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PROVA DE DOR 2006

QUESTÕES DO TIPO S de 01 a 27
INSTRUÇÕES: Cada questão tem cinco opções (A, B, C, D e E). Marque no cartão de respostas, em cada
questão, a alternativa correta.

1- Compressão radicular de C8 pode apresentar caracteristicamente a seguinte distribuição metamérica:

A) dor referida em ombro e braço


B) alteração dos reflexos braquioradial e do polegar
C) disfunçâo sensitiva do indicador e do dedo médio
D) alteração do reflexo triciptal
E) dor referida para território ulnar do antebraço e quinto dedo

Resposta: E

Comentário:
Os sinais e sintomas produzidos pela compressão da oitava raiz nervosa cervical são: disfunção motora da
abdução e adução da musculatura intrínseca da mão, disfunção sensitiva dos dedos anular e dedo mínimo e
dor referida na porção cubital do antebraço.

Referência:
Madalena ML. Dor musculoesqueletica e reumatica. Em: Cavalcanti IL, Madalena ML. Dor. Rio de
Janeiro,SAERJ,2003. p. 251-284.

2- Pode-se afirmar em relação aos anti-inflamatórios não-hormonais(AINH):

A) os oxicanos possuem meia-vida longa


B) o ibuprofeno tem elevada potência
C) os salicilatos apresentam eliminação prolongada
D) não possuem metabólitos ativos
E) a dipirona é classificada como AINH do tipo ácido

Resposta: A

Comentário:
Os AINH podem ser classificados quanto a farmacocinética, potência e efeitos colaterais. Os oxicanos e os
coxibs são considerados de meia-vida longa, o ibuprofeno e a aspirina apresentam baixa potência e eliminação
rápida. A dipiprona e o paracetamol são classificados como AINH não-ácidos. São metabolizados no fígado e
alguns têm metabólitos ativos.

Referência:
Teixeira MJ. Analgésicos antiinflamatórios não-esteroidais. Em: Teixeira MJ-Dor Contexto Interdisciplinar, Ed.
Maio, Curitiba, 2003,571-594.

COMITÊ DE DOR 1
PROVA DE DOR 2006

3- Pode-se afirmar sobre a dor pancreática que:

A) a dor abdominal irradiada é o principal sintoma da pancreatite aguda


B) na pancreatite crônica não há irradiação da dor
C) no carcinoma pancreático mais de 50% dos pacientes apresentam dor em faixa irradiada para o dorso
D) a dor aguda não alivia com mudança de posição
E) a dor por oclusão de ducto pancreático não alivia com a resolução da causa

Resposta: A

Comentário:
A dor pancreática aguda tem como principal sintoma dor abdominal irradiada, que pode ser aliviada com
mudança de posição, como sentar com o tronco fletido. Na pancreatite crônica, a dor se irradia usualmente para
o dorso; no carcinoma pancreático ocorre irradiação em faixa em aproximadamente um quarto dos pacientes. A
desobstrução do ducto pancreático promove rápido alívio da dor.

Referência:
Bonica JJ, Graney DO. General considerations of abdominal in: Bonica s Management of pain. 3rd Ed.
Lippincott, Philadelphia, 2001, 1235-1268.

4- A codeína é um opióide que:

A) tem 1/3 da potência da morfina


B) sua ação depende da conversão a morfina
C) seu mecanismo de ação é semelhante ao tramadol
D) sua biodisponibilidade por via oral é de quase 100%
E) é comum sua fraca ação em negros

Resposta: B

Comentário:
A codeína é um opióide que apresenta cerca de 1/10 da potência da morfina, tem ação predominante em
receptores e biodisponibilidade VO de 40%. Necessita ser desmetilada para formar morfina e alguns
indivíduos, como os caucasianos, podem apresentar um defeito metabólico que altere esta reação.

Referência:
Teixeira MJ. Analgésicos Opióides. Em: Teixeira MJ-Dor Contexto Interdisciplinar, Ed. Maio, Curitiba, 2003,595-
612.

COMITÊ DE DOR 2
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5- Assinale a afirmativa correta em relação à avaliação do doente com dor:

A) Instrumentos de auto-relato são pouco utilizados e pouco confiáveis já que a avaliação é muito subjetiva
B) O questionário de MacGill utiliza 2 grupos de palavras para descrição da dor: uma de natureza sensorial e
outra de natureza afetiva.
C) A escala analógica-visual e o questionário de MacGill são os instrumentos mais frequentemente utilizados
para mensuração de dor em clínicas e em pesquisa de Dor.
D) Medidas comportamentais são úteis para mensuração de dor em crianças, adultos que se comunicam com
dificuldade e pacientes com déficits cognitivos e substituem em qualquer situação medidas de auto-
avaliação.
E) A forma reduzida do questionário de MacGill é indicada para avaliar a dor em adolescentes.

Resposta: C

Comentários:
Os instrumentos de auto-avaliação fornecem a mais válida medida da experiência dolorosa, uma vez que a dor
é subjetiva e portanto será sempre melhor avaliada por medidas subjetivas. O questionário de MacGill utiliza 3
grupos de descritores de dor, de acordo com a qualidade das sensações relatadas: sensorial, afetivo e
avaliativo, num total de 102 palavras. Junto com a escala analógica visual constituem-se nos instrumentos mais
utilizadas tanto na clínica como na pesquisa de dor. Medidas comportamentais são bastante úteis em
populações especiais mas não substituem, nunca, em confiabilidade as medidas de auto-avaliação. O
questionário resumido de MacGill foi desenvolvido para uso específico em pesquisas quando o tempo para
obter informações dos pacientes é muito limitado ou quando mais informações são desejadas do que as obtidas
por escalas analógicas visuais.

Referências:
Melzack R and Katz J Pain Measurement in persons in pain, In: Wall P, Melzack R Textbook of Pain,
Edinburgh, Churchill Livingstone, 3rd Ed, 1994,337-351.
Sousa FAE, Pereira LV e cols em: Teixeira MJ Dor Contexto Interdisciplinar,Curitiba,2003,179-186.

6- Os antidepressivos são fármacos muito utilizados no tratamento da dor crônica. Sobre seus efeitos
colaterais é verdadeiro:

A) a sedação está relacionada ao efeito anticolinérgico


B) não interferem com a pressão intra-ocular
C) os efeitos cardiovasculares são comuns a tricíclicos e inibidores seletivos da recaptação de serotonina
D) os tricíclicos diminuem a condução cardíaca
E) apressam o orgasmo

Resposta: D

Comentário:
Os antidepressivos possuem inúmeros efeitos colaterais, como a sedação pelo seu efeito histaminérgico,
aumento da pressão intra-ocular no glaucoma de ângulo agudo, arritmias, diminuição da condução cardíaca e
retardo no orgasmo. Diferentemente dos tricíclicos, os inibidores seletivos apresentam raros efeitos sobre o
sistema cardiovascular.

Referências:
Júnior LHJ,Teixeira MJ. Antidepressivos no tratamento da dor. Em: Teixeira MJ-Dor Contexto Interdisciplinar,
Ed. Maio, Curitiba, 2003,614-631.
Max MB, Gilron IH. Antidepressants, muscle relaxants and NMDA receptor antagonists. In: Loeser JD Bonica s
Management of pain. 3rd Ed. Lippincott, Philadelphia, 2001, 1710-1726.

COMITÊ DE DOR 3
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7- Paciente do sexo feminino, com história prévia de fratura de punho e imobilização, apresenta-se com
queixa de dor no punho irradiada para mão e antebraço. O principal sintoma é uma sensação de
queimação, apresentando também rigidez articular, crescimento diminuído de pêlos, adelgaçamento de
pelos e unhas quebradiças. A pele sobre o membro acha-se úmida, fria e cianótica. Já fez 12 sessões de
fisioterapia referindo dor ao toque após movimentos mais bruscos. Assinale a hipótese diagnóstica
mais provável para esse quadro:

A) estágio agudo da Síndrome Dolorosa complexa tipo I


B) estágio distrófico da síndrome dolorosa complexa tipo I
C) estágio atrófico da síndrome dolorosa complexa tipo I
D) síndrome dolorosa complexa tipo II
E) fratura não consolidada

Resposta: B

Comentários:
A Síndrome Dolorosa Regional Complexa frequentemente evolui para um segundo estágio, que é a fase
distrófica ou isquêmica, especialmente se a fase aguda permanecer sem tratamento. Neste estágio o principal
sintoma é uma sensação de queimação, sendo a dor irradiada distal e proximalmente a partir da lesão. O
crescimento dos pelos fica retardado e os mesmos tornam-se mais adelgaçado; as unhas se tornam
quebradiças e sulcadas. Pode ocorrer rigidez articular, pele fria, cianótica e úmida e início de atrofia muscular. A
maior parte das SDRC é diagnosticada neste estágio.

Referências:
Fleischmann KH, Lubin E Síndromes de Dor Regional Complexa. Em: Ballantyne J Massachusetts General
Hospital - Manual de Controle da Dor. Rio de Janeiro,Guanabara Koogan, 2004;409-423.
Yeng LT, GodinhoFLC, Teixeira MJ Síndrome Complexa de Dor Regional. Em: Teixeira MJ Dor Contexto
Interdisciplinar,Curitiba,2003,219-230.

8- O emprego de estimulação elétrica transcutânea(TENS) no tratamento da dor é muito freqüente. Pode-


se afirmar sobre esta técnica:

A) estimulação fora do segmento doloroso é mais efetivo que placebo


B) o alvo é estimular fibras mielinizadas
C) estimulação mais intensa, às vezes dolorosa, está relacionada a melhores resultados
D) o tempo de indução de analgesia é em média de 48 horas
E) não pode ser usada em dor traumática, como em fraturas de costelas

Resposta: B

Comentário:
A intenção primária de utilizar o TENS é estimular fibras aferentes mielinizadas para ativar circuitos inibitórios
locais dentro do corno posterior da medula espinhal. Deve ser empregada o mais próximo possível do
segmento afetado, em intensidade que seja confortável e de preferência não-dolorosa ao paciente, quando
então se observa os melhores resultados. A analgesia inicia-se em minutos até duas horas, com média de 20-
30 minutos. O TENS pode ser usado em várias síndromes dolorosas, agudas e crônicas, inclusive com
indicação em dores traumáticas.

Referência:
Woolf CJ, Thompson JC- Stimulation-Induced Analgesia: Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation (TENS)
and Vibration. In: Wall PD & Melzack R Textbook of pain 3 rd ed. Churchill Livingstone s, UK, 1994,1191-
1208.

COMITÊ DE DOR 4
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9- Assinale a afirmativa correta em relação à Dor no Membro Amputado:

A) o desenvolvimento de sensações fantasmas, dolorosas ou não, imediatamente após a amputação de um


membro, é um evento raro.
B) a Dor em Membro Fantasma geralmente instala-se tardiamente na maioria dos doentes.
C) a dor no coto responde bem ao tratamento e não interfere com o uso de próteses e com a reabilitação.
D) pelo fato de a rizotomia não aliviar a dor decorrente de membro fantasma, mecanismos periféricos têm sido
pouco valorizados na geração deste tipo de dor.
E) tratamentos cirúrgicos não têm proporcionado resultados favoráveis para Dor em membro fantasma.

Resposta: E

Comentário:
Sensações fantasmas, dolorosas ou não, são eventos bastante comuns, logo após a amputação; a dor,
entretanto é uma entidade mais rara, que quando ocorre, instala-se precocemente, na maioria dos doentes. O
coto de amputação pode ser sede de dor; esse tipo de dor é rebelde ao tratamento e freqüentemente interfere
no uso de próteses e na reabilitação. Mecanismos periféricos, centrais e neurovegetativos concorrem para
explicar a fisiopatologia da dor em membro fantasma, aceitando-se que haja uma interação de vários
mecanismos para essa explicação. Pelo fato da rizotomia não aliviar a dor em membro fantasma, o mecanismo
periférico sofre argumentos desfavoráveis. Tratamentos cirúrgicos não têm proporcionado resultados favoráveis
para Dor em membro fantasma.

Referência:
Godinho FL, Teixeira MJ Dor no membro amputado. Em: Teixeira MJ Dor Contexto Interdisciplinar,
Curitiba,2003,363-370.

10- Em relação à toxina botulínica, pode-se afirmar:

A) é produzida por um vírus


B) é pouco eficaz no blefaroespasmo
C) pode gerar excessiva fraqueza na musculatura adjacente à do tratamento
D) é liberada durante a lactação
E) injeções subseqüentes são mais efetivas

Resposta: C

Comentário:
A toxina botulínica é produzida por uma bactéria gram positiva, anaeróbica, que inicialmente foi usada com
sucesso no tratamento do blefaroespasmo. Não pode ser utilizada durante a gravidez e lactação. Injeções
repetidas podem estar relacionadas a redução da efetividade, pois anticorpos podem ser gerados. O principal
efeito colateral é a fraqueza muscular, tanto do músculo onde foi feita a injeção, quanto na musculatura
adjacente.

Referência:
Cavalcante VO, Rocha RO, Teixeira MJ. Agentes anestésicos e toxina botulínica no tratamento da dor. Em:
Teixeira MJ-Dor Contexto Interdisciplinar, Ed. Maio, Curitiba, 2003,726-738.

COMITÊ DE DOR 5
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11- No tratamento da neuralgia pós-herpética, assinale a única opção que tem indicação específica:

A) gabapentina
B) pregabalina
C) lidocaina tópica
D) capsaicina
E) amitriptilina

Resposta: C

Comentário:
O primeiro e único fármaco a ter indicação, pelo FDA, para neuralgia pós-herpética, atualmente, é o patch de
lidocaina (Lidoderm), ainda não disponível no Brasil.

Referência:
Galer B, Argoff CE Zoster and Postherpetic Neuralgia: Pain Mechanisms and Current Management. In: Aronoff
GM Evaluation and Treatment of Chronic Pain. Baltimore, Williams & Wilkins,1998,115-128.

12- Em relação à estimulação elétrica do encéfalo:

A) tem mecanismos de ação muito bem elucidados


B) é consensual no tratamento da dor crônica
C) o método baseia-se na estereotaxia
D) doentes psicóticos são candidatos por excelência
E) as complicações são raras

Resposta: C

Comentário:
A estimulação cerebral pode ser uma ferramenta no tratamento de dor crônica refratária, porém seus
mecanismos geradores de analgesia não estão bem elucidados. O método é realizado através da estereotaxia,
em duas fases, sendo apenas na segunda internalizado um gerador definitivo. Os pacientes necessitam de uma
boa avaliação psicológica e aqueles com distúrbios emocionais ou psicóticos devem ser excluídos desta
modalidade de tratamento. Complicações ocorrem em 20% dos casos e algumas são permanentes, como
déficits neurológicos, hemorragias, hematomas, etc.

Referências:
Hisatugo MK Tratamento neurocirúrgico da dor crônica. Em: Sakata RK, Issy AM. Guia de Medicina
Ambulatorial e Hospitalar-DOR, Ed. Manole, São Paulo, 2004, 251-260.
Teixeira MJ Estimulação elétrica do sistema nervoso central. In: Teixeira MJ e cols Dor Contexto
interdisciplinar. Ed. Maio, Curitiba, 2003, 827-834.

COMITÊ DE DOR 6
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13- Assinale o único fator de risco definitivo para o desenvolvimento de Neuralgia Pós-Herpética:

A) idade avançada
B) manifestações cutâneas extensas
C) disfunções sensoriais intensas nos dermátomos afetados durante o herpes-zoster
D) dor intensa antes do aparecimento do rash cutâneo
E) temperatura superior a 38° durante o herpes-zoster

Resposta: A

Comentário:
Vários são os fatores de risco para o desenvolvimento da neuralgia pós-herpética, após a resolução do herpes-
zóster. Entretanto, o único que apresenta fortes evidências clínicas é a idade avançada.

Referência:
Galer B, Argoff CE Zoster and Postherpetic Neuralgia: Pain Mechanisms and Current Management. In: Aronoff
GM Evaluation and Treatment of Chronic Pain. Baltimore, Williams & Wilkins,1998,115-128.

14- É correto afirmar sobre a termoterapia, exceto:

A) a parafina consiste no emprego de calor por condução


B) aumenta o suprimento de oxigênio tecidual
C) o forno de Bier gera uma forma de calor profundo
D) ultra-som e ondas curtas são formas de calor profundo por conversão
E) estimula a cicatrização

Resposta: C

Comentário:
A termoterapia consiste do emprego de calor superficial, por condução(parafina, compressa quente), ou
convecção(infra-vermelho, forno de Bier) e profundo, por conversão(ondas curtas, ultra-som). Os efeitos
fisiológicos incluem vasodilatação, aumento de oferta de oxigênio e de suprimentos aos tecidos afetados e
estimulam a reparação e cicatrização tecidual.

Referências:
Yeng LT, Teixeira MJ, Greve JMD, Yuan CC Medicina física e reabilitação em doentes com dor crônica. Em:
Teixeira MJ e cols Dor Contexto interdisciplinar. Ed. Maio, Curitiba, 2003, 690-703.
Aoki, SS. Medicina física e reabilitação no tratamento da dor. Em: Sakata RK, Issy AM. Guia de Medicina
Ambulatorial e Hospitalar-DOR, Ed. Manole, São Paulo, 2004, 215-233.

COMITÊ DE DOR 7
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15- A principal causa de dor central encefálica é:

A) esclerose múltipla
B) trauma cranioencefálico
C) afecções congênitas (siringomielia e siringobulbia)
D) doença cérebro-vascular
E) tumores cerebrais

Resposta: D

Comentário:
A doença cérebro-vascular é responsável por 85 a 90% dos casos de dor central encefálica, correspondendo
aos infartos, hemorragias e mal-formações vasculares.

Referência:
Oliveira RAA, Teixeira MJ Dor central encefálica. Em: Teixeira MJ Dor Contexto Interdisciplinar, Curitiba,
2003,381-388.

16- Modalidade de cinesioterapia em que se promove a contração muscular localizada sem a


participação de movimentos articulares:

A) exercícios passivos
B) exercícios isotônicos
C) exercícios isocinéticos
D) exercícios isométricos
E) exercícios passivos-resistidos

Resposta: D

Comentário:
Os exercícios terapêuticos podem ser classificados em quatro tipos: passivo, ativo, ativo-assistido, ativo-
resistido. Os ativos podem ser divididos em modalidades: isotônicos, isométricos e isocinéticos. Com os
isométricos pode-se alcançar fortalecimento muscular, em razão da propriedade de produção de sobrecarga,
porém oferece um certo grau de dificuldade de execução pelo não-envolvimento articular. São indicados em
pacientes portadores de dores articulares que apresentam limitação na amplitude dos movimentos.

Referências:
Yeng LT, Teixeira MJ, Greve JMD, Yuan CC Medicina física e reabilitação em doentes com dor crônica. Em:
Teixeira MJ e cols Dor Contexto interdisciplinar. Ed. Maio, Curitiba, 2003, 690-703.
Aoki, SS. Medicina física e reabilitação no tratamento da dor. Em: Sakata RK, Issy AM. Guia de Medicina
Ambulatorial e Hospitalar-DOR, Ed. Manole, São Paulo, 2004, 215-233.

COMITÊ DE DOR 8
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17- Em relação aos aspectos fisiopatológicos da Síndrome Fibromiálgica (SFM), pode-se afirmar que:

A) Pode ocorrer aumento de substância P no líquido cefalorraquidiano de pacientes com SFM em até 3 vezes.
B) A fadiga que ocorre na SFM é de origem periférica.
C) Não ocorrem alterações no processamento sensorial de pacientes com SFM.
D) Alterações das funções cognitivas na SFM são devidas especificamente ao efeito perturbador da dor
crônica.
E) O fator antinúcleo (FAN) está sempre aumentado na SFM.

Resposta: A

Comentários:
Na SFM a substância p pode até triplicar de valor no LCR. A fadiga que corre na SFM, aprece ser de origem
central e está relacionada ao sono não reparador, descondicionamento físico, escassas estratégias de
enfrentamento e disfunções endócrinas envolvendo o eixo hipotálamo-hipofisário-adrenal, incluindo deficiência
de hormônio de crescimento. A dor experimentada por pacientes com SFM resulta de anormalidades no
processamento sensitivo no SNC. Perturbações das funções cognitivas podem resultar de anormalidades do
sono, da interferência da dor nos processos de pensamento, da ação de medicamentos,do efeito perturbador
da dor crônica, da fadiga mental e do estresse psicológico. O FAN está presente em 10% dos pacientes, mas
sua freqüência em pacientes com SFM não é significativamente diferente da do grupo controle.

Referência:
Kasiyama HHS, Yeng LT, TMJ Síndrome Fibromiálgica. Em: Teixeira MJ Dor Contexto Interdisciplinar,
Curitiba, 2003,289-304.

18- Dos miorrelaxantes abaixo, um é derivado do GABA(ácido gama-amino-butírico):

A) dantrolene
B) orfenadrina
C) tizanidina
D) carisoprodol
E) baclofeno

Resposta: E

Comentário:
Os relaxantes musculares são indicados quando a dor está associada à contratura muscular, como ocorre por
exemplo na síndrome miofascial. Classificam-se em anti-histamínicos(orfenadrina), carbamato(carisoprodol),
agonista alfa-2(tizanidina), bloqueador de cálcio(dantrolene) e derivado GABA(baclofeno).

Referências:
Teixeira MJ, Truite LVR Miorrelaxantes. Em: Teixeira MJ e cols Dor Contexto interdisciplinar. Ed. Maio,
Curitiba, 2003, 645-648.
Max MB, Gilron IH. Antidepressants, muscle relaxants and NMDA receptor antagonists. In: Loeser JD Bonica s
Management of pain. 3rd Ed. Lippincott, Philadelphia, 2001, 1710-1726.

COMITÊ DE DOR 9
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19- Assinale o quadro que mais corresponde à mielopatia por irradiação:

A) referida principalmente na linha média da região lombar, levando à disfunção intestinal ou vesical,
impotência, perda sensorial perianal
B) pode começar 1 a 30 anos após a irradiação, com entorpecimento, formigamento e déficits neurológicos,
podendo ocorrer necrose óssea.
C) pode ocorrer 5 a 30 meses após radioterapia. É irreversível e há necessidade de se descartar a
possibilidade de compressão raquimedular iminente.
D) estímulos discretos podem ser dolorosos com perda de reflexos, que se reverte com a resolução da
neuropatia.
E) a dor no dorso piora ao deitar, tossir e levantar peso. Pode ser uma emergência se indicar compressão
raquimeduplexo cellar iminente.

Resposta: C

Comentários:
Dor percebida principalmente na linha média da região lombar, levando à disfunção intestinal ou vesical,
impotência e perda sensorial perianal é característica de tumores comprometendo plexo sacral.
Na fibrose por irradiação de membros inferiores a dor pode iniciar 6 meses a 20 anos após a irradiação, com
entorpecimento, formigamento e déficits neurológicos, podendo ocorrer necrose óssea. Na neuropatia periférica
dolorosa, pós quimioterapia, estímulos discretos podem ser dolorosos com perda de reflexos, que se reverte
com a resolução da neuropatia. Nos tumores que comprometem medula espinhal, a dor no dorso piora ao
deitar, tossir e levantar peso. Pode ser uma emergência se indicar compressão raquimedular iminente. A
mielopatia por irradiação se caracteriza pela irreversibilidade, podendo ocorrer 5 a 30 meses após a radiação e
sempre é necessário fazer um diagnóstico diferencial com compressão raquimedular iminenete.

Referência:
Norton JA, Edwards AD Dor nos Adultos com Câncer. Em: Ballantyne J Massachusetts General Hospital -
Manual de Controle da Dor. Rio de Janeiro,Guanabara Koogan,2004;513-544.

20- A metadona ganhou muito espaço nos últimos anos no tratamento dor crônica, especialmente a
oncológica. São características deste fármaco, exceto:

A) baixo custo
B) boa disponibilidade oral
C) extrema variabilidade farmacocinética
D) toxicidade local durante administração subcutânea
E) metabólitos ativos com 1/3 da potência analgésica

Resposta: E

Comentário:
A metadona é um opióide potente, de baixo custo, excelente biodisponibilidade oral, sem metabólitos ativos,
contudo sua grande variabilidade farmacocinética é uma barreira ao uso mais freqüente pelos médicos de
maneira geral. Durante a administração subcutânea pode ocorrer toxicidade, com o aparecimento de eritema e
dor local.

Referências:
Miyoshi HR, Leckband SG. Systemic opioids analgesics. In: Loeser JD Bonica s Management of pain. 3rd ed.
Lippincott, Philadelphia, 2001, 1682-1709.
Soares LG Dor em paciente com câncer. Em: Dor. Em: Cavalcanti IL, Maddalena ML Dor. SAERJ,Rio de
Janeiro, 2003, 285-299.

COMITÊ DE DOR 10
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21- Em relação à dor incidental ou dor de escape que ocorre freqüentemente em pacientes com câncer
pode-se afirmar que:

A) é sempre precipitada por um evento reconhecível.


B) está relacionada estritamente ao tumor.
C) a duração varia de poucos segundos a mais de 20 minutos
D) a conduta atual para prevenção é o aumento global das doses de opióides.
E) o caráter da dor é sempre paroxístico.

Resposta: C

Comentários:
A dor de escape ou incidental pode ser espontânea ou precipitada por um evento reconhecível, como tussir,
tomar banho, fazer fisioterapia. Tem relação com o tumor (metástases ósseas, compressão de nervo), com o
tratamento do câncer (polineuropatia, dor pós-mastectomia) e com desordens crônicas associadas (lombalgias,
artrites). A duração da dor incidental pode ser breve (segundos até 20 minutos) e sustentada (mais que 20
minutos). A conduta atual para o tratamento é antecipar o analgésico sempre que possível antes de fatores
desencadeantes da dor ou tratar imediatamente quando se instalar. Dor incidental pode ter origem somática,
viceral, neuropática e mista.

Referências:
Patt R, Ellison N Breakthrough Pain. In: Aronoff GM Evaluation and Treatment of Chronic Pain. Baltimore,
Williams &Wilkins,1998,377-388.
Norton JA, Edwards AD Dor nos Adultos com Câncer. Em: Ballantyne J Massachusetts General Hospital -
Manual de Controle da Dor. Rio de Janeiro,Guanabara Koogan,2004;513-544.

22- Assinale a afirmativa correta no que se refere às fibras aferentes primárias e aos nociceptores:

A) as fibras A- têm fina camada de mielina e conduzem as informações a uma velocidade de 2 m/s.
B) receptores termomecânicos das fibras C respondem a estímulos mecânicos nocivos e estímulos térmicos
intermediários (41 a 49°), com velocidade baixa de condução.
C) a maioria dos nociceptores estão localizados em fibras A- .
D) receptores termomecânicos das fibras A- do tipo I possuem baixo limiar térmico ( 50°)
E) a dor rápida, bem localizada e em caráter de picada é característica da resposta das fibras C, enquanto a
dor em caráter de queimação e difusa é característica das fibras A- .

Resposta: B

Comentários:
Fibras A- , transmitem a dor bem localizada e em caráter de picada; têm fina camada de mielina; conduzem
informações a uma velocidade de 2 a 30 m/s, e seus receptores podem ser de 2 tipos: tipo I, com elevado limiar
térmico (>53°) e condução de estímulos em velocidades relativamente altas, e tipo II, com limiar térmico mais
baixo e condução de estímulos mais lenta. Fibras C, transmitem a dor em queimação e difusa; contêm a
maioria dos nociceptores, os quais respondem a estímulos mecânicos nocivos e estímulos térmicos
intermediários, com velocidade de condução inferior a 2 m/s.

Referência:
Brenner GJ Base Neural da Dor,em:Ballantyne J Massachusetts General Hospital - Manual de Controle da
Dor. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan,2004;3-19.

COMITÊ DE DOR 11
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23- Mucosite oral, que freqüentemente acompanha a quimioterapia, se caracteriza:

A) por ocorrer tardiamente ao início da quimiopterapia (após 3 semanas)


B) por não depender do agente quimioterápico utilizado
C) por ser mais comum com o uso de metotrexate, doxorubicin, bleomincin, etoposide, e fluoracil
D) por não ter os sintomas agravados quando se associa radioterapia à quimioterapia.
E) pelo fato dos pacientes responderem muito bem ao tratamento com agentes orais tópicos como lidocaina
viscosa.

Resposta: C

Comentários:
A mucosite oral pós quimioterapia inicia na 1ª ou 2ª semana e depende do quimioterápico utilizado para seu
aparecimento. Os agentes metotrexate, doxorubicin,bleomincin, etoposide, e fluoracil são os mais prováveis de
ocasionarem e a radioterapia associada piora os sintomas. A dor é intensa e além de analgésicos orais tópicos
é bastante freqüente a necessidade de opióides.

Referência:
Patt R, Ellison N Breakthrough Pain. In: Aronoff GM Evaluation and Treatment of Chronic Pain. Baltimore,
Williams &Wilkins,1998,377-388.

24- Na sensibilização periférica pode-se afirmar que:

A) lesões prolongadas e intensas provocam um elevado limiar para estímulos dolorosos.


B) hiperalgesia primária consiste em hiperalgesia na pele circundante à lesão.
C) hiperalgesia secundária ocorre após ativação dos receptores NMDA.
D) alodinia corresponde à percepção de estímulos inócuos como dolorosos.
E) na lesão de nervo não ocorre sensibilização periférica.

Resposta: D

Comentários:
O limiar de dor após estimulação intensa e prolongada encontra-se reduzido para estímulos dolorosos, quadro
conhecido como hiperalgesia. É dita primária a hiperalgesia que ocorre no local da lesão; secundária quando
envolve a pele circundante. Alodinia é a resposta a estímulos inócuos como se fossem dolorosos.
Traumatismos de nervos periféricos, mesmo que mínimos, podem provocar sensibilização do processamento
da dor em uma região, incluindo a área envolvida na lesão.

Referência:
Brenner GJ Base Neural da Dor, em: Ballantyne J Massachusetts General Hospital - Manual de Controle da
Dor. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan,2004;3-19.

COMITÊ DE DOR 12
PROVA DE DOR 2006

25- Na neuropatia actínica é correto afirmar que:

A) a radiação ionizante somente causa neuropatia no sistema nervoso periférico.


B) a manifestação do quadro se dá aproximadamente entre o 2º e 120º mês.
C) o diagnóstico diferencial entre lesão actínica e infiltração neoplásica é fácil de ser realizado.
D) a mielopatia actínica ocorre mais freqüentemente na medula cervical e dorsal.
E) na neoplasia pélvica é raro o aparecimento de neuropatia plexular lombosacra.

Resposta: D

Comentários:
A radiação ionizante acomete sistema nervoso periférico, medula e encéfalo, e o quadro se instala entre o 4º
mês e o 480º mês. O diagnóstico diferencial entre lesão actínica e infiltração neoplásica é muitas vezes
impossível, devido a associação freqüente das 2 entidades. Neuropatia plexular lombosacra é bastante comum
após irradiação de tumor pélvico. A mielopatia actínica tem ocorrência mais freqüente em medula cervical e
dorsal.

Referência:
Teixeira MJ Dor no Doente com Câncer. Em: Teixeira MJ Dor Contexto Interdisciplinar,Curitiba,2003,327-
341.

26- Com relação à dor proveniente do tumor de Pancoast, está correto afirmar que:

A) a síndrome de Horner é encontrada na maioria dos pacientes


B) a dor é uma manifestação tardia da doença
C) é comum os pacientes serem tratados para dor de ombro ou braço meses ou anos antes do diagnóstico
D) a síndrome dolorosa inicial envolve antebraço e mão
E) há boa resposta ao tratamento com radio e quimioterapia

Resposta: C

Comentários:
Tumores de Pancoast correspondem aproximadamente a 5% dos tumores pulmonares. A dor inicial envolve
rotas cervicais superiores e em fases precoces da doença. Em muitos casos há atraso no diagnóstico e o
paciente é tratado para dores inespecíficas de ombro e braço. Este tipo de tumor é radioresistente e pode não
responder a quimioterapia.

Referência:
Loeser JD. Cervicobrachineuralgia. In: Bonica s Management of pain. 3rd ed. Lippincott, Philadelphia, 2001,
1019-1031.

COMITÊ DE DOR 13
PROVA DE DOR 2006

27- Dentre os critérios diagnósticos maiores e menores da Síndrome Dolorosa Miofascial (SDM) assinale
o critério menor:

A) bandas de tensão muscular


B) dor intensa nos ponto-gatilhos em uma banda de tensão
C) reação contrátil ao agulhamento dos ponto-gatilhos
D) reprodução da dor à pressão do nódulo doloroso
E) limitação da amplitude de movimento decorrente da dor

Resposta: C

Comentários:
São considerados critérios maiores para o diagnóstico de SDM: bandas de tensão muscular, dor intensa nos
ponto-gatilhos em uma banda de tensão, reprodução da dor à pressão do nódulo doloroso e limitação da
amplitude de movimento decorrente da dor. Os critérios menores são: reação contrátil ao agulhamento dos
pontos-gatilho, evocação da reação contrátil visualmente ou à palpação, demonstração eletromiográfica de
atividade elétrica característica de nódulo doloroso em uma banda de tensão e dor; anormalidade sensitiva na
distribuição de um ponto-gatilho à compressão correspondente.

Referência:
Yeng LT, Kaziyama HHS, Teixeira MJ Síndrome Dolorosa Miofascial. Em: Teixeira MJ Dor Contexto
Interdisciplinar, Curitiba,2003,272-287.

QUESTÕES DO TIPO M DE 28-50


INSTRUÇÕES: Cada questão apresenta quatro opções (1, 2, 3 e 4). Marque no cartão de respostas, em
cada questão, uma das alternativas abaixo:

A) se apenas 1, 2 e 3 são corretas


B) se apenas 1 e 3 são corretas
C) se apenas 2 e 4 são corretas
D) se apenas 4 é correta
E) se todas são corretas

28- Com a utilização de bloqueios simpáticos, pode-se observar redução dos seguintes sinais:

1- hiperidrose
2- edema de extremidades
3- piloereção
4- alteração da cor da pele

Resposta: E

Comentário:
Entre os componentes de hiperatividade simpática regional observados nas síndromes dolorosas, podemos
citar a hiperidrose, o edema digital ou de extremidades, as alterações de cor da pele, a piloereção, as
alterações de temperatura, etc, que podem ser tratadas pelos bloqueios simpáticos regionais ou venosos.

Referências:
Buckley FP Regional anesthesia with local anesthetics. In: Loeser JD Bonica s Management of pain. 3rd ed.
Lippincott, Philadelphia, 2001, 1893-1952.
Hannington-Kiff JG- Sympathetic Nerve Blocks in Painful Limb Disorders. In: Wall PD & Melzack R Textbook
of pain 3rd ed. Churchill Livingstone s, UK, 1994, 1035-1052

COMITÊ DE DOR 14
PROVA DE DOR 2006

29- Os triptanos:

1- são antagonistas de receptores serotoninérgicos


2- são eficazes nas crises de cefaléia em salvas
3- o naratriptano tem ação curta
4- devem ser evitados em pacientes com angina pectoris

Resposta: C

Comentário:
Os triptanos pertencem a uma categoria de fármacos que são agonistas de receptores 5-HT1B-1D, que se
concentram em áreas que recebem aferências do nervo trigêmio. Reduzem a vasodilatação meníngea e
causam vasoconstricção de curta duração em vasos como a carótida. Os efeitos cardiovasculares são mais
expressivos quando usados juntamente com os derivados do ergot e devem ser evitados nos pacientes com
afecções cardíacas isquêmicas, angina e hipertensão. São usados no tratamento da cefaléia em salvas e da
migrânea, entre eles o sumatriptano, o rizatriptano, o naratriptano(diodisponibilidade alta e meia-vida longa) e o
zolmitriptano.

Referências:
Fortini I,Teixeira MJ. Agonistas e antagonistas de serotonina. Em: Teixeira MJ-Dor Contexto Interdisciplinar, Ed.
Maio, Curitiba, 2003,654-656.
Welch KMA. Headache. In: Loeser JD Bonica s Management of pain. 3rd Ed, Lippincott, Philadelphia, 2001,
867-894.

30- A dipirona:

1- é um derivado pirazolônico
2- promove analgesia dose-dependente
3- tem risco de agranulocitose igual ou menor que outros AINE
4- é uma pró-droga da metilananopirina

Resposta: E

Comentário:
A dipirona é o sulfonato de sódio de aminopirina, um derivado AINE pirazolônico, com baixa atividade
antiinflamatória e boa analgesia, dose-dependente, que se transforma em metabólito ativo metilananopirina. O
risco de agranulocitose com a dipirona tem sido objeto de discussão em todo o mundo, mas hoje tem-se a
noção de que este risco é baixo e chega a ser até menor que para os demais AINE.

Referências:
Teixeira MJ. Analgésicos antiinflamatórios não-esteroidais Em: Teixeira MJ-Dor Contexto Interdisciplinar, Ed.
Maio, Curitiba, 2003,614-631.
Sunshine A, Olson NZ- Nonnarcotic Analgesics. In: Wall PD & Melzack R Textbook of pain 3rd ed. Churchill
Livingstone s, UK, 1994,923-942

COMITÊ DE DOR 15
PROVA DE DOR 2006

31- É correto afirmar sobre os bifosfonados:

1- reduzem a sobrevida dos osteoclastos


2- previnem as fraturas patológicas
3- diminuem a hipercalcemia
4- são muito bem absorvidos pelo trato gastrointestinal

Resposta: A

Comentário:
Os bisfosfonados são análogos estruturais do pirofosfato que se ligam ao componente mineral dos ossos,
inibindo a reabsorção óssea e reduzindo a atuação e sobrevida dos osteoclastos. Previnem a osteopenia e
fraturas patológicas e também reduzem a hipercalcemia. São mal absorvidos pelo trato gastrointestinal,
especialmente na presença de alimentos que contêm cálcio, ferro e magnésio.

Referência:
Teixeira MJ. Tranqüilizantes menores, psicoestimulantes, anti-histamínicos, inibidores da reabsorção óssea e
radiofármacos. Em: Teixeira MJ-Dor Contexto Interdisciplinar, Ed. Maio, Curitiba, 2003,666-672.

32- São ações da carbamazepina:

1- antiarrítmica
2- anticolinérgica
3- diminuição da liberação de glutamato
4- bloqueio dos canais de sódio

Resposta: E

Comentário:
Entre os componentes de hiperatividade simpática regional observados nas síndromes dolorosas, podemos
citar a hiperidrose, o edema digital ou de extremidades, as alterações de cor da pele, a piloereção, as
alterações de temperatura, etc, que podem ser tratadas pelos bloqueios simpáticos regionais ou venosos.

Referências:
Júnior LHJ,Teixeira MJ. Antidepressivos no tratamento da dor. Em: Teixeira MJ-Dor Contexto Interdisciplinar,
Ed. Maio, Curitiba, 2003,614-631.
Sakata RK, Vlainich R. Anticonvulsivantes. Em: Sakata RK, Issy AM - Guia de Medicina Ambulatorial e
Hospitalar-DOR, Editora Manole, São Paulo, 2004, 173-181.

33- O bloqueio do plexo celíaco:

1- pode ser realizado com propósito diagnóstico


2- está indicado nas neoplasias de vias biliares
3- pode ser guiado por tomografia
4- pode causar disfunção sexual

Resposta: E

Comentário:
O bloqueio do plexo celíaco é indicado com propósito diagnóstico(determinar a origem da dor), terapêutico ou
prognóstico. Pode ser feito com álcool ou fenol, sob radioscopia ou guiado por tomografia. É indicado nas
neoplasias de estômago, pâncreas, baço, fígado, vias biliares e cólon transverso proximal. Gera complicações
como hipotensão, hematoma retroperitoneal, abscesso, disfunção sexual, etc.

COMITÊ DE DOR 16
PROVA DE DOR 2006

Referências:
Posso IP, Sousa AM, Freire GG, Ashmawi HA, Lobo HA, Carlos RV. Bloqueios anestésicos: diagnósticos e
terapêuticos. Em: Teixeira MJ-Dor Contexto Interdisciplinar, Ed. Maio, Curitiba, 2003,763-774.
Buckley FP. Regional anesthesia with local anesthetics In: Loeser JD Bonica s Management of pain. 3rd Ed,
Lippincott, Philadelphia, 2001, 1893-1952.

34- Indicação para realização do bloqueio do gânglio estrelado:

1- dor fantasma
2- neuralgia pós-herpética
3- linfedema pós-mastectomia
4- isquemia de membro superior

Resposta: E

Comentário:
O bloqueio do gânglio estrelado é um procedimento realizado para o tratamento de várias síndromes dolorosas
no intuito de promover inibição simpática, entre elas a dor fantasma, o herpes zoster e a neuralgia pós-
herpética, SDRC tipo I e II, linfedema pós-mastectomia, isquemias de membro, etc.

Referências:
Buckley FP. Regional anesthesia with local anesthetics In: Loeser JD Bonica s Management of pain. 3rd ed.
Lippincott, Philadelphia, 2001, 1893-1952.
Raj PP e Racz GB Role of diagnostic and therapeutic nerve blocks in the management of pain. In: Aronoff GM
Evaluation and treatment of chronic pain. 3rd Ed, Williams & Wilkins, Baltimore, 1999, 505-532

35- Na sensibilização central, induzida ou desencadeada por impulsos sensoriais veiculados pelas
fibras amielínicas C é correto afirmar que:

1- as fibras C terminam nas camadas profundas do corno posterior da medula espinhal e produzem potenciais
excitatórios pós-sinápticos rápidos.
2- potenciais excitatórios pós-sinápticos rápidos são mediados pela ação excitatória do glutamato sobre
receptores ionotrópicos conhecidos como AMPA.
3- após liberado, o glutamato age especificamente em receptores NMDA.
4- a ativação da proteinocinase C e do oxido nítrico sintetase , pelo aumento do cálcio intracelular, resulta em
alterações da excitabilidade da membrana por períodos prolongados.

Resposta: C

Comentários:
Fibras amielínicas C terminam nas camadas mais superficiais do corno posterior da medula espinhal e
caracterizam-se por produzirem potenciais excitatórios pós sinápticos lentos. Potenciais excitatórios pós-
sinápticos rápidos são mediados pelo glutamato sobre receptores ionotrópicos conhecidos como AMPA. O
glutamato, após liberado pode agir em 3 tipos de receptores: AMPA, NMDA e metabotrópico. O aumento do
cálcio intracelular provoca uma ampla gama de efeitos que incluem ativação de cinases protéicas, como a
proteinocinase e de enzimas como óxido nítrico sintetase, podendo levar a excitabilidade da membrana por
períodos prolongados.

Referência:
Gozzani JL Fisiopatologia da Dor, em:Cavalcanti IL, Madalena ML DOR. Rio de Janeiro, SAERJ, 2003,13-
36.

COMITÊ DE DOR 17
PROVA DE DOR 2006

36- É verdadeiro em relação aos neurolépticos:

1- causam vasodilatação e hipotensão


2- a clorpromazina é uma butirofenona
3- o efeito colateral mais significativo é a discinesia
4- sintomas extrapiramidais são mais comuns com as fenotiazinas.

Resposta: B

Comentário:
Os neurolépticos são classificados como fenotiazinas (clorpromazina), tioxantinas (tiotixeno), butirofenonas
(haloperidol) e dibenzazepinas (loxapina). Provocam bloqueio adrenérgico, causando vasodilatação e
hipotensão. O efeito colateral mais importante é a discinesia, que é mais comum com as butirofenonas.

Referências:
Miyosh HR. Systemic nonopioid analgesics. In: Loeser JD Bonica s Management of pain. 3rd Ed, Lippincott,
Philadelphia, 2001, 1667-1681.
Sakata RK. Outros analgésicos. Em: Sakata RK, Issy AM - Guia de Medicina Ambulatorial e Hospitalar-DOR,
Editora Manole, São Paulo, 2004, 183-193.

37- A capacidade do encéfalo de transformar experiência transitória em memória é atribuída à


modificação atividade-dependente da força sináptica (long term potentiation ou LPT). Contribuem
efetivamente para o estabelecimento de LPT os seguintes fatores:

1- Estimulação elétrica de fibras nervosas pré-sinápticas em freqüências relativamente altas por alguns
segundos.
2- Número e ou função aumentado de receptores pós-sinápticos AMPA e NMDA.
3- Ativação intensa e simultânea de sinapses convergentes
4- Wind up

Resposta: A

Comentários:
Vários fatores contribuem para o estabelecimento de LPT: freqüência alta de estímulos (20 a 200 Hz) de fibras
pré-sinápticas por alguns segundos, número aumentado e ou função aumentada de receptores AMPA e NMDA
e ativação intensa de um conjunto de sinapses. Wind up não é nem necessário nem suficiente para induzir
sensibilização central ou hiperalgesia, entretanto, pode facilitar a indução de LPT, em sinapses de fibras C, por
uma despolarização pós-sináptica progressiva.

Referência:
Gozzani JL Fisiopatologia da Dor, em:Cavalcanti IL, Madalena ML DOR. Rio de Janeiro, SAERJ, 2003,13-
36.

COMITÊ DE DOR 18
PROVA DE DOR 2006

38- A cetamina é um antagonista do receptor NMDA, que:

1- tem um isômero levógiro mais potente que a forma racêmica


2- apresenta ação em receptores opióides
3- tem atividade em receptores muscarínicos
4- age em um local de ação fenciclidínico dentro do canal iônico

Resposta: E

Comentário:
O isômero levógiro da cetamina é aproximadamente duas a quatro vezes mais potente que a forma racêmica,
tem ação em vários receptores, como opióides e muscarínicos. Se mecanismo de ação é através de
antagonismo não competitivo em local específico, fenciclidínico, dentro do canal do receptor NMDA.

Referência:
Lauretti GR. Cetamina, clonidina e neostigmina. Em: Teixeira MJ-Dor Contexto Interdisciplinar, Ed. Maio,
Curitiba, 2003,661-663.

39- Na abordagem multimodal da dor pós-operatória é correto afirmar:

1- há sinergismo entre as técnicas analgésicas e importante efeito poupador de opióides.


2- a analgesia regional apresenta o melhor efeito em termos de consumo de opióides e recuperação precoce.
3- a associação de dois ou mais agentes ou técnicas analgésicas deve sempre ser estimulada no tratamento
da dor aguda.
4- métodos não farmacológicos não fazem parte do plano de tratamento multimodal de dor aguda.

Resposta: A

Comentários:
O tratamento da dor aguda deve ser sempre multimodal, uma vez que a associação de dois ou mais agentes
ou técnicas analgésicas, inclusive as não farmacológicas, têm efeito sinérgico e poupador de opióides. A
utilização de menores doses de opióides reduz a incidência de efeitos adversos; a analgesia regional é a que
apresenta melhor efeito em termos de redução de consumo de opióides e recuperação precoce.

Referência:
Azevedo PA, Nunes BC e cols em:Cavalcanti IL, Madalena ML DOR. Rio de Janeiro, SAERJ, 2003,95-166.

40- Na dor oncológica os radiofármacos são empregados com relativa freqüência. Sabe-se sobre estes
medicamentos que:

1- são especialmente úteis nas doenças metastáticas ósseas


2- são contra-indicados em pacientes com trombocitopenia
3- causam leucopenia
4- o efeito analgésico dura de um a dois anos

Resposta: A

Comentário:
Os radiofármacos podem liberar radiação gama ou beta que possibilita atividade antitumoral, com ação
importante nas lesões ósseas e no controle da dor nestes locais. Causam redução das plaquetas e leucócitos, o
que gera restrição ao seu uso em alguns casos. O efeito ananlgésico dura de três a seis meses.

Referência:
Teixeira MJ. Tranqüilizantes menores, psicoestimulantes, anti-histamínicos, inibidores da reabsorção óssea e
radiofármacos. Em: Teixeira MJ-Dor Contexto Interdisciplinar, Ed. Maio, Curitiba, 2003,666-672.

COMITÊ DE DOR 19
PROVA DE DOR 2006

41- Após lesão de fibras nervosas periféricas, ocorre uma série de acontecimentos anatômicos e
funcionais, além da liberação de substâncias algogênicas, que são responsáveis pela geração de dor
prolongada. Assinale dentre as alternativas abaixo a que melhor se relaciona com essas alterações:

1- após a lesão nervosa, os neutrófilos atraem monócitos que se diferenciam em macrófagos.


2- os macrófagos ativados e as células de Schwann sintetizam citocinas e fatores de crescimento nervoso
envolvidos na regeneração nervosa.
3- as citocinas teciduais são transportadas retrogradamente pelo fluxo axonal ou por vias não axonais até o
SNC, interferindo na atividade neural.
4- em condições de desaferentação parcial o aumento da síntese do fator de crescimento nervoso não
sensibiliza nem fibras C nem A-

Resposta: A

Comentários:
Quando ocorre lesão nervosa periférica, os monócitos são atraídos pelos neutrófilos e se diferenciam em
macrófagos. Esses macrófagos ativados e as células de Schwann sintetizam citocinas e fatores de crescimento
nervoso envolvidos na regeneração nervosa. As citocinas teciduais são transportadas retrogradamente pelo
fluxo axonal ou por vias não axonais até o SNC, acumulando-se nos gânglios das raízes sensitivas, nos
neurônios do CPME e nas estruturas perivasculares, interferindo na atividade neural. Quando ocorre
desaferentação parcial o aumento da síntese do fator de crescimento nervoso sensibiliza as fibras C à
estimulação térmica e causa hiperalgesia térmica, libera autacóides e prolonga os potenciais de ação dos
neurônios aferentes.

Referência:
Teixeira MJ Fisiopatologia da Dor Neuropática. Em: Teixeira MJ Dor Contexto Interdisciplinar,
Curitiba,2003,155-169.

42- É correto sobre os opióides:

1- a nalbufina possui efeito-teto


2- a buprenorfina apresenta lenta dissociação do receptor
3- a meperidina reduz a contratilidade miocárdica
4- a oxicodona é mais potente que a morfina

Resposta: E

Comentário:
A nalbufina é um opióide agonista-antagonista com analgesia comparável à morfina, mas com efeito-teto. A
buprenorfina tem alta afinidade pelo receptor, com dificuldade em se dissociar e em ser antagonizada. A
meperidina tem ações cardiovasculares deletérias, como redução da contratilidade miocárdica. A oxicodona é
uim opóide mais potente que a morfina e sua relação de dose com amorfina é de 1:2 e 3:4.

Referências:
Sakata RK, Issy AM, Vainich R. Opióides. Em: Sakata RK, Issy AM - Guia de Medicina Ambulatorial e
Hospitalar-DOR, Editora Manole, São Paulo, 2004, 153-162.
Miyoshi HR, Leckband SG. Systemic opioids analgesics. In: Loeser JD Bonica s Management of pain. 3rd ed.
Lippincott, Philadelphia, 2001, 1682-1709.

COMITÊ DE DOR 20
PROVA DE DOR 2006

43- No diagnóstico diferencial entre Síndrome Fibromiálgica (SFM) e Síndrome Dolorosa Miofascial
(SDM) é correto afirmar:

1- A ocorrência de ambas é superior no sexo feminino.


2- A tensão muscular (diagnosticada com medidor de complascência tecidual) está aumentada somente nos
pontos gatilhos na SDM e nos músculos paravertebrais T3 e L3 e trapézio rostral na SFM.
3- Dor referida ocorre em ambas as síndromes ao se pressionar pontos gatilhos ou pontos dolorosos.
4- Fraqueza muscular específica e ausência de fadiga são características da SDM; ausência de fraqueza
muscular e fadiga generalizada são próprias da SFM.

Resposta: B

Comentários:
SDM tem ocorrência igual em ambos os sexos, enquanto SFM a ocorrência é bem superior em mulheres. Na
SDM a tensão muscular está aumentada somente nos pontos gatilhos; na SFM ocorre tensão muscular,
diagnosticada com medidor de complascência tecidual em regiões específicas como músculos paravertebrais e
trapézio. A pressão de pontos gatilhos na SDM provoca dor referida; na SFM, pode haver pontos gatilho ,mas a
dor não é referida. Na SDM ocorre fraqueza em determinados músculos comprometidos, porém fadiga
generalizada somente ocorre na SFM.

Referência:
Kasiyama HHS,Yeng LT, TMJ Síndrome Fibromiálgica. Em: Teixeira MJ Dor Contexto
Interdisciplinar,Curitiba,2003,289-304.

44- Possíveis mecanismos de ação dos antiinflamatórios não-esteróides(AINES):

1- antagonizam a bradicinina
2- inibição da biossíntese de prostaglandinas
3- desacoplam a fosforilação oxidativa
4- inibem a formação de lipídeos na membrana

Resposta: E

Comentário:
Os AINES têm como sua principal ação a inibição da síntese das prostaglandinas, porém um grande número de
outras ações, como desacoplamento da fosforilação oxidativa, o antagonismo da bradicinina, a inibição da
formação de lipídeos na membrana, inibição de radicais livres, estabilização de membranas, etc.

Referências:
Teixeira MJ Analgésicos opioides. In: Teixeira MJ e cols Dor Contexto interdisciplinar. Ed. Maio, Curitiba,
2003, 595-612
Miyosh HR. Systemic nonopioid analgesics. In: Loeser JD Bonica s Management of pain. 3rd ed. Lippincott,
Philadelphia, 2001, 1667-1681.

COMITÊ DE DOR 21
PROVA DE DOR 2006

45- Na avaliação de pacientes com lombalgia ou cervicalgia pode-se afirmar que:

1- a etiologia da dor em um grande número de pacientes permanece desconhecida.


2- a rotura interna do disco é a causa mais comum de lombalgia axial associada ou não à dor referida ou
somática.
3- alterações nas articulações facetárias cervicais são a causa mais comum de dor no pescoço.
4- os pacientes devem ser tranqüilizados quanto ao tempo de melhora, já que grande maioria dos pacientes
com dor aguda em dorso e pescoço leva semanas para se recuperar.

Resposta: E

Comentários:
A existência de princípios importantes na avaliação da lombalgia e cervicalgia tem sido bastante divulgados. A
etiologia das cervicalgias e lombalgias nem sempre é identificada; rotura de disco é a causa mais comum de
lombalgias e alterações em articulaçãoes facetarias , nas cervicalgias. É importante tranqüilizar esses pacientes
quanto ao tempo de recuperação. Nas cervicalgias agudas esse tempo pode levar de dias a semanas.

Referência:
Ahmed SU Lombalgia e Dor no Pescoço. Em:Ballantyne J Massachusetts General Hospital - Manual de
Controle da Dor. Rio de Janeiro,Guanabara Koogan,2004;424-441.

46- Durante a gravidez, é verdadeiro afirmar quanto aos efeitos adversos dos antiinflamatórios;

1- prolongam trabalho de parto


2- dilatam o ducto arterial fetal
3- o risco é maior no final da gestação
4- atualmente se exclui a possibilidade de teratogenicidade

Resposta: B

Comentário:
Os AINES são os analgésicos mais usados durante a gravidez, porém podem causar alterações maternas e
fetais, como distúrbio da hemostasia, fechamento precoce do ducto artéria e hipertensão pulmonar fetal,
prolongamento do trabalho de parto, teratogenicidade em doses elevadas e não devem ser usados no final da
gestação, quando o risco é maior.

Referência:
Sakata RS Uso de analgésicos durante a gravidez e o aleitamento. Em: Sakata RK, Issy AM. Guia de
Medicina Ambulatorial e Hospitalar-DOR, Ed. Manole, São Paulo, 2004, 235-242.

COMITÊ DE DOR 22
PROVA DE DOR 2006

47- Na avaliação do paciente com câncer é fundamental investigar a história do tratamento, uma vez que
20% dos pacientes têm dor secundária à terapêutica. Com relação a essa investigação está correto
afirmar que:

1- a radioterapia pode causar plexopatia, mielopatia, mucosite e necrose óssea.


2- vincristina, cisplatina e paclitaxel são quimioterápicos que comumente causam neuropatias.
3- mecanismos neuropáticos ou nociceptivos são responsáveis por dores secundárias a procedimentos
cirúrgicos e/ou diagnósticos (dor de membro fantasma, dor por lesão de nervos, cefaléia pós punção, etc)
4- a dor causada pelo tratamento é facilmente diagnosticada pelo profissional.

Resposta: A

Comentários:
Plexopatia, mielopatia, mucosite e necrose óssea podem ocorrer após irradiações. Quimioterápicos como
vincristina, cisplatina e paclitaxel comumente causam neuropatias como efeitos colaterais. Os procedimentos
cirúrgicos e ou diagnósticos podem ser responsáveis por dores tanto nociceptivas como neuropáticas. A dor
causada pelo tratamento pode confundir o quadro clínico para o profissional de saúde e fazer com que o
paciente tenha menos vontade de continuar com o esquema terapêutico.

Referências:
Norton JA, Edwards AD Dor nos Adultos com Câncer. Em: Ballantyne J Massachusetts General Hospital -
Manual de Controle da Dor. Rio de Janeiro,Guanabara Koogan,2004;513-544.
Teixeira MJ Dor no Doente com Câncer. Em: Teixeira MJ Dor Contexto Interdisciplinar,Curitiba,2003,327-
341.

48- Paciente com neuralgia de trigêmio é submetido a termocoagulação por radiofreqüência do gânglio
de Gasser. Sobre este procedimento pode-se dizer que:

1- é primeira opção de tratamento para a neuralgia


2- é comum ocorrer paralisia oculomotora
3- é uma técnica superior a compressão com balão de Fogarty
4- pode evoluir com anestesia dolorosa da área

Resposta: D

Comentário:
A neuralgia primária do trigêmio deve ser inicialmente tratada pelo método conservador exaustivamente. Nos
casos de falha terapêutica, opta-se por métodos invasivos ablativos(neurólise, termocoagulação por
radiofreqüência e compressão com balão) ou não-ablativos(descompressão microvascular). Não há evidências
científicas para demonstrar a superioridade de um método em relação a outro. Como complicações dos
procedimentos percutâneos podem ser observados ceratite, anestesia e hipoestesia dolorosa, e raramente
fístulas e paralisia oculomotora.

Referência:
Hisatugo MK Tratamento neurocirúrgico da dor crônica. Em: Sakata RK, Issy AM. Guia de Medicina
Ambulatorial e Hospitalar-DOR, Ed. Manole, São Paulo, 2004, 251-260.

COMITÊ DE DOR 23
PROVA DE DOR 2006

49- Com relação ao algoritmo gradual desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde para o
tratamento da dor no câncer pode-se afirmar que:

1- na dor branda deve-se começar com analgésicos não opióides .


2- na dor branda a moderada utiliza-se opióides fracos com ou sem analgésicos não opióides.
3- deve-se prescrever opióides mais potentes para dor moderada a grave, com ou sem analgésicos não
opióides associados.
4- existe uma tendência de abandonar o uso de opióides fracos na segunda etapa em favor dos opióides
fortes.

Resposta: E

Comentários:
A OMS desenvolveu um algoritmo para o tratamento da dor no câncer que foi amplamente difundido no mundo
e que é composto de 3 etapas básicas: dor branda, analgésicos não opióides; dor branda a moderada,
analgésicos opióides fracos e dor intensa, opióides fortes, podendo os opióides serem ou não associados a
analgésicos comuns e ou adjuvantes. Recentemente, países mais desenvolvidos têm sugerido alterações
nessas etapas, aumentando o número de etapas e introduzindo , mais precocemente , no tratamento, os
opióides fortes.

Referência:
Norton JA, Edwards AD Dor nos Adultos com Câncer. Em: Ballantyne J Massachusetts General Hospital -
Manual de Controle da Dor. Rio de Janeiro,Guanabara Koogan,2004;513-544.

50- Na síndrome serotoninérgica:

1- o início pode ser desencadeado pela associação de inibidores da monoaminoxidase


2- ocorre inibição da recaptação de serotonina
3- há estimulação direta de receptores serotoninérgicos na região pós-sináptica
4- observa-se agitação e confusão mental

Resposta: E

Comentário:
A síndrome serotoninérgica é uma complicação causada por agentes que aumentam a atividade das vias
seroninérgicas no organismo e caracteriza-se por instabilidade autonômica, excitabiliddae neuromuscular e
alterações do estado mental. Entre seus mecanismos pode-se citar o aumento da síntese, maior liberação,
inibição da recaptação, inibição do metabolismo de serotonina, além da estimulação direta de seus receptores.
Pode ser desencadeada pelos inibidores seletivos da recaptação, especialmente quando associados a IMAO.

Referência:
Júnior LHJ, Teixeira MJ. Antidepressivos no tratamento da dor. Em: Teixeira MJ-Dor Contexto Interdisciplinar,
Ed. Maio, Curitiba, 2003,614-631.

COMITÊ DE DOR 24
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