Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Objetivos
1. Qual a definição de dor? X
2. Quais as classificações da dor? (Cronologia, intensidade, tipos) X
3. Quais são os receptores, neurotransmissores, vias e fibras da dor? O que os estimulam? (vias de transmissão
e porção de interpretação no cérebro) X
4. Anatomia envolvida na dor: onde está o corpo celular do 1º neurônio? Como é a divisão da medula (cornos,
substância branca e substância cinzenta)? O que é o trato de Lissauer? X
5. Qual a definição de arco reflexo? X
6. O que é limiar de dor, o que o influencia e quais as diferenças entre as pessoas (sexo, idade, etnia)?
7. O que modula a dor?
8. Qual é o mecanismo de ação e os efeitos colaterais do paracetamol?
Definição de dor de acordo com Kandel (5a ed) e Neto (2009) - Merskey (1994) e IASP: experiência sensorial e
emocional desagradável associada a dano tecidual real ou potencial.
Tem percepção subjetiva e função protetora, com componentes afetivos e emocionais importantes para sua
modulação.
Receptores: são terminações nervosas livres, também chamadas de nociceptores, de natureza não-adaptativa ao
estímulo, localizadas na pele, periósteo, parede arterial, superfície das articulações e foice e o tentório da abóbada
craniana (Guyton 12a ed). As víceras também são esparsamente supridas com nociceptores. Quadro baseado no
texto do Kandel (5a ed.)
Via Paleoespinotalâmica para a Transmissão da Dor Crônica Lenta. A via paleoespinotalâmica é sistema muito mais
antigo e transmite dor principalmente por fibras periféricas crônicas lentas do tipo C, apesar de transmitir alguns
sinais das fibras do tipo Aδ também. Nessa via, as fibras periféricas terminam na medula espinhal quase inteiramente
nas lâminas II e III dos cornos dorsais, que, em conjunto, são referidas como substância gelatinosa, pelas fibras da raiz
dorsal do tipo C mais laterais. Em seguida, a maior parte dos sinais passa por um ou mais neurônios de fibra curta,
dentro dos cornos dorsais propriamente ditos, antes de entrar principalmente na lâmina V, também no corno dorsal.
Aí, os últimos neurônios da série dão origem a axônios longos que se unem, em sua maioria, às fibras da via de dor
rápida, passando primeiro pela comissura anterior para o lado oposto da medula e depois para cima, em direção do
encéfalo, pela via anterolateral.
A via paleoespinotalâmica crônica lenta termina de modo difuso no tronco cerebral. Somente entre um décimo e um
quarto das fibras ascende até o tálamo. A maioria das fibras termina em uma dentre três áreas: (1) nos núcleos
reticulares do bulbo, da ponte e do mesencéfalo; (2) na área tectal do mesencéfalo profundamente até os colículos
superior e inferior; ou (3) na região cinzenta periaquedutal, que circunda o aqueduto de Sylvius. Essas regiões basais
do encéfalo parecem ser importantes para o tipo de sofrimento da dor pois animais cujos cérebros foram seccionados
acima do mesencéfalo, para bloquear os sinais de dor que chegam ao cérebro, ainda demonstram evidências
inegáveis de sofrimento quando qualquer parte do corpo é traumatizada. De áreas do tronco cerebral, vários
neurônios de fibras curtas transmitem sinais ascendentes da dor pelos núcleos intralaminar e ventrolateral do tálamo
e em direção de certas regiões do hipotálamo e outras regiões basais do encéfalo.
A localização da dor transmitida pela via paleoespinotalâmica é imprecisa. Por exemplo, a dor crônica lenta em geral
só pode ser localizada em uma parte principal do corpo, como no braço ou na perna mas, não em ponto específico do
braço ou da perna. Isso se deve à conectividade multissináptica difusa dessa via. Isso explica porque os pacientes, em
geral, têm sérias dificuldades de localizar a fonte de alguns tipos de dor crônica.
Pesquisas sugerem que os terminais de fibras para dor do tipo C que entram na medula espinhal liberam tanto o
neurotransmissor glutamato como a substância P. O glutamato atua instantaneamente e persiste apenas por alguns
milissegundos. A substância P é liberada muito mais lentamente, com sua concentração aumentando em período de
segundos ou mesmo minutos. De fato, foi sugerido que a sensação "dupla" de dor, sentida após agulhada, resulte
parcialmente do fato do neurotransmissor glutamato gerar sensação de dor rápida, enquanto o neurotransmissor
substância P gera sensação mais duradoura. A despeito de detalhes ainda não conhecidos, parece claro que o
glutamato é o neurotransmissor mais envolvido na transmissão da dor rápida para o sistema nervoso central, e a
substância P está relacionada à dor crônica lenta.
Via paleoespinotalâmica
É constituída de uma cadeia de neurônios em número maior que os da via neoespino-talâmica.
Neurônios I — localizam-se nos gânglios espinhais, penetram na medulado mesmo modo que os da via estudada
anteriormente.
Neurônios II — situam-se na coluna posterior, principalmente na lâmina V de Rexed. Seus axônios dirigem-se ao
funículo lateral do mesmo lado e do lado oposto, inflectem-se cranialmente para constituir o tracto espino-reticular.
Este sobe na medula junto ao tracto espinotalâmico lateral e termina fazendo sinapse com os neurônios III em vários
níveis da formação reticular.
Neurônios III — os neurônios III localizam-se na formação reticular e dão origem às fibras reticulo-talâmicas que
terminam nos núcleos intralaminares do tálamo (neurônios IV). Entretanto, o mais provável é que o número de
neurônios reticulares envolvidos nessa via seja maior e que os impulsos nervosos cheguem aos núcleos
intralaminares do tálamo após várias sinapses na formação reticular. Os núcleos, intralaminares, projetam-se para
territórios muito amplos do córtex cerebral. É provável, entretanto, que essas projeções estejam mais relacionadas
com a ativação cortical do que com a sensação de dor, uma vez que estas se tornam conscientes já em nível talâmico.
Ao contrário da via neoespino-talâmica, a via paleoespino-talâmica não tem organização somatotópica. Assim, ela é
responsável por um tipo de dor pouco localizada, dor profunda do tipo crônico, correspondendo à chamada dor em
queimação, ao contrário da via neoespino-talâmica, que veicula dores localizadas do tipo dor em pontada.
Trato de Lissauer ou Fascículo Dorsolateral: fibras de pequeno diâmetro que transportam as sensações que cursam
em direção superior por um ou dois segmentos (no caso das fibas que originarão o trato Espinotalâmico lateral) ou
vários segmentos (no caso das fibras que originarão o trato Espinotalâmico anterior) na periferia da ponta cinzenta
dorsal. As extensões ascendentes de fibras aferentes formam o fascículo dorsolateral ou trato de Lissauer.
SAERJ: Antes de penetrarem na substância cinzenta, as fibras que entram através do corno dorsal ascendem e
descendem alguns segmentos (cerca de 3), formando o trato de Lissauer, que parece desempenhar importante papel
em algumas formas de dor onde fibras autonômicas estão envolvidas. Uma vez integrado nesse sistema medular, o
impulso nociceptivo caminha por feixes ascendentes.
A substância cinzenta é assim chamada porque mostra essa coloração quando observada macroscopicamente. É
formada principalmente por corpos celulares dos neurônios e células da glia, contendo também prolongamentos de
neurônios. A substância branca não contém corpos celulares de neurônios, sendo constituída por prolongamentos de
neurônios e por células da glia.
Classificação da Dor
A dor é uma experiência sensorial multidimensional, intrinsecamente associada a desconforto e sofrimento, podendo
variar em intensidade (leve, moderada, severa), características (puntiforme, queimação, surda), duração (transitória,
intermitente, persistente ou aguda e crônica) e localização (superficial ou profunda, localizada ou difusa).
Pode ainda ser classificada pelo seu processo fisiopatológico em: nociceptiva, inflamatória, neuropática e funcional.
Cronologicamente (Neto)
Dor Aguda: A dor aguda tem sido definida como "a resposta fisiológica normal e previsível aos estímulos térmicos,
químicos ou mecânicos adversos, caracterizada por curta duração e reversão total do fenômeno com a interrupção
do estímulo". Manifesta-se transitoriamente durante um período relativamente curto, de minutos a algumas
semanas, associada a lesões em tecidos ou órgãos, ocasionadas por inflamação, infecção, traumatismo ou outras
causas.
Dor Crônica: a dor crônica não representa somente um sintoma, mas caracteriza-se por um estado patológico bem
definido, isto é, um a disfunção do sistema somatossensorial, que persiste além da solução do processo etiológico da
mesma. Atualmente, a dor crônica é considerada um a entidade patológica do sistema somatossensorial; por
conseguinte, a dor crônica é, por si só, uma doença.
A cronicidade da dor pode ser definida pela sua duração, que comumente perdura por um período superior a seus
semanas, sendo o marco temporal divisório entre o fenômeno agudo e o crônico, considerado como a persistência da
sintomatologia além de três meses. Essa diferência não é somente semântica, pois a dor que ultrapassa esse período
pode significar um sintoma prondrômico de situações patológicas graves.
Dor nociceptiva: (resumindo SAERJ) resulta de afecções somáticas e viscerais e indica o funcionamento normal do
dispositivo somestésico solicitado por estímulos anormais (por excesso de nocicepção). É portanto, uma hiper-
estimulação por irritação nervosa. (Neto) Tipo adaptativo. É a dor que apresenta a característica de transitoriedade
na resposta aos estímulos nociceptivos bem definidos, como a dor pós-operatória, a da queimadura, entre outras. Ela
é tipicamente descrita como bem localizada (envolve todas as áreas somatossensoriais corticais S1 e S2). Os estímulos
nocivos modificam a atividade dos receptores periféricos, causando a sensibilização periférica que leva a ativação do
sistema somatossensorial, que volta a funcionar normalmente quando o estímulo nocivo desaparece.
Dor inflamatória (Neto): transição do tipo adaptativo para o não adaptativo. É uma dor caracterizada como
espontânea e/ou pela presença de hipersensibilidade ao estímulo nociceptivo, associada a lesão tecidual
acompanhada de reação inflamatória. Substâncias liberadas no processo inflamatório ativam os nociceptores, com
condução nociceptiva. A depender da intensidade ou do tempo de estímulo, pode ocorrer alterações no
funcionamento do sistema somatossensorial periférico e central, com possibilidade de hiperalgesia (transição de dor
aguda para a crônica). As substâncias da inflamação facilitam a despolarização da membrana por mais tempo do que
o estímulo somatossensorial, gerando a hiperalgesia ou alodinia.
Dor neuropática (Neto): não adaptativa. É a dor do tipo patológica e espontânea acompanhada de hipersensibilidade
após estimulação não-nociceptiva, sendo resultante da lesão tecidual com predominante componente neuronal
(neuropático). Pode ser secundária de lesões no SNP ou consequência do comprometimento do SNC.
cia P.