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A dor pode ser classificada segundo vários aspectos: quanto ao modo de início e evolução; do ponto de
vista fisiopatológico; e com relação às estruturas onde se origina.
Dor aguda: Pode durar de fração de segundo a semanas. Se não for tratada adequadamente,
pode se tornar crônica, passando a ser a “doença” do paciente
Dor crônica: Dura no mínimo 3 meses
Do ponto de vista fisiopatológico a dor pode ser classificada em nociceptiva, neuropática, mista e
psicogênica
NOCICEPTIVA:
É causada pela ativação dos nociceptores e pela transmissão dos impulsos gerados, que percorrem as vias
nociceptivas até as regiões do sistema nervoso central, onde são interpretados.
Quanto menor o número de segmentos medulares envolvidos na inervação de uma estrutura, mais
localizada será a dor (somática superficial) PQ O NOSSO CORTEX VAI CONSEGUIR IDENTIFICAR COM
MAIOR PRECISÃO O LOCAL DA DOR . Em contrapartida, quando o número de segmentos medulares é
grande, mais difusa será a dor (visceral e somática profunda).
Também denominada dor por lesão neural ou por desaferentação, que é a privação de um neurônio de
suas aferências
Este tipo de dor é gerado no sistema nervoso, independentemente de estímulo externo ou interno.
A secção do trato neoespinotalâmico, eficaz em eliminar a dor nociceptiva, agrava a dor neuropática, pois
permanece o componente constante. Este fato sugere que o provável mecanismo seja a desaferentação.
A dor neuropática apresenta mais dois componentes, podendo ser intermitente ou evocada
(alodínia e hiperpatia). A intermitente decorre da ativação das vias nociceptivas pela cicatriz formada no
foco lesional ou por efapse (impulsos motores descendentes cruzam para as vias nociceptivas no sítio de
lesão do sistema nervoso). A secção cirúrgica completa da via neoespinotalâmica (ou
neotrigeminotalâmica, na dor facial) elimina essa modalidade de dor.
A dor evocada, por sua vez, se deve aos rearranjos sinápticos decorrentes da desaferentação. A
reinervação de células nociceptivas desaferentadas por aferentes táteis, por exemplo, faria com que a
estimulação tátil, ao ativar neurônios nociceptivos, produzisse uma sensação dolorosa, desagradável
(alodínia). A substituição de sinapses inibitórias por excitatórias, o aumento da eficácia de sinapses
outrora pouco efetivas e a ativação das anteriormente inativas, por outro lado, poderiam tomar tais
células hiperresponsivas aos estímulos dolorosos, manifestando-se clinicamente sob a forma de
hiperpatia.
Como a dor evocada depende da estimulação dos receptores e do tráfego dos impulsos pelas vias
nociceptivas, ela pode ser aliviada pela secção cirúrgica da via neoespinotalâmica (ou
neotrigeminotalâmica, na dor facial).
A forma constante da dor neuropática, ao contrário da dor nociceptiva, tende a ser agravada
pela interrupção cirúrgica das vias da dor, pois tais procedimentos acentuam a desaferentação.
Dor mista: é aquela que decorre dos dois mecanismos anteriores. Ocorre, por exemplo, em
certos casos de dor por neoplasia maligna, quando ela se deve tanto ao excessivo estímulo dos
nociceptores quanto à destruição das fibras nociceptivas.
Dor psicogênica
Toda dor tem um componente emocional associado, o que varia é sua magnitude. A dor
psicogênica, porém, é uma condição inteiramente distinta, para a qual não há qualquer substrato
orgânico, sendo gerada por mecanismos puramente psíquicos.
Tende a ser difusa, generalizada, imprecisa. Algumas vezes, pode ser localizada e, nesse caso, em geral,
sua topografia corresponde à da imagem corporal que o paciente tem da estrutura que julga doente.
Assim, se imagina ter um infarto do miocárdio, a área dolorida corresponderá à do mamilo esquerdo e
não à região retroesternal ou à face medial do braço esquerdo. Se a doença imaginada é uma colelitíase, a
área da dor será a do hipocôndrio direito e não o ombro ou a área escapular direita
Dor referida: Na apendicite, a dor começa na região epigástrica ou periumbilical (dor referida)
Dor irradiada: sentida a distância de sua origem, porém ocorre obrigatoriamente em estruturas
inervadas pela raiz nervosa
PORTO
2. Conceituar nocicepção e descrever as características dos receptores nociceptivos e das fibras que
conduzem as aferências nociceptivas
NOCICEPTORES
São terminações nervosas não muito especializadas que iniciam a sensação de dor são chamadas de
nociceptores (do latin nocere, “machucar”)
Originam-se de corpos celulares nos gânglios das raízes dorsais (ou no gânglio do trigêmeo) que emitem
um processo axonal para a periferia e o outro para dentro da medula espinhal ou tronco encefálico
Assim, axônios conduzindo informação nociceptiva estão no grupo Aδ de axônios mielinizados, que
conduzem a 5-30 m/s, ou no grupo de fibras C de axônios não mielinizados, que conduzem a velocidades
quase sempre menores do que 2 m/s. Assim, embora a condução de toda a informação nociceptiva seja
relativamente lenta, há vias de dor lentas e rápidas.
Existem duas vias principais através das quais os impulsos de dor e temperatura chegam ao cérebro:
Mais recente, neoespinotalâmica, constituída pelo trato espinotalâmico lateral, que vai
diretamente ao tálamo
Mais antiga, paleoespinotalâmica, constituída pelo trato espinoreticular, e pelas fibras retículo-
talâmicas (via espinoretículo-talâmica)
Via neoespinotalâmica
Trata-se da via "clássica" de dor e temperatura, constituída basicamente pelo trato espinotalâmico lateral,
envolvendo uma cadeia de três neurônios
a) Neurônios I - localizam-se nos gânglios espinhais situados nas raízes dorsais. O prolongamento
periférico de cada um destes neurônios liga-se aos receptores através dos nervos espinhais. O
prolongamento central penetra na medula e termina na coluna posterior, onde faz sinapse com
os neurônios II
b) Neurônios II - os axônios do neurônio II cruzam o plano mediano pela comissura branca, ganham
o funículo lateral do lado oposto, inflectem-se cranialmente para constituir o trato espinotalâmico
lateral (Figura 15.6). Ao nível da ponte, as fibras desse trato se unem com as do espinotalâmico
anterior para constituir o lemnisco espinhal, que termina no tálamo fazendo sinapse com os
neurônios
c) Neurônios III - localizam-se no tálamo, no núcleo ventral posterolateral. Seus axônios formam
radiações talâmicas que, pela cápsula interna e coroa radiada chegam à área somestésica do
córtex cerebral situada no giro pós- -central (áreas 3, 2 e 1 de Brodmann)
Há evidência de que a via neoespinotalâmica é responsável apenas pela sensação de dor aguda e bem
localizada na superficie do corpo, correspondendo à chamada dor em pontada.
Via paleoespinotalâmica
Ela é responsável por um tipo de dor pouco localizada, dor profunda do tipo crônico, correspondendo
à chamada dor em queimação, ao contrário da via neoespinotalâmica, que veicula dores localizadas do
tipo dor em pontada
Respondem a estímulos nociceptivos neurônios do córtex da parte anterior do giro do cíngulo e
da ínsula. Ambos fazem parte do sistema límbico e parecem estar envolvidos no processamento do
componente emocional da dor. Indivíduos com lesões da parte anterior do giro do cíngulo são
indiferentes à dor. A dor é a mesma, só que eles não se importam com ela
Quando as fibras aferentes ou as vias centrais são elas próprias lesionadas – uma complicação
frequente em condições patológicas que incluem diabetes, herpes-zóster, AIDS, esclerose múltipla e
acidentes vasculares cerebrais –, esses processos podem persistir. A condição resultante é referida como
dor neuropática: experiência crônica muitíssimo dolorosa que é difícil de tratar com medicações
analgésicas convencionais
O que causa?
O controle inadequado da glicose, nível elevado de triglicérides, excesso de peso, tabagismo, pressão alta,
o tempo em que você convive com o diabetes e a presença de retinopatia e doença renal (lembra-se
delas?) são fatores que favorecem a progressão da neuropatia. Tanto as alterações nos vasos sanguíneos
quanto as alterações no metabolismo podem causar danos aos nervos periféricos.
A glicemia alta reduz a capacidade de eliminar radicais livres e compromete o metabolismo de várias
células, principalmente dos neurônios
O marco estrutural da neuropatia diabética pode ser considerado como sendo a atrofia e a perda de fibras
mielinizadas e não-mielinizada
A glicose penetra em níveis anormalmente altos dentro dos nervos periféricos e é convertida em
sorbitol pela enzima aldose redutase presente normalmente no axonoplasma. O acúmulo de sorbitol
intracelular provoca diminuição do transporte ativo de vários metabólitos entre eles o mio-inositol. A
diminuição do mio-inositol altera os mecanismos de regulação intracelular, dessa forma, reduzindo a
atividade da enzima sódio-potássio-ATPase que, por sua vez, reduz a atividade da bomba Na/K, com o
conseqüente acúmulo de sódio intracelular e alterações do potencial de repouso da membrana. Essas
anormalidades diminuem a velocidade de condução neural e produzem as primeiras e reversíveis
6. Conceituar dor fantasma e descrever as teorias para explicá-la. Diferenciar de dor no coto
Ocorre uma considerável reorganização funcional dos mapas somatotópicos no córtex somatossensorial
primário de amputados. Essa reorganização inicia-se logo após a amputação e tende a se desenvolver ao
longo dos anos. Um dos efeitos desse processo é que os neurônios que tiveram suas aferências originais
perdidas (juntamente do membro removido) respondem à estimulação tátil de outras partes do corpo.
Uma consequência surpreendente, por exemplo, é a estimulação da face ser experimentada como um
toque no membro perdido
um processo motor e sensorial de plasticidade, caracterizado pela reorganização do mapeamento das
estruturas representadas no córtex cerebral com remodelamento sináptico de fibras sensoriais
tálamocorticais e mecanismos de adaptação compensatórios na área representante da região amputada.
Há redução da ação inibitória de interneurônios em áreas de aferências sensitivas, desencadeando
sensações referidas
TEORIA PERFÉRICA
As fibras da extremidade seccionada podem crescer e formar nódulos, denominados neuromas,
que geram impulsos anormais. Neste fenómeno, conhecido como sprouting, as terminações das fibras A e
C alargam-se e desorganizam-se, gerando impulsos ectópicos que aumentam após estímulos mecânicos e
químicos inócuos (5,6,10). Assim, estes impulsos que ativam o SNC podem manter intacta a perceção da
existência do membro e resultar em DF.
Dor no coto
A dor no membro residual é definida como uma dor aguda no local da amputação de uma
extremidade (1,2,11), sendo considerada uma resposta previsível à agressão cirúrgica. Pode ocorrer
também devido a processos patológicos locais, como distúrbios circulatórios, infeção ou outras lesões da
pele, tecidos moles ou osso. A dor de longa duração é geralmente atribuída a patologia local, tal como
infeção, atraso na cicatrização da ferida cirúrgica, recorrência de tumor ou má adaptação protética. Os
neuromas, que podem desenvolver-se na extremidade seccionada do nervo periférico, também podem
contribuir para a manutenção da dor de longa duração
DOR DO MEMBRO FANTASMA, ALMEIDA
O breve efeito de baixas doses endovenosas de opióides de curta duração (alfentanil, fentanil, sufentanil)
Os receptores opióides são ligados às proteínas G inibitórias. A ativação dessa proteína desencadeia uma
cascata de eventos: fechamento de canais de cálcio voltagem dependentes, redução na produção de
monofosfato de adenosina cíclico (AMPs) e estímulo ao efluxo de potássio resultando em
hiperpolarização celular.
Os antidepressivos tricíclicos
São potentes inibidores da recaptação de noradrenalina e serotonina
Na serotonina nós temos um receptor inibitório e um estimulatorio na medula, então medicamentos que
aumenta serotonina não são tão eficazes
Após o envio da resposta ao estímulo doloroso, ainda no tronco-encefálico, a mensagem passa pelo
SDCN aqui tem um conjunto de estruturas responsáveis pelo controle da dor, como a substância cinzenta
periaquedutal (SCP) e a medula rostroventromedial (RVM) do bulbo. O mecanismo de ação do controle
da dor nessa região funciona com a integração dos neurônios, a SCP lança os axônios até a RVM, região
que é composta pelos neurônios chamados “células-on” e “célulasoff” que, conectam seus axônios à
medula espinhal. As células-on ampliam os impulsos dolorosos dos neurônios da medula espinhal até o
SNC, enquanto as células-off diminuem.
Os AINEs atuam inibindo a Cox resultando em um acúmulo de AA e na sua transformação pela 12-
lipoxigenase (12-lipox) em compostos que inibem a liberação de GABA (Resumo: a função é Inibir a
inibição do GABA sobre os neuronios de saída da SCP, assim você consegue analgesia. Os medicamentos
AINES ainda bloqueiam a COX para não produzir prostaglandina deixando mais AA para a produção de
compostos que iram inibir o GABA). O AA é usado pelos opióides e pelos AINEs nas SCP para produzir
analgesia.
SCP possui receptores CB1, permitindo que os canabinóides endógenos e exógenos atuem sobre esse
mecanismo.
O princípio ativo mais importante da Cs é o THC. No final da década de 80 foi descoberto que esse
composto se liga a dois receptores de membrana ligados à proteína G (GPCR) denominados de receptores
canabinóides CB1, encontrado no SNC e CB2, encontrado no sistema Imune.
Os endocanabinoides normalmente inibem a liberação de GABA, mas são constantemente
metabolizados pela hidrolase de ácidos graxos amidados (FAAH) e pelas COX. Os analgésicos não
opiáceos inibem não só as COX, como também a FAAH. Quando esses analgésicos são administrados,
poupam-se, endocanabinoides, e isso diminui ainda mais a liberação de GABA. A FAAH e as COX
representam então o ponto onde convergem os endocanabinoides e os analgésicos não opiáceos para
induzir analgesia. Assim, a ação dos opiáceos, dos canabinóides e dos analgésicos não opiáceos na SGAS
faz que, os neurônios de saída sejam liberados da inibição GABAérgica e essas disparam então a inibição
descendente que diminui a transmissão de impulsos dolorosos na medula espinhal e, diminui a dor.
Radiculopatia é o termo usado para descrever os sintomas de irritação da raiz nervosa, que
podem incluir dor, dormência, formigamento e fraqueza.
A plexopatia é uma doença que afeta a rede de nervos ou um plexo, sendo o plexo braquial e
o plexo lombossacral são comummente afetados