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O QUE SOU EU E O QUE

É A BIPOLARIDADE?

O período da descoberta do diagnóstico do


transtorno bipolar pode trazer dúvidas
quanto a identidade e personalidade, visto
que geralmente os sintomas fazem parte da
vida da pessoa por muito tempo, é comum
que estes sintomas tenham sido percebidos
como jeito de ser, quando na verdade eram
sintomas.

Para ajudar a esclarecer a diferença entre o


que é você e o que são os sintomas, confira
a seguir uma explicação e um exercício para
te ajudar a compreender a manifestação da
bipolaridade e sua personalidade.
Caroline de Araújo
Psicóloga CRP 12-17289
A personalidade humana é um conjunto estável de
características que se forma desde os primeiros
anos da infância até o início da vida adulta. É
influenciada por fatores genéticos e biológicos,
história de vida, cuidadores principais e
experiências de vida.

Cada pessoa possui um perfil pessoal composto


por poucos traços centrais, vários traços principais
e muitos traços secundários. O modelo dos cinco
grandes fatores (Big Five) é atualmente o modelo
com mais evidência científica para explicar a
personalidade, estes fatores são:

Refere-se à intensidade das


interações interpessoais e da São pessoas falantes que
Podem ter características de
busca e estimulação do meio, buscam mais intimidade, tem
liderança, preferem
Extroversão formado pelas facetas:
comunicação, altivez,
facilidade de confiar em
outras pessoas e tendem a ser
atividades em grupo e
relatam altos níveis de
dinamismo, interações pessoas mais assertivas,
percepção de felicidade.
sociais, confiança e amor ativas e mais dominantes.
próprio.

Relaciona-se à qualidade da
orientação interpessoal, Dispõe as facetas:

Socialização predisposição a se sensibilizar amabilidade, pró Pode manifestar o desejo de


e ajudar as pessoas. sociabilidade e confiança nas ajudar, ser altruísta e atender
pessoas. a necessidade de outros.

Representa o grau de Dispõe as facetas:


organização, persistência, competência, ponderação, São pessoas perseverantes,
Realização controle e motivação para prudência, empenho,
comprometimento e
ambiciosas, dedicadas ao
trabalho e confiantes.
alcançar objetivos.
detalhismo.

Contrasta o ajustamento Composto pelas facetas:


versus o desajustamento vulnerabilidade, instabilidade Possuem dificuldade para
emocional e avalia a emocional, passividade ou enfrentar problemas, nível de
Neuroticismo suscetibilidade ao estresse e
como uma pessoa reage
falta de energia e depressão. auto eficácia menor, baixa
autoestima e tendência a
São pessoas que tendem a ver
diante das situações de mais os aspectos negativos. dependência emocional.
pressão.

Podem ter tendências


Indica o interesse por novas São pessoas com
Abertura para experiências , constituído comportamentos
artísticas e podem não se
adaptar a uma rotina pouco
pelas facetas: busca por exploratórios, pessoas
flexível , vivenciam as
a experiência novidades, flexibilidade e
imaginação.
curiosas, imaginativas e
criativas.
emoções de forma mais
intensa.

Caroline de Araújo
Psicóloga CRP 12-17289
TRANSTORNO
BIPOLAR

É uma doença crônica, não é só um transtorno


psicológico, é genético e uma doença que afeta o
corpo todo.

Se relaciona com a alteração de energia, impulsos,


psicomotricidade e humor. Afeta as funções
vegetativas, prazer, impulsos, juízo de realidade,
senso percepção, movimentação física e cognição.

Caroline de Araújo
Psicóloga CRP 12-17289
Caroline de Araújo
Psicóloga CRP 12-17289

Transtorno Bipolar tipo 1

Deve ocorrer pelo menos uma fase de mania na vida da pessoa.


Apenas isso, já é o suficiente para o diagnóstico;
6 em cada 1.000 pessoas no mundo tem esse tipo de bipolaridade;
Prevalência semelhante entre homens e mulheres.

Transtorno Bipolar tipo 1I

Deve ocorrer pelo menos uma fase de hipomania e um episódio depressivo na vida
da pessoa.
4 em cada 1.000 pessoas no mundo tem esse tipo de bipolaridade;
Prevalência maior em mulheres.

Especificadores:
1)Com características mistas: o paciente mistura sintomas de euforia e depressão em um
mesmo episódio (agitado, mas com discurso triste e pessimista, por exemplo);
2) Com características psicóticas;
3) Com ciclagem rápida: o paciente apresenta, pelo menos, quatro episódios no período
de um ano.

Ciclotimia

Na ciclotimia, o indivíduo apresenta um padrão de flutuação do humor que nunca


chega a um episódio depressivo, maníaco ou hipomaníaco, mas manifesta sintomas
pontuais de cada um desses episódios ao longo de um período mínimo de dois anos.
Há dúvidas se a ciclotimia deve ser considerada um transtorno de humor ou de
personalidade. Um tipo de bipolaridade mais sutil onde os sintomas podem ser
confundidos como parte da personalidade. Cerca de 30% das pessoas irão no decorrer
da vida abrir quadro de transtorno bipolar tipo II.

Transtorno bipolar sem outra especificação

Todas as pessoas que atravessam episódios de humor, mas não fecham diagnóstico
preciso no tipo I ou II. Pessoas que fazem apenas fase de hipomania sem quadros
clássicos de depressão ou que fazem episódios de hipomania em período inferior a 4
dias.

Espectro Bipolar

Ocorre em parentes de primeiro grau de alguém com transtorno bipolar e se apresenta


como uma depressão recorrente, porém com determinadas características diferentes o
suficiente para um tratamento voltado para a bipolaridade (estabilizador de humor e
antipsicóticos atípicos) ao invés de tratamento somente com antidepressivos,
convencional na depressão não bipolar.
Caroline de Araújo
Psicóloga CRP 12-17289

Depressão pura

Na fase de depressão pura a pessoa tem uma desativação do cérebro, o humor estará
para baixo, em anedonia, perda do prazer em coisas que antes eram prazerosas de
serem feitas, perda de motivação, além de energia física estar baixa, e em alguns
casos a pessoa apresenta hipersonia (dormir mais de 10 horas por dia).

Depressão mista ou agitada

A pessoa tem a desativação e desmotivação, porém com a energia física aumentada,


com sensação de inquietação ou de aflição. Em alguns casos a pessoa tem a
velocidade dos pensamentos aumentada, porém com conteúdos ruins.

Mania pura Transtorno bipolar - Tipo I

Uma fase de ativação e aceleração no cérebro, os pensamentos ficam muito rápidos e


arborizados, sem linha clara de raciocínio. Em bipolares tipo I, o humor eufórico, tende
a se apresentar com humor expansivo, alegre, desinibido, expansivo, fala acelerada,
aumento de impulsividade e autoestima inflada. Pode ocorrer aumento de
distraibilidade e alterações no sono. Outras pessoas podem apresentar disforia, um
humor mais irritável,hostil e agressivo.

Mania mista Transtorno bipolar - Tipo I

Caracterizada por um aumento de energia mental, porém com humor para baixo.
Geralmente mais disfórico ao invés de eufórico. A autoestima está baixa, o humor
disfórico e baixo controle de impulso. O pensamento fica mais acelerado e o prazer
reduzido. É uma fase de maior risco para o suicídio, devido o conteúdo negativo e
acelerado dos pensamentos e tendência maior para impulsos negativos.

Hipomania pura Transtorno bipolar - Tipo II

A hipomania pode ser mais sutil,apresenta sintomas similares aos da mania em menor
intensidade. O humor também pode se apresentar eufórico e disfórico. A
predominância do humor é depressiva na maior parte do tempo. Euforia com aumento
de autoestima,energia e disposição,podendo ficar obstinado com uma atividade em
específico. Na disforia há um aumento de irritabilidade e impaciência.

Transtorno bipolar - Tipo II


Hipomania mista

Se apresenta da mesma forma que a mania mista, porém com sintomas mais
controlados e sutis. Há um aumento na velocidade dos pensamentos e energia, com um
humor para baixo e negativo.
12
11 1
10 2
9 3
RÁPIDA 8 4
7 6 5

Uma ciclagem de humor considerada rápida é aquela na


qual a pessoa faz oscilações de humor com pelo menos 4
episódios, que tenham sido de natureza maníaca,
hipomaníaca ou depressiva de um mesmo ano.
TIPOS DE CICLAGEM

ULTRARÁPIDA

A ciclagem ultrarápida é aquela na qual a pessoa tenha


tido oscilações dentro de um mesmo mês e não um ano.

Os episódios ocorrem em um período mais curto do que na


ciclagem rápida.

ULTRADIANA

A ciclagem ultrarápida ou ultradiana, é aquela em que a


pessoa tem oscilação de humor no mesmo dia.

Essa é muito prejudicial para a pessoa e é a mais rápida


entre as três ciclagens.

Caroline de Araújo
Psicóloga CRP 12-17289
EU X SINTOMAS
Para começar a diferenciar seu comportamento e personalidade dos sintomas que se
apresentam, observe seus gostos, valores e princípios, crenças religiosas, forma de
amar os outros e pense em você a partir do modelo de personalidade explicado acima,
depois faça o exercício abaixo e verifique quantas das características a seguir se
aplicam a você, observando o que são suas características de personalidade e o que
são sintomas da bipolaridade:

Minhas características Meus sintomas

Confiável Eufórico
Honesto Ideias de grandeza
Indeciso Deprimido
Assertivo Desinteressado
Aberto Dormir demais
Otimista Dormir muito pouco
Sociável Pensamentos acelerados
Reservado Cheio de energia
Ambicioso Faz muitas coisas
Isolado Muito distraído
Crítico Ideias suicidas
Intelectual Mais cansado facilmente
Afetuoso Incapaz de se concentrar
Espirituoso Irritável
Passivo Sentir-se inútil
Comunicativo Arriscar-se muito ou de forma incomum
Gosta de novidades Ligado
Espontâneo Muito ansioso
Impetuoso Desacelerado
Preocupado Acelerado
Pessimista Excessivamente preocupado com objetivos
Criativo Impulsos agressivos
Curioso Sem esperança
Persistente Passivo demais

Caroline de Araújo
Psicóloga CRP 12-17289
Caroline de Araújo
Psicóloga CRP 12-17289

Mapeamento de sintomas
Este exercício tem o objetivo de diferenciar suas
características de personalidade e os sintomas já
manifestados.

Eu Meus sintomas

Similaridades Diferenças
O transtorno bipolar não é uma sentença para toda a vida. A
correta identificação é baseada em dolorosas experiências do
passado e no reconhecimento de medos e incertezas sobre o futuro.
Ter o transtorno bipolar não significa ter que abrir mão da
personalidade, esperanças e aspirações.

Deve-se pensar no transtorno bipolar da mesma forma que se


pensa no diabetes ou na pressão alta. Ou seja, você tem um
problema de saúde crônico que requer tomar medicação
regularmente.

Tomar os medicamentos durante um longo período de tempo reduz


notoriamente as chances de essa doença interferir na vida.

Existem também algumas adaptações no estilo de vida que você


terá de fazer (como consultar regularmente um psiquiatra, fazer
exames de sangue, regular os ciclos de sono, controlar o nível de
estresse, escolher um trabalho que ajude a manter um humor
estável).

Entretanto, nenhuma dessas mudanças requer que você abra mão


de seus objetivos na vida, incluindo ter uma carreira de sucesso,
manter boas amizades e uma boa relação com a família, ter um
relacionamento amoroso, ou se casar e ter filhos.

Para conhecer a bipolaridade, busque entender os sintomas que se


manifestam em você, o aplicativo abaixo é uma sugestão de
ferramenta para te ajudar nesta descoberta:

Caroline de Araújo
Psicóloga CRP 12-17289
Acesse a biblioteca virtual gratuita e encontre leituras
e ferramentas para o seu autoconhecimento, clicando no ícone abaixo:

Este material tem por objetivo psicoeducar pessoas com transtorno


bipolar e auxiliar no entendimento e adesão ao tratamento. Não
deve ser considerado como instrumento para avaliação psicológica e
não substitui o tratamento.

Elaborado por: Caroline de Araújo - Psicóloga CRP 12-17289

REPRODUÇÃO E VENDA PROIBIDA.

Referências:

Miklowitz, David Jay. Transtorno Bipolar. O Que É Preciso Saber / David Jay Miklowitz.
Do original: The bipolar disorder survival guide: what you and your family need to
know. 2009 M.Books do Brasil Editora Ltda.

Gore, W. L., & Widiger, T. A. (2013). The DSM-5 dimensional trait model and five-
factor models of general personality. Journal of Abnormal Psychology, 122(3), 816–
821.

Costa, P. T., & McCrae, R. R. (1992). Revised NEO Personality Inventory (NEO-PI-R)
and NEO Five-Factor Inventory (NEO-FFI) professional manual. Odessa, FL:
Psychological Assesssment Resources.

Ka, Lyon et al. “Associations between Facets and Aspects of Big Five Personality and
Affective Disorders:A Systematic Review and Best Evidence Synthesis.” Journal of
affective disorders vol. 288 (2021): 175-188. doi:10.1016/j.jad.2021.03.061

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