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Psicologia 8º.

Período – 2022/1
Psicodiagnóstico – 8º Período

Maria Eni do Couto Viola


Natália de Cássia Morbidelli
Tais Paula Lopes Araújo

PSICODIAGNÓSTICO

Extrema
2022
Psicologia 8º. Período – 2022/1
Psicodiagnóstico – 8º Período

Maria Eni do Couto Viola


Natália de Cássia Morbidelli
Tais Paula Lopes Araújo

PSICODIAGNÓSTICO

Trabalho apresentado ao Curso de Psicologia


da FAEX – Faculdade de Extrema, para
cumprimento do Projeto do 8º Período,
referente à disciplina de Psicodiagnóstico, sob
orientação da Professora Midiã Beatriz
Cândido Guillen

Extrema
2022
Psicologia 8º. Período – 2022/1
Psicodiagnóstico – 8º Período

LAUDO PSICOLÓGICO

IDENTIFICAÇÃO
Autor(a): Natália de Cássia Morbidelli.
Interessada: Alicia, 21 anos, Solteira, Cursando Ensino Superior.
Solicitante: Própria paciente.
Finalidade: Estabelecer Avaliação Psicodiagnóstica para o Estágio de Psicodiagnóstico.

DESCRIÇÃO DA DEMANDA
O presente laudo tem como objetivo apresentar os resultados da Avaliação
Psicodiagnóstica do tipo nosológico devido a queixa de sentir ciúmes excessivo nos
relacionamentos. De acordo com a Resolução nº 06/2019 do CFP, a presente avaliação
psicológica, valeu-se de fontes fundamentais e complementares para sua realização.

PROCEDIMENTO

A Avaliação Psicodiagnóstica foi realizada em 08 sessões, nestas sessões foram


utilizadas: entrevista aberta baseada no DSM-V, observação clínica e aplicação da SCID-V
módulos A- Transtornos do Humor, F - Transtornos de Ansiedade e O - Rastreamento de
Outros Transtornos Atuais.
De acordo com Hutz (2016, p. 18) “ o psicodiagnóstico é um procedimento científico
de investigação e intervenção clínica, limitado no tempo, que emprega técnicas e/ou testes
com o propósito de avaliar uma ou mais características psicológicas, visando um diagnóstico
psicológico (descritivo e/ou dinâmico, construído à luz de uma orientação teórica que subsidia
a compreensão da situação avaliada, gerando uma ou mais indicações terapêuticas e
encaminhamentos”.
O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM), da American
Psychiatric Association, é uma classificação de transtornos mentais e critérios associados
elaborada para facilitar o estabelecimento de diagnósticos mais confiáveis desses transtornos.
Com sucessivas edições ao longo dos últimos 60 anos, tornou-se uma referência para a prática
clínica na área da saúde mental. Devido à impossibilidade de uma descrição completa dos
processos patológicos subjacentes à maioria dos transtornos mentais, é importante enfatizar
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Psicodiagnóstico – 8º Período

que os critérios diagnósticos atuais constituem a melhor descrição disponível de como os


transtornos mentais se expressam e podem ser reconhecidos por clínicos treinados. (DSM,
2014).
A entrevista clínica estruturada para os transtornos do DSM, também conhecida como
SCID-V, é um guia de entrevista para a realização dos principais diagnósticos do DSM-V,
através de uma série de perguntas estruturadas e semiestruturadas torna-se possível conhecer
os sintomas patológicos do sujeito, assim como seu histórico e sua manutenção. Tal
instrumento facilita a tomada de decisão e/ou exclusão de hipóteses diagnósticas assim como
do melhor prognóstico dentro dos aspectos psicológicos do sujeito (SCID-V, 2017).

ANÁLISE

Foi realizada uma entrevista aberta baseada no DSM-V para confirmar o diagnóstico
principal de Transtorno de Personalidade Borderline.
Na aplicação do módulo A - Transtornos de Humor da SCID, foi descartado a hipótese
de TAB II, pois a paciente não atende a nenhum dos critérios de Transtorno Bipolar nem aos
Transtornos de Humor. Foi aplicado o módulo F - Transtornos de Ansiedade da SCID e a
hipótese de Transtorno de Ansiedade Generalizada também foi descartada pois a paciente não
atende a nenhum critério de TAG, a mesma não apresenta mais nenhum outro sintoma
relacionado aos Transtornos de Ansiedade.
Através da anamnese e entrevista aberta foi possível colher mais dados da paciente e
confirmar a hipótese de Transtorno de Personalidade Borderline. Na Aplicação da SCID-V
Módulo I de Rastreamento de Outros Transtornos Atuais foi levantada a hipótese de
Transtorno de Compulsão Alimentar e Bulimia Nervosa.
Sendo o Transtorno de Personalidade Borderline, o diagnóstico principal, seus
critérios diagnósticos são: "um padrão difuso de instabilidade das relações interpessoais, da
autoimagem e dos afetos e de impulsividade acentuada que surge no início da vida adulta e
está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1.
Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado. (Nota: Não incluir
comportamento suicida ou de automutilação coberto pelo Critério 5.) 2. Um padrão de
relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela alternância entre
extremos de idealização e desvalorização. 4. Impulsividade em pelo menos duas áreas
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potencialmente autodestrutivas (p. ex., gastos e compulsão alimentar) 5. Recorrência de


comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante.
6. Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade de humor (p. ex., disforia
episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas e
apenas raramente de mais de alguns dias).
8. Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la" (DSM, 2014, p. 663).

Em relação ao Diagnóstico Diferencial, o caso da paciente não foi confundido com


transtorno depressivo ou bipolar, outros transtornos de personalidade, não há condições
médicas ou induzidas por substâncias, e a paciente não está apresentando um problema de
identidade (DSM, 2014).
Está claro que se trata de um padrão de instabilidade nas relações pessoais, afetividade
e Alimentar e Bulimia Nervosa impulsividade, somente o critério de autoimagem não foi
identificado ou a paciente não relatou a respeito, diferente do Transtorno Bipolar que se trata
de uma instabilidade no humor, caracterizado em períodos.
Como comorbidade foi levantada a hipótese diagnóstica de Transtorno de Compulsão.
Os critérios diagnósticos do Transtorno de Compulsão Alimentar são: " A. Episódios
recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão alimentar é caracterizado
pelos seguintes aspectos: 1. Ingestão, em um período determinado (p. ex., dentro de cada
período de duas horas), de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a
maioria das pessoas consumiria no mesmo período sob circunstâncias semelhantes. 2.
Sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o episódio (p. ex., sentimento de não
conseguir parar de comer ou controlar o que e o quanto se está ingerindo). B. Os episódios de
compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) dos seguintes aspectos: 1. Comer mais
rapidamente do que o normal. 2. Comer até se sentir desconfortavelmente cheio. 3. Comer
grandes quantidades de alimento na ausência da sensação física de fome. 5. Sentir-se
desgostoso de si mesmo, deprimido ou muito culpado em seguida. C. Sofrimento marcante
em virtude da compulsão alimentar. D. Os episódios de compulsão alimentar ocorrem, em
média, ao menos uma vez por semana durante três meses" (DSM, 2014, p. 350).

No Diagnóstico Diferencial foram descartados: “obesidade e transtornos bipolares e


depressivo. Em relação a Bulimia nervosa: O transtorno de compulsão alimentar tem em
comum com a bulimia nervosa o comer compulsivo recorrente, porém difere desta última em
alguns aspectos fundamentais. Em termos de apresentação clínica, o comportamento
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compensatório inapropriado recorrente (p. ex., purgação, exercício excessivo) visto na


bulimia nervosa está ausente no transtorno de compulsão alimentar. Diferentemente de
indivíduos com bulimia nervosa, aqueles com transtorno de compulsão alimentar não
costumam exibir restrição dietética marcante ou mantida voltada para influenciar o peso e a
forma corporais entre os episódios de comer compulsivo. Eles podem, no entanto, relatar
tentativas frequentes de fazer dieta. O transtorno de compulsão alimentar também difere da
bulimia nervosa em termos de resposta ao tratamento. As taxas de melhora são
consistentemente maiores entre indivíduos com transtorno de compulsão alimentar do que
entre aqueles com bulimia nervosa" (DSM, 2014, p. 353).
Portanto descarta-se a hipótese de Transtorno de Compulsão Alimentar, devido ao
comportamento compensatório.

No Transtorno da personalidade borderline, "a compulsão alimentar está inclusa no


critério de comportamento impulsivo que faz parte da definição do transtorno da
personalidade borderline. Se todos os critérios de ambos os transtornos forem preenchidos,
então os dois diagnósticos devem ser dados" (DSM, 2014, p. 353).
Os critérios diagnósticos da Bulimia nervosa são: " A. Episódios recorrentes de
compulsão alimentar. Um episódio de compulsão alimentar é caracterizado pelos seguintes
aspectos: 1. Ingestão, em um período determinado (p. ex., dentro de cada período de duas
horas), de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria dos indivíduos
consumiria no mesmo período sob circunstâncias semelhantes. 2. Sensação de falta de
controle sobre a ingestão durante o episódio (p. ex., sentimento de não conseguir parar de
comer ou controlar o que e o quanto se está ingerindo). B. Comportamentos compensatórios
inapropriados recorrentes a fim de impedir o ganho de peso, como vômitos autoinduzidos; uso
indevido de laxantes, diuréticos ou outros medicamentos; jejum; ou exercício em excesso. C.
A compulsão alimentar e os comportamentos compensatórios inapropriados ocorrem, em
média, no mínimo uma vez por semana durante três meses. (A paciente apresenta o
comportamento 2 a 3 vezes por mês). D. A autoavaliação é indevidamente influenciada pela
forma e pelo peso corporal. E. A perturbação não ocorre exclusivamente durante episódios de
anorexia nervosa" (DSM, 2014, p. 345).
No caso da compulsão alimentar, a paciente não fecha critérios para Transtorno de
Compulsão Alimentar (presente nos casos de Borderline também) pois não apresenta somente
o ato de comer compulsivamente, ela come muito, sente medo de engordar, induz o vômito e
realiza esse comportamento de 2 a 3 vezes no mês, portanto pode se afirmar que a paciente
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apresenta Bulimia Nervosa.


Em relação ao diagnóstico diferencial, "a paciente não o atende aos critérios dos
seguintes transtornos: Anorexia nervosa, tipo compulsão alimentar purgativa, Transtorno de
compulsão alimentar, Síndrome de Kleine-Levin, Transtorno depressivo maior, com aspectos
atípicos. (DSM, 2014, p. 349).
Sobre o Transtorno da personalidade borderline: " o comportamento de compulsão
alimentar está incluso no critério de comportamento impulsivo que faz parte do transtorno da
personalidade borderline. Se os critérios para transtorno da personalidade borderline e bulimia
nervosa forem satisfeitos, então ambos os diagnósticos devem ser dados" (DSM, 2014, p.
349).

CONCLUSÃO

Conclui-se este laudo psicológico com considerações e análise da avaliação


psicológica de Alicia, devido a sua queixa de sentir ciúmes excessivo em seus
relacionamentos e outros fenômenos psicológicos que foram relatados pela paciente, que
possam explicar os atuais comportamentos em seu dia-a dia.
Considerando as informações levantadas e analisadas nos procedimentos realizados
nesta avaliação, identificou-se a Hipótese Diagnóstica de Transtorno de Personalidade
Borderline e Bulimia Nervosa, portanto sugere-se que a paciente seja encaminhada para
psicoterapia e acompanhamento psiquiátrico para o devido tratamento.
Este documento não poderá ser utilizado para fins diferentes do apontado no item de
identificação, que possui caráter sigiloso, que se trata de documento extrajudicial e que não se
responsabiliza pelo uso dado ao laudo por parte da pessoa, grupo ou instituição, após a sua
entrega em entrevista devolutiva.

Estrema, 18 de junho de 2022

____________________________
Natália de Cássia Morbidelli
RA 07891

REFERÊNCIAS
FIRST, Michael B. et al. Entrevista Clínica Estruturada Para os Transtornos do DSM-5 SCID-
5-CV Versão Clínica. Porto Alegre: Artmed, 2017.
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HUTZ, Claudio Simon et al. Psicodiagnóstico. Porto Alegre: Artmed, 2016.


Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais DSM-5. 5. ed. Porto Alegre : Artmed,
2014.
Nunes, C. H. S., Hutz, C. S., & Nunes, M. O. (2010). Bateria fatorial de personalidade -
manual técnico. Casa do Psicólogo: São Paulo.
Resolução Nº 009, de 25 de abril de 2018. Estabelece diretrizes para a realização de
Avaliação Psicológica no exercício profissional da psicóloga e do psicólogo, regulamenta o
Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos - SATEPSI e revoga as Resoluções n° 002/2003,
nº 006/2004 e n° 005/2012 e Notas Técnicas n° 01/2017 e 02/2017. Brasília, DF: Conselho
Federal de Psicologia.
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Psicodiagnóstico – 8º Período

LAUDO PSICOLÓGICO

IDENTIFICAÇÃO:

SOLICITANTE: Própria paciente de maneira espontânea


PACIENTE: Ana Luísa
IDADE: 25 anos
ESTADO CIVIL: Solteira
OCUPAÇÃO: Estudante e Estagiária
AUTORA: Maria Eni do Couto Viola – RA 10.913

FINALIDADE: Psicodiagnóstico para direcionamento interventivo.

DESCRIÇÃO DA DEMANDA
A paciente solicitou a realização da Avaliação Psicológica por sentir-se desconfortável
em situações sociais, e sensação de não ser tão bem-sucedida quanto deveria ser. Em acordo
com a Resolução 09/2018 do CFP, a presente avaliação psicológica, valeu-se de fontes
fundamentais e completares para sua realização.1

PROCEDIMENTO
O presente laudo é decorrente de uma Avaliação Psicológica com objetivo de realizar
um Psicodiagnóstico Nosológico para direcionamento interventivo. A Avaliação Psicológica
da paciente Ana Luísa aconteceu por meio de entrevista inicial, entrevista clínica e entrevista
devolutiva, além da utilização de instrumentos e técnicas psicológicas, realizados num total de
oitos sessões de cinquenta minutos cada, ocorridas durante os meses de abril e maio do ano de
dois mil e vinte dois. Os testes e técnicas utilizados foram: Entrevista Clínica Estruturada para
os Transtornos do DSM-5 (SCID-V)2, e o teste Bateria Fatorial de Personalidade (BFP)3.
A Entrevista Clínica Estruturada para os Transtornos do DSM (SCID-5) busca auxiliar
o profissional na investigação das principais categorias diagnósticas descritas no Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. É composta por módulos e atualmente está
em sua quinta edição (DSM-5). Estudos de confiabilidade realizados em 2001, apresentaram

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resultados psicométricos favoráveis para a versão traduzida e adaptada do instrumento para o


português4. A utilização da técnica justificou-se para garantir que todos os principais
diagnósticos do DSM-5 fossem sistematicamente avaliados, auxiliando assim, na decisão
referente ao direcionamento do tratamento.
A Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) é um instrumento psicológico de avaliação
da personalidade fundamentado no modelo conhecido como os ‘Cinco Grandes Fatores’, que
visam descrever e compreender a estrutura da personalidade do avaliado. Para tal, são
analisadas Escalas Fatoriais de Neuroticismo, Extroversão, Realização e Abertura, com o
objetivo de avaliar em suas facetas os traços de personalidade, tais como vulnerabilidade ao
sofrimento, passividade, instabilidade, nível de comunicação, dinamismo, assertividade,
competência, ponderação, extroversão, nível de comunicação, empenho, realização, busca por
novidade, entre outros. Sua aplicação objetivou identificar sintomas e desordens psicológicas
importantes no contexto clínico e no processo de avaliação, a fim de delinear as demandas de
tratamento.

ANÁLISE
Através da aplicação dos instrumentos acima citados, foi possível identificar que a
paciente, Ana Luísa, vem apresentando sintomas de desconforto e ansiedade em situações
sociais. Pôde-se ainda, constatar que tais perturbações causam sofrimentos clinicamente
significativos e prejuízo no seu funcionamento social e amoroso, além de outras áreas
importantes de sua vida.
A aplicação também permitiu analisar os diagnósticos diferenciais para a paciente. Em
acordo com DSM-5, pode-se descartar os seguintes diagnósticos:
1. Transtorno de Personalidade Esquizotípica: Hipótese diagnóstica descartada. Apesar de
alguns critérios serem atendidos não há manifesta falta de desejo de relacionamentos. (...)
Relacionamentos próximos são limitados tanto no transtorno de personalidade
esquizotípica como no transtorno de personalidade evitativa; neste último, porém, um
desejo ativo de relacionamentos é inibido por medo de rejeição, ao passo que no
transtorno de personalidade esquizotípica há falta de desejo de relacionamentos e
distanciamento persistente(...) (DSM-5 p. 658).
2. Mudança de personalidade devido a outra condição médica: Hipótese diagnóstica
descartada, condição não verificada.

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3. Transtornos por uso de substância: Hipótese diagnóstica descartada, uma vez que, os
sintomas não se desenvolveram por associação com o uso persistente de substâncias.
4. Problemas de identidade: Este é reservado para preocupações quanto à identidade relativas
a uma fase de desenvolvimento, não sendo qualificado como um transtorno mental.

CONCLUSÃO
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mentais (DSM-5),
especialmente no capítulo que trata dos Transtornos de Personalidade, os sintomas
apresentados pela paciente Ana Luísa preenchem os critérios necessários para o diagnóstico
de “Transtorno da Personalidade Evitativa”, que tem como principal característica padrão
difuso de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliação
negativa, presente em vários contextos e de Referido diagnóstico, no Código Internacional de
Doenças (CID), recebe a sigla F60.6.
A paciente também se encontra acometida pelo Transtorno de Ansiedade Social,
apresentando sintomas que causam sofrimentos clinicamente significativos e prejuízos em seu
funcionamento social e amoroso, não decorrente de outra condição médica ou por uso de
substâncias. Neste caso, o diagnóstico de Transtorno de Ansiedade Social pode ser
caracterizado como uma comorbidade relacionada ao seu diagnóstico final.
Diante das circunstâncias relatadas pela paciente Ana Luísa, e considerando que os
sintomas relatados levam-na a vivência de sofrimentos subjetivos, e considerando que os
mesmos estão comprometendo sua qualidade de vida pessoal apontando para a possibilidade
de complicações maiores, conclui-se que a paciente deverá ser encaminhada para atendimento
psicoterápico individual, sendo ainda recomendado atendimento psiquiátrico, objetivando
uma melhora imediata dos sintomas fisiológicos, psicológicos e emocionais apresentados. A
estratégia de enfrentamento selecionada a partir dos componentes cognitivo, comportamental
e fisiológico, permitirá que a paciente consiga amenizar os sintomas.

Hipótese Diagnóstica Final: Transtorno de Personalidade Evitativa (F60.6) e comorbidade,


Transtorno de Ansiedade Social (F40.10).
Extrema, 18 de junho de 2022.

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RA 10.913
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Psicodiagnóstico – 8º Período

REFERÊNCIAS
FIRST, Michael B. et al. Entrevista Clínica Estruturada Para os Transtornos do DSM-5 SCID-
5-CV Versão Clínica. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais DSM-5. 5. ed. Porto Alegre : Artmed,
2014.
Nunes, C. H. S., Hutz, C. S., & Nunes, M. O. (2010). Bateria fatorial de personalidade -
manual técnico. Casa do Psicólogo: São Paulo.
Resolução Nº 009, de 25 de abril de 2018. Estabelece diretrizes para a realização de
Avaliação Psicológica no exercício profissional da psicóloga e do psicólogo, regulamenta o
Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos - SATEPSI e revoga as Resoluções n° 002/2003,
nº 006/2004 e n° 005/2012 e Notas Técnicas n° 01/2017 e 02/2017. Brasília, DF: Conselho
Federal de Psicologia.
Psicologia 8º. Período – 2022/1
Psicodiagnóstico – 8º Período

LAUDO PSICOLÓGICO

IDENTIFICAÇÃO
SOLICITANTE: Próprio paciente de maneira espontânea
PACIENTE: Dirceu
IDADE: 53 anos
ESTADO CIVIL: casado
AUTORA: Tais Paula Lopes Araújo RA- 10807
FINALIDADE: Psicodiagnóstico para direcionamento interventivo.

DESCRIÇÃO DA DEMANDA
Paciente solicita avaliação psicodiagnóstica acerca de sua demanda, relata sentir
medo excessivo que o impede de dirigir, viajar de avião e de andar de elevador.. Em acordo
com a Resolução 09/2018 do CFP, a presente avaliação psicológica, valeu-se de fontes
fundamentais e completares para sua realização.5

PROCEDIMENTO
O presente laudo é decorrente de uma Avaliação Psicológica com objetivo de realizar
um Psicodiagnóstico Nosológico para direcionamento interventivo. A Avaliação Psicológica
do paciente Dirceu se deu por meio de um processo avaliativo que discorreu ao longo de 7
sessões com duração mínima de 50 minutos cada, durante o processo foi realizado anamnese,
entrevista clínica estruturada e devolutiva com detalhamento do processo realizado.
Foi utilizada a Entrevista Clínica Estruturada para os Transtornos do DSM-5 (SCID-
5-CV), se trata de um guia de entrevistas que auxilia o entendimento e realização dos
principais diagnósticos apontados pelo DSM-5, é recomendado que o uso desse instrumento
seja feito por um clínico ou profissional de saúde mental que possua conhecimento e seja
inteirado com os critérios diagnósticos do DSM-5, pode ser utilizada em pacientes
psiquiátricos ou de outras especialidades médicas. Recomenda-se a utilização em maiores de
18 anos, podendo ser adaptada em caso de necessitar a utilização em menores.
A linguagem e a cobertura diagnóstica fazem a SCID-5 ser mais adequada para o uso
com adultos (com idade de 18 anos ou mais); contudo, com uma ligeira modificação na
redação das perguntas, ela pode ser usada com adolescentes. (SCID-V, 2017).
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Psicodiagnóstico – 8º Período

ANÁLISE
Através da aplicação da Entrevista Estruturada, foi possível identificar que o paciente,
Dirceu, vem apresentando sintomas de medo que o impossibilita de executar tarefas de seu
cotidiano como dirigir, andar de avião ou subir de elevador, causando um cenário de
limitações no andamento de seu dia a dia.
A aplicação também permitiu analisar os diagnósticos diferenciais para o paciente. Em
acordo com DSM-5, pode-se descartar os seguintes diagnósticos:
Transtorno de Ansiedade Generalizada: Hipótese diagnóstica descartada. As
características essenciais do transtorno de ansiedade generalizada são ansiedade e
preocupação excessivas (expectativa apreensiva) acerca de diversos eventos ou atividades. A
intensidade, duração ou frequência da ansiedade e preocupação é desproporcional à
probabilidade real ou ao impacto do evento antecipado. O indivíduo tem dificuldade de
controlar a preocupação e de evitar que pensamentos preocupantes interfiram na atenção às
tarefas em questão. Os adultos com transtorno de ansiedade generalizada frequentemente se
preocupam com circunstâncias diárias da rotina de vida, como possíveis responsabilidades no
trabalho, saúde e finanças, a saúde dos membros da família, desgraças com seus filhos ou
questões menores (p. ex., realizar as tarefas domésticas ou se atrasar para compromissos).
(DSM-5 p. 223).
Agorafobia: indivíduos com agorafobia são apreensivos e ansiosos acerca de duas ou
mais das seguintes situações: usar transporte público; estar em espaços abertos; estar em
lugares fechados; ficar em uma fila ou estar no meio de uma multidão; ou estar fora de casa
sozinho em outras situações. O indivíduo teme essas situações devido aos pensamentos de que
pode ser difícil escapar ou de que pode não haver auxílio disponível caso desenvolva sintomas
do tipo pânico ou outros sintomas incapacitantes ou constrangedores. O paciente não preenche
todos os critérios para Agorafobia.
Transtornos de adaptação: diagnóstica descartada, nos transtornos de adaptação, o
estressor pode ser de qualquer gravidade ou tipo em vez dos exigidos pelo Critério A de
TEPT. O diagnóstico de um transtorno de adaptação é usado quando a resposta a um estressor
que satisfaz o Critério A de TEPT não satisfaz todos os outros critérios do transtorno (ou
critérios de outro transtorno mental). Um transtorno de adaptação também é diagnosticado
quando o padrão sintomático de TEPT ocorre em resposta a um estressor que não satisfaz o
Critério A de TEPT (p. ex., separação/abandono conjugal, demissão do trabalho). O paciente
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não atende todos os critérios acerca do Transtorno de Adaptação e passa a ser um diagnóstico
diferencial para Transtorno do Estresse Pós-traumático.

CONCLUSÃO
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mentais (DSM-5),
especialmente no capítulo que trata dos Transtornos Relacionados aos Trauma e Estressores,
os sintomas apresentados pelo paciente Dirceu preenchem os critérios necessários para o
diagnóstico de “Transtorno de Estresse pós-traumático”, que tem como principal característica
a evitação exagerada em determinada ação que revivi um evento traumático vivido, presente
em vários contextos e de Referido diagnóstico, no Código Internacional de Doenças (CID),
recebe a sigla F43.1.
O paciente também atende os critérios para Fobia Específica, os indivíduos com fobia
específica são apreensivos, ansiosos ou se esquivam de objetos ou situações circunscritos.
Medo ou ansiedade acentuados acerca de um objeto ou situação que pode ser identifica no
relato do paciente quando fala de seu medo de andar de avião ou subir de elevador.
Diante das circunstâncias relatadas pelo paciente Dirceu, e considerando que os
sintomas relatados levam-na a vivência de sofrimentos subjetivos, e considerando que os
mesmos estão comprometendo sua qualidade de vida pessoal apontando para a possibilidade
de complicações maiores, conclui-se que o paciente deverá ser encaminhada para atendimento
psicoterápico individual, sendo ainda recomendado atendimento psiquiátrico, objetivando
uma melhora imediata dos sintomas fisiológicos, psicológicos e emocionais apresentados. A
estratégia de enfrentamento selecionada a partir dos componentes cognitivo, comportamental
e fisiológico, permitirá que o paciente consiga amenizar os sintomas.
Hipótese Diagnóstica Final: Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT), CID-10
F43.1 e Fobia Social, CID-10 F40.1.

Extrema, 18 de junho de 2022

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Tais Paula Lopes Araújo
RA 10807

REFERÊNCIAS
Psicologia 8º. Período – 2022/1
Psicodiagnóstico – 8º Período

FIRST, Michael B. et al. Entrevista Clínica Estruturada Para os Transtornos do DSM-5 SCID-
5-CV Versão Clínica. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais DSM-5. 5. ed. Porto Alegre : Artmed,
2014.
Resolução Nº 009, de 25 de abril de 2018. Estabelece diretrizes para a realização de
Avaliação Psicológica no exercício profissional da psicóloga e do psicólogo, regulamenta o
Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos - SATEPSI e revoga as Resoluções n° 002/2003,
nº 006/2004 e n° 005/2012 e Notas Técnicas n° 01/2017 e 02/2017. Brasília, DF: Conselho
Federal de Psicologia.

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