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Problema 2 - Assombração
Objetivos
1. Explicar o mecanismo da dor neuropática. x
2. Sinais e sintomas da dor neuropática com enfoque em neuropatia diabética; características; tipos; causas. x
3. Definição, características e comportamento do neuroma. x
4. Descrever e diferenciar sensibilização periférica da sensibilização central. x
5. Como são as dores mantidas pelo sistema nervoso autônomo simpático?
6. Descrever o sistema analgésico cerebral descendente.
7. Mecanismo de ação dos anticonvulsivantes no tratamento da dor.
8. Diferenciar opióides de opiáceos.
A dor neuropática é definida como dor iniciada por lesão ou disfunção do sistema nervoso, sendo melhor
compreendida como resultado da ativação anormal da via nociceptiva (fibras de pequeno calibre e trato
espinotalâmico) (Schestatsky, 2008). É produzida pelo dano ao tecido nervoso. Caracteriza-se pela aparição de
hiperalgesia, dor espontânea, parestesia e alodinia mecânica e por frio. (Klaumann, 2008) É mais frequente no idoso e
em pacientes com doenças crônicas associadas a este tipo de dor (câncer, infecção pelo vírus da imunodeficiência
humana e diabetes). As suas principais características clínicas são: dor espontânea (dor na ausência de estimulação) e
hipersensibilidade (dor desencadeda po r estímulos de baixa intensidade - toque leve).
Existem cerca de 20 teorias para tentar explicar os mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento da dor
neuropática, porém o mecanismo mais plausível e cientificamente aceito para explicar a dor neuropática é a geração
ectópica de impulsos nervosos às fibras de pequeno calibre do tipo C e Aδ.
Após a lesão do nervo, alguns pacientes desenvolvem alteração na distribuição e conformação de canais iônicos
(especialmente canais de sódio) que promovem aumento da excitabilidade axonal das fibras finas nociceptivas que,
muitas vezes, é gerada longe do foco da lesão inicial (por isso chamadas de descargas ectópicas), mas capaz de
acarretar o surgimento de sintomas de características neuropáticas. Para alguns estudiosos, inclusive, a dor
neuropática poderia ser considerada como uma “epilepsia do nervo ou da via nociceptiva”. (Schestatsky)
Sintomas: queixas múltiplas e complexas. Diferente da dor nociceptiva, há uma pobreza de descritores verbais para
caracterização da dor neuropática. A maioria tenta descrever os sintomas mediante o recurso da analogia (“é como
se fosse um...”). Tais queixas se dividem em dores espontâneas (aquelas que aparecem sem nenhum estímulo
detectável) e dores evocadas (respostas anormais ao estímulo). As dores espontâneas, por sua vez, podem ser
contínuas ou paroxísticas.
NEUROMA - SAERJ
A ponta de um neurônio em regeneração, num nervo periférico, contém numerosos brotos de pequeno diâmetro,
que se originam de todas as classes de neurônios. Esses axônios em regeneração apresentam descargas espontâneas,
possivelmente causadas pela permeabilidade iônica aumentada nos brotos. Se esse padrão de regeneração é
interrompido por qualquer motivo, forma-se um neuroma.
Os brotamentos dentro de um neuroma são sensíveis a estímulos mecânicos e a excitação pode ocorrer e ser mantida
por estimulação cruzada entre axônios próximos. As células do gânglio da raiz dorsal podem também funcionar de
maneira espontaneamente ativa, representando outra fonte potencial de descarga anormal proximal à lesão tecidual.
Embora os neurônios normais exibam pouca sensibilidade a estímulos químicos, após lesão nervosa experimental, em
ratos, observou-se que o axônio em regeneração na área de seus brotos tornava-se sensível às catecolaminas
exógenas ou endógenas. Esse efeito parece ser mediado por receptores alfa adrenérgicos existentes na fibra em
regeneração.
Klaumann
A lesão de nervos periféricos induz descargas rápidas e intensas por períodos mais ou menos prolongados, na
ausência de estímulos. Estes estímulos parecem produzir a ativação de receptores NMDA, originando o fenômeno de
“wind up” nos neurônios do corno dorsal da medula. Logo depois a indução de processos inflamatórios faz com que
certos mecanismos desencadeantes da dor neurogênica sejam comuns ao da dor nociceptiva.
As extremidades do nervo lesionado “aderem-se” logo após o trauma, podendo formar uma estrutura de crescimento
irregular denominada neuroma, que pode dar origem a descargas espontâneas e hipersensibilidade a estímulos
mecânicos. São produzidos padrões anormais de comunicação interneuronal na periferia, nas quais um neurônio
modifica a atividade de neurônios adjacentes.
Logo após a lesão, as fibras simpáticas (que normalmente não afetam a sinalização dos terminais sensoriais)
respondem a estímulos, tanto na periferia como nos gânglios da raiz dorsal, a agonistas α (norepinefrina), em
particular os neurônios Aβ. Os neurônios aferentes lesados também sofrem alterações fenotípicas, observando-se
maior expressão de peptídeos pró-nociceptivos, como a colecistoquinina.
Em consequência das alterações fenotípicas que acontecem durante a neuropatia periférica, os aferentes
mielinizados sintetizam e liberam substância P que ligam-se a receptores NK-1. O resultado é a expressão de
neurônios nocicpetivos espinhais que respondem de forma exagerada a estímulos inócuos.
Uma importante seqüela da injúria nervosa e outras doenças do sistema nervoso como ataques virais, é a apoptose
de neurônios na periferia e no sistema nervoso central. A apoptose parece induzir sensibilização e perda do sistema
inibitório, causando um processo irreversível.
Sensibilização Periférica