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alimentar), e vice-versa. Por isso, a maior parte dos casos vem sendo diagnosticada como
transtorno alimentar não especificado. A pista para o fechamento do diagnóstico é o IMC
e a presença ou não de comportamentos compensatórios com o objetivo maior de não
engordar (DUCHESNE, 2011; MEYER, 2011). Estudos na área de TCC apontam que o
tratamento em grupo são mais eficazes do que os atendimentos individuais (Neulfeld e
col, 2016).
O objetivo principal da psicoterapia seja individual e a de grupo consiste
em conscientizar adequadamente de acordo com o perfil cognitivo (psicoeducar) a
paciente sobre a dinâmica cerebral do ciclo vicioso retroalimentado por três fases bem
demarcadas que obedece à seguinte ordem: hipofagia, hiperfagia e purgação.
A hipofagia é a primeira fase caracterizada por um longo período de jejum ou
inanição, servindo de gatilho neurológico para a segunda fase: hiperfagia, sendo a própria
compulsão; seguida da purgação, que é a terceira fase seja via oral, via excreção
(diuréticos e laxantes) ou excesso de atividade física (suor). De um modo específico,
aliado ao perfil cognitivo de cada paciente, é fundamental haver a psicoeducação sobre a
dinâmica de cada episódio bulímico que venha a ter durante o tratamento, levantando
evidências de sua retroalimentação, e informando sobre o risco de migrar por exemplo
para outros quadros de transtornos alimentares (BARRETO; FIGUEIRÓ; SOARES,
2006, p.121). Sendo assim,
DESENVOLVIMENTO.
de apoio, é agora patrocinado pela própria paciente, não raro, às escondidas, exigindo
toda uma logística que a mantem ocupada. Logo, a presença deste vazio pode ser até mais
desconfortável do que o abuso alimentar. Para que a paciente não tenha a sensação de
vazio ou de privação ou perda, parece prudente desde o início delinear as crenças sobre a
ideia de perda e privação, delineando também outras fontes de prazer que sejam
específicas da memória afetiva do paciente.
Deste modo, ajudar a elaborar empaticamente, através de um empirismo
colaborativo com a paciente, estratégias assertivas para novos emparelhamentos
comportamentais mais adaptativos, mais saudáveis neste lugar “habituado” por uma
rotina de excesso de comida, até que os novos comportamentos se tornem os hábitos de
um novo estilo de vida. Logo, o desafio do tratamento psicoterápico na fase da prevenção
de recaídas consiste em descobrir e relembrar os meios específicos de cada paciente para
que a autoestima seja nutrida semanalmente, em um nível mais funcional, mantendo a
automotivação vitalícia.
Neste contexto, a autoeficácia é o atalho oportuno, pois estando mais
autoconfiante, tenderá a estar menos vulnerável psicologicamente, atenuando a
frequência e a intensidade dos episódios de compulsão alimentar, até a completa extinção
deste comportamento. Se o objetivo é a psicoprofilaxia, não basta apenas cortar o
comportamento negativo, é preciso estimular a positividade na vida cotidiana da paciente.
Assim evitando a sensação de vazio.
Sentido da Vida
Realização
Positiva
Emoções
Positivas
Engajamento
Social
Relacionamentos
Humanos Virtuosos
Foco: Presente-Futuro.
Presente
Referência: Passado.
Neste sentido, para Sydney e Lopez (2009, p.168), pessoas com baixa
autoeficácia costumam estar concomitantemente com sintomas depressivos, além de
sintomas de ansiedade, sugerindo que manter estratégias que mantenham a autoeficácia
elevada seja essencial para superar transtornos e abusos alimentares. É importante frisar
mais uma vez que a paciente bulímica é egodistônica, pois uma característica é não aceitar
sua conduta, havendo um sofrimento psicológico intenso e agudo, que propicia sintomas
da depressão (visão negativa de si, do outro e do futuro) e ansiedade (crenças
catastróficas). Não se trata de uma simples vaidade juvenil, mas de algo muito mais
profundo: trata-se de uma identidade social.
Uma vez que a paciente vivencia mais emoções positivas, se torna, como
provam as pesquisas, mais propensa a flexibilizar crenças disfuncionais e a produzir
soluções (SYDNEY; LOPEZ, 2009, p. 126). A psicoeducação sobre as emoções tanto
negativas quanto as positivas, estudadas por Paul Ekman (2011) e por Fredrickson (2009)
serviram-me de base didática, e como estratégia biblioterápica, no intuito de identificar e
controlar as emoções.
de então, a paciente leva consigo o desafio de a cada ano, ou sempre que quiser, refazer
seu VIA sozinha.
De acordo com Seligman (2011, p.49): “1.8 milhões de pessoas já se
registraram no site e fizeram os testes. Entre quinhentas a 1.500 novas pessoas se
registram todos os dias”. O terceiro momento será então discorrer sobre uma listagem de
novos comportamentos mantenedores ou comportamentos profiláticos, aliado ao objetivo
prioritário da paciente.
interesse pelo bem-estar vem aumentando. Por isso, o tratado VIA Handbook (2004) é um
primeiro esforço científico para a padronização da linguagem técnica sobre as principais
qualidades humanas no campo da saúde mental. As qualidades humanas ou forças de
caráter são mensuráveis e podem ser aprendidas a partir de um processo de reeducação.
Logo, o bem-estar positivo pode ser aprendido, e se pode ser aprendido, também pode ser
ensinado (SELIGMAN, 2009, SELIGMAN, 2011, PORTELLA, 2014).
O desafio da fase da prevenção de recaídas passa a ser reforçar as estratégias de
sucesso aplicadas durante o tratamento, mas focando nas forças de caráter menos
treinadas, estando ciente das forças de caráter mais fortes, ou seja, mais treinadas. Desta
maneira, além de descobrir suas maiores forças, o desafio pode ser, melhorar as forças
menos treinadas que sejam pertinentes ao seu objetivo maior (SELIGMAN, 2011, p.51).
A partir da elaboração do VIA, a ênfase é a ação, em que são apresentadas uma
série de técnicas pragmáticas, com o intuito de estimular a predominância de
comportamentos virtuosos. Por exemplo: o diário de positividade, em que a paciente
registra todas as noites por uma semana, três ocorrências positivas vivenciadas durante o
dia (SELIGMAN, 2011; PORTELLA, 2013; PORTELLA, 2014; PORTELLA, 2015).
Após a aplicação de cada prática, Seligman (2011, p.51) sugere ao terapeuta faça
as seguintes considerações: “- Como você se sentiu antes, durante e depois de fazer a
atividade? A atividade foi desafiadora? Fácil? O tempo passou rápido? Você perdeu a
consciência de si mesmo? Pretende repetir o exercício?”; e complementa através da auto-
exposição, que:
Por fim, vale relembrar que a ausência de doença ainda não significa bem-
estar, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Para que haja realmente o bem-
estar, é necessário conhecer além de suas vulnerabilidades, as suas forças de carácter.
Assim sendo, a próxima etapa, de acordo com a Psicologia Positiva, é a da
potencialização das virtudes e consequentemente da qualidade de vida (PORTELLA,
2013).
Conclusão:
No caso em especial da BN, reforçar o bem-estar positivo é uma necessidade
essencial para a remissão total dos sintomas bulímicos. Logo, todo esforço para que a
autoestima se mantenha em um nível minimamente saudável é essencial para que
continue, após o término do tratamento, motivada a manter seus hábitos alimentares
funcionais e adaptativos. Por isso, a realização anual do Inventário das Virtudes (VIA) é
providencial. Pois assim terá “ferramentas cognitivas” para se manter mais saudável por
mais tempo, reforçando sua própria autoestima, ao focalizar seu bem-estar através da
autoconsciência plena de suas principais virtudes.
Desde modo, a tendência é haver uma manutenção mais duradoura dos
ganhos obtidos com o tratamento psicoterapêutico. A aplicação do Inventário das
Virtudes pode auxiliar na fase de prevenção de recaídas, fase final da terapia cognitivo-
comportamental.
Concomitantemente, é necessário alertar sobre o risco de hipervalorizar a
sensação de perda e de automenosprezo após uma recaída, por serem os principais
gatilhos para a auto-recompensa através da hiperfagia. Por outro lado, às vezes convém
aceitar as perdas. Há perdas que geram ganhos. Por exemplo, a perda de massa gorda
otimiza o ganho em qualidade de vida.
Diante do exposto, é importante que a equipe multidisciplinar, por meio de
uma postura empática, não necessariamente complacente, seja treinada para focar nos
pontos positivos de cada mudança na rotina alimentar de cada paciente, sem julgamentos,
mas com um acolhimento mais humanizado, componho o universo de instituições
positivas.
REFERÊNCIAS.
BECK, J. Pense Magro por toda a vida: Programa para perda permanente de peso com
orientação nutricional. Tradução: Maria Adriana Veríssimo Veronese, ArtMed: Porto
Alegre, 2011.
www.hipereficaz.com.br Razera, Rio, 2017.
Contato:
Me. Maria das Graças Razera
Psicóloga Positiva | UFRJ | 2000
CRP 08/09793
Consultoria Corporativa: hipereficaz.com.br
Atendimento Individual: psicologia-online-positiva.com.br