dificuldades em estudar, porque o pai liga a
televisão com o som alto em diferentes momentos do dia. Frente a isso, ela evitava
falar com ele, pois o mesmo aproveitava para humilha-la, devido não ter casado
ainda, visto que, seus irmãos todos com idade inferior já haviam casado. Dessa
forma, Ana Paula relata muita dificuldade de enfrentar os julgamentos do pai, e
assumia tudo o que ele falava como uma verdade absoluta, assim, Ana acredita que
“ninguém gosta dela”, por isso que foi traída, “que ninguém vai querer casar com
ela”.
Ana Paula menciona que recentemente, ela resolveu se relacionar de uma
forma mais íntima com um colega, e que se apaixonou pelo rapaz, porém, ele não
queria assumir um compromisso mais sério, fato que a decepcionou e seu humor
ficou um pouco mais deprimido. Acredita que “se emagrecer poderá arrumar um
namorado, e assim casar, como é o desejo do pai”. Em dezembro de 2019, ela
iniciou tratamento com um médico endocrinologista para emagrecer, tendo uma
dieta balanceada e realizando atividades físicas frequentemente, devido seu ganho
significativo de peso.
Em resumo, Ana Paula menciona que sempre se decepciona com as
pessoas. Contou sobre sua insatisfação com seus relacionamentos interpessoais e
o quanto se sentia inferior às demais pessoas, se sentindo deprimida na maior parte
do dia, perdendo o interesse em fazer suas atividades, não tendo vontade de sair de
casa nem mesmo para trabalhar, se sentindo incapaz de dar conta de suas tarefas.
Frente a isso, ela foi encaminhada para atendimento no referencial cognitivo-
comportamental, com intuito de ser auxiliada na identificação de suas distorções
cognitivas e consequentes alterações de humor.
Questões e Respostas

1- Diagnóstico

Diante dos dados observados no caso clínico de Ana Paula, pode se perceber
características relacionadas ao transtorno depressivo, do qual inclui o transtorno
depressivo maior, que de acordo com o DSM-V (2014), as características comum
desse transtorno são a presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de
alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente a capacidade de
funcionamento do indivíduo.
O transtorno depressivo maior representa a condição clássica desse grupo de
transtornos, é caracterizado por episódios distintos de pelo menos duas semanas de
duração. Dessa forma, o indivíduo deve apresentar sintomas como humor
deprimido, perda de interesse ou prazer na maior parte do dia, acentuada diminuição
do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia,
perda ou ganho de peso sem estar fazendo dieta e insônia ou hipersônia quase
todos os dias, capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, pensamentos
recorrentes de morte, entre outros sintomas.
Com a descrição do caso, observa-se que a mesma apresenta humor
deprimido, além de preferir ficar sozinha, aumento de peso sem estar fazendo dieta,
tristeza frequente sem motivo aparente, dificuldade para se concentrar e
pensamentos suicidas.

2 - Problemas Enfrentados

Ana Paula se sente insegura para fazer suas atividades, dificuldade em sair de
casa até mesmo para trabalhar, choro sem motivo aparente, vontade de ficar
sozinha na maior parte do tempo e pensamentos suicidas.

3 - Fatores de Predisposição

A predisposição é uma característica genética que influencia o possível


desenvolvimento do transtorno. No caso de Ana Paula na sua família não tem
histórico de pessoas com depressão na família, podendo, outra situação adversa na
vida dela, como o Bullyng sofrido na infância, a traição do namorado, ser
considerado o gatilho para o inicio da depressão.

4 - Fatores Precipitadores

Diante do caso de Ana Paula, os fatores precipitadores que foram identificados


são: a relação de desafeto com o pai, a pressão familiar para a mesma se casar, a
dificuldade de socialização, além das consequências psicológicas advindas do
bullying sofrido na infância;

5 - Fatores Mantenedores do Problema

A paciente mantém o seu problema através do evitar sair de casa para


trabalhar, evitar se relacionar de forma intima, baixa autoestima, pouca capacidade
de tentar manter o relacionamento, atribuindo culpa para a falta de sucesso da
relação, dificuldades em tomada de decisão e distúrbio alimentar.
.
6 - Estratégias de Enfrentamento

Ana Paula busca algumas alternativas de fuga para o seu sofrimento, e formas
de enfrentamento como: ficar sozinha, esquivar das situações, a culpa pela traição
do namorado, pensamentos suicidas (tentar acabar com a dor e não com a vida em
si), busca reduzir a sensação física desagradável do ganho de peso procurando
ajuda do endocrinologista, se vitimiza (sempre se decepciona com as pessoas),
afastamento social e grande aceitação na carga de responsabilidade.

7 - Pensamentos automáticos, Crenças Centrais e Crenças intermediárias

Crenças centrais- Se desenvolvem na infância através das interações do individuo


com outras pessoas significativas e da vivência de muitas situações que fortaleçam
essa ideia. Com o relato do caso foi possível observar, a contribuição do pai de Ana
Paula para essas crenças centrais, onde a mesma se sente incapaz, descrevendo
isso através das frases, “ninguém gosta de mim”, “ninguém vai querer casar
comigo”, se sentindo inferior às outras pessoas. Essa incapacidade, se apresenta
através da crença de desamor, do qual a paciente acredita que tem algo nela que
dificulta de receber amor, como “os outros não gostam de mim. E até mesmo, de
crença desamparo onde ela se sente incapaz de realizar suas tarefas, se sentindo
vulnerável.
Crenças intermediárias - São regras, atitudes ou suposições, afirmações como foi
dito pela paciente, “que se emagrecer poderá arrumar um namorado”, “se o pai for
menos autoritário” as “humilhações do pai”, “os julgamentos do Pai”. Assumindo
sempre o que o pai fala como verdade absoluta.
Pensamentos automáticos- Os pensamentos automáticos são ideias que podem
ser expressadas através de frases, como foi possível observar nos relatos do caso
“me sinto insegura” não vou casar”, sente se inferior as demais pessoas.

8 - Técnicas a serem utilizadas

No primeiro momento será feita o encaminhamento ao psiquiatra, para que


esse profissional possa trabalhar a parte medicamentosa, e assim, conseguir
instaurar o equilíbrio de serotonina, dopamina e substâncias que podem estar com
deficiência no corpo de Ana Paula. Em seguida, será trabalhada a parte cognitiva,
ou seja, a parte dos pensamentos disfuncionais, que devido ao seu diagnóstico de
depressão, a paciente enfrenta uma tríade cognitiva negativa em relação a si, se
depreciando e aos outros, onde as pessoas não gostam dela e ao mundo, com uma
visão pessimista e sem esperança. Dessa forma, torna se importante a identificação
desses pensamentos disfuncionais, para que seja possível corrigi-los, fazendo uma
reestruturação, tornando-os mais reais e funcionais. A partir disto, promover
psicoeducação, além de ser usadas algumas técnicas, como os experimentos
comportamentais que testam diretamente a validade desses pensamentos ou das
suposições da paciente, essa técnica pode ser usada sozinha ou acompanhada pelo
questionamento socrático.
Tarefas de casa também envolvem experimentos comportamentais que o
terapeuta cuidadosamente ajuda a montar, da seguinte forma: a paciente expressa
uma previsão negativa; o terapeuta propõe que a paciente a teste durante a
semana, eles decidem como, quando e onde a paciente irá testa-la. O terapeuta
sugere mudanças, caso necessário, para maximizar a propensão de sucesso. O
terapeuta pergunta a paciente como ela reagiria se a experiência de fato
confirmasse seus medos para que eles possam projetar uma resposta
antecipadamente, Os experimentos comportamentais adequadamente montados
podem ser agentes poderosos de mudança cognitiva e emocional. (JUDITH BECK<
2007).
Ana Paula se culpa pela a infidelidade do namorado na adolescência, com
isso, o terapeuta pode recorrer à utilização da técnica do gráfico da
responsabilidade. Essa técnica vai permitir que a paciente, veja as causas possíveis
para determinado resultado, estabelecer metas e determinar responsabilidades
relativas sobre um determinado resultado. De acordo com Beck (2007), Quando
investiga a contribuição de explicações e alternativas, o terapeuta faz o paciente
estimar a atribuição disfuncional como “eu sou incapaz”, fazendo com o que ela
considere mais plenamente todas as explicações. Assim, no 1º passo - o terapeuta
vai pedir para que a paciente escolha um evento ou situação, ela vai pensar qual é
a porcentagem sobre o que aconteceu. No 2º passo - a paciente vai definir a sua
porcentagem de culpa, o tanto de responsabilidade que a mesma julga ser sua. E o
3º passo - é listar cada fator e a porcentagem de cada um deles, isso colocado em
um gráfico. Por fim, juntos chegarão à conclusão se é de fato justo, que a paciente
se culpe por absolutamente tudo.
Outra técnica a ser utilizada com Ana Paula, é a técnica de cartões de
enfrentamento, que são cartões de 8x13cm que a paciente mantém sempre consigo,
em que a mesma é encorajada a lê-los em um período regular na medida que seja
necessário. Esses cartões podem assumir varias formas, três das quais são:
escrever um pensamento automático chave ou uma crença, de um lado com suas
respostas adaptativas, do outro projetando estratégias comportamentais para usar
em situações problemáticas específicas e compor autoinstruções para motivar a
paciente.
Ana Paula reclama de não sentir prazer em tarefas que antes apreciava fato
que pode ser controlado com o planejamento de atividades, assim ajudando a
paciente a retomar as atividades prazerosas, visto que, pacientes deprimidos
tendem a relatar uma quantidade avassaladora de cognições autodepreciativas e
pessimistas nas ocasiões em que se encontram fisicamente e socialmente inativos,
costumando na maioria das vezes, se afastar das pessoas com a justificativa de que
as atividades e a interação social não tem sentido, ou que são um fardo para as
pessoas.
Dessa forma, o emprego de tabelas de atividades serve para contrabalançar a
perda de motivação, a inatividade e a preocupação da paciente com pensamentos
depressivos. A técnica especifica de programar o tempo da paciente hora a hora
tende a manter certo ímpeto e a prevenir novos deslizes para a mobilidade. Essa
técnica tem como foco as tarefas específicas orientadas para os objetivos que
fornecem a paciente e ao terapeuta dados concretos nos quais é possível
fundamentar avaliações realistas da capacidade de funcionamento do paciente. O
terapeuta pode orientar a paciente a fazer um experimento para determinar se a
atividade reduz suas preocupações e possivelmente melhorar seu ânimo, juntos,
terapeuta e paciente, determinam as atividades especificas, e a paciente é que vai
concordar em observar seus pensamentos e sentimentos enquanto tiver dedicado a
cada tarefa, entretanto, o terapeuta questiona “o que você tem a perder?”.
Por fim, o planejamento de atividades específicas em colaboração com a
paciente pode ser um passo importante para demonstrar-lhe que ela é capaz de
controlar seu tempo. E assim, conforme Ana Paula evolui a cada semana, as
técnicas podem ser adaptadas de acordo com suas mudanças comportamentais e
sua motivação. Essas mudanças, presenciadas pelo terapeuta dará o curso ao
tratamento, podendo obter melhoras significativas.
Referências bibliográficas

AMERICAN PSYCHATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de


Transtornos Mentais: DSM-V, Tradução Maria Inês Nascimento. 5 ed. Artmed.
2014. Porto Alegre.

BECK, Aron T.; RUSH, A. John; SHAW, Brian F.; EMERY, Gary. Terapia Cognitiva
da Depressão. Artmed: Rio de Janeiro,1982.

BECK, Judith. Terapia cognitiva [recurso eletrônico] : teoria e prática /tradução


Sandra Costa. – Dados eletrônicos – Porto Alegre: Artmed, 2007.

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