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Rio de Janeiro
2021
DEFINIÇÃO
Anorexia nervosa é um transtorno alimentar caracterizado por uma busca incessante pela
magreza e pelo medo extremo da obesidade. Esses dois fatores levam à adoção de
comportamentos ligados à redução de peso, o que resulta na obtenção e manutenção de peso
significativamente abaixo dos padrões de normalidade. A anorexia nervosa é considerada a
doença psiquiátrica com a mais alta taxa de mortalidade.
Nível de gravidade: “Leve: IMC ≥ 17 kg/m2; Moderada: IMC 16-16,99 kg/m2; Grave: IMC
15-15,99 kg/m2; Extrema: IMC < 15 kg/m” (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION,
2014)
DIAGNÓSTICO
O DSM-5 define três critérios diagnósticos para Anorexia Nervosa: restrição suficientemente
significativa da ingesta calórica para reduzir o peso corporal a um valor significativamente
baixo, medo intenso de ganhar peso ou de engordar e influência indevida do peso ou da
forma corporal na vida do paciente.
ETIOLOGIA
Impactos no cérebro:
A Anorexia Nervosa produz alguns efeitos no cérebro, dentre os quais pode-se citar a
diminuição do tamanho do cérebro, efeitos adversos nos centros de emoção e dificuldade para
pensar, passar de uma tarefa para outra e definir prioridades.
CASO CLÍNICO
Sandra (nome fictício) tem 49 anos e foi diagnosticada com Anorexia Nervosa do tipo
restritivo aos 33. Na infância e adolescência, teve diversos problemas familiares. Seu
relacionamento com o irmão mais novo era muito forte e importante para ela.
Quando Sandra tinha 33 anos, houve um rompimento na relação fraterna. Sentindo-se traída e
profundamente deprimida, ela passou a deixar de comer e a perder peso. Chegou a pesar 27
quilos e diz que queria fazer o irmão ver o que estava fazendo com ela.
Sandra foi internada 30 vezes em 16 anos e já passou por tentativas de suicídio. Por vezes,
não conseguia sequer andar, e mesmo assim não queria comer. Sempre que era internada, os
médicos diziam que ela precisava alcançar 35 quilos para receber alta. Esse número virou
uma obsessão. Sua meta era ter 35 quilos, pois aquilo significava que ela estava bem e não
precisava ser internada.
A desnutrição severa resultou, entre outras coisas, em: um quadro de osteoporose, uma
fratura do fêmur, problemas dentários, fraqueza e fadiga muscular, dificuldade de locomoção,
afasia, tontura e frequentes crises de cefaléia. Além disso, Sandra demonstrava pouca
capacidade de socialização e de executar um projeto de vida consistente e duradouro. Ela
tinha frequentes crises depressivas, nas quais se mostrava frustrada por não conseguir realizar
mudanças em sua vida e superar dificuldades cotidianas.
Nos primeiros meses de tratamento, ainda que lentamente, foi possível investigar o estado
emocional de Sandra. No sétimo mês, seus sintomas depressivos se intensificaram e houve
considerável regressão nas possibilidades terapêuticas. Sandra demonstrava profunda
desesperança; dizia que a anorexia era sua essência, que nunca conseguiria mudar, e que já
não aguentava aquela tristeza sem fim. Felizmente, ao fim do primeiro ano de tratamento, as
sessões já transcorriam de forma mais tranquila
Em 2011, apesar de Sandra estar mais receptiva à psicoterapia, exames revelaram que seu
caso tinha se agravado. Por isso, ela foi internada na unidade psiquiátrica de um hospital
universitário. Durante a internação, foram concedidas a ela altas no fim de semana, que se
estenderam gradativamente. Dar continuidade à psicoterapia, mesmo internada, mostrou-se
um processo de autoconhecimento para Sandra, favorecendo além de sua alimentação e
autocuidado, mas a internação e relações construídas ali também.
Passados três meses de internação, Sandra recebeu alta definitiva e continuou comparecendo
às sessões psicoterápicas. Seguiu-se um longo período permeado por uma série de atitudes
ambivalentes em sua vida. Não queria retroceder em seus hábitos alimentares, mas o ato de
comer ainda a deixava imensamente culpada; não queria ser constantemente supervisionada
pela mãe, mas a ideia de se afastar de casa ainda era muito ameaçadora.
Tratamentos
Por causa de sua etiologia multifatorial, a Anorexia Nervosa é uma doença de difícil
tratamento. De modo geral, o tratamento é sempre uma combinação dos seguintes métodos:
psicoeducação do paciente e de familiares, reeducação alimentar, uso de medicação, terapia
cognitivo-comportamental, psicoterapia individual e orientação e/ou terapia familiar.
Exemplos na mídia
● Vídeo: After anorexia: Life's too short to weigh your cornflakes | Catherine Pawley |
TEDxLeamingtonSpa
● Filme: O mínimo para Viver
● Vídeo: Anorexia e Bulimia
● Vídeo: Sintomas da anorexia nervosa | Dicas de Saúde
● Vídeo: losing control: Dancing with the Devil
● Vídeo: A Day in the Life of Anorexia Nervosa
REFERÊNCIAS
Dancing with The Devil. Produção de Demi Lovato. Youtube, 2021. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=uZmXF50Yx7I&list=PLy4Kg0J0TkearxiMrCsHih5xJztt
Ue8JC&index=3. Acesso em: 22 de maio de 2021.
EMILYPROGRAM. How eating disorders affect the neurobiology of the brain. Disponível
em:
https://www.emilyprogram.com/blog/how-eating-disorders-affect-the-neurobiology-of-the-br
ain/. Acesso em: 29 maio 2021.
O Mínimo para viver. Marti Noxon. Netflix, 2017. Trailer disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=aXS2taIXXQA. Acesso em: 20 de maio de 2021
RÁDIOS.EBC. Pacientes com anorexia têm taxa de sobrevida inferior aos de câncer de
mama. Disponível em: https://radios.ebc.com.br/revista-brasil/2017/07/anorexia. Acesso em:
29 maio 2021.