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Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE

Departamento de Psicologia
Acadêmicas: Aline C. Siebencichler, Ianca M. Mengarda, Marisa Denkieski,
Rosária Regina, Yanca A. Oliveira
Disciplina: Psicofarmacologia
Professora: Vanessa Cristine Kobs
3° AN

Olá! Me chamo Frederico, mas você pode me chamar de Fred.


Tenho 25 anos de idade, e, desde os meus 20 venho apresentando
alguns comportamentos diferentes… os quais vou dividir com vocês.
Há 5 anos, mais ou menos, sinto constantemente que algumas pessoas
me perseguem e riem de mim... Já não me sinto mais interessado em socializar
com os meus amigos… prefiro ficar a só. Aos 22 anos, tive um surto psicótico -
que foi um momento da vida onde eu perdi o controle das minhas ações - onde
bati no meu vizinho por achar que ele estava me sondando enquanto eu
tomava banho. Acabei sendo levado ao hospital e lá fui encaminhado para
fazer acompanhamento com o psiquiatra e a psicóloga, e depois de alguns
meses fui diagnosticado com esquizofrenia.
Meu psiquiatra me receitou um medicamento chamado “Haloperidol”,
que me ajudou muito a controlar os delírios que eu tinha regularmente, porém,
passei a ter tremores, me sentia muito cansado, indisposto e com sono o
tempo todo. Ele também me indicou uma psicóloga para tratamento
psicoterápico. Quando relatei para minha psicóloga os sintomas que estava
sentindo, ela me explicou que possivelmente estes eram efeitos colaterais do
haloperidol e me orientou a conversar sobre esses sintomas com o psiquiatra
para uma possível troca de medicação. Ela também se disponibilizou a relatar
ao psiquiatra o que eu estava sentindo para que pudessem ajustar o meu
tratamento de melhor forma possível.

Após a conversa da minha psicóloga com o psiquiatra, ele chegou a


conclusão de que deveríamos mudar a medicação e me receitou a Quetiapina.
Com o uso dessa medicação os meus delírios continuam controlados e passei
a ficar um pouco mais disposto e a tremer menos, porém, algo que me
incomodava e não tive coragem de relatar à minha psicóloga, continuou
mesmo após o uso da Quetiapina… As minhas mamas continuaram crescendo,
e eu passei a engordar muito. Pensei várias vezes em parar com a medicação.
Só depois de muitas sessões de terapia é que percebi que não precisava
esconder as coisas que me incomodavam, e então, decidi contar para ela o
que estava acontecendo. Logo em seguida, ela conversou com o psiquiatra
para que mudasse a medicação novamente. A minha psicóloga também me
explicou que é normal mudar de medicação ou de quantidade constantemente,
porque esses medicamentos precisam ser bem controlados. Saber disso me
deixou menos preocupado.
Hoje eu tenho consulta e já vou pegar a receita do novo medicamento.
Então, eu preciso ir embora, senão perco minha hora. Mas, espero que esse
papo tenha te ajudado a entender melhor a complexidade que é ter
esquizofrenia, e se você passa por algo parecido, ou qualquer coisa que te
incomode, não deixe de procurar um médico psiquiatra ou um psicólogo, ok?
Não sinta vergonha de pedir ajuda, todos temos nossas dificuldades!

Explicando cientificamente o caso Frederico

Segundo a Organização Mundial da Saúde (2013), A esquizofrenia é um


distúrbio mental grave, caracterizado por distorções do pensamento e das
percepções, além de embotamento e inadequação do afeto. Para o DSM V é
classificado como um transtorno psicótico que pode apresentar critérios como
sintomas positivos e negativos. Os sintomas positivos são delírios, alucinações,
discurso desorganizado, comportamento grosseiramente desorganizado ou
catatônico. Os sintomas negativos são expressão emocional diminuída,
redução em atividades motivadas para uma finalidade, pouco discurso, prazer
diminuído e falta de sociabilidade. Para o diagnóstico é necessário que
apresente no mínimo 2 sintomas, um deles sendo, delírio alucinação ou
discurso desorganizado, por quantidade significativa e um período de pelo
menos um mês, que não seja mais bem explicado por outra doença ou
substância e que cause prejuízo, além de outras especificações que os
profissionais terão o cuidado de analisar mais a fundo.

Efeitos colaterais da Quetiapina


A quetiapina é um fármaco Atípico, ou seja, bloqueia 40% a 60% da D2.
Apesar da baixa porcentagem de bloqueio, ainda trás sintomas ao paciente,
dentre eles o ganho de peso, pois com o uso do medicamento, ocorre o
bloqueio da 5HT2A (receptor que pertence à família de receptores de
serotonina e é um membro de receptores acoplados à proteína G ), onde
diminui a sinalização de saciedade. Ocorre também o bloqueio do H1
(histamina) na qual é responsável, pelo estado de alerta do paciente, com o
bloqueio desta, reduz a manutenção do estado de alerta, deixando o mesmo
em sedação e com sono. Apesar de ser uma medicação atípica a Quetiapina,
uma das poucas dessa classificação de medicamentos, pode provocar
galactoréia, como no caso relatado acima.

Benefícios da Quetiapina

Como todo antipsicótico atípico, causa menos sintomas extrapiramidais,


como parkisionismo, distonia muscular, acatisia e discinesia tardia além de
trazer benefícios quanto a redução das alucinações e delírios do paciente.
Sendo eficaz no controle dos sintomas negativos e positivos.

Questões

1. Fred acha que estão espiando ele durante o banho. Isso caracteriza:
( ) Alucinação ( x ) Delírio ( ) Mania ( ) Pensamento desorganizado

2. Por que a Quetiapina engorda?


( ) Porque todos os antipsicóticos típicos causam ganho de peso
( ) Porque excita o receptor 5HT2A, serotoninérgico, responsável pela
sinalização da saciedade
( x ) Porque bloqueia o receptor 5HT2A, serotoninérgico, responsável pela
sinalização da saciedade para o hipotálamo
( ) Porque bloqueia o receptor 5HT2A, dopaminérgico, responsável pela
sinalização da saciedade

3. Por que a Quetiapina causa sono e sedação?


( x ) Porque bloqueia o receptor H1, histamínico, responsável pelo estado de
alerta
( ) Porque bloqueia o receptor H1, dopaminérgico, responsável pelo estado de
alerta
( ) Porque a Quetiapina causa SEP
( ) Porque todos os antipsicóticos típicos, como a Quetiapina, causam sono e
sedação
4. Marque verdadeiro ou falso. Os antipsicóticos atípicos, como a Quetiapina.
São caracterizados por:
( f ) Alto bloqueio D2 que inibe sintomas positivos
( v ) Baixo bloqueio D2 que causa menos SEP
( v ) Aumentar o bloqueio 5HT2A que corrige a liberação de dopamina no
córtex frontal aliviando os sintomas negativos
( v ) Controlar os sintomas positivos e negativos

Referência
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico
de transtornos mentais. Tradução: Maria Ines Correa Nascimento. 5. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2014

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Protocolo Clínico e Diretrizes


Terapêuticas. 2013. Disponível em:
<http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-
esquizofrenia-livro-2013.pdf> Acesso em: 10 jul 2019.

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