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TRATAMENTO

FARMACOLÓGICO DO
TRANSTORNO BIPOLAR
Prof: Andréia Dias
Os transtornos bipolares são classificados como

Transtorno bipolar I: definido como a presença de pelo menos um


episódio maniáco completo (comprometendo a função ocupacional e
social normal) e,quase sempre, episódios depressivos

Transtorno bipolar II: definido pela presença de episódios depressivos


maiores com pelo menos um episódio hipomaníaco, mas sem episódios
maníacosevidentes

Transtorno bipolar inespecífico: transtornos com características


bipolares claras, porém que não preenchem os critérios específicos para
outros transtornosbipolares
A causa exata do transtorno bipolar é desconhecida. A
hereditariedade tem papel significativo.
Também há evidências de desregulação de serotonina e
noradrenalina.

Alguns fármacos podem desencadear exacerbações em alguns pacientes


com transtorno bipolar; esses fármacos incluem

• Simpatomiméticos (p. ex., cocaína, anfetaminas)


• Álcool
• Certos antidepressivos (p. ex., antidepressivos tricíclicos, inibidores de
IMAOs)
Sinais e sintomas
MANIA
Um episódio maníaco é definido como um período de ≥ 1 semana de humor
persistentemente elevado, expansivo ou humor irritável e atividade direcionada aobjetivos
ou energia aumentada mais ≥ 3 sintomas adicionais:

Autoestima inflada ou grandiosidade

Diminuição da necessidade de sono

Falar mais do que o habitual

Fuga de ideias ou pensamentos acelerados

Facilidade em se distrair

Aumento das atividades direcionadas a objetivos

Envolvimento excessivo em atividades com alto potencial para consequências negativas


(p. ex., gastar em festanças, investimentos financeiros tolos)
Sinais e sintomas
› Depressão
› Um episódio depressivo tem características típicas de depressão maior; o episódio deve
incluir ≥ 5 dos seguintes durante o mesmo período de 2 semanas, e umdeles deve ser
humor deprimido ou perda de interesse ou prazer:
› Humor deprimido durante a maior parte do dia
› Diminuição acentuada do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades
durante a maior parte do dia
› Ganho ou perda ponderal significativo (> 5%) ou diminuição ou aumento do apetite
› Insônia (muitas vezes insônia de manutenção do sono) ou hipersonia
› Agitação ou atraso psicomotor observado por outros (não autorrelatado)
› Fadiga ou perda de energia
› Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada
› Capacidade diminuída de pensar, concentrar-se ou indecisão
› Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio, tentativa de suicídio ou plano
específico para o suicídio
› As características psicóticas são mais comuns na depressão bipolar do que na
depressão unipolar.
Tratamento
Estabilizadores de humor (p. ex., lítio, alguns anticonvulsivantes), um antipsicótico de
2ª geração ou ambos

Suporte e psicoterapia

O tratamento do transtorno bipolar geralmente tem 3 fases:

Aguda: para estabilizar e controlar as manifestações iniciais algumas vezes graves

Continuação: para alcançar a remissão completa

Manutenção ou prevenção: para manter os pacientes em remissão

Embora muitos pacientes com hipomania possam ser tratados ambulatorialmente, a


mania ou a depressão grave geralmente requer internação.
Outros tratamentos
A ECT é usada algumas vezes para depressão refratária ao tratamento e também é eficaz na
mania.
A fototerapia pode ser útil no tratamento do transtorno bipolar I ou II sazonal (com depressão
no outono-inverno e hipomania na primavera-verão). Ela é provavelmente mais útil como
tratamento de potencialização.

Educação e psicoterapia
Angariar o apoio dos entes queridos é crucial para prevenir episódios maiores.

Terapia em grupo é frequentemente recomendada para os pacientes e seus parceiros; nela,


eles podem aprender sobre o transtorno bipolar, suas sequelas sociais e sobre o papel central
dos estabilizadores de humor no tratamento.

Psicoterapia individual pode ajudar os pacientes a lidarem melhor com problemas da vida
cotidiana e ajustar-se a uma nova maneira de identificar a si mesmos.
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO

A escolha do fármaco pode ser difícil, pois todos os


fármacos possuem efeitos adversos significantes,
interações medicamentosas são comuns e nenhum
fármaco é universalmente eficaz.
Dois terços dos pacientes com transtorno bipolar não
complicado respondem ao lítio, que atenua as mudanças
de humor bipolares,

O carbonato de lítio é iniciado com 300 mg VO e aumentado,


com base nos níveis sanguíneos de equilíbrio e na tolerância,
até níveis de 0,8 a 1,2 mEq/L.

A toxicidade aguda do lítio se manifesta inicialmente por tremor


grosseiro, aumento dos reflexos tendíneos profundos, cefaleia
persistente, vômitos e confusão, podendo progredir para estupor,
convulsões e arritmias.

A toxicidade é mais provável em:


Pacientes idosos
Pacientes com depuração de creatinina diminuído
Aqueles com perda de sódio (p. ex., por causa de febre, vômitos,
diarreia ou uso de diuréticos)

Os efeitos adversos a longo prazo do lítio incluem


• Hipotiroidismo, particularmente quando existe história familiar de hipotiroidismo
• Lesões renais comprometendo o túbulo distal que aparecem depois de ≥ 15 anos de
tratamento com lítio
Anticonvulsivantes

a dose inicial deve ser de 200 mg VO e pode ser aumentada


gradualmente com elevações de 200 mg/dia aténíveis alvos de 4 a 12
μg/mL (máximo de 800 mg )
Os efeitos adversos incluem náuseas, tontura, sedação e desequilíbrio

é dada uma dose de ataque de 20 a 30 mg/kg, então 250 a 500 mg


VO (formulações de liberação estendida podem ser utilizadas); os
níveis sanguíneos alvos são de 50 e 125 μg/mL. Essa abordagem não
resulta em mais efeitos adversos do que a titulação gradual. Efeitos
adversos incluem náuseas,cefaleia, sedação, tontura e ganho de peso;
efeitos sérios raros compreendem hepatotoxicidade e pancreatite.
Antipsicóticos
Psicose maníaca aguda é cada vez mais tratada com
antipsicóticos de 2ª geração, como

Risperidona (normalmente 2 a 3 mg VO )

Olanzapina (normalmente 5 a 10 mg VO )

Quetiapina (200 a 400 mg VO )

Ziprasidona (40 a 80 mg VO )

Aripiprazol (10 a 30 mg VO uma vez ao dia)

Além disso, evidências sugerem que esses fármacos


podem aumentar os efeitos dos estabilizadores do
humor após a fase aguda.

Para pacientes psicóticos extremamente hiperativos com baixa ingestão de líquidos


e alimentos, um antipsicótico administrado por via intramuscular com cuidadosde
suporte em acréscimo ao lítio ou um anticonvulsivante pode ser apropriado.
Antidepressivos

Antidepressivos específicos (p. ex., ISRS)


são acrescentados algumas vezes para
depressão grave, mas sua eficácia é
controversa; não são recomendados
como único tratamento nos episódios
depressivos.
BIBLIOGRAFIA
› www.msdmanuals.com
› GRAEFF, F. G.; GUIMARÃES, F. S. Fundamentos de
psicofarmacologia. Rio de Janeiro: Atheneu, 1999.
› STAHL, S. Psicofarmacologia: bases neurocientíficas e
aplicações clínicas. Rio de Janeiro: Medsi, 1998.

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