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TRANSTORNO

AFETIVO BIPOLAR
TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

O TRANSTORNO BIPOLAR É UMA DOENÇA DO HUMOR CRÔNICA

CARACTERIZADA POR EPISÓDIOS RECORRENTES DE

DEPRESSÃO, HIPOMANIA E/OU MANIA ALTERNADOS POR

PERÍODOS DE EUTIMIA (HUMOR E FUNCIONAMENTO

RELATIVAMENTE NORMAIS).
EPIDEMIOLOGIA

• Média de início: 25 anos

• Prevalência:

• TAB TIPO I: 0,6 A 2% (média: 1%)

• TAB TIPO II: 0,4 A 2,4% (média: 1,6%)


• A incidência independe de etnia, nacionalidade e condição socioeconômica.
• A prevalência de TB I é semelhante em homens e mulheres
• O TB II é mais comum em mulheres.
• Pacientes com TAB apresentam sintomas depressivos sindrômicos e
subsindrômicos por pelo menos metade da vida.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE MANIA (DSM-5)

A. Um período distinto de humor anormal e

persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal

e persistente da atividade dirigida a objetivos ou da energia, durando pelo

menos uma semana (ou qualquer duração, se a hospitalização é

necessária).
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE MANIA

B. Durante o período de perturbação do humor, 3 (ou +) dos seguintes sintomas persistiram (4, se o
humor é apenas irritável):
1. Autoestima inflada ou grandiosidade
2. Necessidade de sono diminuída
3. Mais loquaz do que o habitual ou pressão por falar
4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão correndo Distratibilidade (isto é,
5. a atenção é desviada com excessiva facilidade para estímulos externos insignificantes ou irrelevantes)
Aumento da atividade dirigida a objetivos(socialmente, no
6. trabalho, na escola ou sexualmente) ou agitação psicomotora

7. Envolvimento excessivo em atividades prazerosas com um


alto potencial para
consequências dolorosas (por ex., surtos incontidos de compras, indiscrições sexuais ou investimentos
financeiros tolos e exagerados)
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE MANIA

C. A perturbação do humor é suficientemente grave para causar prejuízo acentuado no


funcionamento ocupacional, nas atividades sociais ou relacionamentos, ou para exigir a
hospitalização, como um meio de evitar danos a si mesmo e a outros, ou existem aspectos
psicóticos.

D.
Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (droga de
abuso, medicamento ou outro tratamento) ou de uma condição médica geral (por ex.,
hipertireoidismo).
Nota: Um episódio maníaco completo que surge durante tratamento antidepressivo (p. ex.,
medicamento, eletroconvulsoterapia), mas que persiste em um nível de sinais e
sintomas além do efeito fisiológico desse tratamento, é evidência suficiente para um episódio
maníaco e, portanto, para um diagnóstico de transtorno bipolar tipo I.
HIPOMANIA

- Intensidade menor dos sintomas


- Humor elevado, exaltado e o paciente mostra-se excessivamente
confiante e algumas vezes irritável.

- Não há sintomas psicóticos ou alterações estruturais do pensamento

- Menos prejuízos funcionais


- São vivenciados pelos pacientes como períodos de melhora na
performance social, acadêmica ou profissional e não como
alterações patológicas.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS - EPISÓDIO HIPOMANÍACO
(DSM-5)

A) UM PERÍODO DISTINTO DE HUMOR ANORMAL E


PERSISTENTEMENTE ELEVADO, EXPANSIVO OU IRRITÁVEL E AUMENTO
ANORMAL E PERSISTENTE DA ATIVIDADE OU ENERGIA, COM DURAÇÃO MÍNIMA
DE QUATRO DIAS CONSECUTIVOS E PRESENTE NA MAIOR PARTE DO DIA,
QUASE TODOS OS DIAS.
EPISÓDIO HIPOMANÍACO

B) Durante o período de perturbação de humor, 3 (ou mais) dos seguintes sintomas


persistiu (4 SE O HUMOR SÓ É IRRITÁVEL) e esteve presente em um grau
significativo:
1. Auto estima inflada ou grandiosidade
2. Redução da necessidade de sono (sente-se descansado após apenas 3 h)
3. Mais loquaz que o habitual
4. Fuga de ideias
5. Distratibilidade (atenção cativada com facilidade por estímulos irrelevantes)
6. Aumento das atividades dirigidas a metas específicas ou agitação psicomotora
7. Envolvimento excessivo em atividades prazerosas que têm um potencial alto para
consequências dolorosas
EPISÓDIO HIPOMANÍACO

(C) O EPISÓDIO É ASSOCIADO COM UMA MUDANÇA INEQUÍVOCA DE FUNCIONAMENTO QUE NÃO É

CARACTERÍSTICO DE QUANDO A PESSOA ESTÁ SEM SINTOMAS.

(D) A PERTURBAÇÃO EM HUMOR E A MUDANÇA NO FUNCIONAMENTO É OBSERVÁVEL POR

OUTRAS PESSOAS.

(E) O EPISÓDIO NÃO É SUFICIENTEMENTE GRAVE A PONTO DE CAUSAR PREJUÍZO ACENTUADO NO

FUNCIONAMENTO SOCIAL OU PROFISSIONAL OU PARA NECESSITAR DE HOSPITALIZAÇÃO.

EXISTINDO CARACTERÍSTICAS PSICÓTICAS, POR DEFINIÇÃO, O EPISÓDIO É

MANÍACO.

(F) O EPISÓDIO NÃO É ATRIBUÍVEL AOS EFEITOS FISIOLÓGICOS DE UMA SUBSTÂNCIA (DROGA DE

ABUSO, MEDICAMENTO, OUTRO TRATAMENTO).


CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS - EPISÓDIO DEPRESSIVO (DSM-5)

A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes


durante duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento
anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou
prazer.
1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias. (p. ex., sente-se triste, vazio
ou sem esperança) (Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.)

2. Acentuada diminuição de interesse ou prazer em todas, ou quase todas, as atividades.


3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., mudança de mais de 5% do
peso corporal em um mês) ou redução ou aumento no apetite.

4. Insônia ou hipersonia.
5. Agitação ou retardo psicomotor.
6. Fadiga ou perda de energia.
EPISÓDIO DEPRESSIVO
7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes)
quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente).

7. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão.

8. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida


recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer
suicídio.

B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento


social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra


condição médica.
ESTADO MISTO

• Estado complexo, heterogêneo, de difícil diagnóstico (muito frequente no curso


do TB)
• Consiste na presença simultânea de sintomas maníacos e depressivos em um
mesmo episódio.
• Prevalência de cerca de 40%.
• Está associado a:
• aumento de impulsividade
• maior risco de suicídio
• mais abuso de substâncias
• psicopatologia mais grave
• maior duração dos episódios e menor frequência de remissão entre eles
• pior resposta ao tratamento
TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

• TIPO I: PRESENÇA DE PELO MENOS UM EPISÓDIO MANÍACO NA VIDA.

• TIPO II: PRESENÇA DE PELO MENOS UM EPISÓDIO HIPOMANÍACO NA VIDA +


EPISÓDIO DEPRESSIVO MAIOR ATUAL OU ANTERIOR, SEM NUNCA TER
APRESENTADO EPISÓDIO MANÍACO.

• CICLOTIMIA (TRANSTORNO CICLOTÍMICO): FLUTUAÇÕES PATOLÓGICAS DE


HUMOR, POR PELO MENOS 2 ANOS, TANTO PARA O POLO DEPRESSIVO
QUANTO PARA O POLO MANÍACO QUE, PELA QUANTIDADE DE SINTOMAS OU
PELA CURTA DURAÇÃO, NÃO CONFIGURAM UM EPISÓDIO DE DEPRESSÃO OU
DE (HIPO)MANIA.
DEPRESSÃO BIPOLAR X UNIPOLAR
CARACTERÍSTICAS DO TAB

• Não existe nenhum sintoma depressivo que seja patognomônico de TAB


• História familiar positiva para TAB é um dos achados de maior especificidade
para o diagnóstico

• Média de 10 anos entre a primeira consulta e o diagnóstico de TAB


• 15 % dos pacientes cometem suicídio
• 20 A 55% pelo menos uma tentativa ao longo da vida
• Indivíduos com TAB morrem 9 anos mais cedo que a população geral
• Causas de mortalidade precoce: doença cardiovascular,
diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica e acidente.
ETIOLOGIA E NEUROBIOLOGIA
• MULTIFATORIAL: ELEMENTOS BIOLÓGICOS, PSICOLÓGICOS E SOCIAIS
ETIOLOGIA E NEUROBIOLOGIA

• FATORES PARA AUMENTO DE RISCO:


• Idade precoce de início e gravidade
• Traumas na infância
• Negligência parental
• Uso de cannabis na adolescência
• Maiores flutuações de incidência solar

• FATORES GENÉTICOS:
● Herdabilidade: 68%
ENXURRADA NO CÉREBRO

O grupo de estudos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é referência na área e


publicou vários artigos.

“Assim como o organismo do diabético sofre com os picos de glicemia, o cérebro de quem tem
transtorno bipolar não controlado sofre com o excesso de neurotransmissores”.

As crises são acompanhadas da descarga de substâncias como dopamina e glutamato. Na


tentativa de controlar o incêndio, o organismo manda para a região células protetoras. Essas
células produzem inflamação, causando a perda de conexões entre neurônios. São os achados
mais recentes, dados ainda em fase de publicação.

Após cinco episódios do transtorno perde-se 10% do hipocampo, área responsável pela
memória.

A médio prazo, a doença fica mais grave e as crises, frequentes e fortes. O doente responde
cada vez menos à medicação. “Ele passa a ter problemas de memória, planejamento e
concentração, funções ligadas à parte frontal do cérebro”
ETIOLOGIA E NEUROBIOLOGIA
• Desregulação de circuitos relacionados ao controle e
regulação das
emoções: CÓRTEX PRÉ-FRONTAL, HIPOCAMPO E AMÍDALA

• Aumento da atividade em circuitos de recompensa:


ESTRIADO, CÓRTEX VENTROLATERAL E ORBITOFRONTAL
• Durante as fases: AUMENTO DE CORTISOL, ACTH E
CITOCINAS INFLAMATÓRIAS – DIMINUIÇÃO DE SUBSTÂNCIA
BRANCA (maior na mania que na depressão)
• Piora cognitiva em 30% dos casos – perdas funcionais
(NEUROPROGRESSÃO)
COMORBIDADES

• As comorbidades psiquiátricas são extremamente frequentes.


• Cerca de 75% dos indivíduos apresentam ao menos uma comorbidade.
• Mais comuns são os transtornos de ansiedade em geral (40 a 60%) e estão
associados a maior gravidade e pior prognóstico do TB - mais prevalentes
no TB II (transtorno pânico e TAG).

• Os transtornos por uso de substâncias são frequentes (33%)


• A comorbidade entre TB e transtorno por uso de álcool está associada a maior
número de episódios depressivos, tentativas de suicídio, hospitalizações, taxas
mais altas de refratariedade ao tratamento, pior desempenho em testes
cognitivos.
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS

• NÃO PSIQUIÁTRICOS: • DOENÇAS INFECCIOSAS:


• DOENÇAS NEUROLÓGICAS:
• HIV
• AVC • NEUROSSÍFILIS
• DOENÇA DE HUNTINGTON • DOENÇAS
ENDOCRINOLÓGICAS:
• ESCLEROSE MÚLTIPLA
• TIREOTOXICOSES
• TUMORES

• EPILEPSIA ● DOENÇAS REUMATOLÓGICAS:


○ LÚPUS
• DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL ○ ENCEFALITES AUTOIMUNES
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
• INDUZIDA POR SUBSTÂNCIAS:
• COCAÍNA
• ANFETAMINA
• ÁLCOOL
• ALUCINÓGENOS
• ANTIDEPRESSIVOS
• AGONISTAS DOPAMINÉRGICOS
• DESCONGESTIONANTES
• CORTICOIDES
• IMUNOSSUPRESSORES
• QUIMIOTERÁPICOS
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS

• PSIQUIÁTRICOS
• TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE

• TRANSTORNOS PSICÓTICOS

• TRANSTORNOS DE HUMOR INDUZIDOS POR SUBSTÂNCIA

• TRANSTORNO ESQUIZOAFETIVO

• TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE BORDERLINE, NARCISISTA E


ANTISSOCIAL

• TDAH

• TAG
TRATAMENTO

• COMPLEXO E MULTIDISCIPLINAR

• ENVOLVE O TRATAMENTO DOS EPISÓDIOS E A

FASE DE MANUTENÇÃO (PROFILAXIA DE NOVOS EPISÓDIOS E

MELHORA DA FUNCIONALIDADE)
• PSICOEDUCAÇÃO

• PSICOTERAPIA

• ESTRUTURAÇÃO DE ROTINA: SONO REGULAR, ATIVIDADE FÍSICA

• FARMACOTERAPIA
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
1. MANIA: ESTABILIZADORES DE HUMOR

• Lítio:
• previne suicídio e tem efeito neuroprotetor
• pode ser usado em todas as fases do TB
• monitorizar função renal e função tireoideana
• efeitos colaterais comuns: boca seca, poliúria, tremor, náusea, ganho de peso e acne
• faixa terapêutica próxima da tóxica LITEMIA
• Anticonvulsivantes:
• ácido valpróico/valproato de sódio:
• monitorizar função hepática e HMG
• efeitos colaterais: ganho de peso, queda de cabelo, sonolência
• carbamazepina: monitorizar HMG e eletrólitos
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO CONTINUAÇÃO

1.MANIA - ANTIPSICÓTICOS:

• Típicos: haloperidol
• Atípicos: risperidona, olanzapina, quetiapina (altas doses), aripiprazol (altas doses)

1.DEPRESSÃO

• Estabilizador de humor
• Antipsicóticos atípicos: aripiprazol, quetiapina (de 150 a 300 mg/dia), lurasidona
• Antidepressivos: nunca usar em monoterapia (evitar tricíclicos)
• Lamotrigina: iniciar em doses baixas - risco de farmacodermia

2.MANUTENÇÃO

• Estabilizador de humor
• Antipsicótico atípico
• Lamotrigina
BIBLIOGRAFIA

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