Terapeuta Cognitivo TRANSTORNOS ALIMENTARES Comportamental Mestre em Cognição e Linguagem Mediadora de Conflitos O SER HUMANO É O ÚNICO ANIMAL CAPAZ DE MODIFICAR SEU PRÓPRIO CORPO ATRAVÉS DA MENTE COMO VOCÊ APRENDEU A COMER? O QUE SUA FAMÍLIA COME? O QUE COMEM AS PESSOAS COM AS QUAIS VOCÊ CONVIVE? QUAL É SUA HISTÓRIA ALIMENTAR? Os transtornos alimentares são quadros caracterizados por aspectos como o medo mórbido de engordar, redução voluntária do consumo nutricional, ingestão maciça de alimentos seguida de vômitos e uso abusivo de laxantes e/ou diuréticos. São patologias graves e de prognóstico reservado (American Psychiatric Association, 2003), que trazem aos pacientes grandes prejuízos biopsicossociais e elevados índices de letalidade. Estudos mostram um aumento da incidência desses transtornos nas últimas duas décadas, principalmente entre adolescentes e adultos jovens do sexo feminino, com maior incidência entre os 13 e 20 anos de idade (cerca de 1% nessa população) (American Psychiatric Association). Além disso, a prevalência de indivíduos que não preenchem todos os critérios diagnósticos, mas que têm traços anoréxicos, bulímicos ou distúrbios não especificados é bem mais alta. São as chamadas síndromes parciais, e estão presentes em 5% a 10% da população. Estudos mostram um aumento da incidência desses transtornos nas últimas duas décadas, principalmente entre adolescentes e adultos jovens do sexo feminino, com maior incidência entre os 13 e 20 anos de idade (cerca de 1% nessa população) (American Psychiatric Association). Além disso, a prevalência de indivíduos que não preenchem todos os critérios diagnósticos, mas que têm traços anoréxicos, bulímicos ou distúrbios não especificados é bem mais alta. São as chamadas síndromes parciais, e estão presentes em 5% a 10% da população. A TCC é uma abordagem de intervenção semiestruturada, objetiva, que busca identificar e corrigir as condições que favorecem o desenvolvimento e manutenção das alterações cognitivas e comportamentais. Para este referencial, o sistema de crenças de um indivíduo exerce papel determinante em seus sentimentos e comportamentos. Um dos principais representantes do modelo cognitivo-comportamental para os transtornos alimentares é Fairburn (1991). Sua abordagem relaciona pensamento, emoção e comportamento manifesto, e o tratamento tem como objetivo fazer com que o paciente examine a validade de suas crenças no presente e mude comportamentos disfuncionais. Os processos cognitivos mais frequentes nestes quadros (abstração seletiva, supergeneralização, magnificação, pensamento dicotômico, personalização e pensamento supersticioso) são definidos e examinados cuidadosamente, a fim de modificar os pensamentos e pressupostos automáticos. Por exemplo, esses pacientes tendem a pensar em termos incondicionais e extremos (pensamento dicotômico). Assim, adotam regras dietéticas rígidas e inflexíveis, nas quais pequenos desvios são percebidos como evidência de fracasso e autocontrole pobre e podem ser seguidos de um abandono temporário do domínio sobre a alimentação. Não é raro que eles pensem: "se não estou completamente com o controle, isso significa que perdi todo o controle, que está tudo perdido e que posso então me fartar". Em geral, em vez de perceber que são as regras que estão distorcidas e considerar outras situações em que demonstram bom autocontrole, atribuem as falhas de autocontrole a deficiências pessoais, reforçando, então, a baixa autoestima. Essa panóplia de crenças é perpetuada por várias tendências disfuncionais de raciocínio. Uma das tendências frequentemente encontradas nos pacientes é a de atentar seletivamente para os subsídios que confirmam suas crenças, ignorando ou distorcendo as que se contrapõem a elas. Tal tendência é uma das responsáveis pela manutenção do sistema de crenças, pois os dados que poderiam questioná-las são desconsiderados. Esta situação pode ser agravada pelo fato de que, à medida que o transtorno alimentar se desenvolve, os pacientes podem se tornar progressivamente isolados do convívio social. Ademais, na TCC dos transtornos alimentares, as alterações na cognição - que levam a sentimentos de angústia e resultam em comportamentos disfuncionais - são consideradas essenciais para o tratamento. A perda de peso pode ser vista como alívio para a angústia e inquietação, e assim, obter uma tentativa de controle sobre os outros e sobre si mesmo (White & Freeman, 2003). Outro esquema central de raciocínio para o desenvolvimento e a manutenção dessas enfermidades é o que inflige valor pessoal ao peso e a forma corporal, ignorando outros parâmetros. A magreza para esses pacientes está associada ao autocontrole, competência e superioridade, tornando-se assim intrinsecamente associada à autoestima. Inicialmente, o comportamento de fazer dieta é aprovado pelas pessoas próximas e pela própria sociedade. Posteriormente, a experiência de exercer controle sobre o corpo e sobre a alimentação é positivamente reforçada por um sentimento de conquista, de sucesso e de controle, tornando-se um reforçador por si próprio. Alguns padrões de pensamento negativo comuns na mente de pessoas que estão buscando a perda de peso são os seguintes: “Eu tentei no passado e não funcionou.” “Perder peso é um processo difícil e tedioso.” “Meu corpo nasceu deste jeito e eu nunca vou conseguir emagrecer.” “Eu sempre ganho peso mais rápido do que eu perco, é uma batalha perdida.” “Eu não gosto de mim mesmo (outros pensamentos de ódio ou critica contra si mesmo).” “Vai demorar muito para eu perder todo esse peso extra.” Todos esses pensamentos estão em oposição a sua realidade desejada de perder peso e ter um corpo mais magro. Você pode perceber que todos esses pensamentos fazem você se sentir “mal” quando pensa neles, isso é porque eles estão se “opondo” à força de atração que foi gerada pelo seu desejo de manifestar uma realidade na qual você tem um corpo mais magro e em forma. Quando você acredita nesses pensamentos negativos você está, inconscientemente, opondo-se à lei da atração instigada pelo seu desejo de perda de peso. Se você deseja uma manifestação mais rápida da sua realidade desejada, você precisa abandonar a crença e o interesse nesses pensamentos negativos. “Toda vez que a mente vier com esses padrões de pensamentos negativos, não se permita ser puxado por eles. Pode ser um pouco difícil resistir, no começo, ao empurrão desses pensamentos negativos, mas em poucas semanas você deve desenvolver consciência o bastante para desviar o foco desses pensamentos. Uma vez que você sabe que dar atenção a esses pensamentos negativos impede você de alcançar a perda de peso, é muito mais fácil parar de acreditar neles.” “ A maravilha da comida é que ela não vai embora, não reage, nem tem uma opinião própria. A dificuldade em lidar com pessoas é que elas fazem tudo isso. A comida foi minha amante por 17 anos e não exigiu nada de mim. Isso era exatamente o que eu queria” – Descobrindo o prazer além da comida Preferimos perder peso a ficarmos perto de seres humanos. Preferimos cuidar de nossos corpos a amarmos e sermos amados. É mais seguro: sabemos de onde a dor vem, estamos no controle. Qual a semelhança entre comer e amar? “sinto que fui roubada. O meu maior sonho foi tirado de mim. Eu realmente achei que perder peso mudaria a minha vida, mas só o que mudou foi meu exterior. O interior ainda é o mesmo. Minha mãe está morta e meu pai batia em mim quando eu era criança. Ainda estou com raiva e solitária e agora não tenho mais nem as dietas para me motivar a seguir em frente. – Mulher que perdeu 35 kilos. Compulsão é desespero ao nível emocional. As substâncias, pessoas ou atividades pelas quais nos tornamos compulsivos são aquelas que acreditamos ser capazes de acabar com o nosso desespero. Nós não desejamos ser compulsivos. Isso acontece para conseguirmos sobreviver. Para evitar enlouquecer. Que bom para nós. O comportamento compulsivo, em essência, é a falta de amor-próprio, é a extensão de uma crença de não sermos bons o suficiente. Começamos a comer compulsivamente devido a razões que têm a ver com o tipo e a quantidade de amor que temos ou não temos em nossas vidas. Quando não somos amados, reconhecidos, compreendidos, tomamos medidas para nos adaptar às situações. Diminuímos as nossas expectativas. Paramos de nos perguntar do que precisamos. Paramos de mostrar o que nos machuca ou o que precisamos de consolo. Paramos de esperar a satisfação e começamos a contar com nós mesmos, apenas com nós mesmos para prover sustento, conforto e prazer, começamos a comer e comer. Compulsão é um estado de isolamento que inclui autocentrismo, invulnerabilidade, baixa autoestima, imprevisibilidade e medo de que, ao enfrentar a dor, ela nos destrua. Os transtornos alimentares (TA) são multideterminados e resultam da interação entre fatores:
biológicos culturais experiências pessoais.
A TCC ocupa-se da identificação e correção das condições que
favorecem o desenvolvimento e manutenção das alterações cognitivas e comportamentais que caracterizam os casos clínicos. ANOREXIA NERVOSA As estratégias sugeridas para o tratamento da AN objetivam a diminuição da restrição alimentar e da frequência de atividade física, facilitando o aumento do peso; a diminuição do distúrbio da imagem corporal; a modificação do sistema disfuncional de crenças associadas à aparência, peso e alimentação e o aumento da autoestima. DIETAS DE SITES PRÓ ANA Dieta Bündchen almoço:-1 file de peixe médio/-1 1º dia manhã:-2 crema cracker/-café gelatina light manhã:- café preto sem açúcar e sem adoçante almoço:-1 ovo cozido ou jantar:-limonada a vontade mexido(sem óleo e sem sal) almoço:- água a vontade 6º dia: jantar:-1 suco de beterraba(200 jantar:- limonada (200 ml) ml) manhã:-1/2 cream cracker/-café 2º dia 4º dia: almoço:-3 fatias de melão manhã:-1/2 cream cracker light manhã:-1/2 cream cracker/-café jantar:-suco de melão(200 ml) -café almoço:-1 maçã pequena/-1 7º dia: gelatina light almoço:-1bife grelhado de frango manhã:-1/2 cream cracker/-café médio jantar:-suco de melão(200 ml) almoço:-1 tangerina pequena/-1 jantar:-suco de beterraba com 5º dia: torrada cenoura(200 ml) manhã:-2 cream cracker/-café jantar:-limonada a vontade 3º dia: REGRAS: 1-Pode beber:água,chá,café,coca light vontade 2-Repita a 1 semana para que consiga perder 14 kg ate 18 kg 3- permitido ginástica 4- substitua alimentos,se gosta de algo, coma 5- permitido pular refeições,ou substituí-las por água gelada ou coca-light 6-Poder fazer uso de laxantes 7-Os líquidos permitidos não podem conter adoçantes nem açúcar 8-Se pese todos os dias na mesmo hora com roupas leves,o melhor é sem 9-Caso sinta fome tomar os líquidos permitidos 10-Importante:Ande sempre com uma maçã pequena na bolsa, não coma de jeito nenhum,só em caso de tonturas fortes quase desmaios 11-o melhor dia para se começar é domingo,nesse dia fique o maximo de tempo em casa 12-tenha sempre em mãos revistas de modelos magras,caso queira desistir da dieta,olhe para as fotos das modelos 13-Se houver algum imprevisto que saia da dieta,no dia seguinte beba somente água e café, coma nenhum outro alimento" ANOREXIA INFANTIL Anorexia infantil é um transtorno alimentar caracterizado pela recusa alimentar seguida ou não de vômitos, em crianças até os 12 anos de idade. Ela pode manifestar-se em crianças desde o primeiro ano de vida e tende a ser ainda mais forte quando os pais insistem para que a criança coma. Na maior parte das vezes, o que a criança quer é atenção e, ao consegui-la ao rejeitar os alimentos, ela tende a rejeitá-los sempre, de modo a conseguir sempre chamar a atenção. Para tratar a anorexia infantil é necessário uma atuação conjunta do pediatra e do psicólogo. O psicólogo será capaz de identificar a causa da anorexia e assim direcionar o tratamento. As causas da anorexia não são muito claras, mas envolve a parte emocional, comportamental e física, como, por exemplo: Crescimento dos dentes; Doenças; Irritabilidade; Ansiedade; Depressão; Ingestão de medicamentos; Má digestão; Medo de provar algo novo; Pressão da sociedade em ser magro. Entre os 12 e os 24 meses é normal que a criança passe a comer bem menos do que comia antes, sendo este um quadro normal chamado de anorexia fisiológica do segundo ano de vida. E para evitar que este quadro se prolongue por mais tempo, é necessário que os pais deixem a criança comer a quantidade de comida que ela quiser, na hora que ela quiser, não tornando a hora das refeições um "filme de terror". DIMINUIÇÃO DA RESTRIÇÃO ALIMENTAR A história de privação alimentar de um indivíduo pode ser significativa para o desenvolvimento de alterações persistentes do padrão alimentar, determinando também alterações de humor e cognição. A normalização da alimentação inicia-se pela discussão dos fatores que favorecem a manutenção da restrição dietética e por orientações acerca de alimentação e regulação de peso. O tratamento concentra-se no estabelecimento de horários regulares para alimentação e na exposição gradual aos alimentos e situações frequentemente evitadas. DIMINUIÇÃO DA FREQÜÊNCIA DE ATIVIDADE FÍSICA A suspensão da rotina de exercícios físicos extenuantes é gradualmente incentivada, em função do papel que exerce na manutenção dos comportamentos disfuncionais associados à AN. Assim, a paciente é orientada a envolver-se em situações que possam competir com a prática de exercícios, principalmente as atividades que permitem o desenvolvimento de relações interpessoais. ABORDAGEM DO DISTÚRBIO DA IMAGEM CORPORAL A TCC considera a abordagem do distúrbio de imagem corporal central para o tratamento da AN. O conceito de “imagem corporal” envolve três componentes: 1) a precisão da percepção do tamanho corporal; 2) o grau de ansiedade associada a aparência e 3) o comportamento de evitação de exposição corporal Para diminuir a distorção da percepção corporal pode-se solicitar à paciente que desenhe como percebe seu corpo, olhando-se em um espelho. Em seguida, o terapeuta desenha a silhueta real, para que a paciente possa observar a discrepância entre os desenhos. Essa medida pode reduzir a ansiedade associada à aparência e facilitar a exposição corporal, que é organizada de forma gradual, incentivando a paciente a usar roupas justas e curtas. Para maior redução da ansiedade, a paciente deve também modificar seu ideal de imagem corporal, aprendendo a lidar melhor com eventuais “imperfeições”. MODIFICAÇÃO DO SISTEMA DE CRENÇAS A TCC pressupõe que o sistema de crenças de um indivíduo exerce importante papel no desenvolvimento de seus sentimentos e comportamentos. Desta forma, as pacientes com TA apresentam crenças distorcidas e disfuncionais acerca de peso, formato corporal, alimentação e valor pessoal, que são significativas para a manutenção dos TA. Uma das crenças distorcidas centrais para os TA é a que equaciona valor pessoal ao peso e formato corporal, ignorando ou não valorizando outros parâmetros. Para pacientes com TA a magreza estaria associada à competência, superioridade e sucesso, tornando-se assim intrinsecamente associada à autoestima. O sistema distorcido de crenças pode perpetuar-se em decorrência de várias tendências disfuncionais de raciocínio. Uma das tendências freqüentemente encontradas é a de atentar seletivamente para as informações que confirmam suas crenças, ignorando ou distorcendo os dados que poderiam questioná-las. Para modificar o sistema de crenças a TCC utiliza diversas técnicas. Uma delas consiste em ensinar a paciente a identificar pensamentos que possam conter alguma distorção. Em seguida ela é incentivada a analisar todas as evidências disponíveis que possam confirmar ou refutar o pensamento distorcido, tornando-o mais funcional. Uma grande variedade de estratégias, como as descritas para o tratamento da imagem corporal, pode ser utilizada para facilitar a modificação das crenças. Por exemplo, o desenho da imagem corporal e a exposição gradual do corpo permitem que a paciente modifique suas crenças de que está gorda e de que será rejeitada em função disto. ABORDAGEM DA AUTO-ESTIMA A abordagem da autoestima envolve a redução das altas expectativas de desempenho das pacientes com AN, desenvolvendo padrões realistas de autoavaliação e incentivando-as a focalizar-se em seus sucessos e qualidades. É importante também desenvolver uma avaliação multifacetada de valor pessoal, fazendo sua autoestima apoiar-se em outros atributos além da aparência. Pacientes com AN apresentam frequentemente déficits de habilidades sociais, tais como: dificuldades para expressar pensamentos e sentimentos; iniciar, manter e encerrar conversação; fazer e recusar pedidos; responder a críticas; fazer e receber elogios e defender seus direitos. O desenvolvimento dessas habilidades favorece a modificação do comportamento da paciente nas relações interpessoais, o desenvolvimento de crenças de auto- eficácia e o aumento da autoestima. AVALIAÇÃO DE EFICÁCIA Em pacientes com AN, os programas de TCC têm resultado na diminuição da restrição alimentar com melhora das escolhas nutricionais e aumento de peso.14,16 Também tem sido relatada redução de pensamentos disfuncionais acerca de peso e alimentação, melhora do funcionamento sexual e do humor. A manutenção dos resultados parece ser menor do que na BN. Para aumentar a probabilidade de manutenção dos resultados devem ser utilizadas técnicas para prevenção da recaída, que consistem em paciente e terapeuta identificarem possíveis dificuldades futuras e planejarem estratégias adequadas para lidar com elas. BULIMIA NERVOSA As técnicas utilizadas no tratamento da bulimia nervosa (BN) objetivam a normalização do padrão alimentar e o desenvolvimento de estratégias para controle de episódios de compulsão alimentar (ECA) e dos comportamentos compensatórios. A TCC aborda também a auto-estima, a modificação da relação com a imagem corporal e a modificação do sistema de crenças disfuncionais. CONTROLE DOS EPISÓDIOS DE COMPULSÃO ALIMENTAR E DA INDUÇÃO DE VÔMITO Os ECA são favorecidos pela restrição alimentar e pelos demais mecanismos compensatórios usados para controlar o peso. Assim, a abordagem dos ECA inicia-se pela disposição de informações acerca da relação entre métodos compensatórios e a ocorrência dos episódios, das complicações clínicas e psicoló- gicas associadas aos comportamentos purgativos e de sua pouca eficiência na redução do peso corporal. A TCC ensina técnicas de autocontrole ao paciente para redução de ansiedade, tristeza e outros sentimentos considerados facilitadores de ECA e de indução de vômito. As estratégias podem ser utilizadas alternativamente para inibir estes comportamentos. O tratamento comportamental de exposição e prevenção de resposta é eventualmente utilizado e consiste em incentivar a paciente a expor-se gradualmente a diversas condições que favorecem a ocorrência de ECA e a indução de vômito. Por exemplo, a paciente deve ingerir alimentos que usualmente desencadeiam ECA ou indução de vômito e é incentivada a utilizar técnicas de autocontrole, previamente treinadas para evitar tais comportamentos, inicialmente com a ajuda do terapeuta. ELIMINAÇÃO DO USO DE LAXANTES E DIURÉTICOS A eliminação do uso de laxantes e diuréticos é realizada de forma gradual, uma vez que a alimentação tenha se tornado mais regular. É importante evidenciar para a paciente que o aumento de peso, que eventualmente ocorre nesta fase, deve-se à retenção hídrica e não ao aumento de gordura corporal. MODIFICAÇÃO DO SISTEMA DE CRENÇAS Para a TCC, entre os fatores que contribuem para a ocorrência de ECA está o pensamento “tudo ou nada”, que consiste em pensar em termos absolutos e extremos. Assim, pacientes com BN adotam regras dietéticas inflexíveis e pequenos lapsos na dieta favorecem o abandono total do controle sobre a alimentação. Em geral, em vez de reavaliar a adequação da rigidez das regras dietéticas utilizadas, avaliam os lapsos como resultantes de suas deficiências pessoais, reforçando sua baixa autoestima. Na BN, a modificação das crenças centrais, e dos pensamentos associados à alimentação, aparência e valor pessoal é realizada nos mesmos moldes que na AN. AVALIAÇÃO DE EFICÁCIA No tratamento da BN, a TCC tem sido apontada como uma psicoterapia eficaz na remissão ou diminuição da frequência de ECA dos comportamentos purgativos, da restrição alimentar e da preocupação com peso e formato corporal. A terapia tem auxiliado também na redução dos sintomas depressivos associados, na melhora da autoestima e do funcionamento social. A utilidade desta forma de intervenção tem sido enfatizada por superar os resultados alcançados com o uso de medicação isolada e pelo fato da associação de TCC à medicação aumentar a eficácia do tratamento farmacológico. Foi observada também uma boa manutenção dos resultados. TRANSTORNO DA COMPULSÃO ALIMENTAR PERIÓDICA O programa de TCC para o Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) foi desenvolvido a partir do modelo utilizado para a BN, tendo sido necessárias algumas adaptações às diferenças entre estas duas síndromes. Os objetivos terapêuticos no TCAP incluem o desenvolvimento de estratégias para controle de ECA, a modificação de hábitos alimentares, o desenvolvimento de estratégias para adesão a exercício físico e a redução gradual do peso, quando há obesidade associada. A TCC sugere, também para estes casos, a abordagem da autoestima, a redução da ansiedade associada à aparência e a modificação do sistema de crenças disfuncionais, realizada nos moldes já descritos para AN e BN. MODIFICAÇÃO DE HÁBITOS ALIMENTARES Uma vez que uma dieta muito restritiva está contraindicada, a redução de peso no TCAP é obtida através de modificações graduais de hábitos alimentares. São fornecidas informações sobre nutrição para ajudar a paciente a fazer escolhas adequadas de alimentos, com flexibilidade para evitar o pensamento “tudo ou nada”. São também implementadas estratégias para controle de estímulos, que consistem na diminuição da exposição da paciente às condições que facilitam alimentação inadequada como, por exemplo, diminuir a exposição a alimentos que devem ser ingeridos em baixa frequência. AUMENTO DA ATIVIDADE FÍSICA Estratégias para adesão à atividade física incluem o estabelecimento de modalidades de exercício que sejam reforçadoras. O programa de atividade física deve ser flexível, podendo-se incluir uma combinação de exercícios diferentes e, para alguns pacientes, a associação de outras pessoas no programa. É importante também avaliar situações que poderiam dificultar a execução do exercício e planejar antecipadamente possíveis soluções. ABORDAGEM DA AUTO-ESTIMA No TCAP há grande atenção aos estereótipos sociais associados à obesidade e excessiva atenção ao formato corporal, acompanhada de sentimentos de vergonha e inferioridade. Alguns pacientes foram ridicularizados em decorrência da obesidade e a abordagem da autoestima deve abranger este aspecto, além dos já descritos para os demais TA. Além disso, a paciente deve manter expectativas realistas com relação à meta de peso, modificando as crenças relacionadas a peso e formato corporal e alcançando um equilíbrio entre auto-aceitação e mudança. AVALIAÇÃO DE EFICÁCIA A eficácia da TCC no TCAP foi menos estudada do que na BN. Encontramos relatos de redução da frequência dos ECA, sem que venha acompanhada de uma redução significativa do peso corporal. A necessidade de associação de estratégias que sejam dirigidas diretamente a redução do peso corporal já foi ressaltada e sua utilização em geral obtém bons resultados a curto-prazo, com dificuldades para manutenção a longo prazo. A adição de medicamentos pode reduzir a frequência dos ECA e a perda de peso no curto prazo. Assim, a combinação entre TCC e medicamentos parece representar um campo promissor de pesquisa. CONCLUSÃO Alguns autores sistematizaram as estratégias utilizadas pela TCC no tratamento dos TA, desenvolvendo manuais padronizados que facilitam as pesquisas de eficácia. Os estudos comparando TCC a outros tipos de terapia evidenciam maior eficácia da TCC em relação à terapia de apoio e resultados similares aos obtidos por terapia interpessoal. A TCC considera a relação terapêutica fundamental para a obtenção da melhora dos TA. O terapeuta mantém uma atitude empática em relação às dificuldades e necessidades da paciente e apresenta a terapia como um trabalho em equipe, no qual ambos terão uma participação ativa na detecção de causas das dificuldades e na seleção das estratégias utilizadas no tratamento. O tratamento dos TA é realizado em equipe multidisciplinar, sendo necessária a associação de psicólogos a outros profissionais, tais como: nutricionistas, médicos clínicos e psiquiatras. O envolvimento da família no tratamento pode ajudar a criar uma estrutura de colaboração, facilitando mudanças.