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Desde os primórdios do ser humano, segundo alguns registros históricos, o homem


sempre procurou esclarecer as razões que justificassem a ocorrência da dor e os
procedimentos utilizados em seu controle. Estudos antropológicos relatam que as
primeiras tentativas de conter a dor consistiam em rituais, aos quais, posteriormente,
foi acrescentado o uso de plantas com possíveis efeitos analgésicos.

Dor é um mecanismo adaptativo de alertas que desencadeia respostas de proteção ao


organismo. No entanto a dor é um dos principais problemas da nossa sociedade atual.
Além de gerar estresses físicos e emocionais para os pacientes, ela traz alto custo
financeiro e social, uma vez que leva a uma breve ou, até mesmo, permanente
incapacitação de milhões de pessoas.

Etimologicamente, a palavra dor provém do latim dolore e significa sofrimento físico

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ou moral, pena, desgosto, tormento, aflição e tristeza. Vários indivíduos tentaram
definir a dor. Homero, por exemplo, acreditava que ela era resultado de “flechadas
atiradas por deuses”, revoltados com os humanos. Para Aristóteles, a dor era uma
“paixão da alma” (ou padecimento), sendo considerada uma experiência oposta ao
prazer. Já Platão considerava que a dor originava se não somente da estimulação
periférica, mas também da experiência emocional originada no espírito, uma idéia que
vai além da concepção de distúrbio meramente localizado no organismo e que, talvez,
tenha deixado indícios para o conceito de dor como experiência emocional. Por fim,
Descartes propôs que a dor resultava da desarmonia entre o sistema nervoso periférico
e o encéfalo, sendo a percepção pela alma da ação de objetos externos sobre o corpo
ou seu interior

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A dor apresenta dois componentes: a nocicepção relacionada a experiência sensorial
e a percepção relacionada a experiência emocional).

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A dor pode ser classificação de acordo com a duração, região, intensidade, dentre
outros critérios.

A “dor aguda” é provocada pela estimulação dos nociceptores em resposta à lesão de


algum tecido corporal. Se a dor aguda persistir mesmo após a recuperação da lesão, o
que pode demorar alguns dias ou semanas, ela já não é mais classificada como aguda,
mas sim como “dor crônica”

A hiperalgesia é “um estado de intensificação da sensação dolorosa mediante uma


estimulação nociva”, associado, principalmente,
à sensibilização dos nociceptores (sensibilização periférica).

A alodinia é definida pela IASP como “a dor decorrente de um estímulo normalmente


não doloroso” e a alodinia parece também envolver uma plasticidade neuronal no

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sistema nervoso central, em especial na medula espinal. Assim, alodinia é uma
característica principalmente das neuropatias, as quais se caracterizam por lesões
neuronais, fazendo com que estímulos de pouca intensidade e pequena duração
passem a causar dores lancinantes ou sensações de queimação contínua.

Dor espontânea: Ocorre na ausência de estímulos externos (Sinal mais comum para
tratamento de canal)

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A nocicepção resulta da detecção de estímulos capazes de comprometerem a
integridade física de um organismo.
Quando ocorre algum dano tecidual os nociceptores são sensibilizados e ativados
produzindo um potencial de ação que será conduzido através das fibras nociceptivas
aferentes primárias até o corno dorsal da medula espinal. Existem três tipos de fibras
nociceptivas: as fibras A-delta, A-beta e fibras C.

As fibras A-delta e C quando sensibilizadas, são capazes de transduzir estímulos


mecânicos, térmicos ou químicos em impulsos elétricos, que serão conduzidos ao
sistema nervoso central. As fibras A-delta são mielinizadas e transmitem estímulos
mais rapidamente, enquanto as fibras C não são mielinizadas e fazem uma
transmissão lenta. Existem também as fibras A-beta, de grande diâmetro, altamente
mielinizadas e com alto limiar de ativação, sendo responsáveis por detectarem
estímulos táteis. Em situações normais estas fibras não respondem a estímulos

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térmicos ou mecânicos, porém, durante um processo inflamatório seu limiar de
ativação diminui e as mesmas passam a responder a tais estímulos.

Na medula espinhal ocorre a liberação de neurotransmissores excitatórios que


transmitem a informação periférica para fibras aferentes secundárias. Essas fibras
cruzam a medula espinhal e ascendem para áreas supraespinhais por meio de tratos
neuronais específicos. No cérebro, os neurônios de terceira ordem localizados em
regiões como o bulbo, a ponte, o mesencéfalo, o tálamo e o hipotálamo, levam estes
sinais para o córtex, onde os mesmos serão codificados e a dor poderá ser percebida.

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Um estímulo térmico, químico ou mecânico ativa um receptor periférico específico,
resultando em influxo de íons e despolarização da terminação nervosa periférica. Os
estímulos térmicos ativam o receptor de potencial transitório (TRP), o receptor
vanilóide 1 (TRPV1) ou a proteína semelhante ao receptor vanilóide TRP1 (TRPV2),
que são canais catiônicos sensíveis ao calor. Os estímulos químicos conseguem ativar
canais iônicos sensíveis ao ácido (CISA), canais P2X ou P2Y sensíveis ao ATP ou
receptores B1 ou B2 sensíveis às cininas. Os estímulos mecânicos também podem
levar a um influxo de íons e despolarização, porém a identidade molecular dos canais
relevantes ainda não está estabelecida com certeza. Em cada caso, o potencial gerador
induzido pelo sinal nociceptivo leva à produção de potencial de ação se for alcançado
o limiar para a ativação do canal de sódio sensível à voltagem.

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Os nociceptores termosensíveis produzem potenciais de ação em temperaturas acima
de 42ºC. As respostas ao calor nocivo envolvem canais catiônicos termossensíveis,
particularmente TRPV1, que torna-se ativo em resposta a um pH extracelular baixo, a
ligantes químicos vanilóides, como a capsaicina (o ingrediente pungente da pimenta
malagueta), ou ao calor acima de 42ºC. Além do TRPV1, um segundo receptor
vanilóide, o TRPV2, só é ativado em temperaturas acima de 50ºC. O frio é detectado
por dois outros canais TRP, o TRPM8 para o frio e o TRPA1 para estímulos de frio
intenso. O TRPM8 também é ativado pelo mentol, e o TRPA1 pelo óleo de mostarda,
o ingrediente pungente presente na mostarda e wasabi.

De forma semelhante, uma subpopulação específica de terminações nervosas aferentes


primárias (os mecanonociceptores de alto limiar) é excitada por estímulos mecânicos
relativamente intensos, como beliscão ou picada de alfinete. Essa excitação é
provavelmente mediada por uma família de canais catiônicos, os canais de sódio

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epiteliais degenerina (ENaC)

Já os agentes químicos excitam diretamente as terminações nervosas periféricas


(ativadores químicos) ou aumentam a sensibilidade das terminações periféricas
(agentes sensibilizadores). Os agentes químicos que são conhecidos que induzem
uma resposta somatossensorial estão associados, em sua maioria, a lesão celular ou
inflamação, onde temos uma grande liberação de mediadores químicos que incluem
íons potássio, ATP, aminas, citocinas, fator de crescimento de nervos e bradicinina.

Nociceptores polimodais respondem aos estímulos nocivos mecânicos, térmicos ou


químicos

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O glutamato é considerado um dos principais neurotransmissores envolvidos na
transmissão de sinapses excitatórias no corno dorsal da medula espinal. Suas ações
são promovidas a partir da ativação de dois grupos de receptores, os metabotrópicos e
os ionotrópicos, sendo este último dividido em três grupos distintos que incluem os
receptores N-metil-D-aspartato (NMDA), o ácido α-amino-3-hidroxi-5metilisoxazol-
4-propiônico (AMPA) e o cainato.

Ocorre em algumas sinapses liberação concomitante de glutamato e substância P (SP).


A SP é um peptídeo da família das taquicininas que, além de prolongar as ações do
glutamato, promove também a sensibilização de nociceptores, bem como a redução do
limiar de excitabilidade das sinapses e, consequentemente a ativação de nociceptores
silenciosos

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Nosso organismo possui mecanismos intrínsecos para o controle da dor, que envolve
ativação de via descendente que podem inibir a descarga de neurônios nociceptivos,
atuando diretamente sobre eles, por inibição de interneurônios excitatórios ou por
estimulação de interneurônios inibitórios.

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O sistema inibitório descendente possui algumas regiões do sistema nervoso central
que estão interligadas: Os sistemas corticais e diencefálicos que englobam amigdala,
cortex insular e hipotálamo; A substância cinzenta periaquedutal (PAG); Partes do
bulbo rostroventral, especialmente o núcleo magno da rafe e núcleos adjacentes que
recebem impulsos excitatórios da PAG; E o corno dorsal bulbar e medular que recebe
terminais de axônios do núcleo magno da rafe e núcleos adjacentes.

De forma geral a via descendente inibitória funciona da seguinte forma:


Resumidamente, A PAG também conhecida como Substância cinzenta periaquedutal
recebe estímulos dos centro superiores e se projeta para a medula rostroventral, no
núcleo magno da rafe onde ocorrem sinapses com fibras inibitórias que se projetam
para o corno dorsal da medula espinal onde inibem a descarga de neurônios
nociceptivos.

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A via inibitória descendente conta com a participação de diversos neurotrasmissores.
Dentre eles, podemos destacar as endorfinas, serotonina, noradrenalina e o GABA.

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Os opióides endógenos que são as endorfinas ou os exógenos agem por meio da
ativação de quatro tipos de receptores, µ, δ, κ e receptor do tipo opioide-1 - ORL-1, os
quais são amplamente distribuídos pelo sistema nervoso central, podendo ser
encontrados dentro do corno posterior da medula espinal e em núcleos cerebrais
específicos como córtex insular, amídala, hipotálamo, região PAG e RVM, sendo os
receptores µ responsáveis pela maioria dos efeitos analgésicos.

Há evidências que sugerem que o efeito analgésico opióide tanto em nível espinal
quanto supra-espinal envolve a liberação de peptídeos opióides endógenos conhecidos
como endorfinas, os quais se ligam aos receptores opióides promovendo tal efeito.

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Ao nível espinal os opióides podem atuar de forma pré-sináptica inibindo a liberação
de diferentes neurotransmissores nas terminações aferentes primárias no corno
posterior e/ou podem atuar de forma pós-sináptica para reduzir a excitabilidade dos
neurônios no corno dorsal da medula espinal.

A ativação dos receptores opióides tanto présinápticos quando pós-sinápticos inibe a


transmissão central de estímulos nociceptivos. Na terminação pré-sináptica, a ativação
do receptor opióide diminui o influxo de Ca2+ em resposta a um potencial de ação. A
ativação dos receptores opioídes pós-sinápticos aumenta a condutância do K+ e,
portanto, diminui a resposta pós-sináptica à neurotransmissão excitatória.

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Em nível supra-espinal os receptores opióides presentes em interneurônios inibitórios
na região periaquedutal também contribuem para ativação da via inibitória
descendente. Quando esses receptores opióides são ativados eles inibem os
interneurônios, ativando indiretamente a via descendente inibitória.

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Além do sistema opióide, a via descendente conta também com a participação da
serotonina.

De acordo com Millan, 2002, os neurônios da via descendente inibitória projetam-se


até o corno dorsal da medula espinal, onde liberam 5-HT que, por sua vez, ativa os
receptores 5-HT3 presentes em interneurônios inibitórios. Ao serem estimulados, via
ativação de 5-HT3, os interneurônios inibitórios liberam GABA e endorfinas que se
ligam a receptores GABAérgicos e receptores opiódes, respectivamente, presentes nos
neurônios de segunda ordem impedindo a transmissão do estímulo nociceptivo e,
consequentemente gerando um efeito antinociceptivo.

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Outro mecanismo que contribui para o controle intrínseco da dor envolve a ação de
fibras noradrenérgicas. O locus coeruleus, localizado no tronco encefálico
especificamente na ponte, é o maior grupo de neurônios noradrenérgicos existentes no
cérebro. Estes neurônios são capazes de influenciar no comportamento relacionado
com a dor a partir de conexões realizadas com várias outras regiões do sistema
nervoso central.

Foi mostrado que a estimulação elétrica da PAG ou RVM pode promover


antinocicepção correlacionado com aumento dos níveis de noradrenalina no líquido
cefalorraquidiano, sendo este efeito bloqueado por antagonistas adrenérgicos.

Ambas as regiões enviam projeções para o locus coeruleus que por sua vez envia
fibras noradrenérgicas diretamente para o corno dorsal da medula espinal liberando
noradrenalina que irá interagir especificamente com receptores α2-adrenérgicos

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inibindo a transmissão nociceptiva de neurônios pré-sinápticos e pós-sinápticos, bem
como inibir a liberação de neurotransmissores excitatórios

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De acordo com Millan, 2002, os neurônios noradrenérgicos da via descendente
projetam-se até o corno dorsal da medula espinal, onde liberam noradrenalina que, por
sua vez, ativa os receptores α-1A presentes em interneurônios inibitórios, estimulando
esses neurônios a liberarem GABA e endorfinas que se ligam a receptores
GABAérgicos e receptores opiódes, respectivamente, presentes nos neurônios de
segunda ordem impedindo a transmissão do estímulo nociceptivo e,
consequentemente gerando um efeito antinociceptivo. A noradrenalina liberada pelas
fibras noradrenérgicas também podem atuar em receptores α-2a nos neurônios de
segunda ordem ou em receptores α-2b e α-2c presentes em fibras aferentes primárias,
inibindo a transmissão do impulso nociceptivo.

A ativação da via descendente noradrenérgica e até mesmo serotoninérgica pode ser


iniciada por estimulação eléctrica ou microinjecção direta de opióides na PAG ou no
por microinjeção de opóides e canabinóides no RVM, e além disso evidências recentes

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também indicam um papel para os inibidores da COX sobre a PAG. Então, nesse caso
aqui (figura) as terminações de fibras noradrenérgicas presentes no corno dorsal da
medula espinal liberam NE que atuam sobre os receptores noradrenérgicos alfa-2
inibindo a transmissão da dor. Os antidepressivos tricíclicos e outros inibidores da
recaptação de noradrenalina aumentar o efeito antinociceptivo de opióides
aumentando a disponibilidade de norepinefrina espinhal.

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A dor de origem inflamatória resulta basicamente da interação entre o tecido
danificado e os neurônios sensoriais nociceptivos periféricos por meio da participação
de mediadores inflamatórios; alguns mediadores apenas sensibilizam a resposta
nociceptiva. Alguns dos principais componentes do "sopa inflamatória" são
mostradas, incluindo peptideos (bradiquinina), lípideos (prostaglandinas),
neurotransmissores (serotonina (5-HT) e ATP) e neurotrofinas (NGF). A natureza
ácida do sopa inflamatória também é indicada. Cada um destes fatores podem
sensibilizar (diminuir o limiar) ou ativar a fibra nociceptiva por interação com
receptores da superfície celular expressos por estes neurônios.

A ativação do nociceptor, não só transmite mensagens aferentes para o corno dorsal da


medula espinhal (e a partir daí para o cérebro), mas também inicia o processo de
inflamação neurogênica. Esta é uma função eferente do nociceptor através da
liberação de neurotransmissores, em particular a substância P e o peptídeo relacionado

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ao gene da calcitonina (CGRP), que no terminal periférico induz vasodilatação e
extravasamento plasmático, bem como a ativação de muitas células não-neuronais,
incluindo os mastócitos e neutrófilos. Essas células, por sua vez contribuir com
elementos adicionais para a sopa inflamatória.

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Tecido danificado, células inflamatórias ou tumorais liberam mediadores químicos
que criam uma "sopa inflamatória" que ativa ou modifica as propriedades de resposta
dos nociceptores aferentes ao estímulo.

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Lesão de tecidos e infecções causam inflamação através de extravasamento de plasma
e a infiltração de células imunitárias, tais como macrófagos, células T e de neutrófilos
para o tecido danificado. As células imunes infiltradas e as células imunes residentes,
incluindo mastócitos, macrófagos e queratinócitos, liberam vários mediadores
inflamatórios, tais como bradicinina, prostaglandinas, H + , ATP, os fatores de
crescimento dos nervos (NGFS), citocinas pró-inflamatórias (TNF-α ), interleucina-1β
(IL-1β) e IL-6) e quimioquinas pro-inflamatórias. Nociceptores expressam os
receptores de todos estes mediadores inflamatórios, que atuam sobre os seus
respectivos receptores sobre as fibras nervosas periféricas do nociceptor.

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A dor neuropática é um tipo de sensação dolorosa que ocorre em uma ou mais partes
do corpo e é associada a doenças que afetam o Sistema Nervoso Central, ou seja, os
nervos periféricos, a medula espinhal ou o cérebro. A lesão nervosa resulta em uma
combinação de sinais que altera a fisiologia do sistema nociceptivo. A perda do
suporte neurotrófico altera a expressão gênica na fibra nervosa lesada, enquanto a
liberação de citocinas inflamatórias altera a expressão gênica nas fibras nervosas tanto
lesadas quanto não-lesadas adjacentes. Essas alterações na expressão gênica podem
levar a uma alteração na sensibilidade e atividade das fibras nociceptivas e, portanto,
na percepção contínua da lesão, que é característica da dor neuropática.

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Em condições que afetam o sistema nervoso periférico, tal como na síndrome de túnel
carpal, a medula espinal após lesões traumáticas ou o cérebro após acidente vascular
cerebral, podem causar dor neuropática, a qual é caracterizada por uma combinação
de défices neurológicos e dor.

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Para explicar a teoria do fechamento do portão da dor, precisamos mencionar outra
via sensitiva de segunda ordem que é a do tipo A-β.

Para exemplificar a importância dessa fibra no controle da dor, pensaremos em um


sujeito que acabou de bater o cotovelo na parede e está sentindo uma dor bem
localizada enviada a centros superiores por fibras sensitivas do tipo A-δ. Nesse
momento, ele toca o local exercendo uma pressão com vibração. Com isso o que ele
está fazendo é ativando fibras sensitivas do tipo A-β. Essa fibra, por sua vez, estimula
a substância gelatinosa que libera neutransmissores inibitórios que inibem a condução
do estímulo dolorosa pelas células de transmissão a centros superiores, resultando em
um fechamento do portão da dor. Entretanto, vale mencionar que esse estímulo
inibitório para as células de transmissão só acontece enquanto houver excitação de
fibras sensitivas do tipo A-β pelos estímulos pressão, vibração e toque. É importante
mencionar que os aferentes do tipo A-β também mandam impulsos excitatórios para

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as células de transmissão, mas são também inibidos pela inibição pré-sináptica desses
terminais.
Diante do supraexposto, pode-se dizer que a estimulação de fibras sensitivas do
tipo A-β tem implicações para o manejo da dor na fisioterapia. Qualquer técnica que
ative esses aferentes tem o potencial de modular a transmissão da dor na medula
espinhal. Técnicas como massagem, manipulação articular, tração e compressão,
estimulação térmica e eletroterapia têm a capacidade de produzir impulsos sensoriais
que podem por fim inibir a transmissão da dor na medula pelo fechamento do portão
espinhal da dor.

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Outra forma para o controle da dor é o uso de diversos medicamentos que apresentam
propriedades analgésicas capazes de atuar em diferentes etapas da transmissão do
estímulo nociceptivo, dentre eles estão os opióides, analgésicos não opióides e
anestésicos locais. Os AINEs também são bastante utilizados devido aos seus efeitos
anti-inflamatórios, antitérmicos e analgésicos, no entanto essa classe de medicamentos
apresenta sérios efeitos colaterais relacionados principalmente ao trato
gastrointestinal. E por isso a necessidade do desenvolvimento de novos analgésicos
mais eficazes, seguros e com o mínimo de efeitos colaterais possíveis.

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Para que um medicamento entre no mercado são necessários diversos tipos de estudos
que compõem as chamadas “fases da pesquisa”. Existe uma fase que não envolve
seres humanos chamada de fase pré-clínica, durante a qual são feitos experimentos
laboratoriais. Esses experimentos são feitos para mimetizar o que irá ocorrer quando o
novo medicamento for administrado em pacientes e tentar diminuir possíveis efeitos
colaterais. Para isso, primeiramente deve ser feia uma caracterização química do
composto ou substância a ser testado. Além disso, são feitos testes químicos,
bioquímicos, e farmacológicos para avaliar a estrutura, o mecanismo de ação e os
efeitos do medicamento em estudo. De forma geral são feitos estudos “in vitro” e “in
vivo”.
Nem todos os medicamentos promissores passam da fase pré-clínica, pois alguns não
demonstram evidências da atividade terapêutica desejada e outros causam toxicidade
elevada. Em geral, a fase pré-clínica dos medicamentos ocorre no âmbito universitário
ou de indústrias farmacêuticas e é realizada por pesquisadores com formação diversa,

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incluindo químicos, físicos, farmacologistas e médicos.

Finalizados os testes pré-clínicos, um novo medicamento que demonstra evidências da


atividade terapêutica desejada e grau de toxicidade aceitável é levado para a fase
clínica de desenvolvimento, que envolve indivíduos saudáveis e pacientes com a
doença ou condição clínica para a qual o medicamento poderá ser útil. A fase clínica é
comumente feita com apoio da indústria farmacêutica ou de biotecnologia, muito
embora dela ainda participem pesquisadores universitários, estatísticos e outros
profissionais com interesse em pesquisa. A pesquisa clínica também é divida em fases.

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FASE I: A fase I é comumente realizada em indivíduos saudáveis. O objetivo de um
estudo de fase I é verificar se um medicamento promissor na fase pré-clínica é
tolerável pelo ser humano e definir a dose ideal para melhor avaliar a eficácia (fase II)
do novo medicamento. Em alguns estudos de fase I, também são feitas análises
farmacocinéticas, que permitem avaliar como o medicamento é absorvido,
metabolizado e eliminado pelo organismo. Na prática, é realizada a administração de
doses progressivamente maiores do medicamento em questão a pequenos grupos de
pacientes. Assim que se julga que uma determinada dose do medicamento está
próxima de um nível inaceitável de toxicidade, o estudo é interrompido. Nesse
momento, os pesquisadores decidem se o medicamento deve ou não ir para a fase II.

FASE II: Uma vez que se demonstra que um novo medicamento ou combinação
apresenta perfil de efeitos colaterais dentro de limites aceitáveis, o desenvolvimento
prossegue para a fase II. Nessa fase, o tratamento será avaliado em grupo maior de

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indivíduos, habitualmente com a mesma doença, para a qual pode ou não haver
tratamentos com eficácia comprovada. É feita a administração do tratamento a um
número predefinido de pacientes, a fim de determinar a eficácia do medicamento em
estudo, juntamente com a frequência e a intensidade dos efeitos colaterais. Baseado na
eficácia do novo medicamento, o patrocinador do estudo julga se o medicamento deve
ou não ir para a fase III.

FASE III: Os estudos de fase III costumam envolver centenas e, em alguns casos, até
milhares de indivíduos com a doença em questão. O principal objetivo de um estudo
de fase III é comparar um novo tratamento com algum tratamento já existente, no
intuito de melhorar ainda mais o cenário terapêutico para os pacientes. Essa
comparação é feita porque os pacientes que participam de um estudo de fase III são
randomizados. A randomização, que consiste num sorteio feito pelo computador, tem
por objetivo dividir os pacientes em dois ou mais grupos, que serão comparados ao
final do estudo. A randomização só é feita quando não se sabe se um tratamento é
melhor que outro, sendo o estudo desenhado justamente para responder a essa
pergunta. Resumindo, a fase III é realizada para demonstrar eficácia e segurança em
uma população maior do que na fase II. O fármaco é comparado ao placebo ou a outro
medicamento que já está no mercado.

FASE IV: Os estudos de fase IV são realizados quando o fármaco já está sendo
comercializado. Seu objetivo é monitorar a segurança e a efetividade do medicamento
na população, em situações reais de uso ou relacionadas a uso em longo prazo.
Também chamada de Farmacovigilância, nessa fase são coletadas informações sobre
eventos adversos associados ao uso dos medicamentos não detectados nos estudos de
fase I, II e III.

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Em estudos realizados em nosso laboratório, LQFM-008 demonstrou efeito ansiolítica
envolvendo a participação de receptores de serotonina 5-HT1A e também atividade do
tipo antidepressiva envolvendo os sistemas serotoninérgico e catecolaminérgico.

Algumas evidências indicam que os antidepressivos têm propriedades analgésicas


promovida por um número de possíveis mecanismos que podem ocorrer através da
ativação do sistema opióide endógeno ou interação com vias serotoninérgicos e / ou
adrenérgicos do sistema descendentes de controle da dor.

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Formalina: Com o objetivo de avaliar uma possível atividade antinociceptiva e/ou
antiinflamatória do composto LQFM-008, o primeiro teste empregado foi o teste da
dor induzida pela formalina. Este teste possui duas fases distintas que permitem
avaliar dois tipos de dor: a dor neurogênica que corresponde à primeira fase do teste e
ocorre nos 5 primeiros minutos após a aplicação da formalina, bem como a dor
inflamatória que corresponde à segunda fase do teste e ocorre entre 15-30 minutos
após a injeção de formalina. A dor neurogênica observada neste teste acontece devido
à estimulação química direta dos nociceptores pela formalina além da participação de
mediadores periféricos pré-formados. Já a dor inflamatória está relacionada com o
envolvimento de vários mediadores pró-inflamatórios como histamina, bradicinina,
serotonina, prostaglandinas, taquicininas e glutamato responsáveis pela estimulação
de nociceptores.

Flexão e Placa quente: Com intuito de se investigar o mecanismo de ação envolvido

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no efeito antinociceptivo de LQFM-008 visto no teste de dor induzida por formalina,
foram realizados os testes de flexão de cauda que mostra uma ação central-espinhal e
o teste da placa quente que mostra uma ação supra-espinhal. Ambos os testes usam o
estímulo térmico para avaliar a atividade antinociceptiva mediada por mecanismos
centrais. O teste de flexão de cauda é realizado utilizando uma fonte de calor que é
emitida no terço distal da cauda do animal promovendo um movimento reflexo de
retirada devido à alta temperatura. Já o teste da placa quente é feito utilizando a
superfície de uma placa de metal previamente aquecida, onde os animais são
colocados e então é cronometrado o tempo em que o animal leva para reagir ao
estímulo térmico, sendo esta uma resposta supra-espinal.

Formalina mais antagonistas: Objetivando investigar alguns dos mecanismos


envolvidos na resposta antinociceptiva produzida por LQFM-008, foi realizado o teste
da formalina, onde os animais foram pré-tratados com NAN -190, um antagonista do
receptor 5-HT1A, e PCPA, um inibidor da síntese de serotonina, para investigar o
possível envolvimento do sistema serotoninérgico no efeito antinociceptivo de
LQFM-008.

Edema de Pata: Para investigação de uma possível atividade anti-inflamatória do


composto LQFM-008 foi realizado o teste de edema de pata induzido por carragenina,
o qual permite avaliar a ação de fármacos com propriedades anti-inflamatórias sobre a
formação do edema, bem como sobre o aparecimento de outros parâmetros envolvidos
no processo inflamatório, uma vez que sinais cardinais da inflamação como o edema,
hiperalgesia e vermelhidão são observados imediatamente após a injeção subcutânea
de carragenina, resultantes da ação de agentes pró-inflamatórios como bradicinina,
histamina, taquicininas e espécies reativas de oxigênio.

Pleurisia: Outro teste realizado para confirmar o efeito anti-inflamatório do LQFM-

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008 foi o da pleurisia induzida por carragenina. Este modelo caracteriza-se pelo
acúmulo de exsudato na cavidade pleural além do influxo rápido de células
polimorfonucleares, seguido de infiltração de células mononucleares. Partindo do
princípio que em um processo inflamatório agudo ocorre aumento da permeabilidade
vascular e consequentemente extravasamento de líquidos e proteínas para o
interstício, foi feita uma adaptação no teste da pleurisia induzida por carragenina com
o objetivo de quantificar o volume da exsudação proteica para a cavidade pleural
utilizando o corante Azul de Evans, o qual possui a capacidade de se ligar a proteínas
plasmáticas.

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Com estes resultados, foi possível observar uma ação sugestiva de atividade
antinociceptiva central do LQFM-008 devido à redução da dor nas duas fases do teste,
não sendo possível diferenciar este efeito de uma atividade anti-inflamatória
independente de uma atividade antinociceptiva central, isso é determinado quando há
redução significativa apenas na segunda fase do teste, fazendo-se necessário avaliar o
composto em modelos mais específicos de dor e inflamação.

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Os tratamentos dos animais com LQFM-008 nas doses de 48 e 96 µmol/kg foram
capazes de aumentar a latência ao estímulo térmico nos testes de flexão de cauda e
placa quente, porém ao comparar o efeito observado em ambos os teste pode-se notar
uma diferença temporal que mostra um efeito mais prolongado nas respostas
moduladas pelas vias supra-espinais à nocicepção. Sendo assim, o efeito antinoceptivo
do composto LQFM-008 verificado no teste de dor induzida por formalina pode ser
decorrente de uma ação analgésica envolvendo mecanismos centrais

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Os resultados mostraram que o pré-tratamento com NAN-190 (1,3 µmol/kg)
conseguiu reverter completamente o efeito de LQFM-008 (48 µmol/kg) na primeira
fase do teste de formalina e parcialmente na segunda fase do teste, sugerindo a
participação da via serotoninérgica no efeito antinociceptivo central de LQFM-008,
uma vez que a presença de receptores 5-HT1A na medula espinal e em áreas do
cérebro estão envolvidos nos processos de transmissão nociceptiva.

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Para verificar se LQFM-008 estava desempenhando uma ação indireta sobre os
receptores serotoninérgicos foi utilizado o PCPA, inibidor da síntese de serotonina, no
teste de dor induzida por formalina. Os resultados mostraram que o pré-tratamento
com PCPA (500 µmol/kg) conseguiu reverter completamente o efeito de LQFM-008
(96 µmol/kg) na primeira fase do teste de formalina e parcialmente na segunda fase do
teste, sugerindo uma possível atividade indireta de LQFM-008, dependente dos
estoques endógenos de serotonina, que pode estar atuando inibindo a recaptação de
serotonina ou promovendo sua liberação

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Os resultados mostram que o tratamento dos animais com LQFM-008 na dose de 24
µmol/kg no teste do edema de pata induzido por carragenina, reduziu a formação do
edema apenas na primeira hora, porém, com as doses de 48 e 96 µmol/kg houve
redução do edema em todas as horas do teste, mostrando assim, que este composto
possui atividade anti-edematogênica semelhante ao controle positivo indometacina, e
um provável efeito anti-inflamatório que pode estar contribuindo para o efeito
antinociceptivo visto na segunda fase do teste da formalina.

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O tratamento com LQFM-008 na dose de 96 µmol/kg no teste da pleurisia induzida
por carragenina utilizando Azul de Evans reduziu a migração celular e a exsudação
proteica em 26 e 24%, respectivamente, confirmando a atividade antiinflamatória do
composto LQFM-008 observada na segunda fase da formalina e no teste do edema de
pata induzido por carragenina.

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Dimetilfenilpiparazina(DMPP) que é um estimulante ganglionar capaz de produzir
hipertensão agudamente nós acreditávamos que esta molécula poderia ser dotada
desta atividade por atuar sobre receptores nicotínicos.

Modelos de pressão arterial aguda

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O primeiro trabalho realizado com LQFM-021 foi desenvolvido por Martins e
colaboradores, onde foi descrita a rota sintética deste composto e foram realizados
bioensaios que mostraram que LQFM-021 é um possível inibidor da PDE3 e possui
efeito vasorelaxante, dependente do endotélio, envolvendo a via sGC/cGMP e
AC/cAMP, além do efluxo de K+ e apresentou também baixa toxicidade.

Levando em conta esses achados hipotisamos se LQFM-021 também não poderia ter
efeito antinociceptivo, uma vez que é bem conhecido o envolvimento da via
NO/GMPc, no efeito antinociceptivo de vários fármacos.

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Contorções abdominais: Entre os testes de nocicepção utilizados neste trabalho está
o teste de contorções abdominais induzidas pelo ácido acético, que é considerado um
teste pouco específico, mas de alta sensibilidade a fármacos de diferentes grupos
farmacológicos, sendo uma excelente ferramenta de triagem para avaliação da
atividade analgésica de novos agentes.

Campo aberto: O teste do campo aberto possibilita o estudo da atividade exploratória


dos animais, e permite detectar efeitos estimulantes ou sedativos de um determinado
composto, através da avaliação de diversos parâmetros.

Chaminé: Para verificar se o composto promove algum comprometimento motor,


realizou-se o teste da chaminé. Este é um teste simples de ser realizado e que permite
uma rápida observação de prejuízo motor causado por um determinado composto.

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Sono: Quanto ao teste do sono induzido por pentobarbital, este é utilizado para
verificar uma atividade estimulante ou depressora no sistema nervoso central, pois
fármacos estimulantes reduzem o tempo de sono enquanto drogas depressoras, em
geral, aumentam o tempo do sono induzido por barbitúricos.

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No teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético o tratamento prévio
dos animais com LQFM-021 diminuiu o número de contorções abdominais induzidas
por ácido acético em até 64 %, com a maior dose, no entanto, a menor dose de LQFM
021 utilizada também mostrou efeito antinociceptivo, sugerindo que poderia-se
trabalhar com uma escala de doses menores nos testes seguintes.

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Devido à baixa especificidade do teste de contoções abdominais e com o intuito de
caracterizar o efeito analgésico detectado, foi utilizado o teste da dor induzida pela
formalina, que permite diferenciar dois tipos de dor. E foi observado que o tratamento
dos animais com LQFM 021 reduziu a reatividade à dor tanto na primeira quanto na
segunda fase do teste da formalina, sugerindo um efeito antinociceptivo central.

Com intuito de se investigar se o efeito antinociceptivo de LQFM-021 era decorrente


de mecanismos centrais foram realizados os testes de flexão de cauda e placa quente.
Como resultado podemos observar que o tratamento dos animais com LQFM-021 na
dose de 30 mg/kg não aumentou a latência nociceptiva ao estímulo térmico nos testes
de flexão de cauda e placa quente, mostrando que o efeito antinoceptivo composto
LQFM-021 visto nos outros testes de atividade nociceptiva, não deve ser decorrente
de uma ação analgésica envolvendo mecanismos centrais, mas sim envolvendo
mecanismos periféricos.

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Objetivando investigar alguns dos mecanismos envolvidos na resposta antinociceptiva
produzida por LQFM 021, administrada pela via oral, utilizou-se o teste da formalina
para estudar o envolvimento dos receptores opióides e a participação da via do
NO/cGMP/K+ (ATP) no efeito analgésico visto nos testes de contorções abdominais e
dor induzida pela formalina.

Então, primeiramente foi realizado o pré-tratamento dos animais com antagonista dos
receptores opiódes, chamado naloxona, para verificar o envolvimento dos receptores
opióides no efeito antinociceptivo de LQFM-021. Os resultados demonstram que os
receptores opióides podem estar envolvidos no efeito antinociceptivo de LQFM-021,
uma vez que a naloxona reverteu o efeito antinociceptivo promovido pela LQFM-021
em ambas as fases do teste da formalina.

É conhecido que a ação periférica dos opióides pode levar a ativação dessa via
NO/cGMP/K+ (ATP), então o próximo passo foi investigar se havia envolvimento no
oxido nítrico no efeito antinociceptivo de LQFM-021. Para isso foi feito o pré-

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tratamento dos animais com L-NAME, inibidor da enzima óxido nítrico sintase, e foi
visto uma reversão no efeito de LQFM-021 tanto na primeira quanto na segunda fase
do teste de formalina, mostrando a importancia do NO para o efeito antinociceptivo
de LQFM-021

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A hipótese de que o efeito antinociceptivo de LQFM-021 poderia ser decorrente da
ativação da síntese de NO perifericamente, resultando na ativação da via NO/GMPc,
foi confirmada quando o pré-tratamento dos animais com ODQ, bloqueador da
enzima guanilil ciclase, bloqueou o desenvolvimento do efeito analgésico de LQFM-
021 no teste da formalina. Alguns estudos mostram que o NO pode ativar diferentes
tipos de canais de potássio em vários tecidos, dentre eles os canais de potássio
sensíveis ao ATP. Então os animais foram pré-tratados com glibenclamida, um
bloqueador de canais de K+ sensíveis ao ATP, o qual inibiu o efeito analgésico de
LQFM-021 em ambas as fases do teste da formalina, tornando-se mais evidente o
envolvimento desta via no efeito analgésico periférico deste composto.

Diante do exposto, o próximo passo foi verificar se LQFM-021 poderia promover


alterações comportamentais que poderia ser indicativo de falso positivo nos testes de
nocicepção. Para tanto, foi avaliada a possível capacidade de LQFM-021 em

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promover alterações comportamentais nos testes do campo aberto, comprometeria a
atividade motora no teste da chaminé ou alteraria a indução ou duração do sono
induzido por pentobarbital sódico, os quais são testes bem estabelecidos no estudo de
atividade no sistema nervoso central.

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Os resultados mostraram que o tratamento agudo com LQFM 021, dose de 60 mg/kg,
aumentou o número total de quadrados invadidos, o número de quadrados invadidos
na períferia e o tempo de permanência na periferia, mas não foi capaz de alterar o
número de levantadas, auto-limpeza e os bolos fecais. Também foi observado que a
movimentação dos animais não foi afetada, não alterando o tempo de mobilidade. Este
parâmetro, juntamente com os acima citados, permite observar que LQFM 021 não
comprometeu a atividade locomotora e somente com doses superiores a que foi
utilizada no estudo da atividade antinociceptiva apresenta um efeito tipo ansiogênico,
visto que não foi observado alterações comportamentais nestes testes com a dose de
30 mg/kg (v.o.).

Os nossos resultados demonstraram que não houve aumento no tempo necessário para
alcançar a marca da chaminé, em nenhuma das doses de LQFM-021 usadas.

Neste teste a maior dose de LQFM 021 reduziu a latência e aumentou o tempo de

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sono, sugerindo um efeito depressor central; a morfina 5 mg/kg também aumentou o
tempo de sono. Esta depressão observada com LQFM 021 e morfina podem ser
consideradas um indicativo de uma atividade sedativa. No entanto, é necessário
realizar outros testes mais específicos para melhor caracterizar os efeitos vistos com
LQFM 021, tanto no teste do campo aberto, quanto no sono induzido por
pentobarbital.

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