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DOR E NOCICEPÇÃO
Vamos continuar a falar dos sentidos somáticos porque a dor também é um sentido somático. A dor tem um
aspecto muito particular, é uma experiência sensorial e emocional desagradável, mas é uma sensação subjetiva
única muito pessoal. Então, cada indivíduo caracteriza a sua dor através das suas próprias experiências
passadas. A memória da dor é muito importante e ela salva a nossa vida, porque lembramos muito bem das
nossas dores e por isso tentamos evitar situações ou coisas que podem nos causar dor - principalmente quando
são dores reincidentes. Tendemos a fugir de tudo aquilo que nos causa dor. A dor não é estritamente física,
pois temos a dor psicológica também – como dor de perda, coração partido etc. Esse tipo de situação causa
dor realmente física ou apenas psicológica? Provavelmente não apenas psicológica, porque no nosso
organismo todos os nossos sistemas são muito conectados, principalmente o sistema nervoso. A dor é muito
difícil de quantificar porque é pessoal e subjetiva, não podendo ser mensurada por um instrumento, por
exemplo. Por isso há uma escala de dor de 0 a 10 e o paciente tenta quantificar sua dor de acordo com as suas
experiências prévias.
A dor é diferente de nocicepção. A dor é a própria sensação ou a percepção de um estímulo aversivo que
surge em alguma parte do corpo. Já a nocicepção é o processo sensorial que fornece os sinais que
desencadeiam a experiencia de dor. Quais são esses processos? Primeiramente há a recepção dos estímulos
dolorosos, que são conduzidos até o SNC onde ocorre a integração da sensação dolorosa. Então, dor é a
sensação que descrevemos como ardência, fisgada, latejo etc. E a nocicepção é a condução desse estímulo. Os
receptores podem receber um estímulo muito forte e disparar PAs de forma contínua, mas a dor que sentimos
pode não parecer tão forte assim. Isso porque a nocicepção é muito controlada pelo cérebro, então por mais
que o estímulo seja forte, dependendo da pessoa, ela pode perceber aquilo como uma sensação de dor não tão
pronunciada assim. A dor é muito importante, e temos como exemplo as pessoas que nascem sem a capacidade
de sentir dor. Elas passam a vida inteira em constante perigo de autodestruição pois eles não conseguem se
dar conta das consequências prejudiciais de seus atos. Essas pessoas frequentemente morrem precocemente.
Os mecanorreceptores são receptores de estímulo mecânico como o tato, pressão e vibração – como já citados
na aula anterior. Agora, daremos mais atenção às terminações nervosas livres. Esses são os receptores que
conduzem a dor, a nocicepção. Eles respondem a estímulos nocivos e conduz estímulos térmicos - sensação
de temperatura – também. Ele é um receptor bem simples, não é encapsulado, e possui arborizações em seu
terminal. Eles estão distribuídos amplamente pelo nosso corpo, nos tecidos e órgãos, e em algumas regiões há
maior sensibilidade a dor do que outras. Como ocorre o início da nocicepção? Começa com um estímulo
inicial, que pode ser mecânico, térmico ou químico. Numa situação nociva, o estiramento ou dobramento na
membrana da terminação nervosa livre ativa canais iônicos. Esses canais iônicos podem ser mecanossensíveis,
podem ser ativados por um estímulo térmico ou por um estímulo químico. Assim, ocorre a despolarização da
célula e se disparam potenciais graduados. Caso o estímulo for muito intenso ocorre o disparo de potenciais
de ação (PAs). Existem muitos estímulos que causam dor, desde queimadura até o metabolismo anaeróbico
dos músculos fatigados (estímulo de dor química).
Tipos de nociceptores: podem ser polimodais, os quais possuem
pouca especificidade e assim respondendo a diferentes estímulos
(químico, mecânico ou térmico). E há os nociceptores mais
específicos, como os nociceptores mecânicos os quais
reconhecem apenas estímulos mecânicos, nociceptores térmicos
os quais detectam apenas extremos de temperatura, e os
nociceptores químicos - presentes nas vísceras, onde detectam
inflamações como uma dor, a partir de substâncias químicas
liberadas. Como é levado o estímulo até o SNC? É conduzido por
dois tipos de fibras. Elas podem ser fibras A delta, que é uma fibra
de condução rápida, pobremente mielinizados e geram uma
percepção de dor mais precisa e quantificável – conseguimos notar
onde se localiza a dor e qual é o grau dela – e estão distribuídas na
pele, músculos e tendões. Temos também as fibras C, as quais
conduzem dor mais lentamente por não serem mielinizadas e
serem finas, gerando uma percepção de dor difícil de ser codificada e localizada. Esse tipo de fibra está
localizado em músculos, tendões e vísceras. A dor visceral é uma dor difícil de localizar por isso. Em uma
situação hipotética onde você acabou de prender o dedo na gaveta da cozinha, há primeiramente uma sensação
aguda de fincada – dor conduzida pelas rápidas fibras A delta - e quando essa dor intensa aguda passa o que
resta é uma dor latejante – dor lenta, crônica, conduzida então pelas fibras C. A fibra A delta gera a dor
primária e as fibras do tipo C gera a dor secundária. O prurido é a coceira, que também está relacionada
com dor, mas essas vias superiores da coceira não são tão bem entendidas quanto as vias da dor. O que se sabe
é que existe uma interação antagonista entre as duas sensações - de prurido e dor. Por exemplo, na liberação
de histamina em processos alérgicos que causa coceira é ativado as fibras C, mas a sensação que temos é de
coceira. A sensação de dor causada pela lesão que fazemos ao coçar a pele parece diminuir a sensação de
coceira em si, e por isso que coçamos – indicando relação antagonista. Também como exemplo temos a
morfina, que alivia dor, e em algumas pessoas ela pode produzir prurido como efeito colateral.
Características fundamentais dos nociceptores: primeiramente, é importante salientar que esses receptores
se adaptam muito pouco ou não se adaptam, diferentemente dos receptores de sensibilidade do sistema
sensorial. Isso significa que há um estímulo de d, continuaremos a sentir dor até cessar o estímulo. Isso é uma
adaptação aos estímulos nocivos. Os nociceptores também apresentam facilitação e aumento da sensibilidade
quando estimulados continuamente. Então, além de não se adaptarem, eles ainda podem ter a sua sensibilidade
aumentada. A facilitação ocorre quando há uma redução no limiar de ativação dos receptores, então, eles
seriam ativados com um determinado estímulo e eles passam a ser ativados com estímulo menor - porque o
seu limiar de ativação é reduzido. A hiperalgesia é o aumento da sensibilidade dos receptores para dor. Quando
ocorre hiperalgesia? Como exemplo, ao nos queimarmos pelos raios solares, ficamos com uma sensibilidade
muito maior - não conseguimos colocar roupa ou se deitar á noite – isso porque a nossa pele que já foi lesionada
ou que está inflamada fica mais sensível que o normal. Quando há uma lesão na pele, muitas substâncias
químicas são liberadas e vão modular a excitabilidade dos nociceptores – tornando-os mais sensíveis aos
estímulos que causam dor. Essas substâncias químicas são liberadas por todas as células do tecido lesado. A
hiperalgesia primária acontece exatamente na área do tecido lesado e a hiperalgesia secundária acontece na
área adjacente ao local lesado. A liberação desses mediadores químicos que ocorre no tecido lesado aumenta
sensibilidade das terminações nervosas, alterando a permeabilidade da membrana da fibra nervosa, dos
nociceptores. Temos como exemplo dessas substâncias a bradicinina, histamina, serotonina, ATP,
potássio, substância P e prostaglandinas. Esses canais vão se abrir com linear mais baixo de estímulo, e
mais canais se abrem também. No tecido lesado, ocorre o rompimento de muitas células e vasos, e por isso
temos o recrutamento de células do sistema imune. São células inflamatórias as quais produzem um processo
inflamatório nessa região e assim temos também a sensibilização dos nociceptores. A bradicinina pode
despolarizar diretamente os nociceptores. Ela também pode estimular mudanças intracelulares nos neurônios
primários que conduzem a sensação dolorosa e assim vai tornar esses neurônios mais sensíveis - os canais
iônicos se abrem mais facilmente e ocorre aumento da condutância iônica de alguns nociceptores. O ATP
também pode ser liberado das células e pode causar a despolarização dos nociceptores por meio da sua ligação
direta em canais iônicos que dependem de ATP para a sua ativação.
As prostaglandinas aumentam muito sensibilidade do nociceptores. Por isso que ao tomarmos fármacos anti-
inflamatórios (aspirina) temos inibição das enzimas que são necessárias para a síntese de prostaglandinas – e,
consequentemente, estes fármacos são tratamentos eficazes para dor. A substância P é um peptídeo sintetizado
pelos próprios nociceptores e quando liberada causa vasodilatação e gera liberação de histamina pelos
mastócitos. Os mastócitos são células teciduais que liberam histamina e são acionados em processos
inflamatórios. A histamina se liga a receptores de superfície específicos do nociceptor, despolarizando a
membrana e gerando PAs. A histamina também aumenta a permeabilidade dos capilares sanguíneos e,
consequentemente, gera edema e vermelhidão no local da lesão. No uso de anti-histamínicos, com o bloqueio
dos receptores histaminérgicos, tentamos um alívio tanto no edema quando na vermelhidão/queimação.
Aliás, alguns nociceptores respondem a extremos de temperatura, porque embora tenhamos as terminações
nervosas livres, os termorreceptores propriamente ditos não são nociceptivos. Os termorreceptores detectam
apenas variação da temperatura. O nociceptor que responde a estímulos térmicos dispara mais PAs nas
temperaturas mais elevadas, diferentemente dos termorreceptores, isso porque detecta a dor - a qual
começamos a sentir a partir dos 45 graus.
Relembrando que o neurônio primário chega na medula pelo corno dorsal e na própria medula há sinapse com
neurônios secundários. Esse neurônio cruza na própria medula e os neurônios secundários, por sua vez,
ascendem ao tálamo e há uma terceira sinapse com o neurônio terciário o qual se projeta em direção ao córtex
somatossensorial. Lembrando que as fibras espinotalâmica ascendem pela medula, passando pelo bulbo, ponte
e mesencéfalo sem fazer sinapse com esses, e farão sinapse somente no tálamo, diferentemente da via do
lemnisco medial que faz sinapse no bulbo. Ademais, essas vias também enviam ramos para o sistema límbico,
hipotálamo, fazem conexões cerebrais, e como resultado disso a dor pode ser acompanhada de manifestação
emocional – sofrimento, angústia e várias reações neurovegetativas. Isso porque o sistema neurovegetativo
pode gerar náuseas, vômitos, sudorese etc. Isso demonstra como tudo no nosso corpo é bastante integrado.
Três tipos de proprioceptores são encontrados no corpo: receptores articulares, órgãos tendinosos de Golgi
e fusos musculares. Os receptores articulares são encontrados nas cápsulas e nos ligamentos localizados ao
redor das articulações do corpo. Eles são estimulados pela distorção ou deformação mecânica decorrente das
mudanças da posição relativa dos ossos unidos por articulações flexíveis. A informação sensorial de receptores
articulares é integrada principalmente no cerebelo.
Lembrando que muitos reflexos viscerais são inatos – como defecação e micção - e ocorrem sem sinalização
do encéfalo, como quando o bebê nasce e não consegue controlar esses reflexos. Ao longo da nossa vida
aprendemos a modular e a controlar esses reflexos a partir sinais que os ativam ou inibam. Então, temos dois
tipos básicos de reflexo, o reflexo condicionado e o reflexo inato.
Qual é a diferença dos reflexos condicionados e inatos? O condicionado/reflexo aprendido aprendemos ao
longo da vida e o reflexo inato nascemos com ele. Ivan Pavlov desenvolveu um experimento chamado
condicionamento clássico/condicionamento dos cães de Pavlov, onde associou o estímulo que evocava uma
resposta e um outro estímulo que normalmente não evocava essa resposta. Podemos aprender novos reflexos
e a reagir à novos estímulos. Temos como exemplo de reflexo aprendido quando comemos algo estragado,
passamos mal, e por isso ficamos nauseados só de ver ou de sentir o cheiro do alimento em questão. O medo
também é um exemplo do reflexo condicionado. O reflexo inato é o que nascemos, como exemplo o reflexo
patelar que temos ao receber uma batida no joelho e damos um chute no ar. A contração da pupila num
ambiente muito claro, o disparo do coração quando nos assustamos e o reflexo de sucção de um recém-nascido
ao nascer, piscar, tremer de frio e bocejar, suar... tudo isso é reflexo inato. Por fim, por que os bebês conseguem
mergulhar sem engolir água? Muitos bebês já nascem na água e não se afogam porque possuem o reflexo
bradicárdico, o qual nos faz prender a respiração quando a água bate no nosso rosto e gera uma redução de
batimentos cardíacos. A cãibra é a contração do músculo por feedback reflexo também.
Reflexos medulares: estão associados ao músculo esquelético cujos neurônios efetores são os neurônios
motores somáticos. Esses reflexos são integrados na medula espinal e dependem exclusivamente da dela e não
dos centros superiores, como o córtex cerebral. Isso significa que os centros superiores não participam? O
córtex cerebral pode modular um reflexo autonômico, como o reflexo da micção, mas ele não depende do
córtex para ocorrer. O objetivo principal dos reflexos é proteger o nosso organismo de danos pois são uma
preparação para interagirmos sobre o ambiente e ter chances de se proteger caso ocorra algum tipo de perigo.
Agora vamos aprofundar nossos conhecimentos sobre o fuso muscular. O fuso muscular, que é o receptor de
propriocepção, é responsável por detectar alterações no comprimento muscular - detecta o estiramento
muscular, como num cabo de guerra. Qual é a importância disso? Nós precisamos controlar o estiramento
porque se o músculo for estirado demais ele pode sofrer uma lesão. Então, esses fusos musculares localizados
dentro dos nossos músculos detectam esse estiramento justamente para evitar algum dano. O fuso muscular
tem uma cápsula fibrosa ao redor e dentro há fibras intrafusais as quais possuem uma porção contrátil (mais
externa) e uma menos contrátil porque não possui miofibrilas (mais interna). Na região central desses
neurônios há os axônios enovelados e os axônios sensoriais do grupo 1A partem da fibra. Então, há um
trabalho em conjunto dos fusos e dos axônios para detectar estiramento muscular.
Lembrando que a fibra 1A é responsável por conduzir o
estímulo de propriocepção do músculo esquelético. Ela é
grossa e mielinizada – por isso possui velocidade de condução
muito rápida. Dessa maneira, a propriocepção é conduzida de
forma muito rápida e precisa para o SNC. Para onde o axônio
dessa fibra 1A se projeta? Para a medula pelas raízes dorsais
da medula – porque é por onde chegam as informações
sensoriais – e lá se ramificam várias vezes, realizando sinapses
excitatórias com interneurônios e neurônios motores alfa do
corno ventral da medula. Assim, ocorre a excitação do
neurônio motor alfa o qual se projeta para os músculos
esqueléticos e realiza a contração muscular.
Outro exemplo é o reflexo patelar. Nele, a pessoa está com a perna pendente e o médico percute o tendão do
quadríceps da coxa. Quando o médico bate o martelo no tendão ele puxa o tendão para baixo, estirando o
músculo quadríceps da coxa e assim ativando as fibras sensoriais do fuso muscular. Assim, essas fibras fazem
sinapse com neurônios motor alfa na medula, e o neurônio motor alfa que inerva o músculo quadríceps faz
com que ele se contrai. Esse teste avalia a integridade dos nervos, do SN dos músculos e do arco reflexo.
Qual o papel da fibra gama? Os receptores proprioceptivos localizados dentro dos fusos estão tonicamente
ativos e vão disparar mesmo quando o músculo está relaxado. Essa é a contração tônica das fibras musculares
extrafusais. Devido à sua atividade tônica, o músculo em repouso mantém um certo nível de tensão conhecida
como tônus muscular. Os neurônios motores gama do sistema nervoso central inervam os polos das fibras
intrafusais e na parte central não são inervadas, porque é onde e ali se localizam os neurônios sensoriais e por
isso não são contráteis. Esses neurônios estão tonicamente ativos.
Por que que é importante que esses neurônios fiquem ativos o tempo? O fuso precisa mandar constantemente
informação proprioceptiva para a medula e precisamos que o fuso seja ativado com qualquer tipo de
estiramento. Por isso o neurônio motor gama, que inerva as fibras intrafusais, estará constantemente
tonicamente ativo. Ele ativa constantemente a musculatura e assim temos o tempo todo um pouco de
estiramento no fuso. Consequentemente, esses neurônios sensoriais sempre estão tonicamente ativos,
disparando, e com uma atividade basal. É por isso que o músculo não fica totalmente frouxo, por causa do
tônus muscular, onde o fuso fica em a atividade constante.
Inibição recíproca: os impulsos nas fibras que inervam os fusos musculares do músculo protagonista causam
inibição pós-sináptica dos neurônios motores para os antagonistas. O que essa frase quer dizer? No momento
do estiramento de um músculo, o axônio do neurônio 1A que se dirige para a medula também envia uma
pequena projeção para fazer sinapse com interneurônio inibitório.
Qual o papel dessa sinapse? Esse interneurônio inibitório inibe o neurônio que se dirige para o músculo
antagonista do músculo que sofreu estiramento. Lembrando que os músculos antagonistas trabalham em
direções opostas, puxando a articulação em direção oposta ao músculo protagonista de certo movimento.
Numa simples flexão, digamos da articulação do cotovelo, o braço flexiona e os músculos antagonistas ficam
relaxados. Se não ocorresse dessa maneira, teríamos um músculo trabalhando contra o outro. Então, a fim de
relaxar o músculo antagonista e permitir o movimento, ocorre a sinapse inibitória. No reflexo patelar
acontece a mesma coisa a mesma coisa, onde nós temos o relaxamento dos músculos da parte de trás da coxa,
os ísquios tibiais, enquanto o quadríceps da coxa contrai.
Mas o reflexo miotático não era um reflexo monossináptico, e agora foi constatado que há um interneurônio
nesse processo? O reflexo em si envolve apenas a via responsável pela contração do músculo protagonista, e
há uma via lateral na qual há o interneurônio. Então, o reflexo é monossináptico porque a via principal só
envolve dois neurônios, e na via secundária, do antagonista, há sim o envolvimento do interneurônio.
Os fusos musculares não são a única fonte de aderência proprioceptiva originada do músculo e que se caminha
em direção ao SNC. Temos um outro sensor no músculo esquelético que é o órgão tendinoso de Golgi. Esse
receptor atua como um sensor de tensão, monitorando a força de contração muscular, diferentemente dos fusos
musculares que detectam estiramento do músculo. O órgão tendinoso de Golgi (OTG) detecta tensão no
músculo porque precisamos proteger o músculo de uma tensão intensiva, se não os rompemos. Os OTG são
compostos por terminações nervosas livres que vão se entrelaçar entre as fibras de colágeno dentro de uma
cápsula de tecido conjuntivo. Eles estão localizados na junção do músculo com o tendão.
Quais são as fibras sensoriais relacionadas com o órgão tendinoso de Golgi? São os axônios sensoriais do
grupo 1B - lembrando que no fuso muscular são axônios do tipo 1A – e os do tipo 1B são um pouco menores
do que os axônios 1A. Então, as fibras sensoriais 1B vão levar a informação sobre a tensão muscular durante
uma contração isométrica. Esses receptores são praticamente insensíveis ao estiramento. Quando os músculos
se contraem as fibras do OTG são puxadas, comprimindo as terminações nervosas dos axônios 1B e assim se
cria o potencial de ação e a condução do estímulo. Há um reflexo relacionado a esse proprioceptor que é o
reflexo miotático inverso/reflexo do órgão tendinoso de Golgi. O nome diz reflexo miotático inverso, mas
esse reflexo não tem nada a ver com reflexo miotático em si e ele possui essa denominação porque é o inverso
do reflexo miotático. Então, em condições extremas onde o músculo recebe uma carga de força excessiva, o
OTG regula a tensão do músculo dentro de uma faixa considerada ótima. Caso a tensão do músculo aumente,
o órgão tendinoso de Golgi percebe e dispara um PA, conduzido por neurônio do tipo 1B, que chega no corno
dorsal da medula espinal. Lá, faz sinapse com interneurônio inibitório o qual inibe o neurônio motor alfa. Por
isso esse reflexo é chamado de reflexo miotático inverso, porque ao invés de contrair um músculo, como no
reflexo miotático, o músculo relaxa. O músculo relaxa porque recebe uma carga excessiva e assim evitamos
que se rompa. O neurônio motor alfa inibido causa o relaxamento do músculo. Temos como exemplo a queda
de braço, onde uma pessoa não consegue mais manter o braço porque não consegue mais contrair o músculo
e, pelo reflexo miotático inverso, o músculo relaxa. Lembrando também que possuímos receptores articulares,
os quais são relacionados com a propriocepção também. Se localizam no tecido conjuntivo das articulações e
são mecanossensíveis, respondendo principalmente à mudança de ângulo, direção e velocidade do movimento.
O reflexo flexor/reflexo de retirada protege o corpo de danos teciduais envolvendo as fibras de dor porque
envolve um estímulo nocivo. É um reflexo polissináptico porque envolve interneurônio, mas nem todos os
interneurônios são inibitórios, temos também excitatórios – como nesse reflexo. Esse arco reflexo ocorre
quando afastamos o membro de um estímulo nocivo, como quando fincamos o pé num caco de vidro e tiramos
o pé. A via aferente da dor conduz a sensação de dor primeiramente até a medula. O neurônio que conduz a
informação de dor faz sinapse com interneurônio excitatório – o qual estimula os neurônios alfa, as fibras
motoras do sistema motor somático. Dessa forma, flexionamos o músculo e assim temos o controle da flexão
do membro afetado para afastar o membro do estímulo nocivo. Os estímulos dolorosos repentinos induzem o
reflexo de retirada. Nesse estímulo também interneurônios inibitórios para os músculos antagonistas –
contrabalanceando o reflexo. Reforçando que na via do reflexo em si ela faz sinapse com interneurônio
excitatório e por isso é polissináptica, diferente do reflexo miotático.
Por que a dor só é sentida depois que retiramos o corpo da fonte do estímulo doloroso? Porque as vias
sensitivas da dor se encaminham para o córtex cerebral, mas o reflexo ocorre todo no circuito medular - então
o caminho percorrido para o reflexo é bem menor. Por isso que o reflexo antecede a sensação de dor, porque
o reflexo possui caminho curto, enquanto a sensação de dor ascende para o córtex somatossensorial.
Notamos então que o reflexo envolve um estímulo do ambiente e uma resposta do organismo. Então, quando
mencionamos um reflexo, estamos nos referindo as relações entre estímulo e resposta que especificam que
determinada mudança no ambiente gera determinada mudança no organismo. Já o reflexo extensor cruzado
acontece quando precisamos ajustar o nosso corpo para uma mudança de posição causada pelo reflexo flexor
– como ao equilibrar o corpo rapidamente no momento que flexionamos a perna em resposta ao caco de vidro.
Como esse reflexo é recrutado? Ao chegar a aferência de dor na medula e ocorrer as sinapses com os
interneurônios excitatórios, que estimulam os músculos flexores da coxa para tirarmos o estímulo nocivo, há
também o reflexo de retirada. As sinapses com neurônios inibitórios relaxam os músculos extensores e
concomitantemente temos sinapses com interneurônios excitatórios que vão estimular a contração dos
músculos extensores do membro oposto do corpo. Então, se o flexor contraiu do lado direito do corpo, no lado
esquerdo do corpo o extensor contrai. Assim temos o estímulo do antagonista do outro lado do corpo para que
possamos nos equilibrar. A via ascendente da dor também vai em direção encéfalo, onde a dor é processada e
assim conscientizamos a sensação de dor e toda a ocorrência desse reflexo.
O movimento rítmico possui início e o fim voluntário. Por isso precisamos ter consciência desse movimento,
e ele passa pelo córtex. O percurso, durante o movimento, muitas vezes é involuntário - se torna inconsciente,
como caminhar e correr. Quando decidimos caminhar, o início dessa atitude é voluntário - movimento que
depende de motivação, depende dos sinais provenientes do córtex – mas depois que começamos a caminhar
se torna automático. Então, esse movimento rítmico possui complexidade intermediária, sendo integrado na
medula, mas com necessidade de sinalização de centros superiores. Temos a atuação de circuitos geradores
de padrão que estão presentes na medula e a ativação dessas vias vai exigir aferência do tronco encefálico.
Ocorre a combinação de movimentos reflexos e voluntários e a forma rítmica do movimento pode ser
interrompida por sinais provenientes do encéfalo. A atividade rítmica do músculo esquelético é mantida por
grupos de interneurônios espinais, que atuam como um centro gerador de padrão central que contrai e relaxa
os músculos de modo alternado e repetitivo. Então, há a sinalização proveniente do córtex e uma vez que
começa esse movimento rítmico, as redes de neurônios do sistema nervoso central (geradores centrais de
padrão) vão manter essa atividade repetitiva a qual se tornar espontânea. Qualquer variação nessa atividade
rítmica, como quando estamos andando e de repente decidimos começar a saltar, também precisa de uma
mensagem proveniente do córtex porque mudamos o ritmo.
Além desses três componentes, o sistema motor inclui os núcleos da base que recebem conexões do córtex e
são envolvidos com o planejamento da ação motora e com início do movimento – como exemplo, um dos
núcleos da base, a substância negra, tem conexão com a Doença de Parkinson porque está relacionada com a
produção de dopamina. O cerebelo também tem um papel importante porque ajuda nos ajustes posturais,
atuando no movimento pela integração das informações provenientes do córtex motor com as informações
provenientes dos receptores sensoriais. O trato corticoespinal é um trato descendente, com projeções neuronais
provenientes do córtex motor, com direção à medula espinhal. Esses axônios que vão para a medula passam
pelo tronco encefálico, mesencéfalo e no bulbo e a maioria das fibras cruzam para o lado oposto nas pirâmides.
Assim, continuam seu percurso descendente pelo trato corticoespinal lateral e chegam na medula. Lá, esses
neurônios podem fazer sinapse com os neurônios motores somáticos inferiores, que se projetam em direção
aos nossos músculos esqueléticos.
Trato corticoespinal
Funções do Hipotálamo
Participa da regulação do Sistema Nervoso Simpático) controla a liberação de catecolaminas da medula
da suprarrenal, ajuda a manter a concentração de glicose sanguínea agindo no pâncreas endócrino e
estimula tremores e sudorese.
Controla a osmolaridade corporal: estimula secreção de vasopressina e estimula tanto a sede quanto o
comportamento de sentir sede.
Regula a função da hipófise: a partir da secreção de hormônios tróficos que regulam a liberação de
hormônios da adenohipófise.
Regula a função reprodutora: regula a secreção de ocitocina e hormônios tróficos da adenohipófise, o
FSH e o LH.
Outros: regula a temperatura corporal; regula a fome, estimulando o centro da saciedade e centro da fome;
regula o sono e vigília; gera e regula os ritmos circadianos*; síntese de hormônios; influencia o centro de
controle cardiovascular no bulbo; participa da geração de comportamentos emocionais a partir das
interações com o sistema límbico.
* Os ritmos circadianos são os nossos ritmos de claro-escuro, de dia-noite. O hipotálamo se conecta com muitas regiões
do cérebro, com outros sistemas. Há muitas informações chegando de receptores sensoriais e tudo é integrado ali.
O hipotálamo como secretor: as células neurossecretoras do hipotálamo projetam seus axônios para a neuro-
hipófise e ao chegarem no leito capilar eles liberam dois neurohormônios, a ocitocina e o ADH. O ADH é o
hormônio antidiurético, também conhecido como vasopressina, e esses dois hormônios são liberados na
corrente sanguínea. A ocitocina vai ser liberada durante as fases finais do nascimento de um bebê porque tem
o papel de promover a contração do útero facilitar o parto, além de estimular a ejeção do leite. Enquanto a
vasopressina/hormônio antidiurético é liberada em situações que se precisa preservar volume sanguíneo para
regular a pressão. Então, a vasopressina regula o volume e a concentração salina do sangue. Diferentemente
do lobo posterior da hipófise, o lobo anterior da hipófise (adenohipófise) é uma glândula. Então, essas células
da adeno-hipófise vão sintetizar e secretar uma grande quantidade de hormônios diversos – entre eles o TSH,
ACTH, prolactina, LH e FSH e GH. Para que esses hormônios sejam liberados pela hipófise eles precisam do
comando dos neurônios secretores do hipotálamo. Então, esses neurônios do hipotálamo vão regular as
secreções da hipófise e eles não estendem seus axônios até o lobo anterior, que nem no lobo posterior da
hipófise, mas sim terminam antes de chegar na hipófise. Eles vão se comunicar com as células secretoras da
hipófise por meio da corrente sanguínea, que é a circulação portal hipotálamo-hipofisária. No sistema porta,
uma rede de capilares, os neurônios hipotalâmicos vão liberar as suas secreções e esses hormônios liberados
pelo hipotálamo vão atuar nessas células secretoras da hipófise - fazendo, estimulando ou inibindo a secreção
dos hormônios hipofisários.
Ritmos circadianos: o hipotálamo está relacionado com os ritmos circadianos. Durante o sono, não
interagimos com o meio externo e conservamos energia. O sono tem diversas funções, não se sabe ao certo
exatamente qual é o propósito do sono ainda, mas provavelmente é organizar memória, estimular o sistema
imune, conservar energia etc. A maioria dos mamíferos apresentam um padrão de sono. Possuímos um padrão
alternado de repouso e atividade para que o organismo funcione esse padrão alternado de atividade está
relacionado com os ciclos biológicos. Ao longo das nossas horas de sono há uma alternância dos estágios do
sono. Então, esse ciclo de claro-escuro é muito regulado pelo relógio biológico. O relógio biológico é
governado principalmente por neurônios que estão localizados no núcleo supraquiasmático no hipotálamo.
O núcleo supraquiasmático recebe aferências da retina e ajuda a comandar o ritmo
circadiano. Quando o ciclo de sono é rompido, podemos ter transtorno de sono,
depressão, diabetes, obesidade etc. A glândula pineal também é um tecido
glandular de origem neural e ela vai secretar o hormônio melatonina sob comando
indireto do hipotálamo. A melatonina secretada pela pineal é um sinal químico
que vai atuar inclusive no hipotálamo, assinalando a duração da noite. Então, a
melatonina é conhecida como hormônio do escuro porque a sua secreção é
aumentada muito durante a noite – e quanto maior o período noturno, mais alta a
concentração de melatonina.
O núcleo supraquiasmático tem receptores de melatonina e vai regular/entender quando estamos no período
noturno e quando estamos no período diurno através da concentração de melatonina da corrente sanguínea.
Os ritmos circadianos não servem só para o estágio de sono-desperto, mas também para várias outras questões
da nossa fisiologia. Por exemplo a temperatura corporal é rítmica de acordo com o ritmo circadiano, como é
o caso do sono. Na vigília temos a temperatura corporal mais alta. A secreção de cortisol também cicla de
acordo com o ritmo circadiano: temos um aumento da liberação de cortisol no início da manhã, ao acordar e
essa secreção de cortisol diminui ao longo do dia - ficando mais baixa no final da tarde. O hormônio do
crescimento também cicla com ciclo circadiano, bem como a excreção de potássio pelos rins – é mais elevada
durante o dia do que durante o sono.
O que são as funções superiores? São as funções mentais responsáveis pelo processamento humano da
informação. Processamos, integramos e interpretamos a informação que chega e assim somos capazes de se
relacionar consigo e com o mundo. As funções superiores englobam a linguagem, a atenção, a memória,
aprendizagem, as emoções, a consciência - funções muito elaboradas. Para que isso tudo ocorra temos um
circuito neuronal de proporções gigantescas e esse circuito se interrelaciona para consigamos executar as
funções superiores. Falaremos de sistema límbico, memória e aprendizagem, mas antes precisamos relembrar
a organização do encéfalo.
A substância cinzenta do cérebro está localizada na parte mais superficial/externa do cérebro, compondo o
córtex cerebral. Os neurônios presentes no córtex se organizam na forma de camadas. A substância cinzenta
possui essa denominação porque nela estão presentes a maioria dos corpos neuronais dos neurônios - os
núcleos dos neurônios. Já na substância branca há os prolongamentos, que são os axônios, e essa substância
Branca é localizada mais internamente. Entretanto, não há apenas substância cinzenta no córtex, ela se faz
presente também em forma dos núcleos. Os núcleos, como os núcleos da base, são agrupamentos de corpos
neuronais que ficam localizados dentro da substância branca. É nessas regiões, incluindo o córtex, o sistema
límbico e diversos núcleos espalhados no cérebro, que se originam as funções superiores encefálicas. O
sistema límbico está muito relacionado com as emoções, mas o detalharemos posteriormente.
Sistema Límbico: é constituído por regiões que circundam o tronco encefálico – sendo o córtex ao redor do
corpo caloso, composto de substância cinzenta. Essa massa cinzenta é chamada de lobo límbico e compreende
o giro do cíngulo, o hipocampo (aprendizagem e memória) e amídala – emoção (agressividade) e memória.
Os seres humanos possuem uma capacidade de processamento cerebral infinita. Temos 86 bilhões de
neurônios e 16 bilhões desses estão localizados no córtex cerebral. O nosso enorme cérebro, que se
desenvolveu principalmente no córtex, nos deu propriedades que não existem ou que existem de forma muito
primitiva em outras espécies. No córtex que possuímos os mais altos níveis de análise crítica sintética, onde a
nossa visão de mundo é formada, analisada, planejada e programada para que executemos as ações. Uma das
coisas que nos diferenciam das demais espécies de animais é termos um córtex cerebral muito desenvolvido,
dotado de muitos neurônios, e assim processamos informações no nível mais elevado do que outros animais
e outras espécies. O reflexo neural simples depende de um estímulo sensorial do ambiente interno ou externo
e assim gera uma resposta. Entretanto, no encéfalo é mais
complicado. Nele não ocorre um simples reflexo, mas sim
uma comunicação entre diferentes regiões do cérebro.
Então, possuímos a capacidade de gerar respostas na
ausência de qualquer estímulo externo, podendo responder
à estímulos intrínsecos.
Memória: temos diferentes regiões no nosso córtex cerebral: córtex frontal, parietal, occipital e temporal.
Cada região do córtex é responsável com uma determinada função. Como exemplo, no córtex parietal há o
córtex somatossensorial – sensibilidade -; no córtex occipital há a região visual – integrar os estímulos visuais
–; na parte temporal há o córtex auditivo e no córtex frontal há a área motora, anterior ao suco central.
O córtex pré-frontal é muito bem desenvolvido tem uma importância muito grande em diversas funções
superiores. No córtex pré-frontal ocorre o planejamento de comportamentos, pensamentos complexos,
expressão da nossa personalidade, tomada de decisões, modulação do comportamento social, etc.
O córtex pré-frontal é a sede da nossa personalidade.
O que são as emoções? São sentimento automáticas, inconscientes e são uma resposta a algo intenso repentino
que evoca uma sensação de amor, ódio, felicidade, tristeza etc. As memórias, por exemplo, trazem consigo
muitos sentimentos e associamos as lembranças à emoções e sentimentos. Todos os sentimentos são
importantes em algum determinado momento da nossa vida. A tristeza ela é necessária, o medo nos faz
sobreviver e embora alegria seja o melhor dos sentimentos ela não pode estar sempre protagonizando as nossas
emoções. Precisa-se balanço dos sentimentos e esse balanço está relacionado com nosso temperamento,
personalidade e motivação.
Lobo límbico da Broca: observou-se que todos os mamíferos eles possuem, na superfície medial do cérebro,
um grupo de regiões substância cinzenta. Então, o lobo límbico de Broca são coleções de áreas corticais que
forma uma borda ao redor do tronco encefálico. Com o decorrer da ciência, o lobo límbico de Broca foi
fortemente associado a emoções. Esse lobo corresponde ao giro cingulado, o hipocampo e amígdala.
Posteriormente, o neurologista Papez propôs que nessa parede medial do
encéfalo existe um sistema de emoção, o qual ligaria essa parte do córtex
cingulado com o hipotálamo. Ele acreditava que o giro do cíngulo estava
muito envolvido nas nossas emoções. Papez notou então que há ali uma
interconexão entre o córtex cingulado, o hipocampo e o hipotálamo - essas
informações passam pelo tálamo e voltam para o córtex cingulado. Hoje
sabe-se que alguns componentes de circuito de Papez, como o
hipocampo, não são mais considerados importantes para a emoção.
Então, embora ainda se use o termo sistema límbico para relacionar um possível sistema que esteja relacionado
com as emoções, é muito complicado resumir todo esse sistema. Isso porque a emoção está relacionada com
várias regiões do nosso cérebro é muito difícil definir algumas estruturas específicas que estejam relacionadas
com as nossas emoções. O sistema límbico age ligando as funções cognitivas superiores, como raciocínio, e
as respostas emocionais mais primitivas, como medo. Ao falar de sistema límbico, não se pode deixar de lado
o córtex pré-frontal pois está intimamente relacionado as emoções. Se realizava lobotomia para retirar uma
parte do córtex pré-frontal a fim de tratar esquizofrenia, depressão e transtorno bipolar. Acreditava-se que
quando se retirava na parte do córtex pré-frontal, a pessoa ficava mais calma e tranquila. Então, o córtex pré-
frontal está relacionado com nosso planejamento de comportamento, pensamento complexo, expressão da
personalidade, tomada de decisão, modulação do comportamento social, comportamento moral etc. Em muitos
casos a lobotomia deixava os paciente como vegetais ou simplesmente tornava-os doces e passíveis, fáceis de
controlar. A lobotomia pré-frontal tem um efeito calmante porque destruía as conexões do córtex frontal e do
córtex cingulado - alterando o sistema límbico. A pessoa perde a capacidade de resolver problemas complexos,
de executar tarefas sequenciais e diversas ao mesmo tempo, reduzia a agressividade, perdia ambição, perda
da moral e das restrições das atividades sexuais e era incapaz de acompanhar longas linhas de raciocínio.
Empatia é algo que nos diferencia de outras espécies. É a capacidade de interpretar o estado mental do outro
e de se colocar no lugar dele. A empatia é fundamental para nossas relações humanas e basicamente todos os
seres humanos são empáticos, com exceção dos psicopatas. Está relacionada também com o córtex pré-frontal.
Amígdala: está relacionada com medo e agressividade. Lesões na medula reduzem o medo e a agressividade,
consequentemente. Uma pessoa com lesão na amígdala não consegue interpretar uma expressão facial de
medo e apontará que a pessoa está feliz, com fome, ou qualquer outra coisa diferente de medo. A amígdala é
a região no lobo temporal logo abaixo do córtex e que está conectada à pontinha do hipocampo. Há também
outras regiões relacionadas com agressividade, como hipotálamo e hipocampo.
Aprendizado
Como sabemos que realmente aprendemos algo? Só realmente saberemos quando posteriormente acessarmos
essa memória. O aprendizado não resulta em um comportamento aparente, como quando estamos lendo um
livro ou assistindo uma aula - será que pessoa olhando externamente seria capaz de dizer que realmente
estamos aprendendo? Na verdade, não, e só vamos detectar o aprendizado depois quando a memórias for
acessada. Existem dois tipos de aprendizado, o associativo e o não associativo. O exemplo dos cães de Pavlov
é o mais clássico quando falamos de aprendizado associativo. É o aprendizado que ocorre quando dois estilos
estão associados um ao outro. Nesse experimento Pavlov simultaneamente oferecia comida aos cães e tocava
um sino. Depois de um tempo os cães começaram a associar a campainha a comida, e se escutassem apenas o
sino eles já começavam a salivar. O aprendizado não associativo envolve um estímulo único. Ele inclui a
habituação e a sensibilização. A habituação é a redução da resposta frente a estímulos não nocivos que se
repetem várias vezes. É quando aprendemos a ignorar o estímulo que não é significativo para nós, como
quando ignoramos as conversas paralelas num ônibus. Na primeira vez que isso acontece, podemos notar e se
irritar com o barulho, mas quando isso acontece repetidamente nós aprendemos a ignorar aqueles sons. Então
a gente aprende a ignorar estímulos que não são importantes para nós. A sensibilização, que também está
relacionada com aprendizado não associativo, é o oposto da habituação. A sensibilização acontece diante de
um estímulo nocivo/ameaçador e a resposta subsequente – quando formos expostos novamente aquele
estímulo - vai ser exacerbada. Um exemplo é quando comemos camarão estragado e, diante desse estímulo
nocivo, vamos passar mal só de pensar. Tanto a habituação quanto a sensibilização nos permitem sobreviver
e permitem que a gente viva a melhor no ambiente que a gente estamos.