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SAÚDE MENTAL

Psicopatologia X Tratamento Farmacológico


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PSICOPATOLOGIA X TRATAMENTO FARMACOLÓGICO

É importante estar atento ao Caderno da Atenção Básica n. 34 e ao Manual de Diag-


nóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), o qual apresenta algumas mudan-
ças extremamente importantes e que não estão sendo muito abordadas durante a formação
acadêmica.

ESQUIZOFRENIA
O diagnóstico de Esquizofrenia sofreu alterações na nova versão do DSM-V. O critério
que define a sintomatologia característica (Critério A) continua requerendo a presença de,
no mínimo, dois dos cinco sintomas para ser preenchido, mas a atual versão exige que, ao
menos um deles, seja positivo (delírios, alucinações ou discurso desorganizado).
O DSM-V, praticamente, alterou tudo o que se sabia anteriormente com relação à esqui-
zofrenia. Sobre isso, o Critério A descreve as principais características e o tempo que cada
característica deve apresentar diante do quadro. Na esquizofrenia, existe uma peculiaridade
bastante interessante que são os sintomas positivos e os sintomas negativos. Dentro dos sin-
tomas positivos, estão as situações que, antes, não estavam presentes na vida do indivíduo
e que, a partir desse momento, passam a existir. Os principais sintomas positivos são delírios
e alucinações. Já os sintomas negativos são características que, antes, existiam no indivíduo
e que deixam de existir.
Embora os sintomas listados sejam os mesmos, o DSM-V permitia que o Critério A fosse
preenchido com apenas um sintoma nos casos de delírios bizarros ou alucinações auditivas
de primeira ordem (ex.: vozes conversando entre si).
Nesse sentido, é essencial destacar que existem situações culturais que são extrema-
mente comuns para determinadas civilizações, são completamente tratadas como bizarras
para outras comunidades. Por exemplo, durante a pandemia, surgiu uma hipótese com rela-
ção à Covid-19, na qual, em Wuhan, na China, uma feira vendia vários animais, inclusive
cães, gatos e sapos, bem como outros animais tido como bizarros dentro da gastronomia
ocidental. Portanto, situações que permeiam a questão cultural não poderiam se enquadrar
como uma condição de um delírio bizarro, já que, para muitas situações, como esse exemplo,
acabam sendo parte da questão cultural gastronômica.
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No DSM-5, essa exceção foi retirada por se considerar que a classificação de um delírio
como bizarro é pouco confiável, especialmente por esbarrar em questões culturais.
O DSM-5 abandonou a divisão da esquizofrenia em subtipos: paranóide, desorganizada,
catatônica indiferenciada e residual. Os subtipos apresentavam pouca validade e não refle-
tiam diferenças quanto ao curso da doença ou resposta ao tratamento.
O abandono à divisão da esquizofrenia em subtipos é uma das mudanças mais significa-
tivas do DSM-V. Contudo, é fundamental frisar que, no CID-10, essa subdivisão ainda existe.
Sendo assim, é de extrema relevância identificar que tipo de material está sendo utilizado ou
cobrado na prova. Uma das justificativas da banca que constituiu o DSM-V é que os subtipos
apresentavam pouca validade e não refletiam diferenças quanto ao curso da doença ou res-
postas ao tratamento.
O diagnóstico de Transtorno Esquizoafetivo sofreu uma pequena alteração em seu texto,
sendo exigido que um episódio de alteração importante do humor (depressão ou mania)
esteja presente durante a maior parte do curso da doença, após a Nova Classificação do pre-
enchimento do Critério (A) de Esquizofrenia. A mudança busca aumentar a confiabilidade do
diagnóstico, apesar de reconhecer que ele ainda é um grande desafio para os profissionais.
A Catatonia não é mais apresentada como um subtipo da Esquizofrenia ou uma classe
independente. Na atual versão, passa a ser dividida como: Catatonia Associada com Outros
Transtornos Mentais; Catatonia Associada com Outras Condições Médicas; ou Catatonia
Não Especificada. Aceita-se que o quadro possa ocorrer em diversos contextos e o diagnós-
tico requer a presença de no mínimo três de doze sintomas listados.
Nesse caso, a esquizofrenia catatônica foi subdividida em três situações, e não classifi-
cada mais apenas como um único subtipo de esquizofrenia. Com isso, atualmente, o quadro
catatônico apresenta no DSM-V três características específicas. Ainda sobre esse assunto,
vale enfatizar que existem várias situações que podem envolver outras condições médicas,
como, por exemplo, sequelados de AVC, indivíduos vítimas de traumatismo crânio encefá-
lico e condições médicas não relacionadas aos transtornos mentais, bem como a catatonia,
ou seja, quando não se consegue definir exatamente qual foi a causa de evolução para
esse quadro.
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O DSM-5 permite que a Catatonia seja empregada como um especificador no Transtorno
Depressivo, Transtorno Bipolar e Transtornos Psicóticos, ou diagnosticada de forma isolada
no contexto de outras condições médicas.
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A Catatonia pode ser incluída dentro dos transtornos mentais, principalmente, nos qua-
dros depressivos, na bipolaridade e dentro dos transtornos psicóticos. Esse é um dos moti-
vos pelos quais ela foi desvinculada das questões relacionadas à esquizofrenia propriamente
dita, já que ela é vista em outros quadros relacionados aos transtornos mentais.

PSICOFÁRMACOS
Os antipsicóticos ou neurolépticos são as medicações recomendadas para o tratamento
da esquizofrenia. Nessa situação, aborda-se as recomendações contidas no Caderno de
Atenção Básica n. 34, podendo essa ser uma das literaturas utilizadas para embasar a cons-
trução das questões para o Depen.
Os psicofármacos são um recurso entre outros para o tratamento em Saúde Mental,
entretanto o seu uso só faz sentido quando dentro de um contexto de vínculo e de escuta. É
a partir do momento em que o usuário compreende e se corresponsabiliza pelo uso da medi-
cação que passará a não somente demandar “troca de receitas”, mas poderá se implicar um
pouco diante das queixas que traz. Diante de alguém em sofrimento, é importante considerar
a perigosa ideia de que o remédio possa representar uma solução rápida, uma resposta para
uma angústia que sente diante da impotência e da vontade de extirpar o problema.
Muitos pacientes possuem uma ideia pouco concreta com relação à questão do uso dos
psicofármacos, ou seja, acreditam que a medicação, por si só, será introduzida e de imediato
gerará respostas sobre o contexto do adoecimento. Porém, não ocorre dessa maneira. Os
psicofármacos, de uma forma geral, demoram, ao menos, em torno de duas semanas ou 15
dias para começar a fazer os efeitos desejados. Muitas vezes, os efeitos não desejados, ou
seja, os efeitos colaterais, se apresentam antes dos efeitos desejados, o que faz com que
frequentemente os pacientes abandonem o tratamento antes mesmo de saber se os efeitos
foram positivos ou não diante do tratamento.
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Sendo assim, o profissional de saúde também cria essa expectativa com relação à ques-
tão do manejo do problema. Nesse caso, é importante que tanto o profissional quanto o
paciente tenham essa ideia muito bem consolidada. Logo, é essencial que o profissional
oriente com relação ao seu uso, oriente com relação à expectativa dos resultados do trata-
mento e oriente, principalmente, com relação aos efeitos indesejados da medicação ou efei-
tos colaterais.
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Os psicofármacos, principalmente, antipsicóticos ou neurolépticos possuem uma gama


de efeitos colaterais significativos que precisam ser muito bem definidos e orientados, não
apenas para o paciente, mas como para a família que está acompanhando o quadro. Muitas
vezes, por falta de informação, a família suspende o uso das medicações por conta própria,
sem uma orientação adequada. Essa conduta gera problemas, às vezes, muito maiores do
que poderiam ser gerados com o uso da medicação.
Lembrando que, além dos fármacos utilizados para o tratamento, é de suma importância
que outras abordagens sejam feitas, ou seja, por meio de abordagens terapêuticas que não
apenas a farmacológica. Por exemplo, a participação em grupos terapêuticos e a participação
em atendimentos individualizados com um profissional de referência. Sabe-se que, muitas
vezes, esse tipo de manejo gera resultados extremamente satisfatórios e, outras vezes, até
melhores do que os tratamentos farmacológicos se utilizados de forma separada.

ANTIPSICÓTICOS OU NEUROLÉPTICOS
Os antipsicóticos ou neurolépticos tiveram um papel bastante importante no processo de
desinstitucionalização e tornaram possíveis altas de pacientes bastante graves que viveram
nos manicômios durante décadas. Foram descobertos (por acaso, como a maioria dos medi-
camentos que agem no sistema nervoso central) na década de 1950 e, até hoje, configuram-
-se como escolhas bastante seguras, apesar de bastante desconfortáveis para algumas pes-
soas mais sensíveis aos seus efeitos indesejados.
É preciso reconhecer, com relação ao uso dos psicofármacos, a introdução desses fár-
macos no tratamento, principalmente, da esquizofrenia. Vale destacar que é uma medicação
com mais de 70 anos de uso e, muitas delas, ainda seguem basicamente o mesmo contexto
químico da sua formatação original. É fundamental mencionar que existem muitos efeitos
colaterais e que, para aqueles com maior sensibilidade, geram piores efeitos.
Agem basicamente bloqueando a transmissão da dopamina no cérebro, com efeitos
motores, hormonais (aumento da prolactina) e sobre o pensamento (melhora de sintomas
psicóticos ou pensamento mais lento ou embotado). Alguns dos neurolépticos apresentam
formulação injetável de depósito, sendo extremamente úteis nas situações onde o uso diário
por via oral torna-se muito difícil como, por exemplo, quando o usuário enfrenta dificuldades
na cogestão dos medicamentos que usa e sua rede de suporte é frágil demais para ajudá-lo
a organizar os comprimidos que toma em diferentes horários.
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Atualmente, existem muitas medicações injetáveis de depósito, mas a mais utilizada,


principalmente, por pacientes usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) é o haldol decano-
ato. Sendo um antipsicótico de depósito, geralmente, o haldol decanoato é feito a cada 28 ou
30 dias. Apenas para comparação análoga, ele é muito parecido com os anticoncepcionais
de depósito injetáveis. Ou seja, o indivíduo faz uma aplicação por mês e tem o seu efeito que,
muitas vezes, se estende por aproximadamente entre 28 e 30 dias.
Esses fármacos terão uma recomendação mais relevante para aqueles pacientes que
têm pouca adesão ao tratamento e pouco apoio familiar com relação à questão dos horários
de utilização desses psicofármacos. Portanto, a primeira escolha não será os injetáveis, e
sim as medicações de uso oral. Contudo, quando as medicações de uso oral, de uma forma,
não funcionam, opta-se pelo uso dos injetáveis.
Outro detalhe importante é que, de uma forma geral, mesmo para aqueles que possuem
dificuldade com relação ao uso oral, tenta-se uso oral. A razão disso é porque se o indivíduo,
por ventura, apresentar sensibilidade ao fármaco, é preciso saber a questão do medicamento
via oral. Por exemplo, suponha um indivíduo que irá receber uma medicação de depósito, ou
seja, terá a medicação circulando no organismo por 30 dias. Todavia, se o indivíduo possui
sensibilidade a esse fármaco e toma a medicação por 30 dias, ele permanecerá durante 30
dias sob efeitos colaterais importantes que irão dificultar a questão do manejo.
Os neurolépticos mais antigos são conhecidos como típicos ou convencionais. Têm um
perfil de efeitos indesejados mais proeminentes. Entretanto, eles são bastante eficazes no
tratamento do que chamamos sintomas psicóticos positivos (delírios e alucinações). Podem
ser de alta, média e baixa potência. Os de alta potência (ex.: haloperidol) causam mais efei-
tos motores (impregnação); os de baixa potência (ex.: clorpromazina, levomepromazina, tio-
ridazina) tendem a ser mais sedativos e a provocar maior ganho de peso, entre outros pro-
blemas. Os antipsicóticos típicos são os mais antigos e mais amplamente utilizados ainda
nos dias de hoje.
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Os antipsicóticos atípicos, por sua vez, são mais recentes, produzem menos efeitos
motores e costumam ser mais bem tolerados. No entanto, vários deles provocam importante
ganho de peso. Sua eficácia é semelhante aos típicos em termos de sintomas positivos e sua
ação nos sintomas negativos (embotamento afetivo, isolamento) é controversa. Alguns deles
(risperidona, olanzapina e clozapina) estão disponíveis no SUS apenas via programas de
medicações excepcionais, que dependem de solicitação específica com justificativa sujeita
à análise.
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De uma forma geral, sempre se começa o manejo do paciente com os típicos. Porém,
quando esses não geram o efeito desejado, ou seja, não estão sendo bem tolerados pelo
paciente, é feita a opção pelos atípicos. Sendo assim, normalmente, os atípicos nunca serão
a primeira opção de tratamento.
Nesse caso de mudança para os atípicos, o psiquiatra deverá fazer um relatório por conta
da alteração na opção de tratamento farmacológico, pois, em geral, os atípicos são fármacos
que entram no rol dos fármacos de alto custo. Vale frisar que o fato de ser mais caro não sig-
nifica que ele venha a ser melhor. Nessa situação, a maior parte dos casos acontecerá em
decorrência dos efeitos colaterais exacerbados associados aos antipsicóticos típicos.

• Insônia: clorpromazina e levomepromazina – em doses baixas, podem ser boas esco-


lhas, mas raramente seriam as primeiras escolhas pela gama de outros efeitos;
• Tiques: o haloperidol, em doses baixas, tem boa eficácia em quadros crônicos
de tiques.

Quando há outros efeitos associados, como insônia e tique nervoso, é possível associar
os antipsicóticos também nesse tratamento.
Dificuldade de controle de impulsos/risco de agressividade ou agitação não reativa/difusa:
essas acabam sendo as principais situações nas quais os neurolépticos são empregados.
Funcionam e muitas vezes são utilizados por longos períodos. A decisão de iniciá-los deve
ser bastante cautelosa porque retirá-los pode se tornar bastante difícil, em parte porque os
efeitos podem acomodar a família e a equipe, silenciando a necessidade do trabalho para
que essa agressividade ou agitação possa operar de outra maneira. Um uso bastante comum
é na dependência de crack, como maneira de se produzir uma contenção química, quase que
como uma “internação domiciliar” que evite que o usuário saia de casa nos primeiros dias,
quando a abstinência e a fissura podem ser graves.
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Os três exemplos apresentados são exemplos clássicos da utilização dos neurolépticos
para tratar outras condições não necessariamente relacionadas à esquizofrenia, como é o
caso dos antipsicóticos no manejo das síndromes de abstinência, por exemplo, associada ao
uso de crack.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada ministrada pelo professor Alexandre Sampaio.
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�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo


ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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PSICOPATOLOGIA X TRATAMENTO FARMACOLÓGICO II

ANTIPSICÓTICOS OU NEUROLÉPTICOS

Como tranquilizador rápido nas situações de crise grave: os neurolépticos são muito
efetivos e seguros no manejo das situações de agitação grave. O haloperidol associado à
prometazina pode produzir sedação e contenção em cerca de . É fundamental, entretanto,
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sempre contar com o profissional que tenha mais vínculo com o usuário na hora de nego-
ciar o uso. Além disso, sempre vale a pena oferecer inicialmente medicação via oral, mesmo
diante de situações que pareçam caóticas.
Vale lembrar que o tranquilizador é popularmente chamado de calmante. A medicação
citada acima descrevida como sendo uma medicação tranquilizadora, nada mais é que o
popularmente conhecido “sossega leão” – ou seja, o “sossega leão” é um combinado de
haloperidol com a prometazina. Portanto, é um medicamente utilizado, praticamente, em
qualquer situação de emergência do Brasil, principalmente quando o indivíduo apresenta
a famosa “crise”, em que ele tem uma agitação psicomotora e falta de compreensão pelas
falas. Todavia, se o indivíduo estiver no ambiente propício para a saúde mental e estiver pre-
sente um profissional de referência, essa abordagem pode ser diferente.
Logo, a utilização dessa medicação é um conceito da urgência e emergência psiquiátrica.
Contudo, quando não é possível estabelecimento de vínculo, tentativa de manejo de forma
verbal ou uso da medicação por via oral, a medicação deve ser feita via intramuscular. Nesse
caso, é possível associar o haloperidol e a prometazina na mesma seringa e, ainda, definir
como via de administração mais segura a região do vasto lateral. Vale ressaltar que se trata
de um paciente com agitação psicomotora, pouco colaborativo e que precisa receber esse
fármaco de forma rápida. Sendo assim, essa é uma estrutura muscular que recebe muito
bem 5 ml da medicação de forma bem segura, já que possui uma musculatura extremamente
grande e uma absorção extremamente satisfatória. Com isso, torna-se a via mais utilizada,
recomendada e mais segura nessas situações.

Obs.: deve-se estudar página 160 do Caderno 34 Atenção Básica Efeitos indesejados.
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BIPOLARIDADE SEGUNDOO MANUAL DE DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE


TRANSTORNOS MENTAIS (DSM-V)

A bipolaridade, conforme o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais


(DSM-V), sofreu algumas modificações.

Bipolaridade

Os critérios diagnósticos para mania e hipomania no Transtorno Bipolar passam a dar


maior ênfase às mudanças no nível de atividades e na energia. O quadro misto deixa de ser
um subtipo do Transtorno Bipolar e se torna um especificador, “com Características Mistas”,
que pode ser empregado inclusive na Depressão unipolar.
5m
O fato foi criticado por alguns especialistas como uma tentativa tendenciosa de condu-
zir o diagnóstico de qualquer transtorno de humor para o espectro bipolar. Nesse sentido,
é importante ressaltar que se acaba condensando informações pertinentes, por exemplo, a
depressão ao aspecto bipolar. Logo, é uma condição que gera um pouco de dúvidas com
relação à questão do diagnóstico. A alteração teve, obviamente, a intenção de tornar a infor-
mação mais clara, contudo, se dificultou um pouco mais a questão relacionada as principais
características do quadro.
O capítulo do DSM-5 incluiu outro novo especificador, “com Ansiedade”, empregado para
descrever a presença de sintomas ansiosos que não fazem parte dos critérios diagnósti-
cos do Transtorno Bipolar. O especificador “com Ansiedade” também pode ser aplicado nos
Transtornos Depressivos e descreve sintomas como tensão, inquietação, dificuldade de con-
centração devido a uma preocupação, medo de que algo terrível possa acontecer e sensa-
ção de perda de controle sobre si mesmo.
Ou seja, essas são características sintomáticas comuns a uma série de quadros patoló-
gicos. Em razão disso, a alteração do DSM-V causou confusão na interpretação com relação
à possibilidade de características diagnósticos.
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ESTABILIZADORES DE HUMOR

Basicamente temos o carbonato de lítio, com características bem peculiares, e alguns


anticonvulsivantes. O carbonato de lítio permanece como droga padrão, tratando de forma
eficaz episódios de mania, hipomania e depressão em pacientes bipolares. Seu uso nas
intercrises é reconhecidamente capaz de prevenir novos episódios, principalmente de eleva-
ção do humor.
Os estabilizadores de humor são as medicações recomendadas para o tratamento da
bipolaridade, sendo a principal delas é o carbonato lítio. Entre os anticonvulsivantes, o ácido
valpróico é mais utilizado nessa área. Nessas situações, o carbonato lítio é a medicação de
primeira escolha. Alguns psiquiatras optam por uma introdução lenta, haja vista os efeitos
colaterais relacionados a esse tipo de fármaco.
Porém, muitos psiquiatras optam também pela introdução precoce ou primária dos anti-
convulsivantes. Ou seja, eles tentam manejar a questão da estabilização de humor, primeiro,
com os anticonvulsivantes e, posteriormente, caso os anticonvulsivantes não gerem uma
resposta eficaz ao tratamento, optam pela associação com a introdução progressiva do car-
bonato lítio. Tal prescrição visa melhorar as oscilações de humor clássicas ao quadro de
bipolaridade.

Principais sintomas-alvo

Quando se inicia o tratamento com as medicações estabilizadoras de humor, pretende-se


modificar determinados quadros.

• Droga de manutenção em longo prazo: mesmo (e principalmente) assintomático;


• Episódios maníacos-depressivos (associados ou não aos antidepressivos);
• Como potencializadores de efeito dos antidepressivos (particularmente o lítio);
• Dificuldade de controle dos impulsos (principalmente os anticonvulsivantes): são muito
utilizados nessas situações, em crianças, adolescentes e adultos jovens, para a maio-
ria dos problemas externalizantes, onde há agressividade, agitação etc.;
• A carbamazepina também pode ser uma escolha na tentativa de diminuir a fissura por
uso de crack.
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A carbamazepina é uma opção na tentativa de diminuir a fissura por uso de crack, sendo
uma das características das síndromes de abstinência.

Efeitos indesejados – Lítio

O lítio possui alguns efeitos colaterais importantes, sendo que ele entra com relação ao
manejo das situações de urgência e emergência psiquiátrica, principalmente, por conta dos
efeitos indesejados da medicação.

• Acne, aumento do apetite, edema, diarreia, ganho de peso, gosto metálico, náusea,
polidipsia, poliúria, tremores finos (que respondem bem a propranolol);
• Monitorizar toxicidade renal e tireoideana;
• O quadro mais preocupante no uso do lítio é o da intoxicação, quando os níveis séricos
ultrapassam 1,5mEq/L, que pode ser precipitada por diminuição de dieta hipossódica,
uso de diuréticos, desidratação, ou mesmo doses excessivas. Manifestações precoces
são disartria, ataxia e tremores grosseiros.

Vale destacar que o gosto metálico na boca é muito comumente relatado pelos pacien-
tes. Já sobre os tremores finos, esses correspondem bem ao uso do propranolol. A medica-
ção ainda pode gerar toxicidade renal e tireoidiana. Em relação aos casos de intoxicação, é
essencial frisar que uma quantidade muito pequena pode gerar a toxicidade. Essa não é uma
situação rara de ser evidenciada.
O professor cita a experiência que teve em presenciar a situação de dois pacientes bipo-
lares que tiveram intoxicação pelo uso do lítio, também chamada de hiperlitimia. Um deles
já vinha apresentando características de intoxicação anteriores e foi encaminhado para uma
urgência. Logo, por conta da alta toxicidade renal, esse paciente precisou ser submetido a
diálise, pois a evolução é muito rápida e, se não for feita uma intervenção imediata nesse
sentido, os danos podem ser extremamente severos, podendo causar o óbito do paciente.
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Nesse caso, os sintomas não seguem uma regra, mas, em geral, o indivíduo evolui, de
certa forma, com uma discreta confusão mental. Nessa situação, se o paciente tiver diarreia,
é preciso ficar atento, pois uma das situações mais importantes com relação à questão da
intoxicação por lítio é a diarreia. Logo na sequência e de forma muito rápida, esse indivíduo
que apresentou diarreia pode começar a apresentar confusão mental, sendo proeminente,
ou seja, vai evoluindo até uma situação comatosa. Desse modo, o indivíduo entra em coma
logo após a confusão mental, que pode ocorrer em seis horas ou mais, dependendo da sen-
sibilidade de cada organismo.
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Após entrar em coma, é comum o paciente apresentar insuficiência renal, seguida de
insuficiência múltipla de órgãos e óbito. Sendo assim, é uma condição rara que evolui com
uma certa rapidez. Por isso, é importante que o profissional de saúde, principalmente o enfer-
meiro, durante a introdução dos fármacos, tenha a capacidade de observar as respostas e
saiba intervir precocemente, interrompendo o uso do fármaco. Além disso, deve-se solicitar o
exame de sangue para verificar a dosagem de lítio – ressalte-se que um 1,5mEq/L de sangue
já é considerado um nível de intoxicação importante e que precisa ser revertido o mais rápido
possível para tentar minimizar os agravos relacionados ao seu uso.
Outro ponto relevante que vale atenção é sobre o uso dos anticonvulsivantes. Nesse sen-
tido, os anticonvulsivantes, de uma forma geral, no tratamento da bipolaridade, funcionam
como um potencializador na absorção do lítio. Ainda não se sabe exatamente qual é o meca-
nismo de ação que faz com que o uso associado do anticonvulsivantes mais o carbonato de
lítio melhore a questão da absorção do organismo por esse mineral.
Por exemplo, o sulfato ferroso para a gestante. Nesse caso, é comum afirmar que o sul-
fato ferroso é uma medicação que irá auxiliar tanto na prevenção da anemia, quanto também
no tratamento da própria anemia. Recomenda-se à gestante que utilize associado ao o sul-
fato ferroso, o ácido ascórbico, isto é, a Vitamina C. Isso porque o uso da Vitamina C acelera
o processo de oxidação, aumentando a capacidade de absorção do ferro pela paciente. No
caso dos anticonvulsivantes associados ao carbonato de lítio também fazendo com que o
organismo apresente resposta similar a comparação do sulfato ferroso com o ácido ascórbico.
20m
É de extrema importância recordar dos níveis séricos, no qual 1,5mEq/L é uma condição
que exige atenção. Sobre isso, a situação de intoxicação pode ser agravada em razão da
diminuição de dieta para uma dieta hipossódica, o uso de diuréticos, principalmente, se não
forem diuréticos de alça, fazendo com que o paciente tenha maior perda de sódio.
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A desidratação ou mesmo doses excessivas do fármaco também contribuem para a piora


do quadro. Logo, sempre que houver uma situação suspeita de intoxicação por lítio, é neces-
sário aumentar a hidratação desse indivíduo. Vale lembrar, ainda, que a diarreia é um dos
sinais importantes, sendo que a perda de eletrólitos por quadro diarreicos potencializam o
quadro de desidratação e, automaticamente, aumenta a possibilidade do risco para a intoxi-
cação por lítio.
Outro ponto a destacar é que se for comparar essas definições do DSM-V com o CID-
10, encontra-se bipolar tipo 1 e bipolar tipo 2, sendo outras formas que também podem ser
cobrados em provas. Se usarem como referência o DSM-V, essas são as informações mais
atualizadas que se tem. Contudo, se referenciar o CID-10, lembre que é mencionado bipolar
tipo 1 e bipolar tipo 2.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada ministrada pelo professor Alexandre Sampaio.
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ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
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Psicopatologia X Psicofármacos – Tratamentos Depressivos III
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PSICOPATOLOGIA X PSICOFÁRMACOS – TRANSTORNOS


DEPRESSIVOS III

TRANSTORNOS DEPRESSIVOS

Um conceito de avaliação muito discutido nos âmbitos familiares e profissionais é o do


quadro depressivo. Nesse caso, vale destacar que o Manual de Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-V) apresentou importantes alterações.
O capítulo dos Transtornos Depressivos ganhou novos diagnósticos no DSM-5, levantando
discussões sobre a ‘patologização’ de reações normais e a superestimava do número de
casos de depressão.
Os profissionais vêm levantando uma crítica com relação ao fato de se afirmar que toda
e qualquer tristeza é patológica, sendo que, na verdade, não é. Nenhum ser humano acorda
todos os dias da vida feliz e contente, logo há muitas situações podem levar a tristeza, por
exemplo, o fim do relacionamento, a morte de um ente querido, fases do luto etc.
Além disso, nem toda tristeza deve ser considerada patológica, pois é importante que o
indivíduo se conecte consigo mesmo para poder interpretar essas situações. Nesse sentido,
existem situações de extrema relevância, que podem estar associadas a esse quadro.
Contudo, o DSM-V generaliza todas essas situações, tratando de uma forma chamada de
patologização de situações normais e corriqueiras em doença.
O Transtorno Disruptivo de Desregulação do Humor é um novo diagnóstico caracterizado
por um temperamento explosivo com graves e recorrentes manifestações verbais ou físicas
de agressividade desproporcionais, em intensidade ou duração, à situação ou provocação.
Esses casos correspondem aos indivíduos conhecidos popularmente como “pavio
curto”, ou seja, aos que têm baixa tolerância a frustrações, a indagações ou mesmo a
conflitos. Trata-se de um diagnóstico novo a partir do DSM-V, pois antes não existia. Nesse
contexto, quando se trabalha com a população carcerária, os indivíduos apresentam essas
características de forma muito marcante. Portanto, são situações que ocorrem com muita
frequência e, agora, já existe diagnóstico claro e definido através do DSM-V.
Os sintomas devem se manifestar ao menos três vezes por semana, em dois ou mais
ambientes, persistir por, no mínimo, um ano e o transtorno deve ser primeiramente identificado
entre os seis e os dezoito anos de idade.
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Essa é uma situação que já pode ser identificada de forma extremamente precoce. Por
isso, é importante ter cuidado em saber separar, principalmente nas crianças, a questão
da ausência de limites que, muitas vezes, faz com que essas situações ou características
compatíveis ao quadro patológico torne-se mais evidente.
5m
O DSM-V incluiu o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual como um diagnóstico validado
e os diagnósticos de depressão crônica e distimia foram modificados passando a formar o
Transtorno Depressivo Persistente.
Essa é outra situação que, por exemplo, quando se aborda a população carcerária,
deve-se lembrar da presença feminina dentro desse contexto. Logo, é outro caso que pode
ser avaliado de forma diferenciada também.
Os sintomas centrais do Transtorno Depressivo Importante (Maior) foram mantidos,
aceitando agora especificadores como “com Características Mistas” e “com Ansiedade”.
A presença de características mistas deve alertar o clínico para um possível quadro do
espectro bipolar.
Com o DSM-V, tentou-se diferenciar um pouco o conceito, mas, assim como na questão do
transtorno bipolar, a nova explicação complicou um pouco mais a associação à bipolaridade
e a diferenciação com a questão dos transtornos depressivos. Com isso, gera margem para
diversas interpretações de possíveis diagnósticos.
Um dos pontos de maior polêmica, no que diz respeito à depressão, foi a retirada do luto
como critério de exclusão do Transtorno Depressivo Maior. No DSM-V, é possível aplicar
esse diagnóstico mesmo àqueles que passaram pela perda de um ente querido há menos
de dois anos.
A retirada do luto como critério de exclusão dos transtornos depressivos foi um grande
erro do DSM-V. O luto é algo muito pessoal. Sendo assim, cada pessoa lidará de uma
forma diferente. Portanto, colocar isso como um critério patológico acaba sendo a chamada
patologização de condições naturais. Ou seja, se a pessoa está alegre, ela tem um transtorno,
se ela está triste também tem o transtorno. Analisando essa situação, o profissional da saúde
necessita ter a sensibilidade para poder definir de uma forma concreta.
O DSM-V acrescenta essa característica como uma condição, que pode ser tanto
enquadrada como um transtorno depressivo maior ou como um dos itens do espectro
bipolar. Isto é, tentou-se diferenciar de forma a não gerar conflitos com relação aos critérios
diagnósticos, entretanto acabaram confundindo ainda mais os profissionais com relação
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as similaridades. Sendo que, as características mistas e a ansiedade se assemelham mais


as questões relacionadas ao quadro de bipolaridade, do que aos quadros dos transtornos
depressivos.
10m
O luto é um forte fator estressor e, como tal, pode desencadear transtornos mentais graves,
portanto não se pode assumir que, por tratar-se de reação comum, não possa ser experimentado
de forma patológica. Desta forma, o objetivo desta mudança é permitir que indivíduos que
estejam passando por um sofrimento psíquico grave recebam atenção adequada.
Essa é a justificativa da DSM-V, mas, para muitos autores e teóricos da área, o luto é uma
fase vivenciada por um indivíduo que, por exemplo, perdeu um ente querido, que terminou
um relacionamento ou mesmo que tenha perdido o emprego ou se mudado de uma cidade.
Ou seja, é uma situação que é humanamente vivenciada. Em razão disso, é necessário ter
muito cuidado com a questão da patologização, para não querer intervir farmacologicamente
ou terapeuticamente na situação.
Muitas vezes, apenas o fato de se respeitar o tempo daquele indivíduo já corresponde
ao melhor tratamento a ser fornecido. Vale destacar que a escuta qualificada vem como um
recurso importante para identificar se o nível de sofrimento do indivíduo é exacerbado, ou
seja, ultrapassa aquelas condições normalmente observadas na população em geral. Nesse
sentido, o fato de o DSM-V inserir o luto como um critério definidor está transformando os
sentimentos normais de um indivíduo em patologia. Logo, é preciso saber definir e identificar
de uma forma concreta, já que os sentimentos são inerentes ao ser humano.
É fundamental enfatizar que, quando os sentimentos como luto, alegria ou tristeza
começam a influenciar na vida profissional e na vida sentimental modificando esses contextos,
deve-se atentar-se a situação com relação a probabilidade de um contexto patológico.
Excluindo esses casos, tristeza e alegria são situações extremamente humanas e não devem
ser consideradas um quadro patológico.
O capítulo dos Transtornos de Ansiedade foi reformulado nessa nova edição do Manual
e os diagnósticos de Transtorno Obsessivo Compulsivo, Transtorno de Estresse Agudo e
Transtorno de Estresse Pós-Traumático foram realocados em novos capítulos.
15m
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CURIOSIDADES

O diagnóstico de quadros fóbicos (Agorafobia, Fobia Específica e Transtorno de Ansiedade


Social) deixou de exigir que o indivíduo com mais de dezoito anos reconheça seu medo
como excessivo ou irracional, visto que muitos pacientes tendem a superestimar o perigo
oferecido pelo objeto ou evento fóbico em questão. A duração mínima para o diagnóstico
desses transtornos passa a ser de seis meses para todas as idades. Ou seja, a situação
deve perdurar por, ao menos, seis meses para que seja considerada um diagnóstico de
quadro fóbico.
O Transtorno de Pânico e a Agorafobia foram separados como diagnósticos independentes,
reconhecendo a existência de casos nos quais a Agorafobia ocorre sem a presença de
sintomas de pânico. Além disso, a observação de que o Ataque de Pânico pode ocorrer
como comorbidade em outros transtornos mentais além da ansiedade fez com que o DSM-V
incluísse o Ataque de Pânico como especificador para todos os demais transtornos.
O Transtorno de Ansiedade de Separação e o Mutismo seletivo saíram do extinto
capítulo dos Transtornos Geralmente Diagnosticados pela Primeira Vez na Infância ou na
Adolescência e passaram a compor os Transtornos de Ansiedade. Os critérios diagnósticos
para o Transtorno de Ansiedade de Separação são semelhantes aos do antigo manual, mas
aceitam que os sintomas tenham início em indivíduos com mais de dezoito anos. Os critérios
para o diagnóstico de Mutismo Seletivo foram praticamente inalterados.

ANTIDEPRESSIVOS

Os antidepressivos correspondem à questão farmacológica do tratamento. Sobre isso,


vale frisar que os antidepressivos são medicações amplamente utilizadas, talvez uma das
mais utilizadas no mundo todo. Muitas vezes, essas medicações são banalizadas e podem
envolver questões relacionadas aos sentimentos e às emoções. Contudo, de forma geral,
são fármacos bem tolerados, seguros e que podem ajudar algumas pessoas.
São medicações de uso relativamente simples e seguro, sobretudo nos episódios
depressivos em pacientes neuróticos, sempre observando se há alterações importantes e
persistentes do humor ou sentimento vitais, que não responderam à outra abordagem, e com
prejuízos significativos para a vida do usuário.
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Apesar de não produzir fenômenos biológicos de tolerância e dependência, seu


significado para a pessoa que usa pode aprisioná-lo na posição de “doente” ou “deprimido”,
com consequências nocivas para sua vida e para suas relações com a equipe de Saúde do
seu território.
O uso dos antidepressivos é um assunto muito discutido. Nesse caso, menciona-se que
o antidepressivo é uma medicação que deve ser utilizada pelo um período de tempo, e não
pela vida inteira. Portanto, ocorre que os antidepressivos são manejados e prescritos de
uma forma bastante inadequada, levando a uma dependência psíquica. Ou seja, o indivíduo
passa a se sentir bem com o uso da medicação, mesmo não tendo um efeito de dependência
física, ele adquire uma dependência psíquica pelo uso do fármaco, tornando-se um paciente
crônico. Em casos como esse, a equipe precisa saber manejar, tornando a situação mais
facilmente suportada pelo paciente quando o seu uso for suspenso.
20m
Também está em jogo um importante efeito simbólico da medicação tanto que, nos
estudos controlados duplo-cego, vários “antidepressivos” têm eficácia muito próxima ao
placebo. Mais uma vez, a equipe deve estar implicada na construção de um plano terapêutico
que não inclua somente a medicação, planejando o curso do tratamento como um todo,
evitando introduzir por um período de tempo indefinido um fármaco que posteriormente será
difícil de retirar.
Essas são situações em que o profissional, muitas vezes, esquece de orientar o paciente,
depositando nele todas as esperanças com relação a um fármaco. Logo, é fundamental
ressaltar que o fármaco é um componente do tratamento, não sendo mais importante do
que outra coisa. Ou seja, é um dos componentes que, se somado ao todo, gera efeitos
extremamente importante com relação ao manejo do quadro. Dessa forma, essas são
informações que precisam ser dialogadas e conversadas, além de estabelecer metas com
relação ao tratamento com o paciente.
As informações mais preciosas na escolha são a dosagem e o tempo esperado para
efeito. Nunca é demais lembrar que os efeitos “antidepressivos” podem iniciar após 15 dias,
mesmo que já haja efeitos indesejados. Também se deve considerar que esteja havendo
resposta parcial, sobretudo se considerarmos as formulações manipuladas e/ou de baixa
qualidade disponíveis no mercado. Nesses casos, é importante esgotar a faixa de dosagem
segura até que se certifique de que não houve resposta terapêutica.
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Não apenas quanto à questão dos antidepressivos, mas no geral, é fundamental que o
profissional não crie expectativas, junto ao paciente, de que o remédio resolverá tudo, pois,
na verdade, ele é uma parte do tratamento.
Em relação as divisões dos antidepressivos, existe basicamente dois grandes grupos, os
antidepressivos tricíclicos e os Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS).

Tricíclicos (ADT)
São os “antidepressivos” mais antigos, bastante eficazes, porém menos tolerados
sobretudo pelos efeitos anticolinérgicos (boca seca, constipação), sedativos e tonturas.
Um dado importante: para a imipramina e a amitriptilina, os efeitos antidepressivos só são
observados em doses acima de 100 mg/dia, podendo a dose máxima girar em torno de 200-
250 mg/dia, considerando o risco cardiovascular.
25m
A fluoxetina é, provavelmente, uma das drogas mais comercializadas no mundo, sendo
enquadrada no grupo de antidepressivos mais recentes.

Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS)


São os “antidepressivos” mais recentes, com o destaque para a fluoxetina. São substâncias
mais “limpas”, ou seja, agem sobre poucos sistemas de neurotransmissão, basicamente
inibindo seletivamente a recaptação da serotonina.
Agem sobre a serotonina. Entretanto, paira ainda um tensionamento sobre qual o real
papel da serotonina nos sintomas depressivos. Esse acaba sendo um discurso ainda bastante
divulgado e repetido: “depressão é causada por falta de serotonina no cérebro”. O efeito
placebo não pode ser desconsiderado no uso dessas medicações.

Principais Sintomas-Alvo
• Sintomas depressivos: “tristeza profunda” com alteração do apetite/sono, desinteresse
pelo ambiente, sensação de menos valia etc.;
• Sintomas de pânico: é muito importante escutar com calma esta queixa: inúmeras e
diferentes queixas chegam à Atenção Básica como sendo “pânico”, desde situações
claramente reativas a eventos traumáticos, passando por sintomas psicóticos até
fobia social. Os sintomas de pânico que respondem aos antidepressivos são aqueles
episódios intermitentes de sensação iminente de morte, sem precipitador evidente, de
duração de alguns minutos a poucas horas com intensa manifestação somática;
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Sintomas obsessivos-compulsivos: a presença de ideias intrusivas (“a porta não



está fechada, preciso voltar pra fechar”, “a mão está contaminada, preciso lavar de
novo”, entre outros) associada a rituais (“precisa fechar a porta 4, 8, 12 ou 16 vezes”)
respondem a doses normalmente mais altas de “antidepressivos”, por exemplo, 60-80
mg/dia de fluoxetina, raramente com resposta plenamente satisfatória;
• Sintomas de ansiedade: nunca é demais relembrar que o tratamento de base
de sintomas de ansiedade que se cronificam são os “antidepressivos”, em doses
equivalentes às doses para depressão, deixando os ansiolíticos para tratamento
sintomático e de curto prazo.
Quanto aos sintomas, são inúmeras as queixas que chegam à Atenção Básica como
sendo pânico, logo, devem ser avaliadas com mais atenção. Já os sintomas obsessivos
compulsivos correspondem a situações que podem ocorrer várias vezes repetidamente,
como, por exemplo, abrir e fechar a porta diversas vezes.

Obs.: Ler páginas 167 e 168 do Caderno da Atenção Básica 34.


30m

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada ministrada pelo professor Alexandre Sampaio.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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PSICOPATOLOGIA X PSICOFÁRMACOS IV

As psicopatologias e psicofarmacologia associadas ao tratamento é um tema muito


importante e que, provavelmente, serão cobrados na prova do Depen. A razão disso é que
os psicotrópicos, de uma forma geral, são extremamente utilizados dentro do ambiente pri-
sional, até como moeda de troca. Portanto, é essencial que se conheça os sinais e sintomas
característicos das doenças, principalmente, no ponto de vista do Manual de Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), para que se possa comparar com as caracterís-
ticas farmacológicas relacionadas.

TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO E OUTROS TRANSTORNOS


RELACIONADOS
O DSM-5 conta com um capítulo exclusivamente destinado ao Transtorno Obsessivo-
-Compulsivo (TOC) e Outros Transtornos Relacionados, incluindo novos diagnósticos como
o Transtorno de Acumulação e o Transtorno de Escoriação (Skin-Picking).
Os critérios diagnósticos para o TOC não sofreram modificações significativas, mas
novos especificadores foram introduzidos para melhor caracterizar os transtornos desse
grupo. O DSM-IV usava o especificador “com Insight Pobre” para descrever os casos em que
o paciente tinha pouca crítica sobre os seus sintomas.
Vale destacar que as mudanças no DSM-V já aconteceram há algum tempo, mas apenas
agora elas começaram de fato a aparecerem de uma forma mais expressiva nos concursos
pelo Brasil. A expressão “com Insight Pobre” utilizada pelo DSM-IV correspondia ao indivíduo
que tinha pouco senso crítico, não fazia uma correlação concreta com relação às perguntas
que eram feitas e que tinha pouca crítica sobre seus sintomas.
No DSM-5, foram acrescentados “Bom Insight” para pacientes com autocrítica preser-
vada e “Ausência de Insight/Sintomas Delirantes” nos casos em que o paciente não identifica
os pensamentos obsessivos como sintomas de um transtorno mental, situação em que a
convicção na veracidade dos sintomas pode alcançar características psicóticas. A presença
ou a história de tiques também é ressaltada com um especificador. Esses casos se aproxi-
mam dos quadros psicóticos, como alucinação e o delírio. Sobre isso, é importante mencio-
nar que o termo “tique” também pode ser mencionado com o uso do termo “solilóquio”.
5m
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O Transtorno Dismórfico Corporal foi removido do capítulo dos Transtornos Somatofor-


mes, passando a incluir dentre seus critérios a exigência da presença de comportamentos
repetitivos ou atos mentais em resposta à preocupação com a aparência. A preocupação
excessiva do paciente com a constituição de sua musculatura deve ser especificada como
“com Dismorfismo Muscular”.
Essa é outra característica relevante que não pode ser desconsiderada diante das dife-
renças entre os DSM-IV e DSM-V. Nesse sentido, praticamente, todos os transtornos sofre-
ram algum tipo de modificação, logo é fundamental analisar o DSM-V, pois é muito comum,
principalmente nas bancas coordenadas ou dirigidas pelo CESPE, aparecer questões que
são extremamente similares, que induzem o indivíduo ao erro.
O diagnóstico de Transtorno de Acumulação foi criado para descrever indivíduos que
acumulam objetos e experimentam sofrimento e prejuízo pela persistente dificuldade de
se desfazerem ou se separarem de determinados bens (independente do real valor deles),
devido à percepção de que necessitam guardar esses itens, apresentando angústia frente à
ideia de descartá-los. Os especificadores que descrevem o insight também são aplicados ao
Transtorno Dismórfico Corporal e ao Transtorno de Acumulação.
Esses casos apresentam os mesmos especificadores que são características similares
ao quadro patológico. Sendo assim, são situações frequentemente visualizadas nos dois
tipos de transtorno, tornando-se uma característica definidora para os transtornos comuns
entre eles.
A Tricotilomania saiu do capítulo Transtorno do Controle dos Impulsos não Classificados
em Outro Local, mas seus critérios foram preservados. O DSM-5 incluiu o diagnóstico de
Transtorno de Escoriação (Skin-Picking) para descrever casos em que o indivíduo faz esco-
riações em sua própria pele provocando lesões, mas, apesar do sofrimento causado por essa
ação, não consegue parar de repeti-la.
A tricotilomania corresponde ao quadro patológico, por exemplo, no qual o indivíduo
arranca o cabelo e come. Sobre isso, vale reforçar que essa situação não é mais descrita
como um transtorno dentro do DSM-V.

TRATAMENTO
Por estranho que possa parecer, os transtornos obsessivos compulsivos apresentam
melhores resultados com determinados grupos farmacológicos.
10m
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As intervenções educativas têm como meta fornecer aos pacientes e familiares infor-
mações sobre a etiologia, epidemiologia, características clínicas, prognóstico e diferentes
tipos de tratamentos do TOC, bem como o modelo explicativo de origem e perpetuação dos
sintomas, com o objetivo de habilitá-lo a reconhecer e tentar controlar os seus sintomas ao
longo da vida. Contribui para diminuir o estigma, facilitar a aceitação do tratamento e o enga-
jamento de todos os envolvidos nas medidas que serão propostas ao longo do tratamento.
A interação dos familiares no tratamento contribui dentro desse contexto, ao formar o
que se chama de rede de apoio. É fundamental enfatizar que a rede de apoio é uma condi-
ção indispensável dentro do tratamento psiquiátrico. É preciso estar sempre atento se essa
é uma rede estruturada e competente dentro do seu papel ou não, para que, assim, possa
capacitar esses indivíduos com o intuito de melhorar, principalmente, a condição de adesão
e acompanhamento do paciente, que é o principal objetivo.
As abordagens psicológicas podem ser realizadas em formato individual ou em grupo. A
terapia familiar também pode ser indicada em certas situações, quando atitudes dos familia-
res colaboram para a manutenção dos sintomas do paciente.
A codependência diz respeito ao caso em que um familiar, muitas vezes, mantém a
condição patológica até por uma comodidade associada à questão do tratamento. Ou seja,
às vezes, muitos familiares se aproveitam da condição patológica para poder se vitimizar,
podendo fazer com que a manutenção da doença ocorra. Nesse sentido, as terapias fami-
liares acontecem com o intuito de tentar modificar esse ciclo vicioso, ao qual muitas famílias
entram no decorrer do cotidiano.
A resposta ao tratamento farmacológico costuma ser lenta, aumenta com o tempo e, por
isso, deve-se esperar pelo menos 12 semanas para se considerar um paciente não respon-
dedor ao tratamento.
Esteja atento, pois o tratamento farmacológico não pode ser considerado um único tra-
tamento dentro desse contexto. Portanto, é muito importante esclarecer para a família, para
os pacientes e para os profissionais envolvidos no processo de cuidar que o remédio não
é a salvação para o problema, sendo apenas uma parte da resolução dos problemas. Além
disso, não se pode atribuir ao fármaco a responsabilidade integral sobre a correção dos pro-
blemas. Cada um tem uma participação e a resposta farmacológica não é imediata. Esse é
um ponto relevante, pois, às vezes, o paciente acredita que a dose é baixa, aumentando a
dosagem por conta própria, ou o cuidador ou família acredita que o problema é muito grave e
a dose é baixa, assim, também aumentando por conta própria. Com isso, quando se inicia o
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processo terapêutico, é essencial esclarecer que existe uma correlação de fatores e vontade
de modificar o quadro, por conta do próprio paciente e da família, que não geram os melhores
resultados dentro desse processo.
15m
Os tratamentos farmacológicos de primeira linha para o TOC são os inibidores de recap-
tação de serotonina (IRS), classe de medicamentos antidepressivos que inclui os inibidores
seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) e a clomipramina (tricíclico). A eficácia medi-
camentosa é avaliada pela diminuição de pelo menos 35% da Escala de Yale-Brown Obses-
sive-Compulsive (YBOCS).
A Escala de Yale-Brown é uma das escalas mais interessantes e validadas para o TOC,
na qual se consegue avaliar se de fato estão surgindo respostas farmacológicas efetivas ou
não diante do tratamento. Nesse caso, após doze semanas, espera-se que o paciente esteja
com ao menos 35% de redução segundo a Escala de Yale-Brown, que deve ser aplicada
antes do início do tratamento farmacológico. Relembrando que o tratamento envolve o trata-
mento farmacológico, bem como as terapias em grupo e terapias em família, em um contexto
em que nenhum é mais importante do que outro. Pesquisas realizadas em todo o mundo
indicam que os melhores resultados estão associados a processos terapêuticos múltiplos, e
não a processos terapêuticos isolados.

Farmacológico
Popularmente, são denominados como antidepressivos os remédios psiquiátricos que
combatem transtornos como depressão, ansiedade, hiperatividade, esquizofrenia, dis-
túrbio do sono, compulsões entre outros. Contudo, até mesmo atividades físicas e terapias
naturais são consideradas antidepressivos.
Qualquer atividade feita com prazer e vontade libera uma cascata hormonal importan-
tíssima para a modificação dos quadros, principalmente, dos quadros de TOC, depressão e
ansiedade. A serotonina e endorfina são hormônios relacionados ao prazer e à saciedade,
que acabam tendo um efeito no cérebro, em especial com os seus receptores, que causam
uma melhora considerável dentro dos processos terapêuticos. Ou seja, o fato de agregar
outras situações poderá potencializar o tratamento.
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 Obs.: As terapias complementares previstas pelo SUS também podem ser cobradas no
concurso, já que há uma população carcerária completamente desprovida de cui-
dados. Nesse contexto, as terapias complementares agregam um aspecto extrema-
mente positivo para os tratamentos.

Os fármacos antidepressivos agem como guias dos neurônios, indicando a quantidade


correta que deve permanecer no organismo, inibindo sintomas da depressão e capturando
substâncias do bem-estar, como serotonina, dopamina e noradrenalina.
20m

Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS)


Os Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), talvez, sejam um dos mais
utilizados com relação aos tratamentos psiquiátricos atualmente.
Como o nome sugere, estes medicamentos inibem a recaptação da serotonina; ou seja,
permitem que a quantidade de substância captada por demais neurônios aumente.
A falta da ação da serotonina pode resultar em: ansiedade, baixa autoestima, compulsão
alimentar, depressão, fadiga, falta de atenção, impaciência, mau humor e irritabilidade.
Os medicamentos ISRS costumam não apresentar efeitos colaterais como os demais
tipos de antidepressivos; porém são mais ineficazes em casos de depressão profunda.
Principais ISRS:
• Sertralina;
• Citalopram;
• Escitalopram;
• Fluoxetina;
• Fluvoxamina;
• Paroxetina.

Quanto à fluoxetina, praticamente todos os pacientes que apresentam sintomas mesmos


que leves de depressão ou de algum outro transtorno, como TOC, os transtornos compulsi-
vos e até ansiedade, acabam tendo a fluoxetina como um fármaco de entrada no processo
de tratamento farmacológico. E ainda, a paroxetina é uma droga que possui boa aceitação
no mercado farmacológico e para os pacientes também.
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Inibidores Seletivos da Recaptação de Noradrenalina (ISRN)


Bem como os ISRS, os inibidores seletivos da recaptação de noradrenalina (ISRN) auxi-
liam no aumento de noradrenalina captada pelos neurônios.
Os ISRN costumam ser prescritos quando pacientes não respondem bem ao tratamento
com inibidores seletivos da recaptação de serotonina.
Principais ISRN:
• Reboxetina;
• Viloxazina.

Geralmente, os Inibidores Seletivos da Recaptação de Noradrenalina (ISRN) são medi-


cações de segunda escolha para os casos nos quais o primeiro grupo farmacológico não fun-
ciona como o esperado. Por isso, na psiquiatria e na saúde mental, é muito comum observar
substituições de fármacos. Todavia, é fundamental estar atento ao tempo de uso do fármaco,
pois não basta usar por uma semana e esperar resultados expressivos sobre o tratamento.
Sabe-se que, para que esses fármacos alcancem um nível sérico satisfatório demora, ao
menos, entre três e quatro semanas, ou seja, pelo menos um mês.
Lembre-se de que antidepressivos, no caso de TOC, irão apresentar efeitos aproxima-
damente após 12 semanas, isto é, três meses de uso. Portanto, a orientação é essencial,
principalmente para não gerar expectativas de uma resposta imediata e, muitas vezes, essa
cobrança surge de forma muito mais intensa através das famílias do que do próprio paciente.
Logo, é uma situação que precisa ser muito bem explicada e orientada para que não haja
nenhum problema associado à questão do uso indiscriminado de medicação ou do abandono
do tratamento. Essas condutas fazem com que os sinais e sintomas voltem de uma forma
muito mais abrupta e, muitas vezes, geram resultados sociais, familiares e até funcionais
importantes para o paciente.
25m

Inibidores Seletivos de Recaptação da Serotonina e Noradrenalina (ISRSN)


Os inibidores seletivos de recaptação da serotonina e noradrenalina agem na elevação
da captura de serotonina e noradrenalina pelo cérebro. Não têm efeito, portanto, nos níveis
de dopamina.
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Esses remédios têm ação semelhante aos antidepressivos tricíclicos, mas com um índice
menor de efeitos colaterais possíveis. Esses medicamentos não influenciam na recaptação
ou na meia vida da dopamina. Além disso, também será utilizado quando as terapias farma-
cológicas anteriores não surtirem um efeito desejado.
Principais ISRSN:
• Venlafaxina;
• Duloxetina.

Inibidores Seletivos da Recaptação de Dopamina (ISRD)


Além dos antidepressivos que agem sobre a serotonina e a noradrenalina, há ainda os
inibidores seletivos da recaptação de dopamina (ISRD).
Estes medicamentos costumam ser prescritos em casos de efeitos colaterais com ISRS,
ou seja, com o aumento de serotonina. Um exemplo de uso é em casos de pessoas que
sofrem com ejaculação retardada.
Principais ISRD:
• Amineptina;
• Bupropiona;
• Minaprina.
O uso de ISRS em casos de pessoas que sofrem, por exemplo, de ejaculação retardada,
pode agravar esse quadro, fazendo com que o fármaco não tenha uma indicação absoluta.
Nesse caso, opta-se pela utilização dos ISRD. Vale frisar que essa é uma causa muito comum
de abandono de tratamento em pacientes do sexo masculino. Sendo assim, é muito impor-
tante manejar e saber entender também o porquê do abandono do tratamento, uma vez que
parar de usar o fármaco de uma hora para outra pode resultar em problemas extremamente
importantes relacionados ao cuidado naquele momento. Ou seja, não se pode deixar de con-
siderar qualquer queixa ou qualquer observação destrutiva que o paciente possa levantar de
acordo com o tratamento.
30m

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada ministrada pelo professor Alexandre Sampaio.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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PSICOPATOLOGIA X PSICOFÁRMACOS V

FARMACOLÓGICO

Dando continuidade ao assunto relacionado ao tratamento dos transtornos obsessivos-


-compulsivos, diante do tratamento com os antidepressivos, observar o seguinte:

Inibidores da monoaminoxidase (IMAO)


Os inibidores da monoaminoxidase (IMAO) são considerados antidepressivos bastante
completos, pois atuam na maior disponibilidade de serotonina, noradrenalina e dopamina. No
entanto, seus efeitos podem ser irreversíveis. Isso porque os IMAOs interagem também com
a tiramina, substância presente em carnes, queijos e bebidas alcoólicas. A combinação de
IMAOs com a tiramina pode resultar em hipertensão e até mesmo morte.
Ou seja, essa medicação requer um cuidado muito criterioso em relação à sua utilização.
Assim, é muito importante observar a sensibilidade do indivíduo com relação a esse tipo de
tratamento farmacológico.
Vale destacar que, para indivíduos que não apresentem sensibilidade ao fármaco, esta é
uma boa medicação, muito bem tolerada e com boa resposta farmacológica. Todavia, para
os que apresentam sensibilidade ao fármaco, o cuidado deve ser redobrado, principalmente,
por causa dos picos hipertensivos associados a esse tipo de tratamento.
Em relação à associação com bebidas alcoólicas: praticamente, todos os antidepressivos
serão potencializados, se associados ao uso do álcool. Então, é obrigatório que haja a orien-
tação por parte do profissional.

Principais IMAOs
• Iproniazida;
• Isocarboxazida;
• Tranilcipromina;
• Fenelzina;
• Clorgilina;
• Brofaromina;
• Moclobemida;
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• Toloxatona;
• Befloxatona.

Antidepressivos Tricíclicos (ADT)


São o grupo farmacológico mais conhecido e mais antigo. Com isso, eles são os que
apresentam os menores custos de fabricação.
Os antidepressivos tricíclicos aumentam os níveis de serotonina e noradrenalina no cére-
bro. A dopamina também é elevada, porém, em menor quantidade.
São considerados os primeiros antidepressivos do mundo, descobertos no final da década
de 1950. O uso constante ou descontrolado de ADTs apresenta efeitos colaterais indesejá-
veis, que vão desde tremores até óbito. Mais uma vez, deve-se considerar a sensibilidade do
indivíduo em relação ao uso do fármaco.
5m
Além disso, é muito importante que haja uma interação com o psiquiatra, para que o
trabalho em equipe gere bons resultados ao paciente. Esse é o principal foco do processo
terapêutico.
Atualmente, cerca de 70% das pessoas com depressão utilizam antidepressivos tricí-
clicos em seus tratamentos. Não necessariamente são os melhores, mas, por serem os
mais baratos, são os mais utilizados. O restante não apresenta resposta aos medicamentos,
necessitando de outra classe de antidepressivos.

Principais Antidepressivos Tricíclicos:


• Amitriptilina;
• Clomipramina;
• Desipramina;
• Imipramina;
• Nortriptilina;
• Doxepina.

Antidepressivos Tetracíclicos (ADTC)


Desenvolvidos em 1970, os antidepressivos tetracíclicos são uma evolução dos tricícli-
cos, com menos efeitos colaterais. São utilizados como uma alternativa a pacientes que não
respondem bem a tratamentos com inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS)
ou inibidores seletivos da recaptação de noradrenalina (ISRN). Esse tipo de antidepressivo
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tem efeito sedativo e analgésico, o que pode causar sonolência e potencializar efeitos do
álcool. Por isso, sua combinação com bebidas alcoólicas é perigosa, resultando em taquicar-
dia, convulsão e alucinações.
Vale destacar que o principal efeito é o de sedação. Se associado à direção, esse efeito
pode gerar acidentes.
Mais uma vez, reforça-se a ideia de que a orientação e a informação ao usuário sobre os
riscos associados à combinação com o álcool são indispensáveis.

Principais antidepressivos tetracíclicos:


• Maprotilina;
• Mianserina;
• Mirtazapina;
• Pirlindol;
• Setiptilina (teciptilina);
• Trazodona (muito utilizada no tratamento de pacientes geriátricos, principalmente,
como um modular de ansiedade e condições impulsivas).
10m

Antidepressivos Atípicos
Os antidepressivos atípicos são aqueles que não se caracterizam como tricíclicos, ISRS
ou IMAO. Por isso, alguns dos medicamentos desse tipo também se encaixam em demais
classificações, como ADTC, ISRD, ISRN e ISRSN.
Alguns remédios desse tipo aumentam a transmissão de noradrenalina e regulam a inte-
ração dos neurônios com a serotonina. Outros elevam a disponibilidade de serotonina e
noradrenalina.
Há, ainda, medicamentos que reduzem a sensibilidade dos receptores dessas substân-
cias; e existem também os que induzem a recaptação pelos neurônios específicos do cére-
bro. Eles costumam apresentar efeitos rápidos, com melhoras dos sintomas de depressão já
entre o terceiro e quinto dia de tratamento.
Fazem parte do grupo dos atípicos:
• Bupropiona;
• Escitalopram;
• Fluvoxamina;
• Mianserina;
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• Mirtazapina;
• Reboxetina;
• Tialeptina;
• Trazodona;
• Venlafaxina;
• Duloxetina.

Antidepressivos Melatoninérgicos
Trata-se de um grupo novo de antidepressivos. A melatonina é um hormônio produzido
pelo cérebro, principalmente, pela glândula pineal. Durante a noite e no final da tarde, há
liberação da melatonina, principalmente em ambientes mais escuros, de maior penumbra.
É possível conhecer muito bem a melatonina quando se pesquisa sobre o ciclo circa-
diano. Esse ciclo, de forma geral, é regido por dois hormônios: cortisol e melatonina. O corti-
sol é o hormônio que dá disposição durante o dia. Já a melatonina é o hormônio que rebaixa
a frequência cardíaca, provoca o sono e relaxa a musculatura. É por isso que os indivíduos
que moram na roça dormem cedo. Dada a baixa luminosidade nesse ambiente, conforme a
noite vem, os indivíduos começam a ficar com sono. Por outro lado, ao nascer o sol, uma
descarga de cortisol acontece e dá disposição a esses indivíduos.
Também é por causa dessa dinâmica que quando viajamos de um continente a outro,
temos dificuldade de adaptação.
15m
Cabe destacar que os indivíduos que trabalham no período noturno e têm alteração no
ciclo do sono (ciclo circadiano) apresentam mais chances de desenvolverem um quadro
depressivo.
É neste contexto que surgem os antidepressivos melatoninérgicos, os quais potenciali-
zam a melatonina.
Apenas um medicamento, atualmente, se encaixa na categoria de antidepressivos mela-
toninérgicos: a agomelatina. A descoberta deste medicamento é de 2013. Observou-se que
o remédio é capaz de, por meio da recaptação da melatonina, regular os ritmos biológicos
do cérebro.
Pesquisas relacionadas a este antidepressivo ainda estão sendo realizadas. O que se
sabe até o momento é que a substância reduz a incidência de recaídas em pacientes com
depressão, além de ter um efeito rápido sobre os sintomas da doença.
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Antidepressivos Serotoninérgicos
Bem como ocorre no tipo de antidepressivos melatoninérgicos, na categoria de antide-
pressivos serotoninérgicos, há somente um medicamento até então: a vortioxetina.
Estudos sobre novos antidepressivos têm se tornado cada vez mais comuns. Por isso,
em 2018, foi descoberto o efeito da vortioxetina em pacientes com depressão.
O medicamento tem efeito semelhante aos ISRS, de forma a inibir a recaptação da sero-
tonina e, assim, aumentar sua disponibilidade no organismo de pacientes. Porém, seus efei-
tos colaterais são menores, principalmente no âmbito sexual.
Essas situações precisam ser levadas em consideração, pois o abandono do tratamento
acaba gerando muitos prejuízos para o paciente, para a equipe e para toda a família.

A lista a seguir apresenta todos os antidepressivos comentados durante a primeira


parte da aula:
Nome do remédio antidepressivo Nomes comerciais Tipo de antidepressivo
Agomelatina Valdoxan Melatoninérgico
Amitriptilina Tryptanol, Amytril, Neurotrypt ADT
Clomipramina Anafranil ADT
Desipramina Norpramin ADT
Zodel, Andes, Deller, Desve, Eli-
Desvenlafaxina ISRSN
fore, Imense, Pristiq, Indefa
Doxepina Sinequan, Zonalon ADT
Duloxetina Cymbalta ISRSN
Eficentus, Decipax, Escilex,
Escitalopram ISRS
Espran, Lexapro, Mind, Exodus
Fenelzina Nardil IMAO
Fluoxetina Prozac ISRS
Fluvoxamina Luvox ISRS
Imipramina Tofranil, Imipra ADT
Isocarboxazida Marplan IMAO
Nortriptilina Pamelor ADT
Paroxetina Pondera, Aropax ISRS
Sertralina Zoloft ISRS
Tranilcipromina Parnate IMAO
Efexor XR, Alenthus XR, Venlift
Venlafaxina ISRSN
OD, Efexor XR, Venlaxin
Donaren, Donaren Retard, Lore-
Trazodona ADTC
don

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Ansiedade – DSM 5
Basicamente, será trabalhado o quadro mais grave de ansiedade. Trata-se de um tipo de
ansiedade que, muito provavelmente, será cobrado nos concursos públicos no Brasil.
20m
Dentro do DSM 5, a ansiedade apresenta algumas variações. No entanto, será vista
a principal característica dentro dos quadros ansiosos: Transtorno de Ansiedade Generali-
zada (TAG).
A preocupação persistente e excessiva é a característica principal do Transtorno de
Ansiedade Generalizada (TAG), porém essas preocupações são acompanhadas de sinto-
mas físicos relacionados à hiperatividade autonômica e à tensão muscular. Entre esses sin-
tomas, são comuns a taquicardia, sudorese, insônia, fadiga, dificuldade de relaxar e dores
musculares.
As preocupações não se restringem a uma determinada categoria, mas são generaliza-
das, excessivas, por vezes, envolvendo temas que não preocupam a maioria das pessoas
e de difícil controle. Para o diagnóstico, é importante, também, que esses sintomas causem
uma interferência no desempenho da pessoa ou um sofrimento significativo.
Trata-se de um quadro patológico que, até então, era extremamente banalizado e subno-
tificado. Muitos acreditam que esse tipo de comportamento é uma característica pessoal e o
acabam não considerando como um quadro patológico.
O TAG é um dos transtornos psiquiátricos mais subdiagnosticados. Raramente, os
pacientes procuram diretamente um profissional de saúde mental, preferindo o clínico geral
ou médicos de outras especialidades. A queixa predominante é de sintomas físicos vagos e
que não caracterizam uma enfermidade bem definida.

Critérios do DSM-V para o Transtorno de Ansiedade Generalizada


a. Ansiedade e preocupação excessivas, ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos
seis meses e relacionadas a inúmeros eventos ou atividades (ex.: trabalho e desempe-
nho escolar).
b. A preocupação é difícil de controlar.
c. A ansiedade e a preocupação estão associados a três (ou mais) dos seguintes sinto-
mas (com pelo menos alguns sintomas estando presentes na maioria dos dias nos últimos
seis meses):
• Inquietação ou sensação de estar no limite;
• Cansar-se facilmente;
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Dificuldade de concentração;

• Irritabilidade;
• Tensão muscular;
• Distúrbios do sono (dificuldade de iniciar ou manter o sono e sensação de sono não
satisfatório).
d. Os sintomas físicos, preocupação ou ansiedade causam sofrimento clinicamente sig-
nificante ou incapacidade em atividades sociais, ocupacionais ou outras.
25m
e. O transtorno não pode ser atribuído a: uma condição médica geral, uso de substâncias
ou outro transtorno mental.

Tratamento
Como o componente psicológico e fatores ambientais têm um papel muito significativo na
gênese do TAG, a abordagem psicoterápica, num sentido amplo, é prioritária no tratamento
desse transtorno. O tratamento farmacológico pode e deve ser considerado em determina-
das circunstâncias, porém nunca deve ser a única opção terapêutica.
Ensaios clínicos mostram que a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) apresenta uma
eficácia maior do que as situações-controle e outras formas de psicoterapia, constituindo a
primeira escolha dentre as psicoterapias para o TAG. De uma maneira bem geral e simplista,
seria possível dizer que a TCC procura desenvolver habilidades cognitivas que permitam ao
paciente lidar melhor com a situação.
Deve-se ressaltar que psicoterapias estruturadas, entre elas a TCC, para terem êxito,
implicam em algumas precondições do paciente, tais como: alto grau de motivação, capa-
cidade de auto-observação, disponibilidade de tempo e outros recursos. Mesmo para os
pacientes que não preencham essas condições, o profissional de saúde deve procurar
formas alternativas de abordar as dificuldades psicológicas e ambientais do paciente, como,
por exemplo, orientação, aconselhamento, técnicas de relaxamento e/ ou exercícios físicos,
não se limitando a prescrever medicamentos (médicos).
No caso da terapia farmacológica, deve-se avaliar se a previsão de uso do medicamento
é por um curto ou longo período. Se o período for curto (menor que 12 semanas), pode-se
utilizar um benzodiazepínico, porém, se houver a possibilidade de uso mais prolongado,
deve-se pensar em outra alternativa terapêutica.
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É muito importante ter em mente a questão do prazo. Sempre que se fala sobre inter-
venção terapêutica, metas precisam ser estabelecidas. Nesse sentido, caso não se conheça
um paciente que acabou de chegar e apresenta determinadas queixas, deve-se pensar em
intervenções a curto, médio e longo prazo.
Além disso, é muito importante começar a construir situações análogas à utilização do
NANDA (Manual de Diagnóstico de Enfermagem). Diante do NANDA, há um estabelecimento
de metas, que são muito comuns nos tratamentos psicoterápicos que envolvem o papel do
enfermeiro.
30m
Assim, ao construir um Projeto Terapêutico Singular – PTS, é preciso estabelecer as
metas, levando-se em consideração os principais objetivos a curto, médio e longo prazo.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada ministrada pelo professor Alexandre Sampaio.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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PSICOPATOLOGIA X PSICOFÁRMACOS – ANSIEDADE VI

Agora, continuaremos analisando a temática da ansiedade para que possamos concluir


o ciclo de psicopatologias e psicofármacos.
A ansiedade é um dos problemas que acomete de forma muito incidental os profissio-
nais de saúde.

Ansiedade – DSM 5

Os benzodiazepínicos são efetivos nos sintomas do TAG, produzem efeito rapidamente


(minutos ou horas) e têm um perfil favorável de efeitos colaterais (sonolência, diminuição de
reflexos ao dirigir ou manipular máquinas perigosas e ataxia e/ou alterações de memória em
doses mais elevadas).
Isso tudo dependerá da sensibilidade e das doses que estão sendo prescritas para o
indivíduo. É muito importante que os possíveis efeitos colaterais associados ao tratamento
farmacológico sejam colocados de forma clara para o paciente.
Existe uma expectativa muito grande em relação à questão do tratamento farmacológico,
não só por parte do paciente e da família, mas também por parte dos profissionais de saúde,
os quais, em geral, são extremamente imediatistas.
Desse modo, é preciso ficar muito claro que existem riscos e benefícios associados ao
tratamento farmacológico.
A limitação no uso dos benzodiazepínicos deve-se à sua propensão para desenvolver
tolerância de efeitos e dependência. Dessa forma, deve-se optar por outra classe de drogas
quando se prevê a necessidade de uso da medicação por tempo prolongado, ou em pacien-
tes que desenvolvem rápida tolerância, apresentem propensão às dependências de uma
maneira geral ou mostrem comorbidade com depressão.
É importante, também, estar atento à interação com o álcool e outras medicações. Os
diferentes benzodiazepínicos apresentam eficácia semelhante, diferindo pelas suas caracte-
rísticas farmacocinéticas, tais como tempo para o início de ação ou duração do efeito (ex.: o
diazepam tem início rápido e efeito prolongado, enquanto o alprazolam tem início intermedi-
ário e duração mais reduzida).
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Os antidepressivos inibidores da receptação de serotonina (ex.: escitalopram, paroxe-


tina, sertralina, fluoxetina) ou inibidores da receptação de serotonina e noradrenalina (ex.:
venlafaxina, duloxetina) são as drogas de primeira escolha para tratamentos mais prolonga-
dos do TAG.
Já vimos que os antidepressivos são drogas que podem ser encontradas, praticamente,
em todos os quadros patológicos, associados ou não a outras drogas. Assim, vale ressaltar
que os antidepressivos não são utilizados apenas contra a depressão.
5m
Ensaios clínicos geralmente mostram uma eficácia semelhante entre esses medicamen-
tos e maior que placebo. O tempo para o início de ação é prolongado, variando entre duas
a quatro semanas e apresenta efeitos colaterais que podem interferir na vida dos pacientes.
Os pacientes podem apresentar agitação ou aumento da ansiedade no início do trata-
mento, que pode ser amenizada pela associação com benzodiazepínicos por curto período.
Portanto, o uso de benzodiazepínicos, de uma forma geral, não deve ultrapassar o prazo
de 12 semanas.
Os efeitos colaterais mais comuns são: distúrbios gastrointestinais (náusea e diarreia),
disfunção sexual (perda da libido), insônia e sintomas rebotes na interrupção do uso prolon-
gado. A dose inicial da medicação pode ser ajustada após quatro semanas, se necessário.
A maior parte dos psiquiatras começa com uma dose inferior à dose desejada, para
poder identificar se o indivíduo apresenta algum tipo de sensibilidade em relação ao fármaco.
Com isso, é possível interromper o uso do fármaco, gerando o mínimo de efeitos colaterais
possíveis.
A introdução ou o ajuste de dose, geralmente, é recomendado após 4 semanas (primeiro
mês de uso). Se o indivíduo, após o primeiro mês de uso, não apresentou características
associadas à sensibilidade ao fármaco, entende-se que o organismo tolerou bem o princípio
ativo. Assim, os ajustes de doses poderão representar uma melhora no quadro patológico.
Recomendação: leia o caderno 34 da atenção básica, o qual é voltado especificamente
para a questão relacionada à saúde mental. Além disso, ele é uma das principais bases de
colocação e preparação de materiais de concursos públicos.
Recomenda-se a leitura da página 161 à página 164, que tratam dos psicofármacos uti-
lizados na atenção básica.
10m
A nossa prova abordará a questão da atenção básica como referência diante dos trata-
mentos. Logo, é preciso saber quais são os tipos de materiais que são utilizados. E o caderno
34 acaba sendo um dos materiais mais importantes dentro desse contexto.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
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preparada e ministrada ministrada pelo professor Alexandre Sampaio.


�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
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