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Distinção teórico-clínica entre Maria Teresa da Silveira Pinheiro;

Rogerio Robbe Quintella;


depressão, luto e melancolia

Julio Sergio Verztman

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Distinção teórico-clínica entre depressão, luto e melancolia

Autores creditam à
Depressão CRENÇA NARCÍSICA
o fundamento da diferença

Luto

“ a crença narcísica é um
Melancolia hiperinvestimento nas ideias de
imortalidade e onipotência do eu,
subjacentes à própria formação do eu-
ideal”
formas
distintas de AMOSTRA GRÁTIS

reação à perda
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Conceitos...
Ego ideal (eu ideal) - é uma instância que remete àquilo que gostaríamos de ter sido, aquilo que teria
sido o nosso lugar nos desejos de nossos pais e nos desejos da sociedade; é aquilo que o outro espera
de nós; corresponde à gura do narcisismo; somos nós, como objetos dos outros; completa a

fi
expectativa do outro sobre nós; e é destinatário do “autoamor” que o ego usufruía na infância. Nós
acreditamos que uma vez que preenchamos a falta do outro, nossa angústia, nossa castração, irá cessar.
Trata da sobrevivência nostálgica de um narcisismo perdido; é uma modi cação do narcisismo infantil e

fi
a onipotência que o acompanha; alguns entendem como sendo a combinação do Ego e do Id, outros
como sendo um narcisismo primário. É uma instância imaginária.

Ideal de ego (ideal do eu) - é formado a partir do complexo de édipo e remete a uma norma: o que
devemos ser para podermos autorizar o nosso próprio desejo. Apresenta uma formação dinâmica que
sustenta ambições para o progresso e está intimamente relacionado com o superego. Não é formado
com base em uma onipotência ilusória, mas modelado após os pais (reconhecidos como falíveis), e mais
precisamente após o superego e seus ideais. É a partir dele que montamos nossa estrutura de
admiração. Substituímos as regras de nossos pais pela de ídolos e valores. Contribui na formação de
nossa moralidade. É uma instância simbólica. Apresenta valores, orientações amplas e gerais. Nunca o
alcançamos.

Em momentos de crise buscamos alinhar o eu ideal com o ideal de eu (o que temos realmente com o
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que deveria ser o correto).


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Distinção teórico-clínica entre depressão, luto e melancolia

A autoacusação, a autoflagelação e o movimento


BREVE mortífero do melancólico em direção ao seu próprio eu
PANORAMA revelam, para Freud, uma circunstância psicopatológica
SOBRE LUTO E específica: o melancólico não faz o luto da perda objetal.
Ele se identifica ao objeto perdido, numa situação que
MELANCOLIA NA sinaliza um quadro narcísico peculiar. Isto coloca Freud na
PSICANÁLISE direção de uma abordagem metapsicológica diferenciada
acerca desta disposição subjetiva.

“o melancólico não faz o luto da perda objetal. Ele se


identi ca ao objeto perdido, numa situação que sinaliza um
fi
quadro narcísico peculiar.”
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Conceitos do livro Luto e Melancolia

Precondições da Melancolia: forte xação no objeto amado e catexia objetal com pouco

fi
poder de resistência.

A escolha objetal é feita numa base narcisista, assim a catexia objetal, ao se defrontar com
obstáculos, pode retroceder para o narcisismo.

Na melancolia o indivíduo se identi ca no modo oral com o objeto perdido, por regressão à
fi
relação de objeto característica da fase oral.

Ele representa uma regressão de um tipo de escolha objetal para o narcisismo original.
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ALGUMAS
CONSIDERAÇÕES
SOBRE
FERENCZI,
ABRAHAM E
TOROK
Sandor Ferenczi Maria Torok Karl Abraham

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LAMBOTTE E O
DISCURSO
MELANCÓLICO

Marie-Claude Lambotte

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Distinção teórico-clínica entre depressão, luto e melancolia

Em outras palavras, Lambotte demonstra que o trauma,


situado num momento pré-especular, introduz uma condição a
partir da qual não ocorre um sentimento de existência de si.
Para Lambotte, esta configuração caracteriza-se como um
LAMBOTTE E O "desmentido de existência" no campo do sujeito. A mãe
fracassa em seu investimento, e não mantém para o mesmo a
DISCURSO subjetivação de sua própria existência. Segundo a autora, o
MELANCÓLICO olhar da mãe não atingiu o sujeito ao ponto de este forjar para
si uma autoimagem capaz de desfrutar de um amor de si de
tipo jubilatório.

Segundo a autora, o olhar da mãe não atingiu o sujeito ao ponto


de este forjar para si uma autoimagem capaz de desfrutar de um
amor de si de tipo jubilatório.
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Conceitos sobre o Estádio do Espelho (Lacan)
Em um momento pré-especular, a criança vê-se como fragmentada ou com o que Lacan chama
de "corpo despedaçado" (1949/1998, p. 100), pois ainda se encontra em um momento de
imaturidade do sistema nervoso. Ainda não há nenhuma diferenciação entre ela e o mundo exterior,
ou entre ela e o corpo da mãe, por exemplo. Ao se deparar com sua imagem no espelho, a criança
antecipa, numa miragem, a maturação de sua potência e vai constituindo sua imago própria. Para
Lacan, a Gestalt, isto é, a consciência do corpo como total, dá-se por constituição, e não como
constituída biologicamente. No Seminário 1, ele a rma que, ao ver a forma total do corpo humano, o

fi
sujeito obtém um domínio imaginário do seu corpo, anterior ao domínio real completo. A imagem no
espelho possibilita-lhe a primeira forma para situar o que é e o que não é do eu: "[...] É a aventura
original através da qual, pela primeira vez, o homem passa pela experiência de que se vê, se re ete e

fl
se concebe como outro que não ele mesmo - dimensão essencial do humano, que estrutura toda sua
vida de fantasia" (Lacan, 1953-54/1986, p. 96).
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Conceitos sobre o Estádio do Espelho (Lacan)

Para que isso seja possível, Lacan ressalta a importância da gura da mãe como quem autenti ca a

fi
fi
descoberta da imagem corporal. Nessa situação, a criança se volta para o adulto "[...] como que para
invocar seu assentimento, e depois retorna à imagem; ela parece pedir a quem a carrega, e que
representa aqui o grande Outro, que rati que o valor dessa imagem" (Lacan, 1962-1963/2005, p.

fi
41). A identi cação com a imagem do corpo depende, assim, que a criança tenha um lugar no grande
fi
Outro, que antecipa nela um sujeito e lhe dá um signo de reconhecimento. É através da Demanda do
Outro que o sujeito da pulsão se instaura, ainda antes da subjetividade (Zuberman, 2014, p. 198).
Quando a mãe oferece o seio, estão implícitos o "chupa-me" e a resposta que fecha o circuito
pulsional: "eu te chupo". Esta é, para Lacan, a gramática da pulsão.

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Conceitos sobre o Estádio do Espelho (Lacan)

Dessa forma, o estádio do espelho é um momento de transformação produzida no sujeito quando


ele assume uma imagem, e inaugura a "[...] matriz simbólica em que o [eu] se precipita numa forma
primordial, antes de se objetivar na dialética da identi cação com o outro e antes que a linguagem

fi
lhe restitua, no universal, sua função de sujeito" (Lacan, 1949/1998, p. 97). Lacan refere-se ao "[eu]"
como ao "Je" em francês, sendo o sujeito do inconsciente, produto da linguagem. Ademais, aqui
pode ser correspondido ao "[eu]-ideal", que, posteriormente, dará origem às identi cações

fi
secundárias. Sendo assim, é possível associar o estádio do espelho à teoria freudiana como um
momento de passagem do autoerotismo ao narcisismo primário, na qual se dá a formação de uma
unidade imaginária do sujeito.

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Distinção teórico-clínica entre depressão, luto e melancolia

A autora trabalha com a hipótese de que a aniquilação de si


está diretamente relacionada a problemas na própria
constituição do narcisismo em função de o olhar do outro
(mãe) não ter preenchido a circunscrição imaginária do corpo.
A mãe aparece no discurso melancólico quase sempre
como toda-potente, objeto absoluto que, com seu olhar,
LAMBOTTE E O circunscreve a silhueta corporal da criança, emprestando a ela
DISCURSO a possibilidade de formação de um esquema corporal. Este
esquema, contudo, é desinvestido da libidoque lhe poderia
MELANCÓLICO garantir um preenchimento narcísico e um sentimento
positivado de existência no discurso do outro. Nessa
perspectiva, a mãe, toda-potente, lançaria sobre a criança
um discurso sem atribuições ou investimentos,
asseverando apenas uma existência pontual e descontínua,
o que constitui o cerne do trauma e da ambivalência
melancólica. AMOSTRA GRÁTIS
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O olhar materno não circunscreve o que viria a ser um futuro


LAMBOTTE E O sujeito, produzindo, por outro lado, uma deserção de desejo
DISCURSO (Lambotte, 2001). Desejo do Outro que, desertado, não inclui o
sujeito na dinâmica da pluralidade identificatória, isto o
MELANCÓLICO levando a um vazio sem precedentes, que caracteriza
precisamente uma identificação ao nada (cf. Lambotte, 2001).

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Com efeito, na melancolia o eu não se precipita mediante a


ilusão de sua própria onipotência. Se há onipotência na
melancolia, esta se configura por um discurso enquistado, clivado.
O discurso onipotente do outro assume uma configuração
negativizada, produzindo um sujeito identificado ao nada. O
sentido da onipotência fica enquistado, isolado de qualquer
LAMBOTTE E O referência narcísica ou representação de si mesmo. O discurso
DISCURSO melancólico apela para uma existência no nada e revela uma única
saída no simbólico - "eu não sou nada", frase que caracteriza a
MELANCÓLICO construção narrativa por excelência desses sujeitos (cf. Lambotte,
2001).

Aqui, delineiam-se os primeiros passos para uma distinção entre


a constituição melancólica e a formação ideal dos pacientes
deprimidos não-melancólicos. Nessa linha, o enfoque para uma
análise dessas questões encontra sua principal referência na
dimensão narcísica, cuja crença aparece como balizador.
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A noção de crença narcísica é aqui postulada para descrever


determinadas formas de o sujeito situar-se perante a perda. Ela
revela um tipo de organização narcísica que toma como referência
o sentido de onipotência do eu conflagrado pelo investimento
do outro parental na constituição do sujeito.
A CRENÇA
NARCÍSICA

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Distinção teórico-clínica entre depressão, luto e melancolia

Para abordar esse tema, tomamos como referência a noção de


crença no pensamento pragmático de William James e Richard
Rorty. A crença, tal como a entendemos a partir desses autores,
acha-se correlacionada ao aspecto linguístico da experiência,
constituindo um dos principais elementos do processo de
subjetivação à medida que a linguagem assume lugar decisivo no
A CRENÇA jogo das ações humanas. William James ([1907] 2005) argumenta
que toda ação se acha sustentada por uma crença ou um conjunto
NARCÍSICA de crenças que fundam sujeito e realidade em seus aspectos físico,
psíquico e social. Na mesma linha de pensamento, e referenciado
no pragmatismo linguístico, Rorty (1997) sustenta que toda ação
acha-se subjugada aos jogos de linguagem, que situam um sujeito
num determinado contexto. Nessa acepção, a crença é entendida
como uma regra para a ação, o que define o campo da ação como
resultado de um jogo de crenças articuladas na relação do sujeito
com a realidade (James, [1907] 2005).
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a crença é uma regra para a ação


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Distinção teórico-clínica entre depressão, luto e melancolia

A crença narcísica é efeito mesmo de um desencontro que


subjaz à necessidade de sobrepujar e de burlar a
impermanência. Em tais circunstâncias, a visada psíquica em
questão é a de manter uma estase, agora condicionada pela
idealização do investimento dos pais caracterizado pela
A CRENÇA fórmula "Sua Majestade o Bebê". É precisamente no
NARCÍSICA (des)encontro com o outro que se formarão os ideais, cuja
referência é a articulação de um sentido: o sentido da
onipotência. Nesse patamar, se a crença narcísica é uma
crença na onipotência e na unidade, esta crença pode apenas
ser condicionada na relação com o outro que participa
diretamente da invenção subjetiva do infante.
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Conceitos…

A depressão está ligada à anedonia. O corpo não busca mais sentir prazer. O
depressivo perde o tônus da vida. Ele perde a sua relação com o desejo. A depressão é
uma impossibilidade que o sujeito experimenta e que chega a uma impotência diante
de seu desejo. Ao longo do tempo ele vai se identi cando com seus sintomas

fi
(acreditando neles). Os sintomas depressivos trabalhados por Freud são praticamente
os mesmo que entendemos atualmente no DSM-V. A depressão é um sintoma da
temperatura do desejo e representa um desejo que vai gradualmente se lenti cando.

fi
Podemos dizer que a depressão é um luto não iniciado, a elaboração não é consciente
e nem sempre acontece.
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Distinção teórico-clínica entre depressão, luto e melancolia

A clínica tem trazido inquietantes manifestações subjetivas


face à questão da transitoriedade. A depressão revela que o
sujeito, predominantemente referenciado nas vicissitudes de
CIRCUNSCRIÇÃO sua crença narcísica, desfalece num sofrimento, marcado pela
CONCEITUAL DA dificuldade de elaborar sua própria condição transitória. Essas
depressões, referenciadas num apelo narcísico ideal, acirram-
DEPRESSÃO se na contemporaneidade como forma peculiar de defesa
perante a perda e o desejo. Elas deflagram novas formas de
resposta aos impasses da onipotência narcísica e da
emergência de uma imagem de si impedida de metaforização.

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Distinção teórico-clínica entre depressão, luto e melancolia

A experiência depressiva toma como referência uma imagem


centralizada de si, colada às insígnias do narcisismo infantil
(Sua Majestade o Bebê). Referenciados num sentimento
profundo de perda, esses pacientes falam de uma perda da
referência narcísica, outrora desfrutada como insígnia de uma
CIRCUNSCRIÇÃO condição ideal impedida de transformação.
CONCEITUAL DA
DEPRESSÃO

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Diferentemente dos pacientes melancólicos, que não


apresentam qualquer referência a uma experiência
jubilosa no narcisismo, os pacientes deprimidos fazem
CIRCUNSCRIÇÃO referência ao júbilo da imagem de si subjugados à
idealização do outro parental. Entretanto, permanecem
CONCEITUAL DA radicalmente atados à crença narcísica e encontram grandes
DEPRESSÃO dificuldades em estabelecer uma projeção de si no futuro. Eles
projetam (apenas para o passado) um eu-ideal forjado na
configuração familiar do discurso dos pais, contudo
sumariamente perdido. É uma imagem de si que, como eles
mesmos sabem, nunca será recuperada ou alcançada.

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Nesses termos, o deprimido, diferentemente do melancólico,


afirmou-se como existente, mas não inscreve as
transformações inerentes à vida e à temporalidade. Ele toma o
objeto como condição necessária em torno da qual o sujeito
mantém sua alienação. O deprimido, diferentemente do
CIRCUNSCRIÇÃO melancólico, foi fisgado pelo desejo (Pinheiro, 2005). Contudo,
CONCEITUAL DA atado à crença narcísica, ele instaura para si uma denegação
DEPRESSÃO que revela desejo e finitude como duas pontas do mesmo fio.

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Podemos reconhecer esta forma de sofrimento na obra


literária de Tchekhov - Ivanov (Saceanu, 2004) - anteriormente
mencionada. Ivanov, personagem principal da obra, fala de
uma imagem de si perdida e impedida de transformação no
tempo. Este personagem apresenta um discurso que se
CIRCUNSCRIÇÃO debruça sobre um eu-ideal irrecuperável, tal como um ego que
CONCEITUAL DA pranteia sua própria ruína narcísica. Não se trata de um
DEPRESSÃO desmoronamento narcísico como na melancolia, mas,
precisamente, de uma nostalgia que retira o sujeito de sua
capacidade de transformação e metaforização. É uma história
fixa, cuja narrativa não cessa de recair sobre ela mesma, não
restando ao sujeito outra coisa senão deprimir ante a imagem
narcísica perdida.
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No último ato da peça, Ivanov se nega a relançar-se ao


desejo e ao novo. Faz isso, dizendo à Sacha (sua noiva) que
não pode se casar por causa da prova que o tempo outorgou
CIRCUNSCRIÇÃO como impeditivo de união com ela. Diz que não conseguiria
CONCEITUAL DA recuperar o vigor perdido ante aos cabelos brancos que viu
pouco antes da cerimônia de casamento. Ao deparar-se com
DEPRESSÃO sua imagem no espelho e com a marca da temporalidade, a
personagem desiste não apenas de seu casamento, mas de
qualquer movimento desejante. Ivanov sofre violentamente
por seu passado não fazer elo entre ele e seu presente.

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Sua fala representa o cerne do discurso depressivo, que


remete apenas a uma imagem de si perdida num passado
irretocável. Em Ivanov destaca-se sua lamúria pela perda de
entusiasmo e investimento, bem como pela ausência
definitiva de sua imagem jovial de outrora. Sublinha-se que a
CIRCUNSCRIÇÃO depressão e o subsequente suicídio de Ivanov sobrevêm do
desligamento entre a imagem de si no passado, no presente e
CONCEITUAL DA no futuro - ligação que suportaria o tempo de espera e a
DEPRESSÃO sustentação do desejo. Como esclarece um de nós (Pinheiro,
2005: 104): "Se o sujeito só dispõe da imagem do presente e
uma imagem de si no futuro, mas não dispõe de uma narrativa
que articule um flash com o outro, seu desejo está fadado a
não se realizar e só lhe resta deprimir". E se conclui: "Na
depressão é possível às vezes esboçar um desejo que
rapidamente se esvanece" (Pinheiro, 2005: 104).
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Como se verifica na histeria, o sintoma representa o laço


desejante com o outro que, figurado pela posição de um pai
claudicante, situa para o sujeito a condição de insatisfação
permanente perante o objeto sempre em falta. Já na neurose
obsessiva, o sujeito se encontra, sumariamente, submetido ao
ideal de eu paterno e à ambivalência depressiva resultante da
CIRCUNSCRIÇÃO perda do objeto, como assevera Freud ([1917] 1996). O autor
faz referência precisamente a tal submetimento simbólico. É
CONCEITUAL DA nesse sentido, que a culpa pelo ódio ao pai constitui o cerne
DEPRESSÃO da esfera sintomática articulada pelo temor do superego na
obsessão, sobrepujando-se aí o deslocamento sintomático
como índice do fracasso defensivo.

Na depressão contemporânea, a negação do desejo é radical


e bem-sucedida, e o sujeito acha-se fadado à sua própria
estagnação. Como sugerimos, Ivanov representa, no momento
atual da investigação psicanalítica, o paradigma desse
fenômeno depressivo próprio da contemporaneidade.
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Distinção teórico-clínica entre depressão, luto e melancolia

A depressão, como primeira voz da crença narcísica, é o


último refúgio para o arrefecimento da perda. A estagnação
depressiva (e seu sofrimento intrínseco) é, portanto, a via
pela qual o sujeito nega a morte de seu narcisismo, além da
própria transformação subjetiva que ela proporciona
mediante a inserção no circuito desejante.
CIRCUNSCRIÇÃO

O sujeito é convocado, na trama da cena narcísica e da


CONCEITUAL DA perda objetal, a reposicionar-se perante a finitude. Nessa
circunstância, o deprimido parece encapsular-se nos
DEPRESSÃO subterfúgios da crença narcísica, a qual, em sua face de
estase depressiva, sinaliza a busca pelo retorno da
onipotência do eu - ainda que num movimento inverso de
silenciamento absoluto e denegação radical do
descentramento de si. É a contrapartida oposta àquela
subjacente à ação e ao desejo, sendo o luto o principal
balizador desta conjugação entre a morte e a vida.
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Depressão

Luto

Melancolia

O quadro melancólico não é


despertado por um
acontecimento, como a tristeza.
Nada atrai o melancólico, a não
ser o próprio sofrimento. Ele está
absorvido nele mesmo.

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Distinção teórico-clínica entre depressão, luto e melancolia

Propomos uma relação de heterogeneidade não apenas


entre o luto e a melancolia - como aponta Freud -, mas
também entre o luto e a depressão. O luto é justamente um
movimento de elaboração psíquica da perda, não restando a
A DEPRESSÃO E este conceito outra apreensão que não seja a de afastamento
SUA da cronicidade depressiva. Portanto, não há luto na
depressão. Não há, tampouco, um luto patológico que seria
ESPECIFICIDADE um desvio de norma do luto. É como se na depressão o luto
FRENTE AO LUTO existisse como referência a uma transcendência, que
contivesse em si mesmo um conjunto de elementos
E À MELANCOLIA tomados a priori - um juízo de valor sobre "certo e errado" -
do qual a psicanálise tende a se afastar. Nesse contexto, é
preciso conceber o luto como uma forma que o homem
civilizado tem encontrado para lidar com a questão da
finitude, do trauma, da perda e da morte.
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Distinção teórico-clínica entre depressão, luto e melancolia

O luto tem como função, de acordo com


A DEPRESSÃO E Freud, (re)inserir o sujeito no circuito desejante. É um
trabalho de ligação e integração daquilo que solapa o
SUA sujeito e fica, momentaneamente, sem construção
ESPECIFICIDADE narrativa. Ele aparece como mola propulsora da
simbolização e elaboração narrativa da perda, mediante
FRENTE AO LUTO reconstrução da dor psíquica. Em outras palavras, o luto
E À MELANCOLIA tem por função matar o morto, dando a ele um lugar
simbólico subjacente à elaboração, também simbólica,
da perda.

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O luto, como insígnia da elaboração psíquica da perda,


constitui um doloroso caminho percorrido a fim de
A DEPRESSÃO E assimilar a transitoriedade da vida e metaforizar seu
desejo. Por outro lado, além de proporcionar tal
SUA assimilação simbólica, o enlutado se protege de seu
ESPECIFICIDADE próprio desmoronamento mediante um momento
passageiro de acirramento da dor psíquica - a lembrança
FRENTE AO LUTO do objeto perdido, o pranteamento, a inibição passageira
E À MELANCOLIA etc. Essa evitação do desmoronamento narcísico é
exatamente o que o melancólico, marcado pela
precariedade de sua formação narcísica (cf. Lambotte,
1997), não consegue efetuar.
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Na melancolia, como vimos, há um desmentido da


A DEPRESSÃO E perda, assim como da renúncia ao objeto. O melancólico
SUA não pode perder o objeto ao qual se rendia, visto que
nele o sujeito encontrava sua única forma - ainda que
ESPECIFICIDADE extremamente frágil - de continuidade do próprio
FRENTE AO LUTO sentimento de existência. Nessa circunstância, o sujeito,
E À MELANCOLIA identificado ao vazio deixado pelo outro, entra num
conflito de forças que revela a precariedade narcísica e o
risco de seu desmoronamento.

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Sobre essa questão, Freud ([1917] 1996) sublinha que, na


melancolia, o que se perdeu foi o ego. Justamente porque
esta perda diz respeito ao próprio movimento constitutivo da
imagem ideal de si no narcisismo primário que fracassou. O
A DEPRESSÃO E ego perdido refere-se, na melancolia, à identificação ao nada.
Nessa condição, o objeto não se constitui como perdido. Se,
SUA no surto melancólico, "o que se perdeu foi o ego", é porque -
ESPECIFICIDADE Freud o diz - a sombra do objeto o consumiu, tomou seu lugar
- que era, precisamente, uma referência no nada. O
FRENTE AO LUTO melancólico, como demonstramos, nunca desfrutou de uma
E À MELANCOLIA imagem jubilosa de si. Nunca lançou-se ao enamoramento
narcísico condicionado pelo discurso idealizado dos pais. A
barreira para a enunciação mesma de um "eu" positivado,
cuja narrativa construiria esta possibilidade, levanta-se,
paradoxalmente, como tentativa nunca alcançada de
construção do sentimento de si na melancolia.
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Distinção teórico-clínica entre depressão, luto e melancolia

Mostra-se relevante situar, no contexto da relação com a


experiência narcísica, as diferenças entre o modelo
melancólico stricto sensu e as depressões não-melancólicas,
discutidas neste trabalho. Com efeito, o discurso da perda de
A DEPRESSÃO E si na depressão ganha contornos próprios que diferem da
SUA "perda do eu" na melancolia, conforme indicou Freud.

O deprimido, diferentemente do melancólico, protesta


ESPECIFICIDADE contra a perda. Não se permite lançar-se a novas
FRENTE AO LUTO possibilidades de investimento objetal. Há na depressão um
registro psíquico da perda. O deprimido martiriza-se por ela e
E À MELANCOLIA sabe o que ficou perdido. Por isso mesmo não há retorno do
objeto sobre o eu, dado que o deprimido foi fisgado pelo
investimento dos pais e pela formação da imagem de si. O
deprimido tece uma narrativa sobre a perda, contudo não
encontra sustentação para sua elaboração.
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Distinção teórico-clínica entre depressão, luto e melancolia

Nas depressões agudas não-melancólicas, o discurso é de


A DEPRESSÃO E uma perda de si. Mas, ao contrário da melancolia, é o
SUA discurso sobre a perda de uma imagem perfeita subjugada
pelo assombro de sua própria transitoriedade. Não se
ESPECIFICIDADE encontra a ambivalência, a clivagem do eu; tampouco o
FRENTE AO LUTO conflito que sinaliza a fragilidade do ego melancólico e a
identificação com o objeto. Nessas depressões não-
E À MELANCOLIA melancólicas, portanto, o sujeito pranteia o que foi, numa
reinvindicação fixa de seu próprio modelo narcísico ideal.

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Aqui, o sintoma diz respeito a uma aderência à crença


A DEPRESSÃO E narcísica perdida ou crença num absoluto, da qual o sujeito
não consegue abrir mão. Subsumida a um anseio de
SUA indiferenciação eu / outro, a crença narcísica é sedução do
ESPECIFICIDADE mito maternal (eu-ideal), chave da satisfação sumária de
todas as urgências infantis. Anseio que não pode ser
FRENTE AO LUTO realizado, mas pode ser forjado pela via do gozo depressivo.
E À MELANCOLIA Nele, o sujeito encontra alguma forma de degustar a estase
narcísica perdida, ainda que pelo sabor amargo da
indiferença afetiva.

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A DEPRESSÃO E Verifica-se, nesse âmbito, que o ideal do eu na depressão


constitui-se numa precipitação do eu-ideal, a qual impede
SUA qualquer reconstrução da história subjetiva e,
ESPECIFICIDADE consequentemente, afastamento da crença. O que marca o
sofrimento nessas depressões é a relação com um ideal do eu
FRENTE AO LUTO colado à imagem perdida de si mesmo. O ideal do eu se
E À MELANCOLIA confunde com o eu ideal, fica colado a uma dimensão de
passado que não faz link com o futuro.

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Nesses termos, o que é colocado no lugar do ideal do eu


não é a figura do Pai tal como Freud ([1923] 1996) descreve no
A DEPRESSÃO E drama edipiano. Preso e dependente de sua única referência
SUA aparente - a crença narcísica -, o sujeito coloca no lugar
do ideal do eu o próprio  eu ideal perdido. O sujeito, aqui,
ESPECIFICIDADE está inscrito minimamente numa triangulação objetal, mas
FRENTE AO LUTO eximido de uma referência assimétrica capaz de sustentar um
ideal no qual poderia se apoiar e abrir mão de sua própria
E À MELANCOLIA imagem narcísica. Ele se vê na condição peremptória de
construir sozinho, e para si mesmo, seus próprios valores e
seus próprios ideais.

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CONSIDERAÇÕES
As pesquisas do NEPECC desenvolvem, atualmente,
SOBRE A estudos voltados para determinados tipos de sofrimento que
DEPRESSÃO E preponderam na contemporaneidade, que constituem novas
SUAS formas de o sujeito lidar com questões relacionadas
ao tempo, à  finitude e às exigências da cultura. Constata-se,
IMPLICAÇÕES nesse âmbito, que a crença narcísica aparece hoje, muitas
FACE AO vezes, como via privilegiada de relação com o outro, bem
CONTEXTO como de organização no mundo - deflagrando, assim, a
depressão como um dos principais signos do sofrimento
CONTEMPORÂNEO psíquico na contemporaneidade.

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CONSIDERAÇÕES
SOBRE A No que diz respeito à dimensão do tempo na
contemporaneidade, percebe-se que este é um importante
DEPRESSÃO E elemento de distinção entre depressão e luto. O luto é um
SUAS processo psíquico que sinaliza a inscrição do sujeito no
IMPLICAÇÕES tempo - um tempo que se inscreve como "escasso" - a partir
do qual o sujeito coloca-se na condição de agir e desejar para
FACE AO além da idealização. Se afirmamos que na depressão não há
CONTEXTO trabalho de luto, é porque nela há uma destinação peculiar à
CONTEMPORÂNEO dor da perda, ou ao fracasso da projeção ideal.

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O sujeito contemporâneo encontra grandes dificuldades de
ligar presente e futuro num processo psíquico de integração que
o filiaria, no caso do luto, a uma ação descolada da idealização.
CONSIDERAÇÕES O que se verifica no discurso dos pacientes deprimidos é a
projeção no futuro de um eu ideal, impossível de se realizar - e,
SOBRE A isso, quando há uma projeção no futuro. Sem estabelecimento
DEPRESSÃO E de qualquer construção narrativa a partir da qual o sujeito
SUAS dispor-se-ia a agir, a idealização de si mesmo no futuro é similar
à própria idealização de "Sua Majestade o Bebê". Ela é de tal
IMPLICAÇÕES ordem que o sujeito deprime como expressão do fracasso de
FACE AO seu ideal narcísico. A imagem de si no presente é sempre
insuficiente perante a exigência do eu-ideal "absoluto" e
CONTEXTO "perdido". O deprimido situa-se num flash, num tempo
CONTEMPORÂNEO instantâneo, que liga diretamente presente e futuro, sem
constituir um tempo de ação no sentido da realização, ou
um tempo de espera (tempo do desejo), cujo processo psíquico,
de outra sorte, integraria presente e futuro, numa "costura"
entre dois momentos.
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O tempo desses pacientes é o puro tempo presente. É o


CONSIDERAÇÕES tempo do imediato, do instantâneo, da pressa, da
satisfação absoluta e, portanto, da crença narcísica. Nesse
SOBRE A sentido, sinaliza-se, aqui, uma forma de subjetivação que
DEPRESSÃO E faz do tempo uma estagnação do eterno presente, no qual
SUAS o "passado perdido" torna-se instantaneamente o "futuro
inalcançável. Nessa circunstância, não aparecem
IMPLICAÇÕES referências a um ideal do eu que sustente a transformação
FACE AO subjetiva no tempo. O que prevalece é, no máximo, um eu
CONTEXTO ideal lançado como possibilidade única de existência no
mundo psíquico. Perante as mudanças da imagem de si no
CONTEMPORÂNEO tempo, subjugadas à insustentabilidade do ideal narcísico,
sobrevém o sintoma depressivo figurado anteriormente
pela obra de Tchecov (Ivanov).
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De outra via, é o tempo da pressa contemporânea que acirra os


modos de satisfação não mediados pelo desejo. Hoje, a negação
do tempo da espera e da ação se acirra numa cultura em que a
CONSIDERAÇÕES norma é agir. Agir no sentido de uma performance muitas vezes
SOBRE A inalcançável por ser imediata em sua própria exigência. Esta
norma da ação, no mundo contemporâneo, exige do sujeito uma
DEPRESSÃO E eficácia individual imediata que confira o status de sua posição
SUAS socioeconômica. Tal exigência de performance configura o que
Ehrenberg (1998) considera como uma mudança na forma de
IMPLICAÇÕES subjetivação no cenário atual. O autor afirma que o mais
FACE AO significativo nessa conjuntura é a substituição de questões
ligadas à interdição, à identificação simbólica e à falta por
CONTEXTO questões que envolvem a perda de objeto e a identidade
CONTEMPORÂNEO narcísica (imaginária). Aqui, Ehrenberg situa que, exigidos
constantemente no sentido de uma performance irrestrita, esses
sujeitos parecem prisioneiros de um eterno presente. Nessa
prisão da performance, cada vez mais inalcançável, o sujeito
deprime como expressão radical de sua dificuldade de agir.
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Distinção teórico-clínica entre depressão, luto e melancolia

Esta conjuntura faz do desejo algo ainda mais insuportável


CONSIDERAÇÕES na contemporaneidade. E coloca o sujeito numa condição de
silenciamento frente aos percalços da perda e da finitude. A
SOBRE A crença narcísica aparece na contemporaneidade como
DEPRESSÃO E protagonista dessas modalidades discursivas, não
SUAS implicando o sujeito na construção do ideal do eu e no
subsequente afastamento da crença narcísica.
IMPLICAÇÕES
FACE AO
CONTEXTO
CONTEMPORÂNEO

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Distinção teórico-clínica entre depressão, luto e melancolia

Constata-se que as formas de subjetivação na atualidade


CONSIDERAÇÕES diferenciam-se daquelas investigadas por Freud. Ali, se tinha
a instauração bem definida do ideal do eu como prevalência
SOBRE A de uma imago "superior" que define os valores, as crenças e
DEPRESSÃO E os ideais a serem alcançados - sustentando a coesão, tanto
SUAS grupal quanto psíquica (Freud, [1923] 1996). Na cultura atual
esses modelos simbólicos parecem declinar, instaurando de
IMPLICAÇÕES maneira mais radical o sentimento de desamparo. Como
FACE AO apontam Herzog e Pinheiro (2003:42), trata-se de:
CONTEXTO "Transformações que incidem sobre o modo como se
organiza o socius e cujo efeito maior se mostra no colapso
CONTEMPORÂNEO das convenções coletivas, provocando um esfacelamento da
autoridade simbólica. Somos lançados assim numa era de
incertezas uma vez que perdemos toda a garantia de uma
referência". AMOSTRA GRÁTIS
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Distinção teórico-clínica entre depressão, luto e melancolia

O objetivo desta exposição foi alcançar as vias de


circunscrição da subjetividade depressiva contemporânea
frente ao luto e à melancolia. Como afirmamos, estamos
tomando a depressão como um estado, não como uma
entidade diagnóstica em psicanálise. A depressão aqui
descrita revela especificamente que, por razões ainda pouco
CONCLUSÕES conhecidas em âmbito teórico, as questões que envolvem o
mundo contemporâneo parecem empurrar a neurose para
dimensões narcísicas de maneira muito mais acentuada do
que se faz notar a partir do drama edipiano. Esta conjuntura
convoca o sujeito de forma imperativa, como frisamos acima,
a construir seus próprios valores e ideais, fora de uma
referência sustentada por uma assimetria subjetiva,
característica do ideal do eu.
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Distinção teórico-clínica entre depressão, luto e melancolia

Distinção teórico-clínica entre Maria Teresa da Silveira Pinheiro;

Rogerio Robbe Quintella;


depressão, luto e melancolia

Julio Sergio Verztman

Fonte: PINHEIRO, Maria Teresa da Silveira; QUINTELLA,


Rogerio Robbe; VERZTMAN, Julio Sergio. Distinção teórico-
clínica entre depressão, luto e melancolia. Psicol. clin.,  Rio de
Janeiro ,  v. 22, n. 2, p. 147-168,    2010 .   Available from <http://
www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0103-56652010000200010&lng=en&nr
m=iso>. AMOSTRA GRÁTIS
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Recomendação
de leitura
adicional
Luto, melancolia e depress o:

de Abraham a Freud

https://www.maxwell.vrac.puc-
rio.br/8580/8580_4.PDF

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Paradoxo Tostines: somos os melhores por termos os melhores
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