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Centro Universitário UNIFIPMoc

SABRINA TOLENTINO DE MACÊDO

BIPOLARIDADE

Montes Claros – MG
2022
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1. ASPECTOS GERAIS

Hoje em dia definida como doença bipolar, antes carregava os termos de “mania” e
“melancolia”, no século anterior Emil Kraepelin um médico psiquiatra alemão dividiu as
Psicoses Maníaco Depressivas (PMD) das demências precoces, ele acreditava que as PMD era
um grupo de doenças onde os sintomas mais vistos eram as mudanças de humor, porém
muitas doenças eram englobadas por não haver estudos suficientes para classificá-las
corretamente, onde só na década de 50 foram entendendo e separando os tipos de doenças
mentais.
Possui dois tipos de denominações como o Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) e
Transtorno Bipolar do humor (TBH), isso se dá devido aos conceitos de humor e afeto, que se
diferem, assim o TAB está mais ligado as emoções que aparecem repentinamente por meio da
mudança de uma situação especifica, como por exemplo, o sentimento de alegria ao
conquistar algo ou de tristeza ao perder algo, ou irritação ao ser confrontado, ou medo de
levar bronca após fazer algo errado. Já o TBH está relacionado a um estado de humor mais
prolongado, que dura mais de uma hora, dias ou semanas, podendo influenciar o modo de agir
e raciocinar, um exemplo é o humor depressivo, ou seja, sem algum motivo especifico a
pessoa apresenta mudanças de humor, levando a um pensamento mais negativo e critico.
Assim o Transtorno Bipolar é em geral caracterizado por alterações do humor, sendo
um mais depressivo e outro mais eufórico, porém o humor não é o único afetado, várias
funções cerebrais e extra cerebrais podem sofrer alterações, como o controle de movimentos
corporais (agitação ou lentidão), ritmos biológicos, funções de concentração e memória,
impulsividade, prazer, assim o Transtorno Bipolar é uma doença das instabilidades.

2. FISIOPATOLOGIA

A escassez de estudos contribui para pouca contribuição da fisiopatologia do


transtorno bipolar, onde é visto que a maior parte se dar ao fator genético chegando a ser
descrito por alguns autores em ate 85% devido à hereditariedade. Porém vem aumentando os
estudos em relação ao sistema imune e suas alterações, principalmente citocinas na
patogênese do transtorno bipolar. O transtorno bipolar é mais visto na fase adulta, porém os
primeiros sintomas podem surgir na infância e adolescência, ou em episódios maníacos,
depressivos, onde de acordo com artigos ocorre 60% dos casos em adultos antes dos 21 anos
de idade.
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Algumas evidências relacionadas aos fatores genéticos do transtorno bipolar trazem


que em gêmeos monozigóticos a concordância é de mais de 60% e em gêmeos dizigóticos é
de mais de 15%, e outros estudos afirmam que os índices de concordância dos gêmeos
idênticos para o transtorno bipolar variam de 40% a 70%. Em Cingapura foi realizado um
estudo com 14 pacientes portadores de TB, para identificar o gene GRIN2B que regula a
transmissão de glutamato, onde as imagens captadas dos cérebros dos pacientes mostraram
reduções das substâncias brancas, nas regiões corticais, frontal, parietal, occipital em
pacientes com TB.
Deste modo em outro estudo acredita que o transtorno bipolar e a esquizofrenia são
caracterizados pela herança poligênica de tal forma que muitas variantes comuns, cada uma
com um tamanho muito pequeno, contribuem para os transtornos, porém esses riscos
genéticos parecem não estar espalhados aleatoriamente através do genoma, mas sim a se
aglutinar em vias funcionais.

3. CLASSIFICAÇÃO

De acordo com o DSM.IV e o CID-10, o transtorno bipolar pode ser classificado em 4


tipos, o primeiro é o Transtorno bipolar Tipo I, onde o portador do distúrbio apresenta
períodos de mania, que duram, no mínimo, sete dias, e fases de humor deprimido, que se
estendem de duas semanas a vários meses. Tanto na mania quanto na depressão, os sintomas
são intensos e provocam profundas mudanças comportamentais e de conduta, que podem
comprometer não só os relacionamentos familiares, afetivos e sociais, como também o
desempenho profissional, a posição econômica e a segurança do paciente e das pessoas que
com ele convivem. O quadro pode ser grave a ponto de exigir internação hospitalar por causa
do risco aumentado de suicídios e da incidência de complicações psiquiátricas.
Já o transtorno bipolar Tipo II, ocorre uma alternância entre os episódios de depressão
e os de hipomania, sem prejuízo maior para o comportamento e as atividades do portador.
Além disso, o transtorno bipolar não especificado ou misto, os seus sintomas sugerem o
diagnóstico de transtorno bipolar, mas não são suficientes nem em número nem no tempo de
duração para classificar a doença em um dos dois tipos anteriores. E por ultimo o transtorno
ciclotímico, é o quadro mais leve do transtorno bipolar, marcado por oscilações crônicas do
humor, que podem ocorrer até no mesmo dia. O paciente alterna sintomas de hipomania e de
depressão leve que, muitas vezes, são entendidos como próprios de um temperamento instável
ou irresponsável.
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4. QUADRO CLÍNICO

No transtorno bipolar as mudanças de humor podem ser bruscas, mas a duração de


cada episódio, não. A depressão é geralmente igual ou superior a 15 dias (podendo chegar a 2
anos), a mania dura pelo menos uma semana e a hipomania (euforia leve) demora ao menos
quatro dias. E tudo isso é intercalado com fases de normalidade.
Depressão: humor deprimido, tristeza profunda, apatia, desinteresse pelas atividades
que antes davam prazer, isolamento social, alterações do sono e do apetite, redução
significativa da libido, dificuldade de concentração, cansaço, sentimentos recorrentes de
inutilidade, culpa excessiva, frustração e falta de sentido para a vida, esquecimentos, ideias
suicidas.
Mania: estado de euforia exuberante, com valorização da autoestima e da
autoconfiança, pouca necessidade de sono, agitação psicomotora, descontrole ao coordenar as
ideias, desvio da atenção, compulsão para falar, aumento da libido, irritabilidade e
impaciência crescentes, comportamento agressivo, mania de grandeza. Nessa fase, o paciente
pode tomar atitudes que reverterão em dano a si próprio e às pessoas próximas, como
demissão do emprego, gastos descontrolados de dinheiro, envolvimentos afetivos apressados,
atividade sexual aumentada e, em casos mais graves, delírios e alucinações.
Hipomania: os sintomas são semelhantes aos da mania, porém bem mais leves e com
menor repercussão sobre as atividades e relacionamentos do paciente, que se mostra mais
eufórico, mais falante, sociável e ativo do que o habitual. Em geral, a crise é breve, dura
apenas uns poucos dias. Para efeito de diagnóstico, é preciso assegurar que a reação não foi
induzida pelo uso de antidepressivos.

5. TRATAMENTO CLÍNICO

Transtorno bipolar não tem cura, mas pode ser controlado, o tratamento inclui o uso de
medicamentos, psicoterapia e mudanças no estilo de vida, tais como o encerramento do
consumo de substâncias psicoativas, (cafeína, anfetaminas, álcool e cocaína, por exemplo), o
desenvolvimento de hábitos saudáveis de alimentação e sono e redução dos níveis de estresse.
De acordo com o tipo, gravidade e evolução da doença, a prescrição de medicamentos
neurolépticos, antipsicóticos, anticonvulsivantes, ansiolíticos e estabilizadores de humor,
especialmente o carbonato de lítio, tem-se mostrado útil para reverter os quadros agudos de
euforia e evitar a recorrência das crises. A associação de lítio com antidepressivos e
anticonvulsivantes tem demonstrado maior eficácia para prevenir recaídas. No entanto, os
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antidepressivos devem ser utilizados com cuidado, porque podem provocar uma guinada
rápida da depressão para a euforia, ou acelerar a incidência das crises.
A psicoterapia é outro recurso importante no tratamento da bipolaridade, uma vez que
oferece suporte para o paciente superar as dificuldades impostas pelas características da
doença, ajuda a prevenir a recorrência das crises e, especialmente, promove a adesão ao
tratamento medicamentoso que, como ocorre na maioria das doenças crônicas, deve ser
mantido por toda a vida.
Segue abaixo medicamentos indicados pelo Ministério da Saúde:

5.1 MEDICAMENTOS INCORPORADOS

CLOZAPINA
Medicamento indicado para tratamento de esquizofrenia resistente ao tratamento; risco
de comportamento suicida recorrente em pacientes com esquizofrenia ou distúrbio
esquizoafetivo; e psicose durante a doença de Parkinson.
LAMOTRIGINA
Indicado para prevenir episódios de alteração do humor, especialmente episódios
depressivos.
OLANZAPINA
Indicado para o tratamento de episódios de mania aguda ou mistos do TAB (com ou
sem sintomas psicóticos e com ou sem ciclagem rápida) e para prolongar o tempo entre os
episódios e reduzir as taxas de recorrência dos episódios de mania, mistos ou depressivos no
TAB.
QUETIAPINA
Indicado como adjuvante no tratamento dos episódios de mania, depressão,
manutenção do transtorno afetivo bipolar I (episódio maníaco, misto ou depressivo) em
combinação com os estabilizadores de humor lítio ou valproato, e como monoterapia no
tratamento de manutenção do transtorno afetivo bipolar (episódios de mania, mistos e
depressivos)
RISPERIDONA
Indicado para o tratamento de curto prazo para a mania aguda ou episódios mistos
associados com transtorno bipolar I.
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6. TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO

As atuações de fisioterapeutas em equipes de saúde mental estão se tornando cada vez


mais presentes, devido à busca por profissionais com capacidades de amenizar as alterações
corporais apresentadas pelos portadores de doenças mentais, porém ainda possui poucos
estudos nessa área, sendo eles mais generalizados, não possuindo um específico para
transtorno bipolar.
Portadores de doenças mentais tendem a ter alterações corporais, que podem ser
devido ao próprio transtorno ou devido ao longo tempo utilizando medicamentos
psicotrópicos, impedindo os mesmos de realizarem atividades do dia-a-dia e de terem relações
interpessoais, então o papel do fisioterapeuta nessas equipes é preparar e recolocar esses
pacientes de forma que consigam interagir e realizar atividades do cotidiano, fornecendo
melhora na execução dos movimentos, diminuindo a tensão e rigidez muscular, atuando nas
alterações posturais, ajudando a restabelecer um padrão normal de respiração, e trabalhando
na expressão corporal.
O atendimento fisioterapêutico deve ser agregado ao atendimento clínico, onde é
necessário que o paciente esteja medicado e estável, para evitar acidentes ou estresses, com
isso é de extrema importância uma equipe multidisciplinar que vai contribuir para o processo
de reabilitação do paciente, as sessões de fisioterapia podem incluir sessões de terapia
bioenergética de modo a produzirem mudanças favoráveis aos aspectos emocionais e à
expressividade verbal, além de melhorar sintomas de despersonalização, dores musculares,
comprometimentos respiratório e na sensação de angústia.
As técnicas de relaxamento e alongamentos contribuem para a melhora dos níveis de
ansiedade, aquietação, dos pensamentos e ganhos na qualidade do sono, ademais as oficinas
terapêuticas corporais fundamentadas em técnicas fisioterápicas e de dança, na reabilitação
psicossocial e no exercício da autonomia de portadores de transtornos mentais graves e
crônicos em hospital, enfatizando a promoção da saúde e não a cura.
As sessões de fisioterapia representam também um espaço para os pacientes
perceberem e elaborarem, por meio de dinâmicas verbais, os avanços conquistados em seu
processo de reabilitação, dando-lhes a possibilidade de sonhar com novas coisas e
ressignificar a vida.
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7. REFERÊNCIAS

 DRAUZIO VARELLA. Transtorno Bipolar. Disponível em:


https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/transtorno-bipolar-2/amp/.
Acesso em: 04 de Junho de 2022.
 REZIN, G. et al. Fisiopatologia do Transtorno Bipolar. UNIP.
 SILVA, S. et al. O impacto da fisioterapia na reabilitação psicossocial de portadores
de transtornos mentais. Rev. Eletronic. SMAD. Ed. Port., Vol. 8, n° 1, Ribeirão Preto.
Abr. 2012.

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