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Sintomatologia Depressiva
Sintomas major (emocionais)
- estado depressivo (angústia, tristeza, irritabilidade)
- anedonia (perda absoluta de sentimento em relação a atos que habitualmente dão
prazer)
Sintomas secundários
- Cognitivos: baixa autoestima, preocupação excessiva, concentração e/ou memória
reduzidas, dificuldade em tomar decisões, pensamentos sobre a morte
- Físicos: alterações psicomotoras (agitação, inibição), energia diminuída e fadiga,
alterações do sono e do apetite (o que pode levar ao aumento ou perda de peso)
Características essenciais:
- Presença de tristeza, vazio ou humor irritável, acompanhada de alterações somáticas e
cognitivas que afetam de forma significativa a capacidade de funcionamento do
indivíduo.
- Factores diferenciadores entre as várias perturbações: Duração; Timing; Etiologia
presumida.
Nota: As respostas a uma perda significativa (eg. perda de um ente querido, ruína financeira,
desastre natural, diagnóstico de uma doença médica grave, etc) podem incluir sentimentos de
tristeza intensa, ruminações acerca da perda, insónia, diminuição do apetite e perda de peso
referidos no critério A, os quais se podem assemelhar a um episódio depressivo. Embora
esses sintomas possam ser compreensíveis ou considerados adequados face à perda, para
além da resposta normal a uma perda significativa, deve ser cuidadosamente considerada a
presença de um episódio depressivo major. Esta decisão requer o exercício de um julgamento
clínico baseado na história do indivíduo e nas normas culturais de expressão de mal-estar no
contexto da perda.
Especificadores de gravidade/curso:
- Ligeiro; Moderado; Grave, Com características psicóticas, Em remissão parcial; Em
remissão total; Não especificado
- Episódio único, Episódio recorrente
Aspetos/características importantes:
- Perturbação mental mais frequente
- Frequente comorbilidade com outros perturbações mentais
- Duas vezes mais comum nas mulheres (homens são subdiagnosticados)
- Associada a desequilíbrios nos neurotransmissores (eg. serotonina)
- Associada a viés de pensamento e processamento de informação
- Inexistência de diferenças significativas entre os sexos em idade até aos 14/15 anos.
- As mulheres apresentam maior predisposição para ruminar sobre os seus pensamentos
depressivos; os homens a distrair-se ou a expressar a sua depressão através de fúria e raiva.
- Depois da puberdade, as raparigas tendem a sofrer mais com as alterações corporais do que
os rapazes.
- Casar e ter filhos aumenta o risco de depressão nas mulheres, mas não nos homens.
- A média de idade de instalação de quadros depressivos varia entre os 24 e os 35 anos
(média = 27 anos).
- Tendência crescente de casos com início precoce: 40% dos indivíduos com diagnóstico de
depressão tem o seu primeiro episódio depressivo (EDM) antes dos 20 anos; 50% entre os
20-50 anos, 10% depois dos 50 anos
- Presença de especificadores infantis (eg. irritabilidade) e especificadores geriátricos (eg.
queixas somáticas).
Depressão Geriátrica
- A “depressão sem tristeza"; “depressão mascarada”; “depressão não-disfórica".
- A perturbação depressiva major é a forma mais grave de perturbação do humor no idoso,
com manifestação similar à do adulto jovem, contudo:
- A diminuição da autoestima e sentimentos de culpa é menos comum;
- Escassa expressão de tristeza e dificuldade em reconhecer os sintomas depressivos;
- Maior indecisão, nervosismo e irritabilidade;
- Preponderância de queixas somáticas (algias atípicas, sobretudo cefaleias e queixas
gastrointestinais); hipocondria, perda de peso, comportamento suicida
- Maior tendência ao isolamento, sentimentos de vazio, apatia, ansiedade e
desinteresse geral pela vida
- Deterioração cognitiva frequentemente associada
- Maior frequência de sintomas psicóticos
- Possíveis perturbações do comportamento
- Elevada comorbilidade médica e presença de polifarmácia
- Reduzidas queixas de tristeza & Queixas somáticas frequentes/não
explicáveis/excessivas (daí a expressão “depressão sem tristeza” ou “depressão mascarada").
- A identificação da depressão em idades mais avançadas é dificultada quando ocorre
em doentes com queixas somáticas associadas a níticas causas físicas, ainda para mais em
casos em que o doente insiste em queixas físicas.
- Grande heterogeneidade quanto às preocupações hipocondríacas com os sintomas
físicos: elevada incapacidade devida aos sintomas mas com indiferença; convicção quase
delirante de que os sintomas refletem um perigo de vida, acompanhada por níveis apropriados
de sofrimentos psíquico que levam à procura sistemática de apoio médico.
- Sinais e sintomas: anedonia, lentificação, irritabilidade, perda de interesse no
cuidado pessoal (eg. reduzida adesão a regimes médicos ou alimentares), sentimentos de
inutilidade, ansiedade e preocupação excessiva, desesperança, etc.
Etiologia
- Condições do meio socioprofissional e familiar: desvalorização social e profissional;
reforma; falta de oportunidades dentro do sistema familiar; questões econômicas; isolamento
e reduzido convívio social; morte do cônjuge e/ou familiares; prestação de cuidados;
auto-perceção de “fardo”; Empty Nest e Efeito Boomerang, etc.
- Fatores de risco psicossociais: situações de luto, doença crônica ou cirurgia, auto-perceção
de saúde negativa, incapacidade, dependência funcional, suporte social reduzido, divórcio,
acontecimentos recentes inesperados, personalidade vulnerável, ansiedade, etc.
- Fatores de risco biológico: sexo (mais frequente nas mulheres jovens, depois proporção
identica em ambos os sexos, a partir dos 80 anos mais frequente no homem), envelhecimento
cerebral, genética, lesões vasculares (sobretudo ao nivel do cortex pré-frontal).
- Fatores precipitantes: luto, separação, doença física, crise financeira, perda de casa ou
institucionalização, perda sensorial e défices cognitivos, problemas no trabalho, dependência
acentuada, ter de cuidar de um familiar dependente crónico, etc
Envelhecimento normal vs depressão (várias queixas do envelhecimentos normal podem-se
sobrepor às queixas de depressão)
- Perturbações do sono (diminuição do tempo total de sono; interrupções frequentes; tempo
passado na cama)
- Perda de apetite (menor dispêndio de energia, menor atividade, agravamento por má
dentição; diminuição de olfato e gosto)
- Menos energia/fadiga (agravada por doença crónica, como insuficiência cardíaca,etc.)
- Défice de concentração e memória (esquecimentos normais, agravamento por diminuição de
acuidade visual e auditiva)
Critérios de diagnóstico
A. Presença, na maioria dos ciclos menstruais de pelo menos 5 sintomas (critério B + C)
na semana anterior ao início da menstruação, começando estes a melhorar poucos dias
após o início da menstruação e tornando-se mínimos ou ausentes na semana após a
menstruação
B. Presença de 1 (ou mais) dos seguintes sintomas:
- Labilidade afetiva marcada (eg. variações do humor, sentir-se repentinamente triste
ou chorosa, ou com sensibilidade aumentada perante a rejeição)
- Raiva ou irritabilidade acentuadas ou aumento dos conflitos interpessoais
- Humor deprimido, sentimentos de desesperança ou ideia de auto-desaprovação
acentuados
- Ansiedade, tensão e/ou sensação de estar excitada ou enervada
C. Um (ou mais) dos seguintes sintomas também devem estar presentes, para atingir um
total de 5 sintomas quando combinados com os sintomas do Critério B acima.
- Diminuição do interesse em atividades habituais (por exemplo, trabalho, escola,
amigos, hobbies).
- Dificuldade subjetiva de concentração.
- Letargia, fadiga fácil ou falta acentuada de energia.
- Mudança acentuada no apetite; comer demais; ou desejos específicos de comida.
- Hipersonia ou insônia.
- Uma sensação de estar exausta ou fora de controlo.
- Sintomas físicos, como sensibilidade ou inchaço nos seios, dores nas articulações ou
nos músculos, sensação de “inchaço” ou ganho de peso.
Nota: Os sintomas nos Critérios A-C devem ter sido atendidos na maioria dos ciclos
menstruais ocorridos no ano anterior.
O processo de luto
- Os casos de resiliência: padrão maioritário de estabilidade emocional, reduzidos níveis de
depressão ao longo do tempo, maior aceitação da perda, crença num mundo justo, maior
suporte social
- As adaptações satisfatórias e a dispensabilidade de intervenção psicossocial depende da
qualidade da relação, o excesso ênfase na “desvinculação” da pessoa falecida por parte de
terceiros (familiares/profissionais) e seus efeitos negativos
- “Recuperação”- conceito relativo e complexo: ambivalências emocionais (prestação
informal de cuidados, situações de sofrimento crónico do ente querido, dor + orgulho por
estar a “lidar bem”); o luto antecipado; terminar o luto; as limitações das definições de luto
(entre o normal, o patológico, e a depressão grave)
- Alguns autores defendem que o luto patológico “não existe” e os sinais e sintomas
encaixam-se nos critérios de EDM e portanto não há necessidade de criar outro diagnóstico.
- É um dos fenómenos que leva mais pessoas a procurar ajuda psicológica.
- A despedida/luto da pessoa antes da morte é um fenómeno muito comum nas demências
Viuvez
- A feminização do fenómeno da perda conjugal (mais idosas viúvas): Sobre-mortalidade
masculina, a reconstituição familiar masculina e o celibato feminino
- Duração variável do luto conjugal: possibilidade de “não resolução” em relações de longa
duração e idades muito avançadas
- Fatores que influenciam a morbilidade e mortalidade subsequente ao luto conjugal: género
(a viuvez é mais comum nas mulheres e o luto é feito de forma diferente), estado psicológico
prévio à perda, circunstância da morte (eg. antecipada, repentina, violenta), extensão da rede
de suporte disponível (eg. solidão emocional)
Luto (DSM)
DSM-IV-TR: “outras situações que podem ser foco de atenção médica”
- Reacção à morte de um ente querido, com presença de sintomas característicos de um
episódio depressivo major.
- O humor depressivo é encarado pelo sujeito em processo de luto como “normal” (embora
possa procurar ajuda profissional para alívio de sintomas associados como a insônia ou a
perda de apetite/peso).
- A duração e expressão do luto “normal” é variável culturalmente.
- Não é feito diagnóstico de perturbação depressiva major a menos que os sintomas estejam
presentes 2 meses após a perda.
DSM-5: Na distinção entre o luto e episódio depressivo major é útil considerar que:
- No luto, o sentimento predominante é o vazio e de perda (enquanto que no EDM é o humor
deprimido persistente e a incapacidade de sentir alegria ou prazer)
- É provável que a disforia no luto diminua de intensidade ao longo de dias a semanas e que
ocorra por vagas, as chamadas “pontadas de dor” (estas vagas tendem a estar associadas com
pensamentos e recordações do falecido). O humor deprimido do EDM é mais persistente e
não está vinculado a pensamentos específicos ou preocupações
- A dor no luto pode ser acompanhada por emoções positivas e humor que são
incaracterísticos da infelicidade penetrante e miserabilismo de um EDM.
- O conteúdo do pensamento associado ao luto é geralmente caracterizado por pensamentos e
memórias do falecido (mais do que ruminação autocrítica e pessimista)
- No luto, a autoestima está em geral preservada, enquanto no EDM são comuns sentimentos
de inutilidade e inferioridade
- Se a ideação auto-depreciativa está presente no luto, ela tipicamente envolve falhas sentidas
em relação ao falecido (eg. não o ter visitado frequentemente, não lhe ter dito algo…)
- Se o enlutado pensa sobre a morte ou morrer, tais pensamentos são geralmente centrados no
falecido e na possibilidade de se lhe juntar.
Avaliação do luto
Entrevista: integração fundamental de várias dimensões (contexto da perda, significados
atribuídos à perda ao longo do tempo, estratégias de coping e de regulação emocional,
consideração das especificidades das manifestações ansioso-depressivas da população idosa).
Instrumentos de AP:
- TRIG (texas revised inventory of grief): uma das escalas mais utilizadas, avalia
explicitamente sintomas de luto (distress sobre a perda, não aceitação da perda, pensamentos
sobre o ente querido falecido)
- Notas interessantes: as mulheres expressam mais pensamentos sobre a perda do que
os homens, os idosos mais velhos apresentam um esforço acrescido na aceitação da perda,
pontuações mais elevadas nos 3 fatores estão associadas a maiores dificuldades em regressar
ao nível prévio de funcionamento.
- ICG (inventory of complicated grief): identifica sujeitos com lutos patológicos, muito útil
em viúvos idosos, indivíduos acima de 25 pontos (ponto de corte) são considerados em luto
complicado (elevado risco de morbilidade psiquiátrica e física, comportamentos de saúde
negativos, reduzida qualidade de vida)
Intervenção:
- Objetivos centrais a longo prazo: aceitar a realidade da morte, sentir a dor, adaptação à nova
vida, reinvenção do eu familiar, social e emocional
- Modalidades de intervenção: Intervenção psicoterapêutica, grupos de autoajuda,
envolvimento comunitário
- Modelos teóricos de intervenção: Dual-Process Model of Bereavement (DPM): promoção
de uma adaptação à perda com base em dois processos centrais: coping orientado para a
perda e coping orientado para o eu
- Ideias suicidas (ideação suicida): Pensamentos sobre autolesão, com intenção deliberada
ou alguma intenção de técnicas susceptíveis de provocarem a morte.
- Tentativa de suicidio: comportamento que o indivíduo levou a cabo com pelo menos
alguma intenção de morrer, o comportamento pode levar ou não a lesão ou consequência
médias sérias. Vários fatores que podem influenciar as consequências médicas incluem o mau
planeamento, a falta de conhecimento sobre a letalidade do método escolhido, a baixa
intencionalidade ou ambivalência, a oportunidade de intervenção de outros após o
comportamento ter sido iniciado.
- Para-suicidio: ato não fatal, através do qual o indivíduo protagoniza um comportamento
invulgar, sem intenção de outrem, causando lesões a si próprio ou ingerindo substância em
excesso além da dose prescrita, reconhecida geralmente como terapêutica, com vista a
conseguir modificações imediatas com o seu comportamento ou a partir de eventuais lesões
físicas consequentes.
Mitos e preconceitos:
- “falar sobre o sucidio é uma má ideia e pode ser interpretado como encorajamento"
- “só pessoas com problemas de saúde mental cometem suicidio”
- “a maior parte dos suicídios ocorrem de repente e sem aviso”
- “pessoas com ideias suicidas estão determinadas a morrer”
- “as pessoas que falam sobre suicidio não têm real vontade de o fazer”
- “uma vez com ideias suicidas, a pessoa vai sempre ter essa intenção”
Suicidio no Idoso
- Importante problema de saúde pública: entre as 10 principais causas de morte a nível
mundial.
- Taxas de suicidio entre a população com idade superior a 75 anos é 3x superior em relação à
população com idade inferior a 25 anos. Os homens idosos (>85 anos) são uma população
bastante vulnerável.
- No entanto, as tentativas de suicidio são significativamente mais baixas do que nas
populações mais jovens, ou seja, existe uma maior passagem ao ato na população idosa.
- Métodos utilizados (população geral): enforcamento, arma de fogo, overdose de
medicamentos, atirar-se de locais altos, sufocamento (questões culturais e meios disponíveis).
- Contexto clínico: é muito importante abordar o assunto com a máxima naturalidade e
seriedade clínica mas com muito cuidado e respeito pela pessoa, validar os seus sentimentos.
Marcadores do risco de suicidio: grau de planeamento (escolha do local e hora), alta recente
de unidade de internamento, descontinuação recente de um estabilizador do humor
Triggers Ambientais: Conhecimento recente de um diagnóstico médico potencialmente
fatal, morte de alguém próximo, perda de emprego ou mudança de casa
Ansiedade
- A ansiedade é uma emoção humana normal, com valor adaptativo que ajuda o indivíduo a
preparar-se e, se possível, evitar situações desagradáveis.
- Pode manifestar-se de forma patológica se excessiva, inapropriada ou mal adaptativa.
- A ansiedade com significância clínica situa-se entre uma preocupação desmesurada acerca
de aspetos mundanos, até à vivência de episódios intensos de medo (ataques de pânico) sem
razão aparente → sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos
- Antecipação apreensiva de um perigo ou desgraça, acompanhada de uma sensação de
disforia ou sintomas somáticos de tensão. O foco de perigo pode ser interno ou externo.
- Estado emocional que possui a qualidade subjetiva do medo ou de uma emoção muito
próxima. É desagradavel, negativa, dirigida ao futuro, por vezes exagerada relativamente a
ameaças e implica sintomas corporais subjetivos e manifestos.
-Ponto de vista cognitivo: a ansiedade está presente quando o sujeito perceciona um perigo ou
ameaça
Sintomas de Stress:
- Sintomas psicológicos (emocionais e cognitivos): mau humor, irritabilidade, preocupação,
frustração, humor deprimido, apreensão, ruminação, dificuldade de concentração
- Sintomas fisiológicos: sudação, palpitações, frequência urinária, tensão muscular, falta de
ar, náuseas ou indisposição, tonturas, etc.
- Sintomas sociais e comportamentais: gaguez, falar depressa, riso nervoso, aumento dos
tiques como roer as unhas ou mexer no cabelo, atitude negativa, isolamento, choro frequente,
diminuição da motivação e da iniciativa, comportamentos repetitivos, discurso tenso,
agitação, etc.
Perturbações da Ansiedade
- Experiência frequente de ansiedade, preocupação e apreensão que são mais intensas do que
a ansiedade vulgar experienciada por uma pessoa na vida diária
- Desenvolvimento frequente de evitamento, atos rituais ou pensamentos repetitivos como
forma de proteção contra a ansiedade.
- Perturbações classificáveis de acordo com: a presença ou ausência de estímulos externos,
etiologia da perturbação, natureza dos sintomas → tipos de objetos que induzem medo,
ansiedade ou comportamentos de evitamento, ideação cognitiva associada
- A duração, intensidade e evolução dos sintomas determina a presença de critérios para
perturbações específicas de ansiedade.
- Os sentimentos de apreensão, incerteza e medo podem ser desproporcionais/excessivos
em relação à situação ou acontecimento (fobias específicas), podem ser um estado no qual a
pessoa se encontra constantemente e que pode não ser facilmente atribuível a uma ameaça
específica (PAG), podem persistir de modo crónico e ser tão incapacitantes que provoquem
distress emocional constante na pessoa, sendo esta incapaz de levar um dia-a-dia normal
(incapacidade de manter emprego ou relações interpessoais duradouras).
Perturbações da Ansiedade
● Fobia Específica
- Medo ou ansiedade marcados em relação a um objeto ou situação específicos (eg. andar de
avião, alturas, animais, injeções, sangue, etc)
- A exposição ao objeto ou situação fóbica provoca quase invariavelmente uma resposta de
medo ou ansiedade imediata.
- As situações são evitadas ou enfrentadas com medo e ansiedade intensos.
- O medo ou ansiedade são desproporcionais ao perigo real que o estímulo coloca e ao
contexto sociocultural
- O medo, ansiedade ou evitamento são persistentes, durando tipicamente + de 6 meses.
- O medo, ansiedade ou o evitamento interferem significativamente com a rotina normal da
pessoa.
- Não é melhor explicada por outra perturbação
Especificadores: animal, ambiente natural (alturas, tempestades), situacional (andar de avião,
elevadores), sangue/injeção/ferimentos, outro tipo
- Mais comum nas mulheres
- Aquisição de um conjunto de crenças de ameaça que contribuem para a manutenção da
fobia.
FE no Idoso
- Associada frequentemente a síndromes depressivas ou outras perturbações de ansiedade
comórbidos, bem como a problemas de saúde crônicos.
- Mais frequentes: fobia situacional e medo de elementos do meio ambiente
- Grande associação com a fobia social e doenças
Medo de Cair (ptofobia): Preocupação persistente acerca de cair que leva o indivíduo a
evitar atividades para as quais tem capacidades de execução, medo completamente irracional
e evitamento de situações que possam ser consideradas perigosas, é considerada uma
“condição” e não uma “perturbação”.
- Marcada presença de sintomas de ansiedade mas não configura perturbação da ansiedade.
Pode evoluir para uma perturbação de ansiedade.
- Muitas vezes a família acaba por reforçar este medo, o que pode ter consequências graves.
- A ptofobia designa a reação fóbica a manter-se em pé e a andar, relacionada ao medo de
cair; mesmo na ausência de problema neurológico ou ortopédico, a pessoa não consegue
andar sem apoiar-se. Reconhecido nos anos 80 como um problema de saúde para os idosos.
- Mais comum em mulheres (sub-relato masculino), maior risco com o avançar da idade.
Fatores importantes: Idade, défices visuais, estilo de vida sedentário, fraco apoio emocional
disponível, existência de quedas prévias, mobilidade diminuída, performance pobre em testes
de equilíbrio, tonturas/vertigens crónicas, níveis elevados de dor, viver sozinho ou ter
contactos sociais reduzidos, reduzida satisfação com a vida, auto-perceção de saúde reduzida,
utilização de instrumentos de apoio à locomoção
Evolução do conceito:
- Ansiedade significativa “pós-queda” com interferência na capacidade de manter-se de pé e
caminhar sem suporte
- Subsequente a queda vs queda inexistente
- Evitamento de situações como consequência do medo
- Do medo à perda de confiança no equilíbrio e no caminhar
● Perturbação de Pânico
- Caracteriza-se pela presença de ataques de pânico inesperados e recorrentes e pelo menos
um dos ataques foi seguido por 1 mês (ou mais) de 1 (ou ambos) dos seguintes sintomas:
- Preocupação persistente acerca de ter novos ataques ou das suas consequências (eg.
perder o controlo, ter um ataque de coração ou “enlouquecer”);
- Uma alteração significativa no comportamento relacionado com os ataques (eg.
comportamentos destinados a evitar ataque de pânico, como evitamento da prática de
exercício ou situações desconhecidas)
- Ataques não explicáveis por efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou estado físico
geral; Ataques não melhor explicados por outras perturbações mentais.
- Combinação de vários sinais e sintomas: palpitações, sudorese, tremores, falta de ar, dor no
peito, náuseas, desmaio, tontura, desrealização, medo de morrer, medo de perder o controlo
ou enlouquecer, sensações de frio ou calor, etc.
- O ataque de pânico como especificador: os ataques podem ocorrer no contexto de qualquer
perturbação de ansiedade, bem como de outras perturbações mentais e algumas condições
médicas; quando se verifica a presença de um ataque de pânico ele deve ser anotado como
“especificador” (à exceção da perturbação de pânico, onde a sua presença é exigida); podem
estar presentes sintomas culturais específicos.
- Inicio comum na adolescência ou juventude habitualmente na sequência de um período de
stress
- Tratamento: TCC, exposição, antidepressivos
PP no Idoso
- Manifestação semelhantes ao adulto, mas de aparecimentos tardio raro, com taxas de
prevalência entre 0,4-2,8%
- Sintomas mais frequentes: dificuldades em respirar, tontura, sensação de instabilidade ou
vertigem, medo de cair (especificidade da população mais velha), tremores, medo de morrer.
- Presença de sintomas agorafóbicos, evidenciados por: recusa em sair de casa por medo de
cair ou ser assaltado, por exemplo.
- Associada a perturbações depressivas
- Possível desenvolvimento de abuso de álcool ou tranquilizantes para diminuir a ansiedade
● Agorafobia
- Ansiedade ou evitamento de lugares ou situações nos quais a fuga pode ser difícil ou de que
a ajuda possa não estar disponível no caso de desenvolver sintomas de tipo ataque de pânico
ou outros sintomas incapacitantes ou embaraçosos (eg. medo de cair nos idosos, medo de
incontinência).
- O medo ou ansiedade envolve tipicamente 2 (ou mais) das situações seguintes: utilização de
transportes público, estar em espaços abertos, estar em espaços fechados, estar em pé numa
fila ou numa multidão, estar fora de casa sozinho
- As situações agorafóbicas provocam quase sempre medo ou ansiedade, são evitadas
ativamente, requerem a presença de um companheiro ou são suportadas com medo e
ansiedade intensos.
- O medo ou a ansiedade: são desproporcionais em relação ao perigo real que as situações
agorafóbicas pressupõem e ao contexto sociocultural, são persistentes (+6 meses), causam
mal-estar clinicamente significativo.
- A agorafobia é diagnosticada independentemente da presença da perturbação de pânico
(mudança em relação à versão anterior do DSM).
PAG no Idoso
- Geralmente de início na adultez
- O início tardia da PAG associa-se a mau funcionamento global, dor, pior sensação relativa
de saúde e mau funcionamento em termos emocionais
- Manifestação minor ou subsindrômica mais habitual
- Em comparação com indivíduos mais jovens, apresentam maior variedade de preocupações:
perda de memória, doenças médias e o medo de quedas. Preocupam-se menos com trabalho,
futuro e morte do que os jovens e adultos.
- Associada ao aumento do risco de AVC e outros eventos cardiovasculares e também ao
maior risco de conversão para declínio cognitivo ou mesmo DA
- A importância da subjetividade na vivência e na apreciação das ameaças pelo terapeuta
Fatores de risco: sexo feminino, idade 55+, ainda no ativo, existencia de um evento
traumantico recente, separados/viuvos/divorciados/nunca casados, elevado neuroticismo e
auto-perceção de fraca eficácia, défices cognitivos, limitações funcionais, perdas visuais e
auditivas, doença grave no conjuge, aspetos relacionais e questões financeiras
Ansiedade e Depressão
- O síndrome ansioso-depressivo está associado a um prognóstico negativo, incluindo
severidade sintomática elevada, alternância entre um diagnóstico e o outro (em vez de
remissão sintomática), ideação suicida, incremento de sintomas autonômicos, exacerbação de
incapacidade na presença de condições médias e menor funcionamento global.
● Perturbação Obsessivo-Compulsiva
- Principais padrões de POC: contaminação, pensamentos intrusivos, simetria e dúvida
patológica.
- Obsessões e/ou compulsões recorrentes e severas e disfuncionais, que provocam distress
(consomem muito tempo e impedem as pessoas de fazer coisas importantes).
- Variação de sintomas entre crianças e adultos, uma vez que nas crianças as compulsões têm
um teor variável, enquanto nos adultos percecionam-se como estáveis ao longo do tempo.
- A sintomatologia inicia-se normalmente de forma gradual aos 19.5 anos.
- Incapacidade de diagnosticar devido à vergonha, relutância dos indivíduos e criação de
suposições por parte da família e médicos de que os sintomas podem estar relacionados com
a própria idade.
- Comorbilidades: ansiedade social, perturbação de pânico, PAG, perturbações do humor,
perturbação de personalidade obsessiva-compulsiva, abuso de álcool e perturbações do
comportamento alimentar
- Mais comum nas mulheres
Diagnóstico Diferencial
- Perturbação obsessivo-compulsiva da personalidade: não é caracterizada por pensamentos
ou comportamentos repetidos realizados em resposta a intrusões
- Perturbações de Ansiedade: Pensamentos recorrentes ou impulsos ligados às inquietações
da vida real
- Depressão: Pensamentos ajustados ao humor e ruminação não são entendidos como
compulsões
- Perturbação de Tiques: Não tem como objetivo uma resposta à obsessão.
- Pert. Dismórfica Corporal: Obsessões e compulsões relacionadas com o aspeto físico
- Tricotilomania: Comportamento compulsivo de arrancar cabelos na ausência de obsessões
- Pert. Acumulação: Foco exclusivo na dificuldade de separação de objetos de índole pessoal
Comportamento Sexual
- Bastante complexo e reflete o patrimônio biológico, as experiências de desenvolvimento
sexual, as características da personalidade e a avaliação que a pessoa faz de si mesma
enquanto homem ou mulher. Este comportamento é influenciado pelas relações interpessoais
estabelecidas, pelas circunstâncias e pela cultura (expectativas sexuais, etc etc).
Homosexualidade: pensamentos eróticos dirigidos a uma pessoa do mesmo sexo, bem como
a qualquer comportamento sexual associado
- Já foi considerada uma perturbação mental em edições anteriores do DSM.
- Atualmente, é considerada um estilo de vida alternativo que ocorre com alguma
regularidade como variante da sexualidade humana e não uma perturbação.
● Perturbações Parafílicas
- Parafilia vs Perturbação Parafílica (último capítulo do DSM-5 devido à dificuldade em
entender até que ponto um determinado comportamento pode ser considerado patológico ou
anormal).
- Perturbação parafílica: é uma parafilia que presentemente provoca mal-estar ou défices no
indivíduo, ou uma parafilia cuja satisfação provoca e/ou provocou danos pessoais (ou risco de
dano) a terceiro. Uma parafilia é uma condição necessária mas não suficiente para se ter uma
perturbação parafílica. Interesses eróticos atípicos mas que não resultam em distress ou
problemas de funcionamento (eg. fétiche que é satisfeito dentro de uma relação saudável)
Pedofilia
A) Fantasias sexualmente excitantes/impulsos sexuais/comportamentos que envolvam
atividade sexual com crianças ou crianças pré-púberes (com idade igual ou menor de 13
anos).
B) O indivíduo age em conformidade com os seus impulsos ou os impulsos/fantasias
provocam sofrimento, intenso mal-estar ou dificuldades interpessoais no indivíduo.
C) O indivíduo tem pelo menos 16 anos. O indivíduo tem uma diferença mínima de 5 anos
das vítimas.
Especificadores: Tipo exclusivo, Limitado ao incesto, Aração por rapazes, raparigas ou
ambos.
Disfunções Sexuais
● Ejaculação Retardada
● Disfunção Eréctil
● Perturbação do Orgasmo Feminino
● Perturbação do Interesse/Excitação Sexual Feminino
● Perturbação de dor Genitopélvica/Penetração (dispareunia e vaginismo)
● Perturbação do Desejo Sexual Hipoativo Masculino
● Ejaculação Prematura (precoce)
● Disfunção Sexual Induzida por Substância/Medicamento, outra especificação ou não
especificada.
Glossário
Sexo biológico: sistema de classificação tendo como base caracteristicas genéticas de um
individuo. Os indivíduos podem ser classificados, geralmente, como sendo do sexo masculino
ou feminino ou intersexo.
Identidade de Género: identidade pessoal, subjetiva e autonomamente determinada que cada
individuo tem relativamente ao seu género, pode ou não estar de acordo com o género
associado ao sexo biológico
Expressão de Género: maneirismos, formas de vestir, aspeto físico, gostos e atitudes, etc.
Cisgénero: Pessoa cuja identidade de género corresponde àquela que lhe foi atribuída à
nascença.
Trans: Termo abrangente que inclui qualquer pessoa que, por qualquer razão, não se
identifica com o género associado ao sexo biologico. Pode, ou não, fazer algum tipo de
transição.
Transexual: Termo médico criado para referir pessoas que desejam que o sexo biológico
corresponda à sua identidade de género, mudando assim o seu corpo através de hormonas
e/ou cirurgias.
Coming Out: passagem voluntária de um estado de ocultação, perante terceiros, da orientação
sexual e/ou identidade de género, para um estado de autenticidade.
Orientação Sexual: Refere-se à sexualidade da pessoa e por quem ela sente atração
afetivo-sexual. Não está obrigatoriamente relacionada com o género. Uma pessoa pode ser
hetero, homo, bi ou asexual.
Disforia de Género
- Marcada incongruência entre o género experienciado/expresso e o género atribuído, com
uma duração de pelo menos 6 meses, manifestada por pelo menos 2 dos seguintes:
- Marcada incongruência entre o género experienciado/expresso e as características
sexuais primárias e/ou secundárias
- Forte desejo de se libertar das suas características sexuais primárias e/ou secundárias
(em jovens adolescentes, desejo de prevenir o desenvolvimento das características sexuais
secundárias esperadas com a puberdade).
- Forte desejo de ter as características sexuais primárias e/ou secundárias do outro
género.
- Forte desejo de ser de outro género
- Forte desejo de ser tratado como se fosse de outro género
- Forte convicção de que tem os sentimentos e reações típicos de outro género.
Perturbação relacionada com a identificação e papel sexual do sujeito na sociedade que pode
ser diagnosticável em distintas fases do desenvolvimento.
- Crianças: desejo expresso/insitencia em ser do outro sexo, travestismo ou
comportamento masculino, jogos fantasiosos, intenso desejo de participaçao em jogos
e passatempo tipicos do outro sexo, forte preferencia por companheiros do outro sexo,
aversão/repulsa do orgão genital
- Adolescentes e adultos: complexificação das manifestações. Fazer-se passar pelo
outro sexo, viver e ser tratado como se fosse do outro sexo, etc.
Semiologia Psicopatológica
Perceção
- Ilusões: existe uma perceção alterada de um objeto real presente, falsa perceção (tipos:
pareidolia, imagem eidética, ilusão de preenchimento, ilusão de afeto).
- Pseudoalucinação: existe uma falta de consciência sensorial e são sentidas como vindas do
interior ou do espaço subjetivo. O seu carácter irreal é rapidamente reconhecido (com
insight). Geralmente não persistem muito no tempo, podendo ser modificadas pela vontade.
Podem aparecer nos estádios iniciais das psicoses e depois transformam-se em alucinações
verdadeiras ou aparecem ambas simultaneamente. Podem ocorrer em situações sem doença
psiquiátrica (eg. alucinações no luto).
Pensamento: défices nas funções intelectuais ou executivas mais elevadas, como conceção e
execução de planos pormenorizados
- Ideia Sobrevalorizada (conteúdo): ideia prevalecente e irracional que é mantida de forma
relativamente firma, embora sem intensidade delirante, trata-se de um termos útil para
descrever ideias “quase delirantes”.
- Alienação do pensamento (posse): é frequente na esquizofrenia, o doente pensa que os
seus pensamentos são controlados por uma entidade extrínseca ou que os outros participam
no seu pensamento. Influência ou imposição do pensamento, roubou ou interseção do
pensamento, difusão do pensamento.
Discurso e Linguagem
- Logorreia ou verborreia: falar excessivamente com loquacidade compulsiva, com pressão
do discurso, é frequente na excitação maníaca, na agitação catatónica e no delírio agudo.
- Fluxo lentificado (bradifemia) ou fluxo acelerado (taquifemia), aprosódia (discurso sem
entoação afetiva)
- Ecolalia (repetição em eco, aparentemente sem sentido, de uma palavra ou frase recém-dita
por outras pessoa), Logoclonia (reiteração verbal da última sílaba que o próprio pronunciou)
- Discurso pobre, Pedolália (discurso infatilizada, comum nas demencias e na esquizofrenia),
Coprolalia (obscenidades ditas de forma compulsiva e explosiva, comum nas psicoses e na
síndrome de Tourette), Fuga de ideias, Anomia, etc.
- Alterações sintáticas: agramatismo e paragramatismo
Motricidade
- Comportamento motor anormal ou grosseiramente desorganizado inclui problemas em
qualquer forma de comportamento dirigido a um objetivo, levando a dificuldades na
realização de atividades da vida diária.
- O comportamento catatónico é uma diminuição marcada da reatividade ao ambiente, pode
incluir: resistência a instruções, manutenção de postura rígida imprópria ou bizarra, completa
ausência de resposta verbal ou motora (Mutismo e estupor), movimentos repetitivos
estereotipados, caretas e eco no discurso, etc.
- Hiperatividade (aumento dos movimentos expressivos, aumento dos movimentos
direcionados como agitação psicomotora e inquietude motora), Hipoatividade (redução dos
movimentos expressivos e redução dos movimentos direcionados, como
lentificação/ralentamento psicomotor, bloqueio ou obstrução, inibição).
- Estupor (melancólico, histérico, catatonico): estado de suspensão de todas as atividade
motoras como se estivessem congeladas, doente imovel, que não responde.
- Alterações da postura: cataplexia, paralisia cérea.
Esquizofrenia
A. Presença de dois ou mais dos seguintes sintomas, cada um durante um período de 1 mês.
Pelo menos, um dos sintomas deverá ser (1), (2) ou (3): 1. Delírios 2. Alucinações 3.
Discurso desorganizado 4. Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatónico 5.
Sintomas negativos
B. Nível de funcionamento numa ou mais áreas da vida estão marcadamente abaixo do nível
previamente atingido.
C. Sinais contínuos da perturbação persistem por, pelo menos, 6 meses. Este período tem de
incluir, pelo menos, 1 mês de sintomas que preencham o critério A (sintomas de fase ativa) e
pode incluir períodos de sintomas prodrômicos ou residuais.
D. A Perturbação Esquizoafetiva e as Perturbações Depressiva ou Bipolar com características
psicóticas foram excluídas porque ou: 1) os episódios depressivos major ou maníacos não
ocorreram simultaneamente com sintomas de fase ativa, ou 2) caso os episódios do humor
tenham ocorrido durante os sintomas de fase ativa, estes estiveram presentes durante uma
pequena parte da duração total dos períodos de doença ativa e residual.
E. A perturbação não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou outra
condição médica.
F. Caso exista história de PEA ou PC com início na infância, o diagnóstico adicional de
esquizofrenia só é realizado se estiverem presentes delírios ou alucinações proeminentes por
um período mínimo de 1 mês.
- Os seguintes especificadores podem ser usados após 1 ano da duração da perturbação e
apenas se não estiverem em contradição com o curso de diagnóstico:
● Primeiro episódio, correntemente em episódio agudo
● Primeiro episódio, correntemente em remissão parcial
● Primeiro episódio, correntemente em remissão total
● Múltiplos episódios, correntemente em episódio agudo
● Múltiplos episódios, correntemente em remissão parcial
● Múltiplos episódios, correntemente em remissão total
● Não especificado
- Outros especificadores: c/catatonia, especificação de gravidade
- Fases: prodrômica (deterioração progressiva de um funcionamento normal até ao
pensamento delirante e disfuncional), ativa (síntomas obvios e característicos de
esquizofrenia), residual (fase da psicose em que o indivíduo deixa de evidenciar sinais
proeminentes de sintomatologia positiva)
- DSM-5: eliminação dos subtipos presentes no DSM-IV pela sua reduzida estabilidade
diagnóstica, reduzida confiança, validade pobre e ausência de especificidade de tratamento
- Diagnóstico muito pesado pelo seu caráter crônico.
- O suícidio é muito frequente (o risco de suicídio é de 5-6%, e cerca de 20% tentam
suicidar-se numa ou mais ocasiões).
- A esquizofrenia está associada a uma alta taxa de comorbilidade por uso de substâncias ( ex:
elevado consumo de tabaco).
- Os pacientes com esquizofrenia apresentam muitas das vezes: perturbações da ansiedade;
perturbações obsessivo-compulsivas; ganho de peso, diabetes, síndrome metabólica e
cardiovascular e doenças pulmonares, o que reduz a esperança média de vida destes doentes.
- O descuido na manutenção de comportamentos de saúde por parte dos doentes com
esquizofrenia, juntamente com a psicose, pode explicar as doenças crónicas associadas à
esquizofrenia e a comorbilidade relacionada a esta.
- Características que apoiam o diagnóstico: Emoções inapropriadas; Humor disfórico (i.e.,
depressão, ansiedade ou raiva); Padrão de sono disruptivo; Recusa alimentar;
Despersonalização e desrealização; Défices cognitivos (i.e., memória, linguagem, velocidade
de processamento); Défices na cognição social; Falta de insight; Hostilidade/agressividade;
Várias diferenças neurológicas visíveis.
- Algumas ideias delirantes/alucinações são normativas em determinadas culturas. A
avaliação do afeto deve ser contextualizada na cultura.
- As mulheres têm menos incidência desta perturbação, assim como um desenvolvimento
mais tardio.
- As características psicóticas surgem no fim da adolescência e meados dos 30 anos. Início é
abrupto e insidioso, havendo um desenvolvimento lento e gradual de sinais e sintomas
- Incidência mais elevada em crianças que cresceram em ambiente urbano e em alguns grupos
étnicos minoritários.
Fatores de Risco
- Forte contribuição de fatores genéticos na determinação do risco para a esquizofrenia,
apesar de os indivíduos não terem história familiar de psicose. Esta tendência é atribuída a
um espectro de alelos de risco, comuns e raros, com cada um a contribuir apenas com uma
pequena fração de variação populacional total.
- Complicações na gravidez e no nascimento, com hipoxia, e idade avançada dos
pais estão associadas a maior risco de esquizofrenia para o feto. Outras adversidades
no pré-natal e no perinatal, incluindo stress, infecções, desnutrição, diabetes materno
e outras condições médicas, têm ligação com a esquizofrenia
Diagnóstico Diferencial
➔ A Perturbação Esquizoafetiva requer que um episódio depressivo major ou maníaco
ocorra, em simultâneo, com os sintomas da fase ativa e que estes estejam presentes na maior
parte da duração dos períodos ativos.
➔ A Perturbação Delirante não apresenta outros sintomas característicos da Esquizofrenia
(e.g, discurso desorganizado; alucinações visuais ou auditivas).
➔ A Perturbação Esquizofreniforme e a Perturbação Psicótica Breve são de duração mais
reduzida.
➔ Indivíduos com POC e Perturbação Dismórfica Corporal podem apresentar insight pobre
ou ausente, mas distinguem-se da Esquizofrenia pelas obsessões, compulsões, etc.
Objetivos da reabilitação/tratamento:
- Permitir a reinserção e integração social do doente
- Diminuir as incapacidades resultantes da própria doença
- Diminuir o número de recaídas e internamento hospitalares
- Proporcionar uma maior autonomia socioeconômica
- Melhorar o desempenho de papéis sociais
- Melhorar a qualidade de vida do doente
Perturbação Delirante
- Presença de 1 ou mais delírios durante pelo menos 1 mês, o critério A para esquizofrenia
nunca foi preenchido. Se as alucinações estão presentes, não são proeminentes e estão
relacionadas com o tema delirante
- Além do impacto do delírio ou das suas ramificações, o funcionamento não está
marcadamente alterado e o comportamento não é obviamente estranho ou bizarro
- Se tiverem ocorrido episódios maníacos ou depressivos, estes foram breves relativamente à
duração dos períodos delirantes
- Especificar o tipo (de grandiosidade, ciúme, erotomaníaco, misto, não especificado,
persecutório), se com conteúdo bizarro, duração e gravidade
Diagnóstico Diferencial:
- Se os sintomas psicóticos persistirem por 1 mês ou mais, o diagnóstico pode ser:
Perturbação esquizofreniforme; Perturbação delirante; Perturbação depressiva com
características psicóticas; Perturbação bipolar com características psicóticas ou outro espectro
de esquizofrenia especificado ou não especificado; Outra perturbação psicótica, dependendo
de outros sintomas na apresentação.
- O diagnóstico diferencial entre perturbação psicótica breve e perturbação esquizofreniforme
é difícil quando os sintomas psicóticos remitiram antes de 1 mês em resposta ao tratamento
bem-sucedido com medicamentos.
- Deve-se dar atenção especial à possibilidade de que uma perturbação recorrente (por
exemplo, perturbação bipolar, exacerbações agudas recorrentes de esquizofrenia) possa ser
responsável por quaisquer episódios psicóticos recorrentes.
- Nas perturbações da personalidade podem ser comuns períodos breves de sintomas
psicóticos em resposta a fatores de stress psicossociais. Se estes sintomas persistirem durante
pelo menos 1 dia, o diagnóstico de perturbação psicótica breve pode ser apropriado.
Perturbação Esquizofreniforme
- Os critérios de diagnóstico são basicamente iguais à esquizofrenia menos a duração dos
sintomas (mais de 1 mês mas menos de 6 meses)
- A incidência desta perturbação nos vários contextos socioculturais é semelhante à que se
observa na esquizofrenia.
- 1/3 dos indivíduos com diagnóstico inicial de perturbação esquizofreniforme (provisória)
recupera num período de 6 meses, sendo o diagnóstico final perturbação esquizofreniforme.
- 2/3 dos indivíduos receberá eventualmente o diagnóstico de esquizofrenia ou de perturbação
esquizoafetiva.
Perturbação Esquizoafetiva
A. Um período ininterrupto de doença durante o qual há um episódio depressivo major ou
maníaco concomitante com o Critério A da esquizofrenia.
Nota: O episódio depressivo major deve incluir o Critério A1: humor deprimido.
B. Delírios ou alucinações por duas semanas ou mais na ausência de episódio depressivo
major ou maníaco durante a duração da doença ao longo da vida.
C. Os sintomas que satisfazem os critérios para um episódio de humor estão presentes na
maior parte da duração total das fases ativa e residual da doença.
D. A perturbação não pode ser atribuída aos efeitos de uma substância (p. ex., droga de
abuso, medicamento) ou a outra condição médica.
Especificadores
Determinar o subtipo: esta divisão é baseada na existência de um episódio maníaco,
hipomaníaco ou misto alguma vez.
- Tipo bipolar: Este subtipo aplica-se se um episódio maníaco fizer parte da apresentação.
Podem também ocorrer episódios depressivos.
- Tipo depressivo: Este subtipo aplica-se se somente estiverem presentes episódios
depressivos.
Especificar se:
- Com catatonia
Psicoses Tardias
- Esquizofrenias que tendo surgido na juventude ou na adultez conseguem chegar à velhice
(90% dos casos).
- A esquizofrenia de início tardio tem um perfil sindromático que pouco se distingue da
esquizofrenia de início precoce. A esquizofrenia de início muito tardia está muito associada a
défices sensoriais, isolamento social e alucinações visuais, estando menos associada a
alterações formais de pensamento, embotamento afetivo e a história familiar de
esquizofrenia.
- Perturbações delirantes tardias (início após os 45 anos) → são incomuns.
- Prevalência relativamente baixa na população idosa (suicidio, comorbilidades médicas, etc).
- Características: ideias delirantes de temática persecutória, proeminentes alucinações
multimodais, ausência de crítica em relação à doença (sintomas negativos são menos
comuns).
Esquizofrenia tardia
- Aproximadamente 12-15% das esquizofrenias terão início após os 40 anos
- Fase Prodrômica: duração de meses a anos, agravamento dos traços prévios de
personalidade, alterações do sono, emagrecimento, presença de ideias de autoreferência,
deterioração do funcionamento social, problemas de higiene pessoal
- Período de Estado: aparecimento de delírios e alterações do comportamento, presença rara
de sintomas negativos ou perturbações formais do pensamento, presença frequente de
sintomas afetivos
- Frequente evolução para a cronicidade, geralmente com menos défices sociais do que nos
pacientes de início precoce
- Fatores de risco: fatores genéticos, ser mulher, isolamento social, personalidade com traços
esquizóides ou paranóides, défices sensoriais (como surdez), alterações neurodegenerativas.
-Tratamento (muito semelhante ao tratamento indicado para a população mais jovem):
terapêutica farmacológica (medicação antipsicótica, antidepressivos, estabilizadores de
humor, etc)
Perturbação delirante tardia
- Baixa prevalência, apesar dos pensamentos delirantes poderem atingir 4% da comunidade.
- Fatores de risco: ser homem (40-50 anos), ser mulher (>60 anos), viver sozinho,
personalidade pré-mórbida do tipo paranóide ou esquizóide, baixo nível socioeconômico e
emigração.
Défice cognitivo ligeiro: (reconhecimento que as queixas cognitivas têm importância clínica)
- Défice cognitivo sem demência: uma preocupação antiga na investigação, necessidade de
fazer um diagnóstico precoce e que não se foca apenas no domínio da memória. MCI como
entidade diagnóstica desde 2004 (trabalho visionário de Peterson).
- Critérios para MCI: queixas de memória, habitualmente corroboradas por terceiros,
comprometimento cognitivo objetivo para a idade, funções cognitivas preservadas na sua
generalidade, atividades funcionais globalmente intactas, não demenciado
- DCL: Com elevado risco, mas não evolui necessariamente para demência; Que pode
manter-se estável durante muito tempo; De difícil distinção relativamente aos que vão evoluir
para demência; Deve permanecer sob vigilância médica.
Especificar se: por intoxicação de substância, por abstinência, induzido por substâncias,
devido a outra condição médica, devido a múltiplas etiologias (causas orgânicas)
Especificar se: agudo ou persistente
Especificar se: hiperativo, hipoativo, nível misto de atividade
Pseudodemência
- Perturbação psiquiátrica que simula uma quadro demencial supostamente devido a doença
funcional e que é reversível com tratamento adequado, na ausência de um processo
neurodegenerativo primário suscetível de causar demência
- A maior causa das pseudo demências de origem depressiva (com remissão após
antidepressivos) faz desvanecer as outras etiologias da pseudo demência (psicoses, neuroses)
- Sintomas comuns à demência e à pseudodemência: diminuição da memória e da
concentração, alterações do afeto e do pensamento, irritabilidade e agitação psicomotora
- Cerca de 20/50% dos doentes com demência apresentam uma perturbação depressiva
nalgum momento do processo demencial (comorbilidade mais frequente nas fases iniciais)
- Nalguns casos de depressão de início tardio, a evolução faz-se pela deterioração progressiva
das faculdade mentais, para um quadro demencial
- Importa distinguir: défice cognitivo secundário a um quadro depressivo vs depressão
sobreposta num processo demencial vs depressão como primeira manifestação de um
processo demencial já em curso
PNC devida a Doença de Parkinson: uma pessoa com Doença de Parkinson pode não ter
demência. 3 sintomas principais: tremores, rigidez muscular, lentificação motora.
Doença dos Corpos de Lewy: cognição flutuante com variações pronunciadas na atenção e
alerta, alucinações visuais (liliputianas, ver pessoas como mais pequeninas) recorrentes bem
formadas e detalhadas, características espontâneas de parkinsonismo com início subsequente
ao desenvolvimento de declínio cognitivo (sinais e sintomas mais significativos), atende aos
critérios para transtorno de comportamento do sono de movimento rápido dos olhos (sono
REM), sensibilidade neuroléptica severa (sinais/sintomas sugestivos).