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PROVA DE DOR 2005

QUESTÕES DO TIPO S de 01 a 32
INSTRUÇÕES: Cada questão tem cinco opções (A, B, C, D e E). Marque no cartão de respostas, em
cada questão, a alternativa correta.

1 - Pode-se afirmar em relação a hiperalgesia:

A) ocorre somente no local da lesão tecidual


B) não é comum na dor de origem inflamatória
C) é gerada por diferentes mecanismos neurais
D) raramente é observada na neuropatia pós-herpética
E) há diminuição das respostas a estímulos supraliminares

Resposta: C

Comentário:
A sensibilização periférica provoca hiperalgesia, que é uma resposta exagerada aos estímulos dolorosos. A
hiperalgesia primária ocorre no local da lesão e a secundária ao redor da lesão e seus mecanismos de ação
diferem entre si. É um achado consistente na dor inflamatória, como na osteoartrite e pode ser observada
com freqüência em dores neuropáticas, como diabetes e neuralgia pós-herpética.

Referências:
1 Meyer RA, Campbell JN, Raja SN Peripheral neural mechanisms of nociception. In: Wall PD & Melzack
R Textbook of pain 3rd ed. Churchill Livingstone, UK, 1994, 259-271.
2 Sakata RK e Issy AD Fisiopatologia da nocicepção e da dor neuropática. In: Sakata RK e Issy AM
Guias de medicina ambulatorial e hospitalar da UNIFESP Dor. Manole, São Paulo, 2004, 1-16.

2 - É característica do fator de crescimento neural:

A) é produzido somente por fibroblastos


B) não pode ser gerado em tecidos periféricos
C) causa aumento da síntese de substância P
D) não tem relação com a síntese do peptídeo geneticamente relacionado à calcitonina
E) tem relevância apenas na dor neuropática

Resposta: C

Comentário:
O fator de crescimento neural é produzido por uma variedade de células, como fibroblastos, células de
Schwann, etc, nos tecidos periféricos e age em um receptor específico de membrana. Regula os níveis de
pelo menos dois tipos de canais iônicos no corno dorsal da medula, como o canal receptor da capsaicina e
o canal de Na+ resistente a tetrodotoxina. Sua presença resulta em um aumento da síntese, do transporte
axonal e do conteúdo neuronal da substância P e do peptídeo geneticamente relacionado à calcitonina. Em
pacientes com artrite reumatóide, pode haver uma elevada concentração desse fator no líquido sinovial.

Referência:
1 Rang HP, Bevan S, Dray A Nociceptive Peripheral Neurons: Cellular Properties. In: Wall PD & Melzack
R Textbook of pain 3rd ed. Churchill Livingstone, UK, 1994, 942-1287.

COMITÊ DE DOR 1
PROVA DE DOR 2005

3 - Paciente de 50 anos, do sexo masculino, compareceu para consulta no serviço de emergência


queixando-se de dor no ombro esquerdo, com três dias de duração e limitação dos movimentos.
Comentou que há 1 mês começou a fazer aulas de tênis, 3 vezes por semana. Não relatou
antecedentes patológicos pessoais, nem uso de medicamentos. Ao exame físico, observou-se que
havia limitação de movimento ativo do ombro afetado, embora ao movimento passivo a amplitude de
movimentos estava conservada, exceto à abdução. À palpação havia presença de dor na região da
bursa, sem aumento significativo do volume, nem sinais flogísticos. Qual é o diagnóstico mais
provável?

A) Tumor ósseo
B) Ruptura do tendão do músculo supraespinhoso
C) Osteoartrose do ombro
D) Bursite subacromial
E) Tendinite do tendão do bíceps.

Resposta: D

Comentário:
A bursa subacromial ou subdeltóidea é a maior bursa do organismo e sua inflamação causa dor regional,
principalmente durante a realização de movimentos como a abdução, rotação externa e elevação do
membro superior. A redução da amplitude de movimentos ativos, com preservação de passivos, é sugestiva
de alteração de tecidos moles, tal como a bursite. Por outro lado, a redução na amplitude de movimentos
ativos e passivos é mais típica de sinovite, contratura muscular ou alteração estrutural da articulação.

Referências:
1 Yeng LT, Teixeira MJ, Romano MA et al Distúrbios Ósteo-Musculares Relacionados ao Trabalho. Em:
Teixeira MJ-Dor Contexto Interdisciplinar, Ed. Maio, Curitiba, 2003,305-325.
2 Moskal MJ e Matsen III FA Shoulder, arm and elbow pain. In: Loeser JD Bonica s Management of
pain. Lippincott, Philadelphia, 2001, 1060-1083

4 - Em relação à neuropatia diabética, pode-se afirmar que:

A) tem sempre instalação súbita


B) a forma mais comum é a mononeuropatia
C) níveis glicêmicos normais não interferem na sua progressão
D) a hiperglicemia aumenta a intensidade da dor
E) geralmente não se observa alteração do sorbitol

Resposta: D

Comentário:
A neuropatia diabética ocorre tanto nas formas insulino-dependentes como independentes e pode ser
aguda e crônica. São observados vários tipos de neuropatia, sendo a mais freqüente a polineuropatia distal
simétrica. A origem das alterações das fibras nervosas é multifatorial. A hiperglicemia aumenta a
intensidade da dor e a glicose modula a percepção dolorosa provavelmente através da interação com
opióides endógenos, sendo importante o controle da glicemia para diminuir a incidência de neuropatia. É
possível que as alterações produzidas pela glicose sejam através de mecanismos osmóticos, com acúmulo
de sorbitol, anomalia de ácidos graxos essenciais, formação de radicais livres e falta de fator de crescimento
neural.

Referências:
1 - Sakata RK , Issy AD, Vlainich R Dor Neuropática. Em: Dor. Em: Cavalcanti IL, Maddalena ML
Dor.SAERJ,Rio de Janeiro, 2003, 167-203.
2 - Johansen KH Pain due to vascular disease. In: Loeser JD Bonica s Management of pain. Lippincott,
Philadelphia, 2001, 587-612.

2 COMITÊ DE DOR
PROVA DE DOR 2005

5 - A ativação do receptor NMDA (N-metil-D-aspartato) é um fenômeno complexo que envolve:

A) a entrada do íon magnésio no interior do canal


B) uma estimulação independente de voltagem
C) a participação da glicina
D) inibição da proteína-cinase C (PKC)
E) redução drástica dos níveis de diacilglicerol (DAG)

Resposta: C

Comentário:
As condições necessárias para ativação do receptor NMDA são complexas e envolvem além da ligação ao
glutamato, a remoção do íon magnésio (que normalmente bloqueia o canal) e ação moduladora de
taquicininas e da glicina(co-agonista). O deslocamento do magnésio ocorre quando há despolarização
repetitiva da membrana (efeito voltagem-dependente), permitindo a passagem de Ca++ para o interior da
célula. Há ativação de receptores de neurocininas que resultam em aumento de diacilglicerol e inositol-
trifosfato. O diacilglicerol (DAG) por si ativa a proteína-cinase C que é translocada para o citoplasma,
fosforilando os receptores NMDA.

Referências:
1 - Garcia JBS, Sakata RK, Issy AM Analgesia Premptiva. Em: Teixeira MJ-Dor Contexto Interdisciplinar,
Ed. Maio, Curitiba, 2003,755-762.
2 - Terman GW e Bonica JJ Spinal mechanisms and their modulation. In: Loeser JD Bonica s
Management of pain. Lippincott, Philadelphia, 2001, 73-152

6 - Considerado o medicamento mais eficaz para o tratamento da neuralgia do trigêmio:

A) gabapentina
B) fenitoína
C) carbamazepina
D) baclofeno
E) clonazepam

Resposta: C

Comentário:
O tratamento farmacológico da neuralgia do trigêmio está associado à utilização de vários medicamentos,
como anticonvulsivantes, relaxantes de ação central, benzodiazepínicos e antidepressivos. A ação de novos
agentes anticonvulsivantes como a gabapentina tem tido destaque nos últimos anos, entretanto o
medicamento considerado padrão-ouro no tratamento desta síndrome ainda é a carbamazepina.

Referências:
1 - Corrêa CF, Teixeira MJ Neuralgia do Trigêmio. Em: Andrade Filho ACC- Dor Diagnóstico e
Tratamento, Ed. Roca, São Paulo, 2001,125-160.
2 - Loeser JD Cranial neuralgias. In: Loeser JD Bonica s Management of pain. Lippincott, Philadelphia,
2001, 855-866.

COMITÊ DE DOR 3
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7 - Na avaliação de pacientes com dor utilizam-se escalas variadas. Quanto a esta forma de
mensuração é correto afirmar:

A) não há evidências que suportam a fidedignidade da escala analógica visual(EAV)


B) o Questionário McGill é pouco eficaz em discriminar tipos específicos de dor
C) a EAV tem validade psicométrica
D) a escala numérica verbal é multidimensional
E) o Questionário McGill não é muito sensível na avaliação das diferentes terapias analgésicas

Resposta: C

Comentário:
A dor não é qualidade simples, única e unidimensional, que varia apenas em intensidade, mas sim,
experiência multidimensional que comporta aspectos afetivos emocionais. Os instrumentos unidimensionais
são utilizados para quantificar a intensidade da dor, como a escala categórica numérica verbal e a escala
analógica visual. Esta última é bastante popularizada,de uso crescente em farmacologia clínica, com
evidências que suportam sua fidedignidade e validade psicométricas. O Questionário McGill de avaliação da
dor é um instrumento multidimensional muito utilizado, com bons indicadores psicométricos, sensibilidade a
diferentes terapias analgésicas e muito eficaz em discriminar tipos específicos de dor.

Referências:
1 - Chapman CR e Syrjala KL Measurement of pain. In: Loeser JD Bonica s Management of pain.
Lippincott, Philadelphia, 2001,310-328
2 - Souza FAEF, Pereira LV, Giuntini PB, Sant Ana RPM, Hortense P. Mensuração da dor. Em: Teixeira MJ-
Dor Contexto Interdisciplinar, Ed. Maio, Curitiba, 2003,180-186.

8 - Terapia que tem como objetivo assistir o doente e modificar a sua visão da dor, ensinando
técnicas de enfrentamento que podem ajudá-lo a controlar a dor e torná-lo mais participativo no
tratamento:

A) hipnose
B) ludoterapia
C) psicoterapia cognitivo-comportamental
D) psicoterapia de orientação psicodinâmica
E) psicoterapia breve

Resposta: C

Comentário:
A terapia cognitivo-comportamental para a dor crônica visa modificar a experiência subjetiva do paciente,
permitindo que adquira habilidades cognitivas e comportamentais que possibilitem lidar melhor com a dor. A
hipnose é a técnica psicológica que induz alteração do estado de consciência, momento em que o indivíduo
é mais suscetível à sugestão. As brincadeiras, jogos e artes são modos do doente expressar sua dor e
atuam como facilitadores. Psicoterapia de orientação psicodinâmica baseia-se na interpretação de conflitos
freqüentemente inconscientes e expressos através de uma linguagem corporal. A psicoterapia breve é
aquela feita em até 12 sessões e pode ser definida como um método baseado na comunicação e
relacionamento entre as pessoas, visando a aprimoramento e auto-conhecimento.

Referências:
1- Tengan SK. Tratamento psicológico da dor na infância. Em: Teixeira MJ-Dor Contexto Interdisciplinar,
Ed. Maio, Curitiba, 2003,739-742.
2- Ferreira, PEMS Dor Crônica-Avaliação e Tratamento Psicológico. Em: Andrade Filho ACC- Dor
Diagnóstico e Tratamento, Ed. Roca, São Paulo, 2001,43-52.

4 COMITÊ DE DOR
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9 - A capacidade que os neurônios têm de transmitir, inibir e avaliar informações, e também de


armazená-las por longos períodos, pode ser melhor definida como:

A) regeneração anatômica
B) modificação funcional
C) força sináptica
D) neuroplasticidade
E) Wind-up

Resposta: D

Comentário:
A neuroplasticidade é um mecanismo subjacente de memória e a possibilidade de correlacioná-lo com
outras funções do sistema nervoso autônomo gerou o entendimento de diversas modificações
desencadeadas pela nocicepção. É uma ferramenta rica e versátil para modificar a função de redes
neuronais, de maneira rápida e reversível. A capacidade do encéfalo em transformar experiências
transitórias em memória foi atribuída à modificação atividade-dependente na força sináptica-LTP (long term
potentiation). Wind-up é um fenômeno que se caracteriza como uma forma de plasticidade de curta duração
no CPME, durante estimulação elétrica de fibras C.

Referências:
1 Terman GW e Bonica JJ Sinal mechanisms and their modulation. In: Loeser JD Bonica s
Management of pain. Lippincott, Philadelphia, 2001, 73-152
2 - Gozzani JL. Fisiopatologia da dor. Em: Cavalcanti IL, Maddalena ML Dor.SAERJ,Rio de Janeiro, 2003,
13-36.

10 - A pele que recobre a face lateral do deltóide, no braço, é uma área útil para pesquisa e
diagnóstico de lesões que comprometem a raiz nervosa de:

A) C5
B) C6
C) C7
D) C8
E) T1

Resposta: A

Comentário:
A sensibilidade da face lateral do braço é conferida pelo nível neurológico de C5. A pele que recobre a face
lateral do deltóide é o único local em que a sensibilidade é puramente suprida pelo nervo axilar.

Referências:
1 - Sakata RK , Issy AD, Hisatugo MK et al Avaliação da Dor. Em: Dor. Em: Cavalcanti IL, Maddalena ML
Dor.SAERJ,Rio de Janeiro, 2003, 53-94.
2 Bonica J e Loeser JD Applied anatomy relevant to pain. In: Loeser JD Bonica s Management of pain.
Lippincott, Philadelphia, 2001, 197-221

COMITÊ DE DOR 5
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11 - Teste da motricidade do extensor longo do hálux e da sensibilidade da face lateral do fêmur e


dorso do pé são dirigidos para a pesquisa de lesões da raiz de:

A) L3
B) L4
C) L5
D) S1
E) S2

Resposta: C

Comentário: O dermátomo de L5 cobre a face lateral do fêmur e o dorso do pé. O teste motor desta raiz
envolve a força do extensor longo do hálux, que pode ser feito aplicando o polegar no dorso do pé do
paciente, opondo-se à dorsiflexão, de forma que, para alcançá-lo, o paciente deverá dorsofletir o hálux.

Referências:
1 - Sakata RK, Issy AD, Hisatugo MK et al Avaliação da Dor. Em: Dor. Em: Cavalcanti IL, Maddalena ML
Dor. SAERJ, Rio de Janeiro, 2003, 53-94.
2 - Bonica J e Loeser JD Applied anatomy relevant to pain. In: Loeser JD Bonica s Management of pain.
Lippincott, Philadelphia, 2001, 197-221

12 - Em relação à dor no câncer, assinale a afirmativa correta:

A) existe correlação de proporcionalidade entre as queixas de dor e a extensão da lesão


B) dores decorrentes de lesões vasculares ou traumáticas instalam-se tardiamente
C) dores decorrentes de anormalidades metabólicas e neoplásicas apresentam progressão rápida
D) dores decorrentes de desaferentação tem habitualmente instalação tardia
E) dores músculo-esqueléticas são ocorrências muito raras em pacientes oncológicos

Resposta: D

Comentário:
A dor decorrente de anormalidades metabólicas e neoplásicas apresenta, habitualmente, progressão lenta;
a dor decorrente de lesões vasculares ou traumáticas normalmente instala-se subitamente. A maioria dos
doentes com dor por desaferentação relata que esta instala-se tardiamente, muitas vezes, meses ou anos,
após o evento traumático. Não existe correlação de proporcionalidade entre as queixas de dor e as
anormalidades físicas. Síndrome dolorosa miofascial e depressão estão normalmente presentes nesses
doentes.

Referências:
1 - Teixeira MJ - Dor no doente com câncer. Em: Teixeira MJ, Badaró JAB - Dor Epidemiologia,
fisiopatologia, avaliação,síndromes dolorosas e tratamento. 1ª ed. Grupo Editorial Moreira Junior, São
Paulo,2001,193-200.
2 - Fitzggbbon DR e Chapman CR Cancer pain: assessment and diagnosis. In: Loeser JD Bonica s
Management of pain. Lippincott, Philadelphia, 2001, 623-658

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13 - A metadona vem ganhando destaque no tratamento da dor oncológica pela:

A) excelente biodisponibilidade oral


B) extrema variabilidade farmacocinética interindividual
C) ausência de dor e toxicidade local quando usada por via subcutânea
D) equipotência com a morfina facilitando a conversão (rotação de opióides)
E) potência duas vezes superior da via oral em relação à via intravenosa.

Resposta: A

Comentário:
A boa biodisponibilidade oral da metadona tornou a mesma, juntamente com outras características como
baixo custo, ausência de metabólitos ativos e facilidade de administração, bastante utilizada em dor
oncológica. A extrema variabilidade farmacocinética interindividual tem sido considerada uma barreira para
o seu uso. Por via subcutânea, é comum observar toxicidade local evidenciada por eritema e dor no local de
administração. A potência analgésica em relação á morfina é variável e a via oral é duas vezes menos
potente que a via venosa.

Referências:
1 - Soares LGL Dor em paciente com câncer. Em: Cavalcanti IL, Maddalena ML Dor.SAERJ,Rio de
Janeiro, 2003, 285-299.
2 - Lavinas PSG Opióides. Em:Cavalcanti IL, Gozzani JL Dor pós-operatória SBA, Rio de Janeiro, 2004,
55-80.

14 - Assinale a afirmativa correta em relação ao tratamento paliativo da dor oncológica através da


radioterapia:

A) tratamento inicial na dor óssea metastática.


B) o alívio da dor ocorre após o 2º ou 3º dia de tratamento.
C) a recalcificação das lesões osteolíticas é muito comum e ocorre no 1º mês de tratamento.
D) a piora da dor durante a radioterapia pode significar progressão das lesões, fratura patológica ou
presença de lesão fora do campo de irradiação.
E) é indicada indistintamente no tratamento de lesões ósseas sintomáticas, assintomáticas, risco de
fratura, compressão de medula espinhal e fraturas patológicas.

Resposta: D

Comentário:
A radioterapia constitui-se em tratamento adequado para dor óssea oncológica, quando os analgésicos
comuns, antiinflamatórios não-esteróides, opióides fracos e fortes e drogas adjuvantes forem utilizados sem
resposta adequada. A radioterapia é habitualmente recomendada para tratar lesões ósseas sintomáticas,
quando há risco de fratura de ossos longos, ou quando há compressão de medula espinhal; lesões
assintomáticas não devem ser tratadas, a não ser em ossos de sustentação e fraturas patológicas devem
primeiramente ser estabilizadas para posteriormente serem tratadas por radioterapia. A piora da dor durante
a radioterapia pode significar progressão das lesões, fratura patológica ou presença de lesão fora do campo
de irradiação. O alívio da dor inicia geralmente após a 2ª semana completa de tratamento sendo rara e
tardia a recalcificação das lesões osteolíticas.

Referências:
1 - Moura JFB, Melo ITV - Radioterapia no tratamento das metástases ósseas. Em: Teixeira MJ-Dor
Contexto Interdisciplinar, Ed. Maio, Curitiba, 2003,717-723.
2 - Janjan NA Radiotherapeutic management of symptomatic disease. In: Loeser JD Bonica s
Management of pain. Lippincott, Philadelphia, 2001, 704-719.

COMITÊ DE DOR 7
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15 Na abordagem do paciente queimado, pode-se afirmar que:

A) queimaduras de primeiro grau atingem a epiderme, têm bolhas e são extremamente dolorosas
B) queimaduras de 2º grau atingem o subcutâneo, lesam receptores nociceptivos, mas não causam dor
intensa.
C) queimaduras de 3º grau são indolores por destruírem nociceptores cutâneos.
D) analgesia controlada pelo paciente com opióides não é indicada para analgesia de queimados pelo risco
de dependência
E) anti-inflamatórios não hormonais são os analgésicos de escolha para analgesia de grandes queimados

Resposta: C

Comentário:
Nas queimaduras de primeiro grau, a lesão é superficial, envolve apenas a epiderme e o desconforto é de
leve a moderado. As queimaduras de 2º grau são mais profundas, destroem a epiderme e quantidade
variável da derme e são extremamente dolorosas. A destruição dos nociceptores cutâneos torna as
queimaduras de 3º grau, indolores, embora áreas de 2º grau, dolorosas, cerquem quase toda a lesão. A
analgesia controlada pelo paciente parece ser o método ideal de administração de opióides no queimado,
mostrando-se seguro e eficaz. Os anti-inflamatórios não hormonais, pelos efeitos antiplaquetários, podem
não ser apropriados em pacientes que necessitem grandes debridamentos e enxertos.

Referências:
1 - Azevedo MP, Nunes BC e cols.- Dor Aguda . Em: Cavalcanti IL, Maddalena ML Dor, SAERJ, Rio de
Janeiro,2003,95-166.
2 - Patteerson DR e Sharar SR Burn pain. In: Loeser JD Bonica s Management of pain. Lippincott,
Philadelphia, 2001, 780-787

16 Quanto ao uso de antidepressivos tricíclicos em idosos:

A) amitriptilina e nortriptilina não se diferenciam em relação aos efeitos adversos


B) as doses diárias de amitriptilina devem ser fracionadas em intervalos fixos
C) as doses devem ser tituladas e atingirem no máximo 1/3 da dose usual de indivíduos mais jovens
D) não interagem com outras medicações, como os anticonvulsivantes e os fenotiazínicos
E) nortriptilina é desprovida de ações anticolinérgicas e antihistamínicas

Resposta: C

Comentário:
Os antidepressivos tricíclicos amitriptilina e nortriptilina devem ser administrados em dose única noturna por
induzirem o sono. Nos idosos a dose deve ser titulada cuidadosamente, atingindo no máximo 1/3 da dose
usual dos adultos jovens. A nortriptilina apresenta ação mais noradrenérgica e menor risco de efeitos
colaterais que a amitriptilina, embora ambas apresentem ações antihistamínicas, anticolinérgicas e
antiadrenérgicas. Interagem com vários outros medicamentos.

Referências:
1 - Marquez JO,Souza MC Dor em Idosos. Em:Teixeira MJ,BraumJL,MarquezJO,Yeng LT Dor Contexto
Interdisciplinar,Ed Maio, Curitiba, 2003,563-570.
2 - Haddox JD Coanalgesics Agents. In: Raj PP Pain Medicine A Comprehensive Review, Mosby, Saint
Louis, 1996,142-153.

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17 Na analgesia controlada pelo paciente (ACP):

A) a via subcutânea não é recomendada


B) taxas de infusão contínua de analgésicos opióides associadas a bolus de demanda por via venosa
expõem mais os pacientes a ocorrências de efeitos adversos
C) o uso de opióides por via venosa exige monitoração obrigatória da saturação arterial de oxigênio
D) idade avançada é uma contra-indicação formal
E) o intervalo de tratamento (lockout) e a dose de demanda são programados no início do tratamento e
não podem ser modificados ao longo do mesmo

Resposta: B

Comentário:
ACP pode ser utilizada por diferentes vias (venosa, subcutânea e espinhal) e diferentes modalidades de
programação. A utilização de taxas de infusão contínua de analgésico associadas aos bolus de demanda é
a modalidade mais controversa na literatura, uma vez que o paciente passa a ter apenas um controle parcial
sobre a dose total utilizada, ficando mais exposto à ocorrência de efeitos colaterais.O emprego de bombas
de ACP em pacientes com idade avançada trazem segurança ao tratamento, com conforto máximo para os
pacientes. Monitoração de saturação arterial de oxigênio não é necessária para todos os pacientes que
fazem uso de ACP, estando reservada a pacientes mais graves e portanto mais sujeitos ao surgimento de
efeitos colaterais. Todos os parâmetros ajustáveis da bomba de ACP são possíveis de alterações durante o
tratamento de acordo com as respostas dos pacientes.

Referências:
1 - Lemonica L, Barros GAM Métodos. Em: Cavalcanti IL, Gozzani JL Dor pós-operatória, SBA, Rio de
Janeiro, 2004,181-192.
2 - Azevedo MP e cols Dor Aguda. Em: Cavalcanti IL, Maddalena ML Dor,SAERJ, Rio de Janeiro,
2003,95-166.

18 Com a utilização de opióides, observa-se que:

A) pseudoadição é uma forma branda de dependência psicológica às drogas.


B) dependência física e tolerância são efeitos fisiológicos da terapia crônica com opióides
C) dependência psicológica é um efeito adverso freqüente com o uso de opióides
D) síndrome de abstinência aos opióides ocorre somente após mais de 30 dias de uso de opióides
E) não se observa tolerância aos efeitos colaterais dos opióides durante o tratamento.

Resposta: B

Comentário:
Pseudoadição é uma síndrome iatrogênica caracterizada por comportamento que superficialmente parece
adição, porém trata-se de uma resposta de pacientes mal tratados buscando alívio da dor. Dependência
física e tolerância são efeitos fisiológicos do tratamento da dor crônica. Dependência psicológica é um
evento raro, que incide em menos de 1% dos pacientes que utilizam opióides. Dependência física,
caracterizada em grau maior por síndrome de abstinência, pode ocorrer após a cessação abrupta de
opióides, utilizados por tempo superior a 1 semana. Tolerância aos opióides ocorre com o uso crônico dos
mesmos, bem como a tolerância à maioria dos efeitos adversos, com exceção da constipação.

Referências:
1 - Patt R, Isaacson I Câncer Pain Syndromes. In: Raj PP Pain Medicine A Comprehensive Review,
Mosby, St Louis, 1996,502-520.
2 - Oliveira LF Farmacologia da Dor. In: Cavalcanti IL, Maddalena ML Dor, SAERJ, Rio de Janeiro, 2003,
37-52.

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19 - Nas síndromes vertebrais e/ou compressão da medula espinhal por doença tumoral, pode-se
afirmar que:

A) o envolvimento cervical e lombar os sintomas são comumente bilaterais


B) a fratura patológica é a principal responsável pela dor constante e prolongada das metástases ósseas
C) a dor da compressão medular precede alterações neurológicas por dias ou semanas
D) a dor óssea por invasão tumoral não se modifica com a movimentação do paciente
E) nas invasões de vértebras lombares e cervicais a dor é sempre localizada; nunca irradiada

Resposta: C

Comentário:
Metástases em coluna cervical e lombar tendem a produzir sintomas unilaterais. A dor freqüentemente
observada em invasões ósseas tumorais deve-se a invasão do periósteo.Dor óssea é exacerbada pela
movimentação como levantar, sentar, movimentar-se e por pressão local Dor de metástases ósseas
lombares pode irradiar-se para crista ilíaca e articulações sacroilíacas; quando a lesão for em vértebra
cervical a irradiação se faz para regiões interescapular e occipital. Nas compressões medulares a dor quase
sempre precede alterações neurológicas por dias ou semanas.

Referências:
1 - Patt RB, Burton AW Pain associated with advanced malignancy, including adjuvant analgesic drugs in
câncer pain management. Em:Aronoff GM Evaluation and Treatment of Chronic Pain,
Williams&Wilkins,3ªed,1998,337-376.
2 - Azevedo GC Síndromes Dolorosas Vertebrais Diagnóstico e Terapêutica. Em: Andrade Filho ACC
Dor Diagnóstico e Tratamento. Roca, São Paulo, 2001,201-230.

20 É característica da síndrome dolorosa que acomete pacientes com síndrome de


imunodeficiência adquirida (SIDA):

A) a dor relacionada é rara e de fácil tratamento


B) a intensidade da dor e o número de áreas comprometidas no organismo não modificam com o avanço
da imunodepressão
C) a principal barreira para o efetivo tratamento da dor no paciente com SIDA é o temor dos médicos pelo
risco de abuso ou dependência de drogas pelos pacientes
D) amitriptilina tem grande indicação na terapia da dor neuropática em doses elevadas
E) não há citação de interação de drogas entre analgésicos e inibidores de protease, utilizados em grande
escala no paciente com SIDA

Resposta: C

Comentário:
Dor é uma constante de muitos pacientes com SIDA e/ou doença avançada, cuja intensidade da dor e
locais acometidos são mais intensos á medida que aumenta a imunodepressão. A falta de conhecimento em
entender a prevalência da dor nesses pacientes e terem conceitos errôneos no que diz respeito aos riscos
de abuso constitui-se na maior barreira para o tratamento da dor. Amitriptilina, embora usada como droga
de primeira linha no tratamento da dor neuropática freqüentemente é dose limitada pelos seus efeitos
sedativos e anticolinérgicos. O sistema citocromo P-450 é uma das mais importantes causas de interação
entre indutores de proteases e diversas drogas analgésicas.

Referências:
1 - Lor E, Stansell J Management of Pain in HIV-Infected Persons. In: Aronoff G Evaluation and
Treatment of Chronic Pain, Williams &Wilkins, Baltimore,3ª ed,1998, 397-403.
2 - Teixeira MJ e cols Dor nas neuropatias periféricas. Em: Teixeira MJ, Figueiró JAB Dor,Grupo
Editorial Moreira,São Paulo, 2001,254-266.

10 COMITÊ DE DOR
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21 - Dores de cabeça com freqüência média de 15 crises/mês, por período igual ou maior que 6
meses, caráter de pressão/aperto, bilateral, sem náusea e vômitos, com fonofobia e predominando
em mulheres, são características de cefaléia:

A) em salva
B) tensional episódica
C) tensional crônica
D) migrânia
E) cervicogênica

Resposta: C

Comentário:
Existem critérios diagnósticos pré-estabelecidos para os diferentes tipos de cefaléias. Cefaléia em salva é
mais comum em homens, com episódios cíclicos, regulares, aglomerados e intercalados por longo período
de remissão de crises: a cefaléia tipo tensional episódica é bilateral, em pressão ou aperto, não pulsátil, com
freqüência inferior a 15 crises/mês e duração de 30 minutos a 7 dias; a cefaléia tipo tensional crônica tem as
mesmas características da episódica porém com freqüência superior a 15 crises/mês por um período igual
ou superior a 6 meses. Migrânea caracteriza-se pela localização unilateral, pulsátil, de intensidade
moderada ou forte, podendo ser acompanhada de náuseas, vômitos, fotofobia ou fonofobia. Cefaléia
cervicogênica é episódica, de intensidade variável, originando-se a dor na parte posterior do pescoço,
podendo irradiar-se para toda a cabeça.

Referências:
1 Reis CHM Cefaléias e outras dores craniofaciais. In: Cavalcanti IL, Maddalena ML Dor. SAERJ, Rio
de Janeiro, 2003, 205-236
2 Saper Jr, Silberstein SD. Gordon CD, Hamel RL Cefaléia do tipo tensão. In: Manual de Tratamento da
Cefaléia. Revinter, Rio de Janeiro, 2000, 135-138.

22 - A iso-enzima COX-2 é fundamentalmente encontrada em:

A) macrófagos e plaquetas
B) sistema nervoso central e periférico
C) células gástricas e endotélio vascular
D) rim e macrófago
E) estômago e plaquetas

Resposta: D

Comentário:
Três isoformas da ciclooxigenase são identificadas: COX-1, encontrada fundamentalmente no estômago,
plaquetas e no rim: COX-2, induzida no endotélio e no macrófago e a recentemente descrita COX-3,
aparentemente alvo da ação do paracetamol e da dipirona. A COX-2 é uma enzima constitutiva no rim e no
sistema nervoso. É encontrada como enzima induzida no macrófago, onde é responsável pela síntese das
prostaglandinas pró-inflamatórias e no endotélio vascular, onde é responsável pela produção de
prostaciclina.

Referências:
1 - Hardman JG, Limbird LE, Gilman AG The pharmacological basis of therapeutics. 10ª ed. New York,
Mc-Graw Hill, 2001, 690
2 - Oliveira LF Farmacologia da dor. In: Cavalcanti IL e Maddalena ML Dor SAERJ, Rio de Janeiro,
2003, 37-52

COMITÊ DE DOR 11
PROVA DE DOR 2005

23 - A mistura eutética de anestésico local (EMLA) para analgesia tópica, compõe-se de:

A) lidocaína 0,5% + tetracaína 4%


B) prilocaína 2% + bupivacaina 0,25%
C) prilocaína 2% + lidocaína 2%
D) prilocaína 4% + lidocaína 2%
E) bupivacaína 2% + prilocaína 2%

Resposta: C

Comentário:
Os anestésicos locais, seja em solução ou em pasta, podem ser utilizados topicamente, para alívio
temporário de dor severa. Podem ser usados lidocaína 2% a 4%, cocaína 4 a 6%, benzocaína a 30%. Para
a pele, uma mistura eutética de anestésico local, comumente utilizada, é a mistura de lidocaína a 2% +
prilocaína a 2%. É útil principalmente em neuralgia pós-herpética.

Referências:
1 - Buckley FP Regional anesthesia with local anesthetics. In: Loeser JD Bonica s Management of pain.
3rd ed. Lippincott, Philadelphia, 2001, 1893-1952
2 - Raj PP e Racz GB Role of diagnostic and therapeutic nerve blocks in the management of pain. In:
Aronoff GM Evaluation and treatment of chronic pain. 3rd ed., Williams & Wilkins, Baltimore, 1999, 505-532

24 - No tratamento da dor, a acupuntura:

A) ativa os sistemas endógenos antinociceptivos


B) é contra-indicada na dor miofascial
C) produz a diminuição de beta-endorfinas
D) aumenta a velocidade de transmissão do estímulo através das fibras C
E) inibe a condução das fibras A

Resposta: A

Comentário:
Sabe-se que a acupuntura ativa as fibras de condução do tipo A e inibe a condução do estímulo através
das fibras A e C. A acupuntura ativa os sistemas endógenos antinociceptivos, que modulam a dor,
aumentando a produção de endorfinas, modificando a atividade simpática alterada, eliminando a contratura
muscular e diminuindo a hiperatividade neuronal na lesão nervosa crônica.

Referências:
1 - Pai HJ, Basseto R e Yuan CS Acupuntura e dor. In: Teixeira MJ e Figueiró JA Dor Epidemiologia,
fisiopatologia, avaliação, síndromes dolorosas e tratamento. Ed Moreira Jr, São Paulo, 2001, 150-151
2 - Butter SH e Chapman CR Acupuncture. In: Loeser JD Bonica s Management of pain. 3rd ed.
Lippincott, Philadelphia, 2001, 1832-1841

12 COMITÊ DE DOR
PROVA DE DOR 2005

25 - Na injeção peridural de corticosteróides, para alívio da dor, a complicação mais freqüente é:

A) síndrome de Cushing
B) supressão do cortisol plasmático
C) aumento transitório da dor de origem ciática
D) punção acidental da dura mater
E) aracnoidite adesiva

Resposta: D

Comentário:
A injeção peridural epidural de corticosteróides possui inúmeros efeitos adversos, sendo que a punção da
dura mater é a complicação mais comumente relatada, com o aparecimento de cefaléia característica. Há
descrição do aparecimento de efeitos colaterais menores, próprios dos esteróides, disfunção neurológica,
meningite asséptica e outras complicações neurológicas relacionadas ao método.

Referências:
1 - Raj PP Epidural steroid injections. In: Raj PP Practical management of pain 3rd ed. Mosby,
Philadelphia, 2000, 732-743
2 - Erjavec M Epidural steroids for low back pain. In: Loeser JD Bonica s Management of pain. 3rd ed.
Lippincott, Philadelphia, 2001, 1557-1564

26 - Correlacione o local do bloqueio das vias simpáticas periféricas, para o tratamento da dor:

A) bloqueio peridural e/ou somático paravertebral


B) bloqueio subaracnóideo
C) bloqueio dos nervos periféricos
D) bloqueio simpático pré-vertebral
E) bloqueio simpático paravertebral

A) 1C, 2D, 3A, 4E, 5B


B) 1C, 2B, 3E, 4D, 5A
C) 1C, 2A, 3B, 4E, 5D
D) 1B, 2D, 3A, 4E, 5C
E) 1E, 2A, 3C, 4D, 5B

Resposta: C

Comentário:
Os sistemas simpático e parassimpático constituem o sistema nervoso autônomo, definido como a parte do
sistema nervoso que regula as funções circulatórias, respiratórias, alimentares, genitourinárias e outros
processos não submetidos à vontade. É constituído de elementos centrais e periféricos.
No tratamento da dor, a interrupção das vias simpáticas periféricas pode ser realizadas em diversos
segmentos do organismo como nos nervos periféricos, no espaço peridural, no espaço subaracnóideo, no
gânglio simpático paravertebral ou no gânglio simpático pré-vertebral.

Referências:
1 - Sanchez CA e Oliveira AS Sistema nervoso autônomo e síndromes dolorosas. In: Andrade Filho ACC
Dor Diagnóstico e Tratamento. Roca, São Paulo, 2001, 171-182
2 - Sakata RK e Issy AD Bloqueios para tratamento da dor. In: Sakata RK e Issy AM Guias de medicina
ambulatorial e hospitalar da UNIFESP Dor. Manole, São Paulo, 2004, 195-213

COMITÊ DE DOR 13
PROVA DE DOR 2005

27 - No bloqueio do gânglio celíaco, para analgesia, usando álcool a 50%, geralmente, o efeito
máximo ocorre no:

A) momento da injeção
B) 1º dia
C) 2º dia
D) 4º dia
E) 7-14º dia

Resposta: D

Comentário:
O plexo celíaco é a maior formação ganglionar pré-vertebral do sistema nervoso autônomo. Tem indicação
principal na dor intratável clinicamente provocada pelo carcinoma de pâncreas. Pode-se usar álcool e/ou
fenol para o bloqueio neurolítico. Embora o início da analgesia seja rápido, com álcool a 50%, a
degeneração ocorre gradualmente, com efeito máximo no 4º dia. Na maioria dos casos há alívio total ou
parcial da dor, menor incidência de náuseas e vômitos, melhora do estado geral e diminuição da
necessidade de analgésicos ou hipnoanalgésicos. Efeitos efeitos persistem por semanas a meses.

Referências:
1 - Sanchez CA e Oliveira AS Sistema nervoso autônomo e síndromes dolorosas. In: Andrade Filho ACC
Dor Diagnóstico e Tratamento. Roca, São Paulo, 2001, 171-182
2 - Sakata RK e Issy AD Bloqueios para tratamento da dor. In: Sakata RK e Issy AM Guias de medicina
ambulatorial e hospitalar da UNIFESP Dor. Manole, São Paulo, 2004, 195-213

14 COMITÊ DE DOR
PROVA DE DOR 2005

28 - Correlacione as estruturas anatômicas para a realização do bloqueio do plexo simpático lombar:

A) aorta
B) músculo psoas maior
C) cadeia simpática lombar
D) nervos somáticos

A) 1D, 2A, 3B, 4C


B) 1C, 2A, 3B, 4D
C) 1B, 2A, 3C, 4D
D) 1B, 2A, 3D, 4C
E) 1C, 2A, 3D, 4B

Resposta: B

Comentário:
A cadeia simpática situa-se sobre as vértebras lombares em uma posição ântero-posterior e pode ser
bloqueada pela via posterior. No lado direito, localiza-se atrás da veia cava inferior e à esquerda, anterior e
medialmente à ela, encontra-se a aorta. O conhecimento e identificação rigorosos dos parâmetros
anatômicos são essenciais para a realização adequada do bloqueio, no tratamento da dor.

Referências:
1 - Sanchez CA e Oliveira AS Sistema nervoso autônomo e síndromes dolorosas. In: Andrade Filho ACC
Dor Diagnóstico e Tratamento. Roca, São Paulo, 2001, 171-182
2 - Sakata RK e Issy AD Bloqueios para tratamento da dor. In: Sakata RK e Issy AM Guias de medicina
ambulatorial e hospitalar da UNIFESP Dor. Manole, São Paulo, 2004, 195-213

COMITÊ DE DOR 15
PROVA DE DOR 2005

29 - A Síndrome de Grisel caracteriza-se por:

A) lesão articular em L1-L2


B) lombalgia severa associada à tuberculose na coluna
C) dessaranjo articular entre C1-C2
D) complicação da hérnia de disco não tratada
E) torcicolo de causa oftalmológica

Resposta: C

Comentário:
A Síndrome de Grisel é também conhecida como a fixação rotatória de C1-C2, luxação inflamatória de C1-
C2, luxação espontânea de C1-C2, luxação espontânea hiperêmica de C1-C2, subluxação de C1-C2 não
traumática e desvio rotacional C1-C2. É um dessaranjo articular entre C1-C2, atribuído a uma
incompetência ligamentar, ocasionada pelas toxinas de germes de infecções orofaringeanas. Caracteriza-se
por cervicalgia, inclinação lateral da cabeça para um lado e rotação da mesma para o lado oposto.

Referências:
1 - Sanchez CA e Oliveira AS Sistema nervoso autônomo e síndromes dolorosas. In: Andrade Filho ACC
Dor Diagnóstico e Tratamento. Roca, São Paulo, 2001, 171-182
2 Bonica JJ, Cailliet R e Loeser JD General considerations of pain in the neck and upper limb. In: Loeser
JD Bonica s Management of pain. 3rd ed. Lippincott, Philadelphia, 2001, 969-1018

30 - Por definição, uma clinica multidisciplinar de dor diferencia-se de um centro multidisciplinar de


dor por não possuir:

A) psicólogo
B) atividade de pesquisa
C) atividade de ensino
D) atividade de pesquisa e ensino
E) anestesiologista em seu quadro clínico

Resposta: D

Comentário:
A IASP (International Association for the Study of Pain), em 1990, classificou os serviços de tratamento de
dor em: centro multidisciplinar de dor, que inclui equipe de diferentes profissionais de saúde atuando em
clínica e por pesquisadores na área experimental, em que as atividades de pesquisa e ensino são
regulares. Já a clínica multidisciplinar de dor diferencia-se por não incluir atividades de pesquisa e ensino
em seu programa habitual. Clínica de dor é uma unidade de diagnóstico e tratamento de doentes com dor
crônica, especializada ou não em um tipo de dor. A clínica de modalidade orientada é definida como a
clínica que oferece modalidade específica de tratamento, como clínica de acupuntura.

Referências:
1 Lemonica L Organização de serviços de terapia da dor. In: Andrade Filho ACC Dor Diagnóstico e
Tratamento. Roca, São Paulo, 2001, 269-275
2 Castro AB A clínica de dor Origem, desenvolvimento e classificação. In: Castro AB A clínica de
dor, Ed. Maio, Curitiba, 2003, 13-25

16 COMITÊ DE DOR
PROVA DE DOR 2005

31 - A ciclobenzaprina:

A) interfere na função muscular


B) é efetiva em todo tipo de espasmo muscular
C) deve ser sempre associada a um inibidor da monoamino oxidase
D) não é eficaz no espasmo muscular resultante de doença do SNC
E) pode ser usada indefinidamente

Resposta: D

Comentário:
No tratamento da dor crônica, o uso de medicamentos coadjuvantes é essencial. Dentre eles, os
miorelaxantescomo a ciclobenzaprina são comumente prescritos. A ciclobenzaprina alivia o espasmo
muscular de origem local, sem interferir com a função muscular. Não é efetiva no espasmo muscular
resultante de doença do sistema nervoso central. É indicada como adjuvante do repouso e da fisioterapia
para o alívio do espasmo muscular associado a condições musculoesqueléticas dolorosas agudas e não
deve ser associada a inibidores de (mono-amina-oxidase) monoamino oxidase. Não deve ser usada por
tempo indeterminado, pelo risco de acúmulo e suicídio em doses elevadas.

Referências:
1 - Cluff RS Tratamentos adjuvantes. In: Ballantyne J Massachusetts General Hospital Manual de
controle da dor. Koogan, Rio de Janeiro, 2002, 140-154
2 - Teixeira MJ e Truite LVR Miorrelaxantes. In: Teixeira MJ Dor Contexto interdisciplinar, Ed. Maio,
Curitiba, 2003, 645-648

32 - Nor-meperidina, o principal metabólito da meperidina, tem a meia-vida de:

A) 4h
B) 8h
C) 15 20 h
D) 48 h
E) 72 h

Resposta: C

Comentário:
A meperidina é um derivado opióide que tem o seu uso cada vez mais limitado, em dor crônica. Liga-se em
70% às proteínas. O seu principal metabólito, a normeperidina, tem uma meia-vida de 15 a 20 horas, sendo
eliminada tanto pelo rim quanto pelo fígado. Funções renal ou hepática diminuídas podem levar ao acúmulo
de normeperidina, que é tóxica, podendo causar tremores, espasmos musculares, dilatação pupilar, reflexos
hiperativos e convulsões.

Referências:
1 Uppington J Opioides. In: Ballantyne J Massachusetts General Hospital Manual de controle da dor.
Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2002, 115-139
2 Teixeira MJ Analgésicos opioides. In: Teixeira MJ e cols Dor Contexto interdisciplinar. Ed. Maio,
Curitiba, 2003, 595-612

COMITÊ DE DOR 17
PROVA DE DOR 2005

QUESTÕES DO TIPO M DE 33-50


INSTRUÇÕES: Cada questão apresenta quatro opções (1, 2, 3 e 4). Marque no cartão de respostas,
em cada questão, uma das alternativas abaixo:

A) se apenas 1, 2 e 3 são corretas


B) se apenas 1 e 3 são corretas
C) se apenas 2 e 4 são corretas
D) se apenas 4 é correta
E) se todas são corretas

33 - É possível afirmar sobre o ponto-gatilho na dor miofascial:

1- gera sempre dor referida


2- pode estar presente em áreas assintomáticas
3- causa incapacidade funcional
4- é um foco de hiperirritabilidade muscular

Resposta: E

Comentário:
O ponto-gatilho(PG) pode ser ativo ou latente e é um foco de hiperirritabilidade muscular situado em bandas
musculares tensas. Quando pressionado gera dor referida em áreas padronizadas, reprodutíveis para cada
músculo. A dor é espontânea ou surge ao movimento. Um PG latente tem características semelhantes a um
PG ativo, mas se situa em áreas assintomáticas e quando diante de estressores físicos, torna-se ativo e
gera incapacidade funcional.

Referências:
1 - Yeng LT, Kaziama HHS, Teixeira MJ Síndrome Dolorosa Miofascial. Em: Teixeira MJ-Dor Contexto
Interdisciplinar, Ed. Maio, Curitiba, 2003,271-287.
2 - Sola AE e Bonica JJ Myofascial pain syndromes. In: Loeser JD Bonica s Management of pain.
Lippincott, Philadelphia, 2001, 530-542

34 Em relação à dor fantasma, pode-se afirmar que:

1- ocorre após mastectomias


2- dor antes da amputação aumenta sua ocorrência
3- distúrbios emocionais podem agravar a dor
4- não diminui de intensidade com o tempo.

Resposta: A

Comentário:
A dor fantasma pode ocorrer após amputações de membros e retiradas de outras estruturas como a mama,
o pênis, etc. A presença de dor pré-amputação é citada por vários autores como um fator associado
importante. Há o impacto emocional da amputação nos indivíduos, o que pode gerar ansiedade, depressão
e desajuste social capazes de potencializar a dor. Relata-se diminuição da intensidade da dor com o passar
do tempo, com redução de 30% após 1 ano da amputação.

Referências:
1 Loeser JD Pain after amputation: Phantom limb and stump pain. In: Loeser, JD Bonica s
Management of pain. Lippincott, Philadelphia, 2001, 412-422.
2 - Sakata RK, Issy AM e Vlainich R Dor neuropática. In: Cavalcanti JL e Maddalena ML Dor SAERJ,
Rio de Janeiro, 2003, 167-203.

18 COMITÊ DE DOR
PROVA DE DOR 2005

35 - Em relação às fases evolutivas das síndromes dolorosas complexas regionais, pode-se afirmar:

1- a instalação de alterações tróficas inicia-se na fase II


2- a fase I caracteriza-se principalmente por alterações neurovegetativas e dor constante
3- a fase II ocorre 3 a 6 meses após o início da síndrome
4- pode haver redução da intensidade da dor no estágio III

Resposta: E

Comentário:
Pode haver variação na expressão de determinados sintomas de acordo com a fase evolutiva da doença.
Admite-se que a SDRC não-tratada desenvolve-se através de estágios seqüenciais, cada um caracterizado
por um padrão diferente de sinais e sintomas. O estágio agudo(I) é caracterizado primariamente por
anormalidades sensoriais(alodinia e hiperalgesia) e dor, além de sinais de disfunção vasomotora, edema e
anormalidades da sudorese. O estágio distrófico(II) ocorre 3 a 6 meses após o início da síndrome e é
caracterizado por disfunção sensitiva e dor mais intensa, manutenção das anormalidades neurovegetativas
e instalação de alterações motoras e tróficas. No estágio atrófico(III) há diminuição da intensiddae da dor e
das alterações sensitivas, porém marcantes alterações motoras e tróficas, com maior limitação funcional.

Referências:
1 - Yeng LT, Godinho FL, Teixeira MJ. Síndrome complexa de dor regional. Em: Teixeira MJ-Dor Contexto
Interdisciplinar, Ed. Maio, Curitiba, 2003,219-229.
2 - Galer BS, Schwartz L e Allen RJ Complex regional pain syndromes Type I: Reflex sympathetic
dystrophy and Type II Causalgia In: Loeser, JD Bonica s Management of pain. Lippincott, Philadelphia,
2001, 388-411.

36 A síndrome dolorosa regional complexa pode ter como fator etiológico:

1- amputações traumáticas
2- câncer
3- injeções de substâncias irritantes perineurais
4- uso de isoniazida

Resposta: E

Comentário:
Entre as principais etiologias da SDRC podemos citar: traumatismos acidentais, médicos e ocupacionais,
doenças viscerais, neurológicas, neoplasias, infecções, doenças vasculares e afecções músculo-
esqueléticas. Sabe-se que alguns medicamentos podem estar associados ao desencadeamento da SDRC,
como isoniazida, hidrazida e anticonvulsivantes.

Referências:
1 - Yeng LT, Godinho FL, Teixeira MJ. Síndrome complexa de dor regional. Em: Teixeira MJ-Dor Contexto
Interdisciplinar, Ed. Maio, Curitiba, 2003,219-229.
2 - Galer BS, Schwartz L e Allen RJ Complex regional pain syndromes Type I: Reflex sympathetic
dystrophy and Type II Causalgia In: Loeser, JD Bonica s Management of pain. Lippincott, Philadelphia,
2001, 388-411.

COMITÊ DE DOR 19
PROVA DE DOR 2005

37 Pode-se afirmar que a dor central encefálica:

1- tem como principal etiologia a doença cérebro-vascular


2- é uma entidade rara
3- pode estar restrita a pequenos segmentos corporais
4- a dor em queimação é um caráter patognomônico

Resposta: B

Comentário:
Dentre as várias etiologias da DCE inclui-se a doença cérebro-vascular, responsável por 85 a 90% dos
casos, tais como infartos, hemorragias, malformações vasculares, etc. Estudos epidemiológicos mostram
que sua prevalência é significante e que é condição subvalorizada no contexto das doenças neurológicas.
Geralmente acomete amplas áreas corporais, mas pode estar restrita a pequenos segmentos, como ilhas
de dor . Não existe caráter patognomônico quanto à descrição das sensações em pacientes com DCE, pode
haver queimação, choques, formigamento, agulhadas, etc.

Referências:
1 - Oliveira RAA, Teixeira MJ. Dor central encefálica. Em: Teixeira MJ-Dor Contexto Interdisciplinar, Ed.
Maio, Curitiba, 2003,382-388.
2 - Tasker RR Central pain states. In: Loeser, JD Bonica s Management of pain. Lippincott, Philadelphia,
2001, 433-458.

38 - A fibromialgia é uma síndrome cuja fisiopatologia é complexa envolve vários fatores:

1- secreção inadequada de hormônio do crescimento


2- alteração do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal com resposta exagerada ao hormônio adrenocorticotrófico.
3- aumento da atividade da substância P
4- disfunção serotoninérgica

Resposta: E

Comentário:
Ocorrem anormalidades endócrinas no eixo hipotálamo-hipófise em doentes com fibromialgia. Há secreção
inadequada de hormônio de crescimento(GH) que contribui para menor recuperação frente aos
microtraumas musculares, ocorrência de dor músculo-esquelética e alteração do sono. A regulação da
interação com a adrenal está alterada, com reação exagerada ao ACTH. O aumento da substância P na
medula e no líquido cefalorraquidiano de pacientes fibromiálgicos relaciona-se com hiperalgesia difusa e
alodinia. O nível sérico de serotonina e seu precursor(L-triptofano) está sigificantemente reduzido, o que
aumenta as queixas somáticas, depressão e percepção dolorosa.

Referências:
1 - Kaziama HHS, Yeng LT, Teixeira MJ Síndrome Fibromiálgica. Em: Teixeira MJ-Dor Contexto
Interdisciplinar, Ed. Maio, Curitiba, 2003,289-304.
2 - Russell IJ Fibromyalgia syndrome. In: Loeser JD Bonica s Management of pain. Churchill-Livingstone,
Philadelplhia, 2001, 543-556.

20 COMITÊ DE DOR
PROVA DE DOR 2005

39 - A mucosite, decorrente de quimioterapia e radioterapia mieloablativas, que precede transplante


de medula óssea:

1- é facilmente tratável com analgésicos antiinflamatórios


2- pode ter sua superfície infectada por microorganismos como cândida albicans ou herpes simples
3- é delimitada à cavidade oral e faringe
4- tem na analgesia controlada pelo paciente, por via parenteral, uma resposta eficaz.

Resposta: C

Comentário:
A mucosite, decorrente de quimioterapia ou radioterapia envolve, usualmente, a cavidade oral e faringe,
porém pode se estender a outras superfícies mucosas gastrointestinais, como esôfago, estômago e
intestino. Superfícies lesadas das mucosas podem tornarem-se superinfectadas com microorganismos
como candida albicans e herpes simples. Analgesia controlada pelo paciente tem se mostrado eficaz no
tratamento de pacientes com mucosite após transplante de medula óssea.

Referências:
1 - Cherny NI, Portenoy RK Cancer pain: principles of assessment and syndromes. In: Wall PD, Melzack
R- Textbook of pain, 3ª ed,Churchill-Livingstone, 1994,787-823.
2 - Patt RB, Burton AW Pain associated with advanced malignancy, including adjuvant analgesic drugs in
cancer pain management. In: Aronoff GM Evaluation and Treatment of Chronic Pain, Williams & Wilkins,
Baltimore, 3ª ed,1998, 337-376.

40 - A dor após procedimentos cirúrgicos videolaparoscópicos é:

1- mais intensa na região do abdome, onde ocorreu maior lesão tecidual


2- mal localizada
3- freqüentemente de caráter decrescente no curso das primeiras 24 horas
4- não relacionada à irritação do peritônio diafragmático.

Resposta: A

Comentário:
A dor pós-operatória em videolaparoscopias situa-se habitualmente na região do abdome, anatomicamente
correspondente ao órgão operado. Por se tratar de dor visceral é mal localizada, e com caráter tipicamente
decrescente nas primeiras 24 horas. É classicamente referida à irritação do peritônio diafragmático.

Referências:
1 - Nunes CEL,Pinho M Cirurgia Videolaparoscópica. Em:Cavalcanti IL, Gozzani JL Dor Pós-Operatória,
SBA,Rio de Janeiro, 2004,337-351.
2 - Azevedo MP, Nunes BC, Pereira ACMP, Lacerda MA e Oest F Dor aguda. In: Cavalcanti IL,
Maddalena ML Dor SAERJ, Rio de Janeiro, 2003, 95-166.

COMITÊ DE DOR 21
PROVA DE DOR 2005

41 - Em relação aos recém-nascidos, pode-se afirmar que:

1- possuem substrato neurobiológico que os torna, mesmo prematuros, suscetíveis à dor


2- a inibição e modulação da dor são realizadas de forma imatura
3- o maior obstáculo no tratamento da dor consiste nas dificuldades de sua avaliação e mensuração
4- a dor é percebida com maior intensidade do que em indivíduos de faixas etárias maior, quando
submetidos a procedimentos dolorosos repetidos.

Resposta: E

Comentário:
Evidências científicas demonstram que há substrato neurobiológico que torna o RN, mesmo prematuro,em
condições de sentir dor, mas não de realizar de forma madura sua inibição e modulação. A dificuldade para
avaliação e mensuração da dor no neonato é ainda um obstáculo importante no tratamento da dor nas
unidades neonatais de terapia intensiva. O RN, em especial o prematuro, sente mais dor que indivíduos de
faixas etárias mais velhas, especialmente em procedimentos dolorosos ou desagradáveis repetidamente.

Referências:
1 - Guinsburg R, Balda RCXB Dor em Neonatologia. Em: Teixeira MJ,Braum JL,Márquez JO,Yeng LT -
Dor Contexto Interdisciplinar, Ed Maio, Curitiba,2003,547-554.
2 - Goldschneider KR, Mancuso TJ e Berde c - Pain and its management in children. In: Loeser JD
Bonica s Management of pain. Churchill-Livingstone, Philadelplhia, 2001, 797-812.

42 - A neuropatia actínica caracteriza-se:

1- por comprometer somente nervos periféricos


2- pela dificuldade de se fazer um diagnóstico diferencial com infiltração neoplásica
3- por se estabelecer ainda na vigência da radioterapia
4- por acometer com certa freqüência o plexo lombossacro nos casos de neoplasia pélvica

Resposta: C

Comentário:
A radiação ionizante causa neuropatia periférica, mielopatia e encefalopatia. A neuropatia crônica
manifesta-se, geralmente, entre o 4º e o 480º mês após a irradiação. O diagnóstico diferencial entre lesão
actínica e infiltração neoplásica é muitas vezes impossível de ser feito devido à freqüente associação das
duas entidades. É comum a neuropatia plexular lombossacral em casos de neoplasia pélvica.

Referências:
1 - Teixeira MJ - Dor no doente com câncer. Em: Teixeira MJ, Figueiró JAB Dor, Grupo Ed. Moreira Jr,
São Paulo, 2001,201-207.
2 - Janjan NA Radiotherapy management of symptomatic disease. In: Loeser JD Bonica s Management
of pain. Churchill-Livingstone, Philadelplhia, 2001, 704-719.

22 COMITÊ DE DOR
PROVA DE DOR 2005

43 - Na avaliação da dor em crianças pode-se afirmar que:

1- avaliações comportamentais e fisiológicas são usadas quando não se pode obter auto-relato
2- métodos de auto-relato são usados para crianças com comunicação verbal e sem alteração cognitiva
3- a escala de CHEOPS dá escores a diferentes comportamentos pré-estabelecidos
4- o choro é um sinal pouco relevante na avaliação de dor

Resposta: A

Comentário:
Os métodos de auto-relato são usados para crianças com comunicação verbal e sem alteração cognitiva;
avaliações comportamentais e fisiológicas são usadas quando não se pode obter auto-relato. A escala de
CHEOPS dá escores ao choro, facial, verbal, torso, toque e pernas. O choro é o sinal mais óbvio e mais
aceito de dor.

Referências:
1 - Sakata RK Avaliação da Dor. Em:Cavalcanti IL, Gozzani JL Dor pós-operatória,SBA, Rio de Janeiro,
2004,143-161.
2 - Valley MA Pain Measurement. In: Raj PP Pain Medicine: A Comprehensive Review,Mosby, Saint
Louis, 1996,36-45.

44 - Em relação às alterações do disco vertebral, anel fibroso e núcleo pulposo, capazes de


desencadear lombalgia, sabe-se que:

1- a protusão discal consiste do abaulamento localizado ou difuso do disco, resultante da alteração


degenerativa do anel fibroso.
2- a hérnia discal ocorre quando o material do núcleo pulposo desloca-se através da ruptura do anel
fibroso.
3- na hérnia prolapsada há ruptura do ânulo fibroso com integridade do ligamento longitudinal posterior de
modo que só o núcleo insinua-se no ligamento.
4- hérnia extrusa é a migração do núcleo pulposo para o canal vertebral sem ruptura do ligamento
longitudinal posterior.

Resposta: A

Comentário:
Abaulamentos localizados ou difusos dos discos em decorrência de alterações degenerativas do anel
fibroso são comumente denominados de protusões discais; quando o material do núcleo pulposo desloca-se
através da ruptura do anel fibroso, devido a fissura radial do anel, temos a hérnia discal e quando há ruptura
do anel fibroso com manutenção da integridade do ligamento longitudinal posterior e insinuação do núcleo
no ligamento, temos a hérnia prolapsada. Hérnia extrusa ocorre quando há ruptura do ligamento e migração
do núcleo pulposo degenerado para o canal vertebral.

Referências:
1 - Imamura ST e cols. Lombalgia. Em: Teixeira MJ, Figueiró JAB Dor Epidemiologia, fisiopatologia,
avaliação, síndromes dolorosas e tratamento. Grupo Editorial Moreira Jr, São Paulo, 2001, 222-236.
2 - Braun W Lombalgias. Em: Teixeira MJ Dor Contexto Interdisciplinar, Editora Maio, Curitiba, 2003,
463-472.

COMITÊ DE DOR 23
PROVA DE DOR 2005

45 - São características da dor visceral:

1- todas as vísceras são igualmente sensíveis à dor


2- não está sempre associada à lesão visceral
3- é bem localizada e de fácil identificação
4- é referida em outros locais e acompanhada de reflexos cutâneos e mecânicos

Resposta: C

Comentário:
A dor visceral não é evocada por todas as vísceras, o que se dá por deficiência de receptores ou por
alteração funcional dos mesmos, bem como é mal localizada e difusa pela organização das vias
nociceptivas no SNC. Não está sempre associada à lesão visceral e é referida em outros locais,
provavelmente pela convergência de fibras nervosas viscerais e somáticas, assim como acompanhada de
reflexos autonômicos e motores.

Referências:
1 - Kraychete DC, Guimarães AC Dor Abdominal. Em: Teixeira MJ e cols. Dor Contexto Interdisciplinar.
Editora Maio, Curitiba, 2003,493-507.
2 - Bonica JJ e Graney DD General considerations of abdominal pain. In: Loeser JD Bonica s
Management of pain. Churchill-Livingstone, Philadelplhia, 2001, 1235-1268.

46 - A ação dos opióides nos receptores sigma ( ) provoca:

1- disforia e midríase
2- analgesia espinhal e prurido
3- ausência de analgesia e hipertonia
4- sedação e diurese

Resposta: B

Comentário:
Basicamente 5 receptores opióides são identificados: mu, kappa, delta, sigma e epsilon. Os receptores mu
mediam a analgesia supraespinhal, euforia, depressão respiratória e a dependência física. Os receptores
kappa mediam a analgesia espinhal, miose, diurese e a sedação. Já os receptores delta mediam a
analgesia espinhal, com pouca ou nenhuma tolerância cruzada aos receptores mu. Os receptores sigma,
por sua vez, mediam a disforia, a midríase, as alucinações e a estimulação dos centros vasomotores e
respiratório.

Referências:
1 - Miyoshi HR e Leckband SG Systemic opioid analgesics. In: Loeser JD Bonica s Management of pain.
3rd ed. Lippincott, Philadelphia, 2001, 1682-1709
2 - Stoelting RK Opiate receptors: classification and action. In: Estafanous FG Opioids in anesthesia.
Butterworth, Boston, 1984, 17-19

24 COMITÊ DE DOR
PROVA DE DOR 2005

47 - Características farmacocinéticas comuns a todos os anti-inflamatórios não-hormonais incluem:

1- são rápida e extensivamente absorvidos após administração oral


2- clearences reduzidos
3- são extensivamente metabolizados no fígado, com pouca dependência da eliminação renal
4- têm grande volume de distribuição no organismo

Resposta: A

Comentário:
A toxicidade dos anti-inflamatórios não-hormonais (AINH) está diretamente relacionada à meia-vida
plasmática: quanto maior a meia-vida de eliminação, maior será o risco de toxicidade. Ligam-se
extensivamente às proteínas plasmáticas (> 90%), o que tem particular importância nos pacientes idosos,
que, tendo níveis diminuídos de albumina sérica, resultam em níveis aumentados destes anti-inflamatórios
não-hormonais no sangue, correndo o risco de aumentar a sua toxicidade. Como regra geral, os AINH são
rapidamente absorvidos por via oral, possuem um volume de distribuição tecidual muito limitado,
dependente da sua ligação protéica. São basicamente metabolizados no fígado com pouca dependência da
sua eliminação renal e têm baixos clearences plasmáticos.

Referências:
1 - Mather LE Clinical pharmacokinetics of analgesic drugs. In: Raj PP Practical management of pain
3rd ed. Mosby, Philadelphia, 2000, 462-476
2 - Oliveira LF Farmacologia da dor. In: Cavalcanti IL e Maddalena ML Dor SAERJ, Rio de Janeiro,
2003, 37-52

48 - A estimulação do sistema nervoso periférico, para o alívio da dor, caracteriza-se por:

1- implantação de um eletrodo sobre troncos nervosos periféricos e um gerador de pulsos no tecido celular
subcutâneo
2- ser um procedimento de baixo custo
3- apresentar alívio apenas temporário da dor por desaferentação
4- não apresentar nenhuma complicação

Resposta: B

Comentário:
A estimulação nervosa periférica consiste na implantação de um eletrodo sobre troncos nervosos periféricos
que se distribuem ao longo do território desaferentado e de um gerador de pulsos, com parâmetros
modulados por radiofreqüência, no tecido celular subcutâneo é muito mais aceitável pelos pacientes do que
os procedimentos ablativos. Além do fato de ser um procedimento de custo elevado, pode apresentar como
complicações infecção no local da cirurgia, parestesias acompanhadas de movimentação quando o eletrodo
é colocado num nervo misto, e o benefício é temporário em doentes com dor por desaferentação.

Referências:
1 Teixeira MJ Estimulação elétrica do sistema nervoso. In: Teixeira MJ e cols Dor Contexto
interdisciplinar. Ed. Maio, Curitiba, 2003, 827-834
2 Gybels JM e Nuttin BJ Peripheral nerve stimulation. In: Loeser JD Bonica s Management of pain. 3rd
ed. Lippincott, Philadelphia, 2001, 1851-1856

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PROVA DE DOR 2005

49 - Fatores de risco para efeitos tóxicos gastroduodenais induzidos pelos anti-inflamatórios não
hormonais:

1- idade avançada (> 60 anos)


2- combinação de anti-inflamatórios não-hormonais
3- uso concomitante de glicocorticóides
4- dose

Resposta: E

Comentário:
Os efeitos adversos mais significantes dos anti-inflamatórios não hormonais ocorrem no trato
gastrointestinal. Podem causar dor abdominal, dispepsia, náuseas, vômitos, esofagites, gastrite, erosões da
mucosa, hemorragia, perfuração ou ulceração péptica, obstrução e até mesmo morte. Dentre os fatores de
risco para os efeitos tóxicos gastrointestinais estão: idade avançada, história pregressa de úlcera péptica ou
sangramento intestinal, extensão da doença, dose de AINH (quanto maior a dose maior o risco), uso
concomitante de glicocorticóides, combinações de AINH e história de toxicidade prévia gastrointestinal aos
AINH.

Referências:
1 Miyoshi HR Systemic nonopioid analgesics. In: Loeser JD Bonica s Management of Pain. Lippincott,
Philadelphia, 2001, 1667-1681.
2 Teixeira MJ Analgésicos antiinflamatórios não-esteroidais. In: Teixeira MJ e cols Dor Contexto
interdisciplinar. Ed. Maio, Curitiba, 2003, 571-594

50 - Sobre a gabapentina:

1- os alimentos gordurosos têm grande efeito sobre a sua taxa de absorção


2- menos de 3% se liga à proteínas plasmáticas
3- sua meia-vida de eliminação é de 24-48 h
4- há correlação linear na concentração plasmática e a dose.

Resposta: C

Comentário:
Como medicamento coadjuvante no tratamento da dor, a gabapentina não tem seu mecanismo de ação
completamente elucidado, embora a sua estrutura química lembre a do neurotransmissor GABA, no
entanto, não interage com receptores GABA, não inibe a degradação do GABA e nem se converte a GABA.
Acredita-se que ela aumenta a concentração cerebral de GABA. Há uma correlação linear entre a
concentração plasmática e a dose, sendo que os alimentos não têm nenhum efeito sobre a sua taxa de
absorção. Quase toda a gabapentina circula livremente (menos de 3% se liga à proteínas). Sua meia-vida
de eliminação de 5-7 h.

Referências:
1 Cluff RS Tratamentos adjuvantes. In: Ballantyne J Massachusetts General Hospital Manual de
controle da dor. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2002, 149-154
2 Olavo J Anticonvulsivantes no tratamento das dores neuropáticas. In: Teixeira MJ e cols Dor
Contexto interdisciplinar. Ed. Maio, Curitiba, 2003, 641-644

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