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Neurônios, sinapses e dor

Prof. Erika Costa Barreto


Terapeuta Cognitivo Comportamental
Mestre em Cognição e Linguagem
Mediadora de Conflitos
Os neurônios podem ser classificados em quatro tipos básicos, levando
em consideração sua forma:
- Neurônios multipolares - Possuem mais de dois prolongamentos
celulares. A maioria dos neurônios de nosso corpo é classificada como
esse tipo.
- Neurônios bipolares - Possuem apenas um dendrito e um axônio.
- Neurônios pseudounipolares - Apresentam apenas um prolongamento
que parte do corpo celular, dividindo-se, posteriormente, em dois. Um
dos ramos assume o papel de dendrito e o outro de axônio.
- Neurônios unipolares - Possuem apenas um axônio.
Quando levamos em consideração a sua função, os neurônios podem
ser divididos em:
- Sensitivos ou aferentes – Recebem os estímulos produzidos fora do
corpo e internamente.
- Motores ou eferentes – Conduzem o impulso nervoso para glândulas,
músculos lisos e estriados.
- Interneurônios – São aqueles que conectam um neurônio a outro,
sendo encontrados no SNC.
SINAPSES
Os neurônios, principalmente através das suas terminações axônicas
entram em contato com outros neurônios, passando-lhes informações.
Os locais de tais contatos são denominados sinopses, ou, mais
precisamente, sinapses interneuronais. No sistema nervoso periférico,
terminações axônicas podem relacionar-se também com células não
neuronals ou efetuadoras, como células musculares (esqueléticas,
cardíacas ou lisas) e células secretoras (em glândulas salivares, por
exemplo), controlando suas funções. Os termos sinapses
neuroefetuadoras e junções neuroefetuadoras são usados para
denominar tais contatos.
Quanto à morfologia e ao modo de funcionamento, reconhecem-se
dois tipos de sinapses: sinapses elétricas e sinapses químicas.
Sinapse elétrica
• As sinapses elétricas fazem a propagação elétrica entre as células
através de canais que interligam as mesmas, com um retardo nulo na
transmissão. Fisiologicamente, essas sinapses atuam na atividade
sincronizada de grupos de neurônios, células musculares lisas ou
cardíacas. Esses canais têm uma condutância que varia de acordo com o
tipo de proteína constitutiva, por onde passam solutos de baixo peso
molecular que irão levar os sinais de uma célula à outra.
• Os canais são formados por conexinas, proteínas de 4 alças
transmembrânicas, com as terminações N e C no citosol; sendo que seis
destas conexinas formam um conexon. São os conexons destas células
vizinhas que, ao se unirem, formam estes canais de transmissão.
O citosol, citossol, hialoplasma, citoplasma fundamental ou matriz citoplasmática, é o líquido que preenche o
interior do citoplasma, espaço entre a membrana plasmática e outras partes da célula como a  matriz
mitocondrial do interior da mitocondria.
Modulados por variações químicas cuja elevação nas
concentrações de Ca (cálcio) e H (hidrogênio) reduzem a
probabilidade de abertura, estes canais podem ainda serem
controlados pela voltagem das células, o que torna a conexão
unidirecional.
Por terem este contato íntimo entre as células através de
junções abertas, a sinapse elétrica permite o fluxo livre de
íons em uma transmissão muito mais rápida do que a que
ocorre na sinapse química, além de não poder ser bloqueada.
O retardo nulo, uma bidirecionalidade, efeito excitatório e uma curta
duração fazem com que uma sinapse elétrica transmita o impulso
nervoso de uma célula à outra quase que instantaneamente. Enquanto
que nas sinapses químicas, esse impulso terá de atingir as extremidades
do axônio da célula pré-sináptica, para então ocorrer a liberação de
substâncias químicas nos espaços sinápticos, e assim os
neurotransmissores se combinem com receptores presentes na
membrana das células pós-sinápticas para então transmitir o impulso
nervoso.
As sinapses elétricas ocorrem em músculos lisos e cardíacos, onde a
contração ocorre por um todo e em todos os sentidos.
O PROCESSO DA DOR
Primeiramente, temos que pensar na dor como
um processo fisiológico, afinal, o intuito é avisar
quando o seu corpo está sendo agredido por um
agente nocivo. Se o fogo não doesse, você não
sacudiria a mão quando a chama do palito de
fósforo chega aos seus dedos e, provavelmente,
ficaria sem eles. 
Vendo de uma forma integral, para classificar
ou tentar quantificar a dor, é necessário
avaliar o aspecto físico, mental e emocional
do indivíduo, pois o meio influi mesmo. Já viu
aqueles casos que você se machuca
gravemente, mas está tão concentrado em
outra coisa que nem nota? Pois é.
Então, físicamente, tudo se inicia com um estímulo nocivo
(fogo, agulha, caco de vidro, 12 tiros), que é capaz de ativar os
neurônios sensoriais aferentes primários (nociceptores
(receptores sensíveis a dor), enviando o sinal (onda de
despolarização) do axônio até o cérebro, muitas vezes
passando pelo corno dorsal da medula espinhal. Os receptores
específicos para a dor estão localizados nas terminações das
fibras nervosas A e C (classificadas em subtipos A1, A2, C1 e
C2), que quando ativadas sofrem alterações na membrana
permitindo a liberação de potenciais de ação.
As fibras A (mielinizadas) são responsáveis pela transmissão rápida da
dor, e as fibras C (não mielinizadas) pela transmissão lenta. Esses
nociceptores, são capazes de traduzir estímulos químicos, térmicos e
mecânicos em sinais elétricos que são traduzidos como dor pelo córtex
cerebral.
 
Muita coisa ainda é obscura nesses mecanismos, existem diversos
receptores e substâncias capazes de ativar os nociceptores, uma bem
conhecida é a capsaicina, substância presente na pimenta.
O interessante, é que cada fibra nervosa é responsável por transmitir determinados
estímulos, algo meio especializado.
 
Fibras A1 -- Respondem a temperaturas em torno de 52ºC, são insensíveis a capsaicina e
possuem resposta mediada pelos receptores VRL-1.
 
Fibras A2 -- São sensíveis a temperaturas em torno de 43ºC, a capsaicina e ativam, via
receptores VR1, canais catiônicos não-seletivos permeáveis ao cálcio.
 
Fibras C1 -- Contêm substância P e CGRP e expressam receptores tirosina cinase A, para o
fator de crescimento nervoso. São responsivas a capsaicina e a prótons.
 
Fibras C2 -- Expressam receptores purinérgicos P2X3 para adenosina e um grupo de
carboidratos de superfície, a α-D-galactose, capaz de se ligar a lecitina IB-4, sensíveis
seletivamente a prótons.
As substâncias capazes de sensibilizar os nociceptores,
são chamadas algiogênicas. Alguns exemplos são:
acetilcolina, bradicinina, histamina, serotonina,
leucotrienos, substância P, fator de ativação
plaquetário, radicais ácidos, íons potássio,
prostaglandinas, tromboxana, interleucinas, fator de
necrose tumoral (TNF-α), fator de crescimento nervoso
(NGF) e monofosfato cíclico de 
adenosina (AMPc).
Tipos de dor
1. Dor nociceptiva – É causada por um estímulo direto dos
nociceptores, que podem ser: mecânico (beliscão da vovó), térmico
(ponta de cigarro) ou químico (formigas vermelhas), etc.
2. Dor neuropática – Causada por alguma lesão em um nervo que
ocasiona contínuo envio de sinal doloroso. Pode não ter causa
conhecida (idiopática), mas é mais comum em certos processos, como
diabetes, herpes-zóster, dor do membro fantasma (situação onde a
pessoa não tem mais um membro, mas ele continua doendo). Pelo seu
grande papel na dor crônica, representa um desafio para a pesquisa
clínica, que necessita desenvolver fármacos mais eficazes. 
3. Dor  inflamatória – (É a que eu mais gosto (para fins de pesquisa, é
claro) Ocasionada por uma gama de processos patológicos, desde uma
simples acne, até inflamações crônicas como artrite reumatóide. Tem
seu início com a cascata bioquímica da inflamação que dá origem a
dezenas de substâncias capazes de influenciar o comportamento dos
nociceptores, desde sua ativação direta, até a redução do limiar (limite)
de ativação.
Existem alguns termos que descrevem
situações dolorosas específicas:
Hiperalgesia: Baixo limiar de dor. É uma situação onde a pessoa tem
uma resposta dolorosa exacerbada a um estímulo menor. Sente mais
dor do que deveria. Tipo, já viu aquelas pessoas que fazem um
escândalo quando furam o dedo (muito comum em emos). Um furo de
agulha dói, mas não é pra tanto. Pode acontecer se o indivíduo estiver
exposto a um segundo estímulo doloroso, se o local da furada da
agulha estava inflamado (prostaglandinas reduzem o limiar de
excitabilidade dos nociceptores), nesse caso teria até motivos pra
escândalo, mas não muito. 
Hipoalgia: Alto limiar de dor. É ao contrário, existem pessoas
que simplesmente tem uma resistência maior a estímulos
nocivos. Os orientais das artes marciais (loucos de pedra),
costumam conseguir isso com meditação e treinamento.
Quebram pedras com a cabeça, golpeiam tábuas de madeira
maciça e não sentem nada (ou fingem). Os militares
costumam ter treinamento contra a tortura, se convencem
que não dói, algo mais mental do que físico. É uma situação
em que existe dor sim, mas o limite do indivíduo é bem maior. 
Alodínia: Dor sem motivo. Nesse caso a pessoa sente
dor com atos que normalmente não provocaria
estímulo doloroso. Tipo comer, dormir, andar, tomar
banho (cascão). Imagina você sentir dor toda vez que
for abraçar o seu namorado. 
Síndrome Riley-Day: Insensibilidade à dor. Apesar de eu achar essa a
mais maneira, imagina você não sentir dor nenhuma, nunca. Pode
apanhar, ser queimado, perfurado, levar tiro, dizimado, destruído ou
suicidado, nunca vai doer. Entretanto, é também a mais perigosa,
geralmente você não duraria muito tempo, e se durasse, teria grande
chance de ficar incapacitado por ferimentos graves que poderiam ser
facilmente evitados se você sentisse dor. Causada por uma mutação em
um gene encarregado da síntese de um tipo de canal de sódio que se
encontra principalmente em neurônios encarregados de receber e
transmitir o estímulo doloroso. A pessoa parece perfeitinha, sente frio,
calor, cosquinha, pressão, mas dor mesmo… nenhuma.
Nocicepção: Esse é o termo correto a ser utilizado,
quando falamos de estímulos dolorosos em animais. Já
que não é possível ainda, classificar o aspecto
emocional da criatura. 
• Nos neurônios bipolares (Fig. 1.6 B), dois prolongamentos deixam o corpo
celular, um dendrito e um axônio. Entre eles estão os neurônios bipolares
da retina e do gânglio espiral do ouvido interno. Nos neurônios pseudo-
unipolares (Fig. 1.6 C), cujos corpos celulares se localizam nos gânglios
sensitivos, apenas um prolongamento deixa o corpo celular, logo
dividindo-se, à maneira de um T, em dois ramos, um periférico e outro
central. O primeiro dirige-se à periferia, onde forma terminação nervosa
sensitiva; o segundo dirige-se ao sistema nervoso central, onde estabelece
contatos com outros neurônios. As terminações nervosas sensitivas (serão
estudadas no Capítulo 11 B) são especializadas em transformar estímulos
físicos ou químicos em potenciais elétricos graduáveis

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