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IASP: “Dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a lesões reais ou potenciais
ou relatada como se uma lesão existisse.”
A última parte da descrição se refere a alterações sutis do SNC, como distúrbios bioquímicos ou psíquicos.
Serve como mecanismo básico de defesa:
1. Porque a dor surge antes que ocorra uma lesão grave e provoca um afastamento do objeto que gerou
estímulo;
2. Serve como base para se aprender a evitar situações que possam gerar danos;
3. Dor causada por lesões de articulações, infecções abdominais etc., impõe limites na atividade ou
provoca a inatividade ou repouso, essenciais para a recuperação natural do organismo.
Há dores que não servem a nenhum proposito útil . P. ex. Dor do Membro Fantasma, que se torna crônica,
deixando de ser um sintoma e passando a ser uma síndrome clínica requerendo atenção especial. Dores
crônicas podem ser intensas ao ponto de induzirem suicídio em pacientes.
O oposto da dor (falta de sensibilidade) também acontece, e através disso pode-se perceber o valor da
dor.
Também possui um significado social de valores culturais. P ex. Rituais Indígenas.
Segundo Sternbach e Tursky, estudo de dor com mulheres de diferentes etnias. Pode-se perceber as
variações étnicas e culturais da dor .
As características individuais que provêm da soma de experiências vividas de cada um. Além das
tendências neuróticas e depressivas, expressas mais comumente nas dores abdominais, cervicais e
lombares (devido à má postura); e dor perineal.
RESUMIDAMENTE...
Fatores clínicos relacionados à Dor:
a) Experiência subjetiva;
b) Altamente variável:
1. Amplitude do estímulo;
2. Grau de atenção (amplifica) ou distração (atenua);
3. Estado emocional (medo, apreensão, ansiedade amplificam);
4. Influência de fatores psicossociais e culturais.
Anatomia da Dor
Transdução, Transmissão, Modulação.
TRANSDUÇÃO:
É o mecanismo de ativação dos nociceptores, que ocorre pela transformação do estímulo nóxico
(mecânico, térmico ou químico) em potencial de ação.
Os nociceptores são terminações nervosas livres de fibras mielínicas finas (A-delta ou III) sensíveis a
estímulos mecânicos e/ou térmicos; ou amielínicos (C ou IV), sensíveis a estímulos mecânicos,
térmicos e químicos (C polimodais).
Estímulos mecânicos e térmicos nóxicos: além de excitarem os nociceptores sensíveis a eles,
promovem dano tecidual e vascular local, liberando ou formando uma série de substâncias:
o Íons hidrogênio e potássio, serotonina, histamina, cininas, leucotrienos, protaglandinas e
substância P – atuam nos nociceptores a elas sensíveis por meio de três mecanismos
distintos: (1) ativação direta (potássio, hidrogênio, cininas, serotonina e histamina); (2)
sensibilização (cininas, prostaglandinas e substância P); (3) produção de extravasamento do
plasma (substância P e cininas).
Estimulação isolada de fibras A-delta cutâneas produz dor em pontada;
Estimulação isolada de fibras C cutâneas, dor em queimação;
Estimulação de fibras A-delta e C musculares, dolorimento (aching pain) ou caibrã.
O estímulo que irá produzir dor será aquele que é capaz de lesionar o tecido.
* Nociceptores musculares são mais sensíveis ao estiramento e à contração isquêmica;
* Nociceptores articulares são mais sensíveis aos processos inflamatórios e aos movimentos
extremos;
* Nociceptores viscerais são mais sensíveis à distensão, à tração, à isquemia, ao processo
inflamatório, à contração espasmódica;
* Nociceptores das cápsulas viscerais maciças são mais sensíveis à distensão;
* Nociceptores miocárdicos são mais sensíveis à isquemia;
* Nociceptores tegumentares são mais sensíveis aos estímulos mecânicos, térmicos, químicos
nóxicos, mas não à tração e distensão.
TRANSMISSÃO:
Conjunto de vias e mecanismos que possibilita que os impulsos nervosos gerados nos nociceptores
sejam conduzidos para o SNC.
As fibras nociceptivas (A-delta e C) oriundas da periferia são os prolongamentos periféricos dos
neurônios pseudounipolares situados nos gânglios espinais e de alguns nervos cranianos (trigêmeo,
facial, glosso faríngeo e vago).
A chegada dos aferentes de uma víscera em múltiplos segmentos da medula, justifica a baixa
precisão da dor visceral tanto em termos de localização como de qualificação.
MODULAÇÃO:
Centros responsáveis pela supressão da dor. E, curiosamente, as vias modulatórias são ativadas pelas
nociceptivas.
Teoria do Portão (ou das Comportas); Melzack e Waal:
As fibras amielínicas (C) e mielínicas finas (A-delta) conduzem a sensibilidade termoalgésica,
enquanto as fibras mielínicas grossas (A-alfa e A-beta) conduzem tato, pressão, propriocepção e
vibração. Segundo essa teoria, a ativação das fibras mielínicas grossas excitaria interneurônios
inibitórios da substância gelatinosa de Rolando para os aferentes nociceptivos, impedindo a passagem
impulsos dolorosos (fechamento da comporta). Ao passo que a ativação das fibras amielínicas e
mielínicas finas inibiria tais neurônios inibitórios, tornando possível a passagem dos impulsos
nociceptivos (abertura da comporta). Isso explica porque uma leve fricção ou massageamento de uma
área dolorosa aliviam a dor.
A dor pode ser provocada pela ativação das vias nociceptivas ou lesão das vias modulatórias
(supressórias).
DOR MISTA:
Mix de Dor Nociceptiva e Neuropática.
Exemplo: em algumas neoplasias malignas, quando ela se deve tanta ao excessivo estímulo dos
nociceptores quanto à destruição das fibras nervosas.
DOR PSICOGÊNICA;
Gerada por mecanismos puramente psíquicos.
Características:
1. Difusa, generalizada, imprecisa.
2. Em alguns casos, pode ser localizada e a topografia corresponde à da imagem corporal que o
paciente tem da estrutura que ele julga doente. (pcte não conhece a dor referida)
Exemplos: se imagina ter um infarto do miocárdio, a área dolorida corresponderá à do mamilo
esquerdo e não à região restroesternal ou à face medial do braço esquerdo.
Se imagina ter colelitíase (pedra na vesícula), a área da dor será o hipocôndrio direito e não o
ombro ou área escapular direita.
3. Muda de localização sem razão aparente.
4. Quando irradiada não segue o trajeto de qualquer nervo.
5. Intensidade é variável, influenciada pelas condições emocionais do pcte.
6. A dor costuma ser descrita de maneira dramática.
7. Pode-se estabelecer a concomitância de um evento negativo e o início da dor.
8. Sinais e sintomas de depressão e ansiedade crônicas aparecem muito.
9. São neuroticamente fixados na dor, trazem uma lista de medicamentos já usados e de
centros de tratamento e especialistas já procurados.
10. Uso abusivo e inadequado de medicamentos.
11. Sem quaisquer achados relevantes no exame físico.
12. As avaliações psiquiátrica e psicológica acabam por identificar ansiedade, depressão,
hipocondria, histeria ou transtorno somatoforme.
Tipos de Dor
Classificação quanto ao sítio de origem:
1. SOMÁTICA SUPERFICIAL (DSS)
2. SOMÁTICA PROFUNDA (DSP)
3. VISCERAL (DV)
4. REFERIDA (DR)
5. IRRADIADA (DI)
Dor Referida:
Sensação dolorosa superficial que está distante da estrutura profunda (visceral ou somática) cuja
estimulação nóxica é responsável pela dor.
Obedece à lei metamérica.
Explicação: convergência de impulsos dolorosos viscerais e somáticos superficiais e profundos, para
neurônios nociceptivos comuns localizados no corno dorsal da medula espinhal.
O tegumento possui maior representação talâmica e cortical que as estruturas profundas, por ter uma
maior quantidade de receptores nociceptivos.
Por isso, os impulsos dolorosos provenientes das estruturas profundas seriam interpretados pelo cérebro
como oriundos do tegumento e o paciente apontaria a dor neste local.
Não segue o trajeto normal do nervo.
“Dor é no coração e vc sente no braço”
Existe uma convergência de impulsos.
Exemplos: Causa:
Dor na face medial do braço – dmt T1 *IAM
Dor epigástrica ou periumbilical – dmt T6 a T10 *Apendicite
(apêndice não é sede de dor visceral verdadeira)
Dor no ombro – dmt C4 *Irritação no diafragma ou nervo frênico. (ocorre em
doenças de órgãos torácicos)
*Afecções da vesícula biliar - colelitíase, colecistite -
(o nervo frênico participa na inervação nociceptiva
da vesícula biliar)
Dor Irradiada:
Ocorre em estruturas inervadas pela raiz nervosa ou em nervo cuja estimulação nóxica é responsável pela
dor.
O problema é no próprio nervo e é uma dor sentida à distância (segue o caminho do nervo).
Para se diferenciar Irradiada de Referida deve-se identificar a causa da dor.
Exemplo: Lombociatalgia (Processo doloroso que acomete a região lombar, irradiando a dor para os
membros inferiores por meio do trajeto percorrido pelo nervo ciático)
1. LOCALIZAÇÃO:
Onde se localiza a dor?
Deve-se pedir ao paciente que aponte com o dedo a área dolorida que deve ser registrada de
acordo com a nomenclatura anatômica
Registrar no mapa corporal se ele sentir dor em mais de uma região, e estudá-las separadamente
para identificar se é irradiada ou referida.
- Dores diferentes, sem relação entre si, podem indicar (1) uma doença apenas (afecções
reumáticas, dor em múltiplas articulações), (2) processos patológicos ou (3) dor psicogênica.
Avaliar sensibilidade na região da dor.
- Hipoestesia é sinal de dor neuropática, principalmente se for descrita como em queimação ou
formigamento.
- Hiperestesia (hipersensibilidade aos estímulos táteis)
- Hiperalgesia (hipersensibilidade aos estímulos álgicos)
- Alodínia, Hiperpatia: que ocorrem em regiões de hipoestesia e são indicadores de dor
neuropática.
Em geral, indica a provável região afetada.
2. IRRADIAÇÃO:
A dor é localizada, irradiada ou referida?
Radiculopatia S1 (lombociatalgia) Dor lombar com irradiação para a nádega e face
posterior da coxa, perna até o calcanhar.
Radiculopatia L5 (lombociatalgia) Dor lombar com irradiação para a nádega e face
posterolateral da coxa, perna até o maléolo lateral.
Radiculopatia L4 (lombociatalgia) Dor lombar com irradiação pra virilha, face anterior da
coxa, perna, maléolo medial.
Radiculopatia de L1 Dor dorsal na transição toracolombar, com irradiação
anterior e inferior para a virilha.
Radiculopatia de T4 Dor dorsal com irradiação anterior, passando pela
escápula até os mamilos.
Radiculopatia de C6 (cervicobraquialgia) Dor cervical com irradiação para a face lateral do braço
e antebraço.
Neuralgia occipital (Radiculopatia de C2 e C3) Dor na transição occipitocervical, com irradiação
superior, anterior e lateral, podendo atingir vértex, globos
oculares, ouvidos e face.
Migração da dor: caminhada da dor, mudança da localização de uma dor em relação ao local inicial
de aparecimento.
- Apendicite Aguda
Processos patológicos anteriores e concomitantes, que afetam estruturas inervadas por segmentos
medulares adjacentes, aumentam a possibilidade de que a dor seja sentida em uma região servida
por ambos os segmentos medulares.
- Dor da insuficiência cardíaca coronária (angina de peito) pode irradiar-se para o epigástrio em
portadores de úlcera duodenal ou membro superior direito em indivíduos com fratura recente aí.
3. QUALIDADE OU CARÁTER:
Não raro o pcte apresenta dificuldade: oferecer uma relação de descritores.
Descrever o tipo de sensação ou emoção que a dor lhe traz.
Deve-se definir primeiramente se a dor é espontânea ou evocada:
1. Evocada: ocorre mediante algum tipo de provocação.
- Alodínia e Hiperpatia na dor neuropática;
- Hiperalgesia na dor nociceptiva.
2. Espontânea: constante (contínua, pode variar em intensidade) ou intermitente (episódica, com
frequência e duração variáveis).
Dor em Cólica: Intestinal, menstrual, nefrética
Dor em Pontada: Pleurítica
Dor em Queimação: Dor da Esofagite e Úlcera Péptica; Dor Neuropática (constante)
Dor Pulsátil/ Latejante: Enxaqueca, Abscesso, Odontalgia
Dor em Choque: Neuralgia do trigêmeo, Lombociatalgia; Dor Neuropática (intermitente)
Dor Surda: Doenças de Vísceras Maciças
Dor Constritiva ou em Aperto: Dor da angina do peito e IAM
Dor em Cãibra Afecções medulares, musculares e metabólicas.
4. INTENSIDADE:
Aspecto subjetivo: representa a interpretação global do paciente dos seus aspectos sensoriais,
emocionais e culturais.
Sem Dor, Dor Leve, Dor Moderada, Dor Intensa, Dor Muito Intensa e Pior Dor Possível
EVA; adultos com baixa escolaridade, crianças e idosos – carinhas 😊
Determinar também grau de interferência no sono, trabalho, atividades familiares, sexuais e sociais,
lazer. (noção mais objetiva da intensidade)
Pode ser aguda e intensa: manifestações neurovegetativas (Taquicardia, taquipneia, palidez,
sudorese, agitação psicomotora, choro, grito, HA, náuseas, vômitos).
5. DURAÇÃO:
Em primeiro plano: Data de início da dor
Quando ela é contínua tenta-se calcular o tempo decorrido entre o seu início e data da anamnese.
Cíclica: data de início e duração de cada episódio doloroso.
Intermitente: data de início, duração média de cada episódio, número médio de crises por dia e de dias
por mês em que sente dor.
Aguda (menos de um mês) X Crônica (mais de três meses)
Ex: para que uma cefaleia possa ser considerada enxaqueca deve durar mais 4h e menos de 72h.
Exceção a essa regra é na úlcera péptica duodenal (comida gera alívio pois a dor é devido a
hipercloridia e não aumento da atividade duodenal)
8. FATORES DESENCADEANTES OU AGRAVANTES
Exemplos:
Alimentos ácidos e picantes, álcool, AINES: esofagite, gastrite e úlcera péptica.
Alimentos gordurosos: doenças biliares.
Chocolate, queijos, álcool, barulho, luminosidade excessiva, esforço físico, menstruação: enxaqueca
Decúbito dorsal prolongado, tosse, espirro (⬆️P intracraniana): cefaleia por hipertensão intracraniana
Flexão da nuca: meningite
Lavar o rosto, escovar os dentes, conversar, mastigar ou deglutir: neuralgia do trigêmeo
9. FATORES ATENUANTES:
Quais desses fatores aliviam a sua dor?
Repouso, tranquilidade, movimento da parte envolvida, posição, pressão local, esforço, tosse,
alimentação, evacuação, sono, medicamentos (nome, dose e período utilizados), fisioterapia,
acupuntura, procedimentos cirúrgicos.
Dor nociceptiva e neuropática (intermitente e evocada): respondem a anti-inflamatórios, analgésicos,
acupuntura, fisioterapia, secção da via NET.
Dor neuropática (constante): responde a antidepressivos, neurolépticos, anestésicos locais.
ANTECEDENTES FAMILIARES:
1. Saúde dos pais e irmãos: manifestações dolorosas com frequência.
2. Relacionamento marital e com os filhos: família disfuncional
3. Doença crônica na família
ANTECEDENTES PSICOSSOCIAIS:
1. Eventos estressantes vitais
2. Perdas interpessoais e materiais recentes
3. Mudanças
4. Quentões de indenizações e litigiosas
5. Atitudes e expectativa
6. Sistema de crenças
Para colorir: