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ANSIEDADE

1 IDENTIFICAÇÃO

Nome:
CPF:
Idade:
Solicitante:
Nº Inscrição no CRP:
Finalidade

2 DESCRIÇÃO DA DEMANDA

Vitória, uma organizadora de eventos de 58 anos, marcou consulta com um psiquiatra para ajudá-la com sua ansiedade.
A sra. Vitória chegou à consulta bem vestida e um pouco agitada. Falando em ritmo normal, explicou que seus sintomas
depressivos haviam começado há dois anos, quando deu início ao processo de divórcio do seu quarto marido. Ela
descreveu humor baixo, preocupação incapacitante com o futuro e má concentração. Esses sintomas progrediram para
anedonia, diminuição da energia, hipersonia com interrupção do sono, ideação suicida passiva e aumento do apetite
com desejo de ingerir carboidratos. Ela parou de ir ao trabalho e começou a passar a maior parte do dia na cama.
A sra. Vitória, inicialmente, buscou tratamento com um homeopata, o qual receitou vários remédios que não surtiram
efeito. Por fim,

consultou seu médico internista, o qual receitou 0,25 mg de alprazolam, três vezes ao dia, conforme necessário. Essa
medicação reduziu a preocupação, mas surtiu pouco efeito sobre seu humor. Seu médico, então, receitou 50 mg de
sertralina por dia, com titulação até 200 mg diárias. Ao longo dos dois meses seguintes, o sono da sra. Vitória melhorou e
os pensamentos suicidas pararam. Contudo, ela ficou mais ansiosa, irritável, agitada e enérgica e percebeu que seus
pensamentos se moviam rapidamente. Negou impulsividade e sintomas psicóticos.

A sra. Vitória tinha uma história antiga de episódios depressivos semelhantes. O primeiro episódio dessa natureza
havia ocorrido durante a faculdade, com duração de vários meses, e não foi tratado.
Ao ser indagada de maneira específica, descreveu múltiplos períodos de sua vida nos quais havia apresentado
humor moderadamente elevado, pensamentos rápidos e aumento de energia. Aparentemente, muitas conquistas em
sua vida haviam acontecido durante esses períodos. Por exemplo, quando era uma jovem mãe solteira, recentemente
divorciada e desempregada, ela concordou em organizar um chá de panela para sua melhor amiga. Muniu-se de várias
revistas sobre noivas e trabalhos manuais, decidida a criar uma festa fabulosa com pouco dinheiro.
A sra. Vitória também relatou que consumia álcool em demasia quando estava na faixa dos 40 anos, mas hoje em dia
raramente bebe. Negou tentativas de suicídio e internações psiquiátricas anteriores. Sua mãe havia sido tratada com
sertralina para depressão, e seu irmão tomava lítio para transtorno bipolar.

3 PROCEDIMENTOS

Pessoas ouvidas no processo:


Número de encontros:
Duração do processo realizado:

APRESENTAR OS RECURSOS TÉCNICOS CIENTÍFICOS UTILIZADOS ESPECIFICANDO O REFERENCIAL TEÓRICO METODOLÓGICO QUE FUNDAMENTOU
SUA ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E CONCLUSÃO. CITAR AS PESSOAS OUVIDAS NO PROCESSO DE TRABALHO DESENVOLVIDO, AS INFORMAÇÕES,
NÚMEROS DE ENCONTROS OU TEMPO DE DURAÇÃO.

4 ANÁLISE

A sra. Vitória tem uma história de episódios depressivos recorrentes acompanhados por múltiplos episódios com
energia e humor elevados que satisfazem o critério de duração (superior ou igual a quatro dias) para hipomania, mas não
apresentam sintomas suficientes para satisfazer todos os critérios sindrômicos de um episódio hipomaníaco. Ela confirmou
tanto humor quanto energia elevada durante esses episódios, mas apenas dois dos sete sintomas do Critério B:
pensamentos acelerados e aumento da atividade direcionada a objetivos. Como é típico em indivíduos com transtorno
bipolar subliminar, a sra. Vitória vivencia esses episódios de forma egossintônica e não os relata espontaneamente.

Tal como esperado, episódios hipomaníacos subliminares passam facilmente despercebidos a menos que o entrevistador
os investigue atentamente.
Transtorno depressivo maior também deve ser incluído no diagnóstico diferencial. A sra. Vitória inicialmente consultou
seu médico internista com sintomas clássicos de depressão. Devido à história anterior de múltiplos episódios depressivos e
ausência de queixas espontâneas de hipomania, seu clínico geral provavelmente supôs que a sra. Vitória sofria de
transtorno depressivo maior e a tratou com um inibidor seletivo da recaptação de serotonina (ISRS). Contudo, o
medicamento precipitou um estado misto composto por humor irritável e ansioso, pensamentos rápidos e aumento de
energia. Quando pacientes depressivos como a sra. Vitória desenvolve sintomas mistos, maníacos ou hipomaníacos após a
exposição a antidepressivos, deve-se considerar um diagnóstico de bipolaridade. O estado misto da sra. Vitória enquanto
era medicada com um ISRS não é suficiente para o diagnóstico de transtorno bipolar, mas certamente desperta a atenção.
A história familiar de transtorno bipolar (nesse caso, um irmão tratado com lítio) aumenta ainda mais a probabilidade de
que ela apresente uma forma de transtorno bipolar. Embora o transtorno do humor mais comum entre parentes de
primeiro grau de indivíduos com transtorno bipolar seja transtorno depressivo maior, ter um parente com transtorno
bipolar realmente aumenta o risco que o indivíduo corre de também apresentar esse transtorno.

5 CONCLUSÃO

Diante dos dados obtidos, fica mais evidente um transtorno bipolar e transtorno relacionado especificado. Apesar
de características compatíveis com transtorno bipolar, o quadro clínico da sra. Vitória é complicado. Além de sintomas
hipomaníacos subliminares, ela também relatou uma história de relacionamentos instáveis, labilidade emocional, abuso
anterior de substância e ansiedade. O transtorno bipolar e os transtornos da personalidade em particular o transtorno
da personalidade borderline costumam ser concomitantes e podem ser difíceis de desenhar porque apresentam
características clínicas em comum. Por exemplo, tanto o transtorno bipolar quanto o transtorno da personalidade
borderline são caracterizados por níveis aumentados de comportamento impulsivo, labilidade afetiva e irritabilidade. No
caso da sra. Vitória, a labilidade e a irritabilidade parecem estar restritas aos episódios de humor, o que sugere que elas
sejam secundárias a um transtorno do humor em vez de problemas globais de regulação do afeto. Contudo, a
comorbidade entre transtorno do humor e transtorno da personalidade não pode ser descartada.

Até um terço dos pacientes com transtorno bipolar são diagnosticados com transtornos de ansiedade comórbidos
que, por sua vez, estão associados a piores resultados psiquiátricos. O transtorno bipolar costuma ser diagnosticado
erroneamente como transtorno de ansiedade, talvez devido ao alto índice de comorbidade. De modo semelhante,
transtornos por uso de substância e transtornos bipolares frequentemente ocorrem ao mesmo tempo. Uma
investigação mais aprofundada é necessária para determinar a presença de comorbidades, e há uma grande
probabilidade de que a sra. Vitória sofre de mais de um transtorno psiquiátrico.

NA CONCLUSÃO INDICAM-SE OS ENCAMINHAMENTOS E INTERVENÇÕES, O DIAGNÓSTICO, PROGNÓSTICO E HIPÓTESE DIAGNÓSTICA, A


EVOLUÇÃO DO CASO, ORIENTAÇÃO OU SUGESTÃO DO PROJETO TERAPÊUTICO.

Local / Data

Nome Psicólogo
CRP _____/__

RUBRICA-SE DA PRIMEIRA ATÉ A ÚLTIMA LAUDA, ASSINANDO A ÚLTIMA

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Deltito J, Martin L, Riefkohl J, et al: Do patients with borderline personality disorder belong to the bipolar spectrum? J
Affect Disord 67(1– 3):221–228, 2001

Ghaemi SN, Ko JY, Goodwin FK: “Cade’s disease” and beyond: misdiagnosis, antidepressant use, and a proposed
definition for bipolar spectrum disorder. Can J Psychiatry 47(2):125–134, 2002

Merikangas KR, Jin R, He JP, et al: Prevalence and correlates of bipolar spectrum disorder in the World Mental Health
Survey Initiative. Arch Gen Psychiatry 68(3):241–251, 2011

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