Você está na página 1de 22

Estabilizadores de humor

Profa. Dra. Fátima Vergara


fatima.vergara@univassouras.edu.br
Transtorno Bipolar

Transtorno bipolar ou transtorno afetivo bipolar é uma condição


de saúde mental que causa mudanças extremas de humor.
Conhecido anteriormente como psicose maníaco-depressiva, se
caracteriza pela alternância de períodos em que a pessoa fica
mais exaltada (mania), de episódios de depressão (hipomania) e
de “normalidade’.
Transtorno Bipolar
➢ O transtorno bipolar, que geralmente aparece no início da vida adulta, é menos
comum e resulta em depressão e mania, oscilando durante período de algumas
semanas.

➢ Pode ser difícil diferenciar o transtorno bipolar leve da depressão unipolar. Além disso,
os episódios de mania bipolar podem ser confundidos com episódios de psicose
esquizofrênica.

➢ Existe uma tendência hereditária forte, e estudos genéticos gerais de associação


(GWAS; do inglês, gene-wide association studies) identificaram vários novos genes de
suscetibilidade que podem ter efeito nas funções cerebrais afetadas na doença bipolar
(Soronen et al., 2010), mas até o momento estes não causaram impacto na terapia
farmacológica da doença.
Estabilizadores de humor

✓ Originalmente, o estabilizador do humor era um fármaco que tratava mania e impedia


sua recidiva, “tornando estável” o polo maníaco do transtorno bipolar.

✓ Mais recentemente, o conceito de estabilizador do humor foi definido de maneira


abrangente, desde “uma substância capaz de atuar como o lítio”, passando por “um
anticonvulsivante usado para o tratamento do transtorno bipolar”, até “o
antipsicótico atípico utilizado no tratamento do transtorno bipolar”, com os
antidepressivos considerados como “desestabilizadores do humor”.
Tratamento do distúrbio bipolar
Lítio: o clássico estabilizador de humor

✓ O transtorno bipolar vem sendo tratado com lítio há mais de 50 anos.


✓ O lítio é um íon cujo mecanismo de ação ainda não está estabelecido com
certeza. Seus mecanismos de ação consistem em diversos locais de
transdução de sinais, além dos receptores de neurotransmissores.

✓ Qualquer que seja o modo de atuação do lítio, ele demonstra ser efetivo nos
episódios maníacos e na manutenção das remissões, particularmente dos
episódios maníacos e talvez, em menor grau, dos episódios depressivos.
✓ O lítio está bem estabelecido na prevenção do suicídio em pacientes com
transtornos do humor. É também usado para tratar episódios depressivos no
transtorno bipolar, como agente potencializador de antidepressivos na
depressão unipolar, entretanto não é formalmente aprovado para esses
usos.
Lítio: o clássico estabilizador de humor
Lítio: o clássico estabilizador de humor

Os efeitos colaterais:

• Tremores;
• Náusea;
• Fadiga;
• Apetite aumentado;
• Contagem elevada de glóbulos brancos;
• Sede;
• Aumento na frequência da urina.
Anticonvulsivantes no tratamento da bipolaridade
Ácido valproico ou valproato
Ácido valproico ou valproato

▪ O valproato é comprovadamente efetivo para a fase maníaca aguda do


transtorno bipolar e é comumente usado por um período prolongado para
evitar a recorrência da mania, embora seus efeitos profiláticos não tenham
sido tão bem estabelecidos quanto seus efeitos agudos na mania.

▪ As ações antidepressivas do valproato também não foram bem


estabelecidas, nem foi demonstrado de modo convincente que ele
estabilize os episódios depressivos recorrentes. Todavia, pode-se observar
alguma eficácia na fase de depressão do transtorno bipolar em alguns
pacientes.

▪ o valproato é comprovadamente efetivo na enxaqueca.


Ácido valproico ou valproato

Os efeitos colaterais:
❖ Queda de cabelo,
❖ Ganho de peso,
❖ Sedação.

❖ Alguns problemas podem ser evitados ao reduzir a dose, porém isso


geralmente diminui a eficácia, e, assim, pode ser necessário combinar o
valproato com outros estabilizadores do humor.
❖ Determinados efeitos colaterais podem estar relacionados mais com a
cronicidade da exposição do que com a dose e, portanto, não podem ser
evitados com a redução desta. Isso envolve sinais de efeitos hepáticos e
pancreáticos, toxicidade fetal, como defeitos do tubo neural.
❖ Em mulheres, pode estar associado a uma síndrome de distúrbios
menstruais, ovários policísticos, hiperandrogenismo, obesidade e
resistência à insulina.
Carbamazepina
Carbamazepina

Os efeitos colaterais:

➢ Efeitos supressores sobre a medula óssea, exigindo o monitoramento inicial


das contagens de células sanguíneas, e
➢ Notável indução da enzima 3A4 do citocromo P450 (CYP),
➢ Sedação,
➢ Pode causar toxicidade fetal, como defeitos do tubo neural.
Lamotrigina
Lamotrigina

✓ Aprovada como estabilizador do humor para prevenção de recidiva tanto da mania


quanto da depressão.

✓ Embora tenha alguns mecanismos de ação sobrepostos aos da carbamazepina, a


lamotrigina não foi aprovada na mania bipolar.

✓ Bem tolerada para um anticonvulsivante, exceto por sua propensão a causar


erupções cutâneas, inclusive (raramente) a síndrome de Stevens-Johnson (necrólise
epidérmica tóxica), potencialmente fatal.
✓ As erupções cutâneas ocasionadas pela lamotrigina podem ser minimizadas
aumentando-se muito lentamente a dose do fármaco no início do tratamento,
evitando-se ou controlando as interações medicamentosas, como aquelas com o
valproato, que elevam os níveis de lamotrigina.
Associações para transtorno bipolar

A maioria dos pacientes com transtorno bipolar necessita de tratamento


com dois ou mais fármacos. As associações com maior evidência são a
adição de um antipsicótico atípico ao lítio (associação atípico-lítio) ou ao
valproato (associação atípico-valproato).
Associações para transtorno bipolar

As associações que não foram bem estudadas em ensaios clínicos, mas que
apresentam algumas evidências com base na prática, são lítio e valproato (li-vo),
uso cauteloso de lamotrigina mais valproato (la-vo), lamotrigina e lítio (la-li),
associação cautelosa de lamotrigina, lítio e valproato (la-li-vo) e associação de
lamotrigina e quetiapina (lami-quel).
Associações para transtorno bipolar

Alguns acreditam que mesmo quando há necessidade de tratamento combinado, este


nunca deve envolver o uso de antidepressivo (infusão bipolar de Boston). Enquanto isso,
outros recomendam a adição cautelosa de um antidepressivo a um ou mais
estabilizadores do humor (coquetel cuidadoso da Califórnia). Para pacientes que
desenvolvem sintomas de ativação durante o tratamento com antidepressivo para a
depressão unipolar, alguns especialistas sugerem acrescentar um antipsicótico atípico, em
vez de suspender o antidepressivo (brilho do humor de Tennessee).
Resumo Resumindo....

✓ Nos últimos anos, houve desenvolvimento significativo dos estabilizadores do humor.


✓ Envolvem agentes relacionados com a mania e o tratamento desta, impedindo sua
recidiva,
✓ bem como fármacos relacionados com depressão e que tratam a depressão bipolar,
enquanto impedem sua recidiva.
✓ Numerosos agentes com diversos mecanismos de ação são estabilizadores do humor,
particularmente o lítio, vários anticonvulsivantes e antipsicóticos atípicos.

✓ Devido aos limites de eficácia e tolerabilidade dos atuais estabilizadores do humor, a


terapia combinada constitui a regra, e a monoterapia com estabilizadores do humor, a
exceção.
✓ Há cada vez mais evidências sobre maneiras de se associarem agentes para aliviar
todos os sintomas do transtorno bipolar e impedir recidivas.

✓ Contudo, o tratamento do transtorno bipolar continua sendo tanto uma arte quanto
uma ciência psicofarmacológica.
Resumindo....

Você também pode gostar